Estas flores, cujo nome desconheço ainda, que tenho no Jardim, costumam florir por altura da Páscoa; trouxe um caninho do jardim da minha mãe, e ela por sua vez levou o dela de casa da minha avó paterna. O jardim da minha avó, onde eu tanto brinquei, já não existe, portanto, gosto ainda mais, suponho, de saber que existem estas flores vindas de lá e que me evocam tempos de infância, que me marcaram pela simplicidade, bucolismo, família, e solidão, o que não era necessariamente mau. Quiçá veio dessa vivência o meu pendor solitário, que estimo como uma qualidade.
Mas a história que queria contar sobre estas flores relacionam-se com a Páscoa. A minha memória mais antiga sobre esta data, é fotográfica; a mesa da sala que a minha mãe decorava, para receber "A Cruz", ficava lindíssima, e lembro-me de a observar ao nível do meu olhar; a toalha especial de croché bordada, com pratinhos de vidro de Doces Brancos, outros de biscoitos amanteigados, e por toda a mesa amêndoas baunilhadas tipo francês da Costa Moreira, brancas e rosa, e por entre tudo isto, estas florzinhas espalhadas por toda a superfície.
Obviamente, não podíamos tocar em nada enquanto o Compasso não passasse, mas eu e as minhas irmãs não resistíamos a surripiar uma ou duas amêndoas, enquanto esperávamos.
Eram dias felizes.
Feliz Páscoa!