quarta-feira, 25 de setembro de 2024

O Impacto da Natureza Nas Crianças

Sou apologista do ensino pela prática, claro que a teoria é necessária, mas deveria estar par a par, não exclusiva, sobretudo quando as crianças são pequenas e iniciam o percurso escolar; as professoras do primeiro ano dizem que esse ano lectivo é sobretudo para ensinar os alunos a permanecerem sentados durante a aula, a levantarem a mão para falar, ou seja, para perderem os hábitos mais livres do Infantário e se começarem a comportar realmente como alunos. 

É fácil de entender que esta mudança tão radical para crianças de 6 anos seja brutal, e difícil de aceitar, daí a resistência. Portanto, se o Ensino puser o foco na prática a aprendizagem será facilitada, e melhor aceite. Conheço um professor que dá primazia a actividades no exterior, e tanto alunos do passado como pais reconhecem nisso uma diferenciação meritória. Porém, entre os seus pares há crítica, até porque nem sequer o acompanham. 

Àqueles renitentes que argumentam com o nosso clima, relembro que nos países nórdicos, com tempo muito mais severo, isso não é impeditivo, com chuva, com neve, com poças e lama, as crianças caminham pela floresta, mexem e descobrem coisas, todo o ano. 

Ao ver este vídeo, lembrei-me desta questão, à qual tenho voltado algumas vezes, ao longo dos anos que escrevo aqui, por surgir constantemente informação nova, tal como acrescenta neste vídeo Forgotten forest; diz mais ou menos assim: "Quando eu levo a turma para fora, para a natureza, o "conflictuoso" torna-se líder; não apenas bem-comportado, o líder. Eu ouço isto constantemente. Levanta uma questão: O que estamos a fazer às crianças? Ao mante-las na sala de aula o tempo todo? Naquele cubículo, naquela cadeira. A fazer teste atrás de teste. Cancelando viagens de estudo. Só com esta teoria de que vamos fazer uma criança melhor se lhes fizermos isso. Mas qual é a proporção de crianças que está a tomar estimulantes que para o seu comportamento, poderá ter a ver com os termos retirado da natureza? ".

O tema apaixona-me, enquanto mãe e amante da Natureza, reconhecendo nela o lugar de aprendizagem, até sobre nós mesmos, e cenário pacificador, e por conseguinte, não posso conformar-me com o ensino teórico em ambiente fechado. É preciso que os pais reivindiquem mais, nos Agrupamentos, estas saídas, permitindo que os filhos descubram o Mundo na realidade, não somente através dos manuais; que se tornem curiosos, exploradores, investigadores. Estão a ver como tudo isso conduz a pessoas com carácter audaz e interventivo? Eu consigo ver a ligação. 

Entretanto, se os pais conseguirem fazer isso ao fim-de-semana, idealmente ao fim do dia, nem que seja pelo parque ou jardim mais próximo, algum tempo, e os deixem sujar as mãos, o calçado, a roupa, já estão a fazer um óptimo trabalho, enquanto educadores. 

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Vida é Esperança


Ontem estava a sentir-me muito em baixo, preocupada, com os incêndios repentinos e simultâneos que deflagraram em Portugal, e apesar de não os ter próximo da nossa Vila estavam presentes; o ar estava irrespirável, não se vendo o céu, coberto por uma neblina espessa de fumaça; porém, ao regar o jardim encontro estas três lindas criaturas, e algo no meu interior mudou; senti maravilhamento e esperança. 

São lagartas da "Papilio machaon", as lindas borboletas "cauda-de-andorinha", duas já instaladas na arruda, e outra encaminhando-se para lá. Se pretenderem ter destas borboletas no vosso jardim, ou varanda, convidem-nas, oferecendo-lhes arruda. Já as temos no nosso jardim há dois anos, desde que plantei arruda, e de todas as vezes que as descubro sinto a mesma alegria. Que bênção!  

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Vida Própria

Conversando com uma mãe, a propósito do talento da filha, cujo trabalho vi no Instagram, responde-me sorrindo tristemente "Pois é, mas tem tantas inseguranças, duvida tanto dela própria!". Eu respondi que essa forma de ser parecia, infelizmente, ter-se espalhado por essa geração, e que muitos atribuíam à influencia das redes sociais, e influencers; a irmã mais velha, ao lado, concordou, acrescentando que por isso tinha deixado de seguir todas essas pessoas. 

Ver corpos perfeitos e fortes, belos como se fossem deuses, continuamente a mudarem de roupas, clientes de marcas de luxo, constantemente a viajarem, mostrando paisagens paradísicas, lanchas, restaurantes renomados, onde a comida parece mais arte do que alimento, e onde estas páginas são continuamente feitas nesta linha, desenvolve em quem vê descontrolada vontade frustrada de ser e ter, de uma forma a que outras gerações não foram expostas.

Estas pessoas, que fazem páginas superficiais, fúteis, de consumismo exacerbado, são responsáveis por se exporem de forma impúdica, creio que é de um narcisismo e exibicionismo doentio. E desonestas, também, pois a vida não tem apenas esse lado maravilhoso, não é perfeita.  Como disse alguém que ouvi estes dias " A culpa da inveja é também daqueles que impudicamente se expõem". 

Um estudo de Harvard concluía que a felicidade depende da forma como nos relacionamos com os outros, ora esta relação influencer-seguidor é desequilibrada, e em nada salutar.

A clareza da irmã mais velha, ao compreender que seguir aquelas pessoas não lhe trazia nada de bom, e se afastar, como nos afastamos de qualquer pessoa negativa que conhecemos pessoalmente, é louvável. Porém, nem todos têm essa coragem, preferindo permanecer nesse jogo sado-masoquista, reféns de vícios alheios, vivendo na sombra do que poderiam ser. 

Acredito que tudo isto também contribui para a falta de saúde mental, que entre os jovens é deveras preocupante. A vida seria muito mais feliz, sobretudo nessa idade em que tudo está em aberto e o futuro não tem limites, se não existissem essas condicionantes, promovidas pelas redes sociais. A vida é um jogo constante de procura pelo equilíbrio.  


Vale a pena ouvir este vídeo, sobre este tema e outros muito interessantes.