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Fiquei a pensar acerca de uma notícia, veiculada na semana passada, sobre o aumento do consumo de ansiolíticos e anti-depressivos em Portugal, que coloca as mulheres em primeiro lugar, e constata um aumento preocupante entre os jovens. Para além da crise, o que mais nos preocupa? Muitas coisas, sendo uma delas a aparência. E recordei-me então desta passagem, do " Mulheres que correm com os lobos":
"Menosprezar ou julgar negativamente o aspecto físico de uma
mulher é contribuir para gerações sucessivas de mulheres neuróticas e ansiosas.
Críticas destrutivas e exclusivistas quanto à constituição física herdada por
uma mulher privam-na de uma série de importantes e preciosos tesouros
psicológicos e espirituais. Privam-na do orgulho que deve ter no seu tipo de
corpo que lhe foi transmitido pelos seus antepassados. Se a ensinarem a
rejeitar essa herança física, ela desvincular-se-á imediatamente da identidade
corporal feminina que deveria partilhar com a restante família.
Se a ensinarem a odiar o seu próprio corpo como poderá amar
o corpo da sua mãe, que tem a configuração do seu? Como poderá amar o corpo da
sua avó, os corpos das suas filhas? - como poderá amar os corpos de outras
mulheres ( e homens) que lhe são próximas, e que terão herdado formas e
constituições corporais dos seus antepassados? Agredir uma mulher desta forma
vai destruir o seu legítimo orgulho de pertencer ao seu próprio povo, privando-a
do ritmo natural e alegre que sente no corpo, independentemente da sua
estatura, tamanho, ou forma. Fundamentalmente a agressão aos corpos das
mulheres é uma agressão de longo alcance que afectou as mulheres que as
precederam e que afectará as das gerações vindouras. “
Pág 241, Clarissa Pinkola
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