segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Reflexões Sobre a Vida e a Morte


Ao escrever o título hesitei, as pessoas fogem o mais que podem deste segundo tema, a morte é tabu na nossa cultura, e porém, estou convicta, que se o tratássemos com a naturalidade que merece, não apenas a nossa vida teria outra tranquilidade, como o final dela não nos assustaria tanto.  
Vale a pena ouvir tudo, para reflectir, para nos ajudar a expandir a mente, 

 "A primeira dimensão do amor é  a vontade de compreender". 

"Na realidade não vivemos à altura das nossas capacidades mas das nossas crenças".

"Quando temos a capacidade de mudar as nossas crenças aproximamo-nos da nossa capacidade."

" Não é fácil estar encarnado na matéria... a sabedoria não é resultado da inteligência... é o resultado da reflexão, e esta consequência da quietude."

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Notícias do Jardim - Inverno

Dálias e Brincos-de-Princesa

Desde que começou a chover, no Outono, que a minha actividade no jardim se reduz ao formato intermitente, dou lá uma saltada ente chuveiradas para fazer qualquer coisa muito rapidamente, porém, estas duas primeiras semanas brindaram-nos com sol, apesar do vento frio, e céu cinzento, alguns dias, que foi o bastante para fazer aquilo que é mais demorado ( e menos agradável) - a limpeza! 

Comecei por cortar, radicalmente, a trepadeira Lanterna-Chinesa, que apesar de dar flor todo o ano, e nesta época isso ser ainda mais preciosa, devido à falta de cor no jardim, por se mostrar um autêntico viveiro de caracóis. Por mais que apanhasse havia sempre mais no dia seguinte! Então o pé ficou, porém reduzido a duas hastes. 
 

Podar a videira e glicínia é sempre uma tarefa que me requer coragem, pois inclui partir os galhos em tamanho transportável, sendo os galhos grossos, essa limpeza é mesmo a parte menos apelativa. Mas em dois dias foi feito! E no final, ao olhar o jardim da sala achei que fazia toda a diferença, ficou mais bonito. 

Voltando atrás. Em Novembro semeei as Ervilhas-de-cheiro, nos rolos de papel higiénico, e deixei alguns no exterior, outros na Lavandaria, estes cresceram demasiado, ficaram muito altos e finos, sem estrutura; há 2 semanas cortei cada pé de ervilha-de-cheiro, acima das primeiras duas folhas e coloquei todos estes pés em água, entretanto já ganharam raiz, assim, quase dupliquei o número de pés desta trepadeira que adoro. Nunca semeei tão cedo estas sementes ( normalmente é no início da Primavera, contudo, segui a dica de uma jardineira inglesa), mas a ideia ao antecipar é que também elas floresçam mais cedo e se prolonguem pelo Verão. Veremos. 

Cortei quatro ramos dos brincos-de-Princesa e enterrei todos num vaso, onde estão a ganhar raízes, excepto um, que permanece murcho, mas vou esperar ainda. 

Cortei também ramos do alecrim, plantei em terra, e estão viçosos. 

Quando as suculentas com flores, que comprei em Dezembro na Feira, para o centro da mesa, começaram a murchar plantei as mais fortes num vaso, já ganharam raízes e já mostram algumas folhas minúsculas a nascer. A ideia é ter as suculentas na Primavera e Verão e no Inverno usar as flores das mesmas para o centro da mesa. Não sei o nome desta suculenta, mas certamente que durante o ano as vou fotografar e partilhar aqui. 

A reter, há plantas que podemos propagar e ter muitas mais a custo zero, como as mencionadas acima, e outras, por exemplo hidrângeas e roseiras, ambas já no jardim bem representadas. 

No Verão de 2024 tivemos poucas dálias, nada que se compare a 2023, então tinha decidido comprar tubérculos de mais dálias, e de mais variedades, o que fiz há cerca de uma semana; a Fam Flower Farm, que se localiza na Holanda, oferece uma escolha vasta e maravilhosa, que esgota cedo, só enviará em Abril mas já estou super entusiasmada com esta aquisição. 

O jardim está muito verde, com a chuva do Minho não poderia ser diferente, e a cor faz-me falta, porém já brotaram da terra os narcisos, jacintos e tulipas, e brevemente aqui e ali voltará a ser colorido. É uma questão de paciência, e algum trabalho, que é aliás a essência da jardinagem! 


quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Nada Disto é Normal!

A água poluída dos rios e oceanos não é normal

Os riscos no céu não são normais

A fome num planeta abundante não é normal

Pessoas a viver na rua não é normal

Pagar menos a estrangeiros pelo trabalho não é normal

Tomar "remédios" para o resto da vida não é normal

Fazer cirurgias para retirar órgãos não é normal

A divisão dos seres humanos por raça não é normal

A competição entre homens e mulheres não é normal

A pobreza não é normal

A violência não é normal

As guerras não são normais

A doença mental massiva não é normal


Reflectir sobre isto para rejeitar esta normalização do anormal, promovida por meia dúzia para seu lucro, e que nos deixa infelizes, e buscar/exigir o contrário, criando um mundo melhor. Todos temos direito a viver dignamente, com saúde, e em segurança.

domingo, 12 de janeiro de 2025

A Fada Bonnie

Enquanto aspirava o chão da cozinha pensava que se escrevesse uma história e fizesse da nossa cadela uma personagem seria uma fada. Uma cadela-fada, com 2 saquinhos à cintura, por cima do tutu, daqueles em que essas lindas criaturas têm pós mágicos e vão aspergindo os sítios por onde passam, com esses glitters, mas no caso da Bonnie, personagem da história na minha cabeça, desses saquinhos sairiam pêlos, muitos pêlos, pêlos por todo o lado!

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Um Natal em Pequeno

Já houve um tempo em que o Natal para mim era uma casa cheia de gente, de uma grande família, barulho, uma mesa comprida e abundante.

Quando a minha amiga, que casou com um alemão, me descreveu o primeiro Natal passado com a sua nova família, confesso, fiquei com pena dela: Creme de marisco, fondue de não-sei-quê, bolo de chocolate, e outra sobremesa que já não recordo. Como?! Para além de não haver Cozido de bacalhau com todos, a ementa reduzia-se a, literalmente, meia dúzia de coisas?! E para cúmulo, a família era de somente cinco pessoas. Coitada...! 

Hoje já não penso nada assim. Uma família de quatro pode passar um belíssimo Natal; a cozinhar em conjunto durante a tarde, e a desfrutar de um serão com gargalhadas, a comer tranquilamente, e a jogar pela noite adentro. Enquanto, uma casa com imensas pessoas não significa automaticamente união, felicidade, e muito menos intimidade. 

Outra coisa que, actualmente, me faz imensa impressão é a quantidade de comida posta na mesa, e o exagero das pessoas a comer nesta data. Admito que cada vez mais me identifico com o Natal alemão, alguma parcimónia nas doses, e redução de diversidade parece-me muito mais adequado. E depois da minha última leitura, "Christmas at Fairacre", onde constatei que o Natal em Inglaterra é também muito neste estilo, compreendi que em diversos países há outro equilíbrio, nesta data. 

Não é só porque podemos que devemos. Para mim não faz sentido algum. Fica a reflexão, para futuros reajustamentos. Já sei, que mais uma vez, vou encontrar oposição, isto não vai ser nada popular. Mas é o certo. 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Dica de Leitura - Christmas at Fairacre



Em Dezembro pareceu-me indicado ler um livro cuja temática fosse o Natal, para me ajudar a entrar no espírito da época. Claro que o retratado pouco tem a ver com a nossa realidade, passa-se nos anos 70, em Inglaterra, Natal na estação mais rigorosa, com neve e grandes tempestades, e as formas de o celebrarem também divergem da nossa, mas eu aprecio muito estes modos anglo-saxónicos, e consegui visualizar tudo perfeitamente, não apenas devido à narrativa tão descritiva como também aos encantadores desenhos, que a preto e branco ilustraram, perfeitamente, as histórias. 

Miss Read é o pseudónimo de Dora Saint, nascida em 1913 em Londres, que foi uma autora bestseller. Os seus contos retratavam o mundo rural como um lugar seguro e sadio, sendo uma extensão da sua própria vida, enquanto professora no campo. Com um enorme talento para notar  as maravilhas da vida na aldeia, narra-as de forma simples mas imensamente significativa; publicou as suas histórias durante décadas, encantando diversas gerações. 

Os seus livros foram traduzidos para diversas línguas, infelizmente não para Português. Mais outra falha com a qual não me conformo, porque adorei esta leitura! A apologia da vida rural, a valorização das pequenas coisas, a alegria que tudo isso proporciona é-me tremendamente cara. 

"Christmas at Fairacre" está composto por 3 histórias independentes, todas elas passadas em Fairacre, terra ficcional; na primeira, uma viúva solitária arrenda um anexo a uma jovem solteira, a quem precisamente no Natal lhe é solicitada ajuda urgente em casa do irmão, à qual ela acede; o que aí vive irá permitir-lhe descobrir uma mais justa faceta da cunhada, por quem não tinha grande apreço, e a reaproximação ao irmão, permitindo-lhe compreender as alegrias da vida familiar. 

A segunda, muito pequena, remete para uma cena passada na Escola, com Miss Reed, também durante o Natal, que retrata a magia da época em pouquíssimas palavras. 

A terceira história, a minha favorita, "The Christmas mouse", conta sobre uma família de 3 gerações de mulheres, a avó, Mrs Berry, a mãe, Mary, e as suas duas filhas, de 7 e 5 anos, na véspera e dia de Natal. Lá fora está uma enorme tempestade, mas ainda assim Mary sai com as filhas, apanhando a camioneta para Caxlon, para fazer as compras de Natal. Em casa, Mrs Berry, recorda-se dos eventos que antecederam as circunstâncias presentes, com alguma tristeza mas estoicamente. Quando a filha e netas regressam, encharcadas até aos ossos, tomam banho, jantam algo ligeiro e vão para a cama, e então começa a aventura nocturna com a entrada de um rato no quarto da velha senhora, que tem fobia a ratos, e a faz permanecer na sala, junto à lareira, tencionando aí dormir; precisamente por aí estar se apercebe da entrada de outro tipo de rato, na cozinha. Essa peripécia ficará só entre Mrs Berry e o dito "rato". E o leitor, claro. 

Com a descrição da celebração do Natal descobrimos quão singela era, fosse no que diz respeito a presentes, fosse à ementa. Os presentes eram colocados nas fronhas das almofadas, penduradas ao fundo das camas das crianças, e incluíam tangerinas, nozes, caramelos, lenços com a inicial bordada, e com sorte uma boneca ou um conjunto de chá em miniatura. O jantar compunha-se pelo peru assado, e bolo de Natal, e ao chá, havia bolo de Madeira, sendo já este uma espécie de jantar. Parco para o gosto português, mas para mim faz todo, e cada vez mais, sentido. 

A decoração de Natal da casa também é descrita, guirlandas por cima da lareira, com castiçais que se acendem no dia de Natal, e a árvore, que de tão pequena, ficava pousada em cima de uma mesa. Isto fez-me lembrar a história real que ouvi de uma mãe, ao lembrar-se da vergonha da filha devido ao tamanho da árvore de Natal que tinham em casa, um tamanho normal, mas segundo ela, deveria chegar ao tecto; influencias dos filmes da televisão, que levam, frequentemente, a exageros e insatisfações. 

Esta leitura fez-me reflectir sobre a simplicidade dos Natais de outrora, que entusiasmavam mais do que os actuais com os seus exageros em tudo, em que cada ano se espera mais e melhor, e mais caro! 

Christmas at Fairacre relembra aos adultos que grande parte da magia de Natal nos é proporcionada pelas crianças, aquelas que fomos e aquelas que temos agora presentes, filhos e netos, é nos olhos deles que vemos reflectida a alegria e entusiasmo desta época. É por eles, que muitos de nós, continuam a viver o Natal. 


Título: Christmas at Fairacre

Autora: Miss Reed

Editora: OrionBooks UK

Nr de Págs: 263


Informação sobre a autora aqui e aqui