segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

O Ano Novo Serve Para Quê?

Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras, e é realmente verdade; estava, no Instagram, a ver as diversas fotos de uma pessoa que escolheu cerca de oito para representar o seu ano 2024, e apercebi-me de que é a isto que se resume o nosso ano, quando olhamos para trás: aos momentos, ou acontecimentos, mais relevantes da vida. No caso, como trabalha com o marido, ele estava envolvido em todas as suas conquistas, ela resumia, dirigindo-se a ele: Mal posso esperar pelo que nos reserva 2025! Até aqui têm sido abençoados com projectos de sucesso (tanto quanto publicamente se saiba), porém, é de facto isto, quando nos despedimos de um ano para entrar no outro: Mal podemos esperar pelo que nos reserva o Novo Ano!

Admito que isto será uma perspetiva assaz óptimista, de quem muito provavelmente termina um ano com saldo positivo, e tende a pensar que o próximo caminha na mesma linha; menos fácil será para quem passou por problemas, desgostos, tristezas, perdas, que tenderá a olhar o ano com desconfiança, mesmo que inconscientemente, o receio incute a dúvida: "Será que me vai trazer mais do mesmo?!", apresentando-se assim duas formas de estar na vida, diametralmente opostas. 

Mais do que dividir o tempo, e ser Calendário, a passagem de ano deve servir novos começos; ajudar a terminar ciclos, e a começar algo novo, e podem tanto ser coisas grandiosas, como começar um negócio, mudar de trabalho, como menores, ao, por exemplo, estabelecer novos hábitos: comer de forma saudável, fazer exercício, ficar 15 minutos ao sol, em silêncio, diariamente, o que quer que se deseje muito, e se tem adiado. 

Os primeiros do exemplo acima, são aqueles que efectivamente projectam e realizam, e no final do ano apresentam a lista positiva; o ano novo deu-lhes o tempo, eles entraram com a acção. Tiveram também fracassos? Muito provavelmente, mas eles entendem-nos como lições, e persistem, refinando novas experiências com as novas aprendizagens. 

Então, o Ano Novo resume-se a isto, começar ou recomeçar, mas FAZER! Para não olhar para trás com a sensação de marasmo, de inércia que caracteriza mais um ano igual a outro. Isso sim, na minha perspectiva, é que é um fracasso, e muito dispensável. Todos os dias são novas oportunidades, o 31 de Dezembro é apenas aquela porta maior que anualmente se ilumina como o maior grandioso dos lembretes. 

Feliz Ano 2025, com saúde, paz e amor! 


segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Filme de Natal - A Esposa do Bispo

The Bishop's Wife -  Cary Grant, Loretta Young 

Para evitar ver os filmes do costume, ou não ver absolutamente nada, trago uma proposta de um clássico, do tipo de filmes que via na minha infância; é uma ode à família, aos valores que valem a pena, que pode ser visto em família, e para todas as idades! 

Um filme que fala da verdadeira magia do Natal, que é divertido, e aquece um pouco o coração. Perfeito para esta época. 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Benefícios de Conversar

Conversar é uma arte. A maioria das pessoas não quer conversar, quer falar; e falar é debitar uma série de palavras superficiais e manter-se pela "rama", enquanto dura a interação, sendo que muitos nem sequer estão interessados em interagir, querem apenas falar de si, numa postura de monólogo permanente. 

Conversar é falar e ouvir o outro. E poucas pessoas o sabem fazer, alias, essas pessoas são raras; são tão especiais que quando encontro uma dessas fico de queixo caído a ouvi-las, maravilhada. É que normalmente essas pessoas são também muito sábias. 

Quando nós conversamos, realmente, ficamos expostos a pontos de vista diferentes, e conhecimentos que ainda não possuímos, e na troca de opiniões, e ideias, cada um sai mais enriquecido. Só temos de nos permitir ouvir algo diferente do eco. Conversar é trocar valores. 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Os Galos

Via

Preocupa-me que o avançar dos prédios, urbanizando a nossa vila cada vez mais, seja proporcional ao desaparecimento de sinais rurais que me encantam, como o cantar dos galos, pela manhã. 

Há alguns anos ouvia muitos; um começava a cantar ao nascer do dia, e logo outros respondiam no mesmo tom. Notei há poucos dias que agora já só ouço um, até sei a quem pertence, e pensei que quando aquela senhora partir, o último galo também. Deus permita que tenha um vida longa, não somente pelo galo, como sobretudo por ela, é também um símbolo da ruralidade, da nossa localidade. 

Se eu pudesse, não hesitaria em adoptar algum, não sei como reagiriam os gatos e cadela, mas não seria isso o impedimento. Para já não tenho apoiantes à causa, porém não desisto, como não desisti dos outros antes. E já agora, galinhas, porque a solidão não é algo que eu queira impor a ninguém. Além disso, precisamos muito de galos, na Vila! Acho a questão, realmente, importante. 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

A "Perguntona" da Turma

A partir de uma dada altura a minha filha começou a comentar que ela era a única que fazia perguntas nas aulas, eu respondia que certamente os colegas também teriam dúvidas mas só ela tinha coragem para pedir mais explicações, e que assim eles também beneficiavam desse esclarecimento. Ela anuía, embora não ficando propriamente satisfeita, rematando algo contrariada: "Mas tenho que ser sempre eu!".

Já na Faculdade a questão voltou a levantar-se, continuava a ser a única, e constatava dizendo que os colegas também não estavam a perceber mas não se queriam expor. A conclusão derivava de conversas posteriores em que o confirmavam, e lhe diziam que ainda bem que ela tinha colocado a questão. Esta situação continuava a perturbá-la porque, frequentemente, pensava que ao expor dúvidas estava a dar a ideia de que não era inteligente o suficiente, nem sabia o suficiente, e eu tinha de voltar a reafirmar que era precisamente o contrário, só quem pensa e sabe pode ter dúvidas, e quer saber para além; e mais, só quem tem coragem de se expor o faz. Portanto, só motivos de que se orgulhar. 

É que, realmente, esta é a ideia que se forma, que quando o professor explica e toda a turma se mantém calada é sinal que a matéria foi muito bem explicada, logo, compreendida. Há professores que se satisfazem nesta dinâmica, contudo para mim é mau sinal. Se eu não obtivesse sinais de inquietação, na forma de dúvidas e opiniões críticas, ficaria preocupada. Porém, a maioria, tanto alunos como professores, parece preferir navegar em águas calmas. Que aborrecimento. 

Reflectindo sobre este assunto, também me ocorreu que esta forma de estar na escola reflecte a forma de estar na vida; os meus filhos foram sempre muito curiosos, sobre inúmeros assuntos, e nós, enquanto pais, sempre os incentivamos a ter essa atitude, da forma mais simples possível, que é responder com a maior das franquezas. Entre mim e o pai, de duas áreas distintas conseguíamos responder quase sempre, mas vezes houve em que me vi obrigada a pesquisar certos assuntos para lhes explicar, e dizia assumindo que não sabia, mas iria estudar a resposta. Portanto, em família, colocar questões e esperar respostas congruentes foi sempre um lugar seguro. Como não esperar que lá fora fosse assim também?! 

Como eu gostava que tanto a família como a escola fossem esses lugares seguros onde as crianças pudessem ser curiosas e inquisitivas livremente. Parece-me até que essa é a verdadeira base da educação, e que é uma pena passar-lhe tão ao lado. 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Azevinho aos Molhos

Imprescindível na decoração desta época; via

A propósito dos comentários preocupados que li, sobre uma coroa que a Alice na Montanha fez, relativamente ao azevinho, fiquei a pensar que se houve realmente um tempo em que este arbusto esteve efectivamente em extinção, não me parece que seja actualmente o caso. Aliás, ser menos abundante do que outrora não significa que esteja em extinção. 

Nos meus passeios na natureza, como no Gerês, encontro azevinho em abundância, e nos jardins particulares é também bastante comum; nós temos uma árvore, que me foi oferecida há cerca de 10 anos, em vaso, e que passei para a terra onde ficou anos sem dar as bolinhas vermelhas que lhe emprestam aquela graça tão natalícia (chegaram até a dizer-me que nunca daria, porque era "macho"!), e o meu marido chegou a querer arrancá-lo, mas eu resisti, e o azevinho acabou por nos brindar com todo o seu esplendor!

Portanto, sem grandes cuidados passou a árvore que já ultrapassa o terraço em altura, o que me prova que é resistente o suficiente para ser cultivado por qualquer pessoa. Se essa estorinha da extinção vos fizer sentido a solução é fácil. Eu tenho azevinho para mim, para dar e vender, se muito bem me aprouver. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Açorda de Cogumelos

Francamente... estava muito mais bonita ao "vivo". É  a máquina...😆


Apetecia-me açorda já há uns tempos, decidi fazer uma de cogumelos e ficou divinal! Tão simples. 

Açorda de cogumelos

Ingredientes:

4 fatias grossas de Pão de Rio Maior

6 cogumelos marrom e shitake

Meia cebola

50 gr de tomates-cereja

2 dente de alho picados

coentros frescos

Como Fazer:

Colocar o pão num recipiente com água a ferver, tapar, e deixar até amolecer.

Fazer um refogado com a cebola e azeite, quando estalar juntar o alho picadinho, envolver, juntar os tomates e deixar cozinhar até ficar um pouco desfeito. Juntar os cogumelos fatiados, misturar bem, deixar cozinhar mais 5 minutos. Espremer o pão, e juntá-lo ao preparado que continua ao lume, evolvendo tudo, temperar com sal e pimenta preta. Depois de retirar do fogão também se pode juntar um ovo, e envolver tudo. Coisa que não fiz desta vez. 

Servir com um fio de azeite, no meu caso um lago, e coentros na hora de servir. 



quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Conversa Gastronómica

A poucos dias de fazer 87 anos a minha mãe está a perder a audição, e todas as vezes que pede para lhe repetirmos o que dissemos justifica-se: "Ouço cada vez pior...". Serve este preâmbulo para explicar a resposta dela no domingo ao almoço, que nos fez rir muito, quando me perguntou que prato era o que eu e a Letícia comíamos ( ela e o Duarte comeram dourada do mar assada no forno, com batatinhas), e nós: Crepes de lentilhas coral, com tofu, e cogumelos pleurotus e shitake; - O quê? Ouvi tudo mas não percebi nada! 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Adeus, querida A. !

Uma música que ouvimos naquele verão, continuamente, até memorizarmos a letra. 

Sabia que a A. estava doente, mas há cerca de 2 meses também soube que estava a fazer obras no apartamento, portanto achei que o pior já teria passado, por isso, quando me disseram que ela tinha partido fiquei bastante chocada. Já não eramos amigas, a vida aconteceu, contudo, para mim, fomos amigas na melhor das alturas. 

Conhecia-a aos 12 anos, e fomos amigas até aos 16; foi uma amiga diferente de todas as que tinha tido até aí, era atenciosa, carinhosa, com grande sentido de humor, e eu conheci um tipo de amizade que ignorava. Passávamos horas a cantar as músicas dos tops, lendo as letras nas capas dos Álbuns; foi com ela que comecei a apreciar coisas bonitas, como papel de carta, blocos giros, o Snoopy, a Hello Kitty, borrachas com formas de nuvem, gatos, gelados, pulseiras de couro e cobre, que vendiam na Rua de Sta. Catarina. Eramos o oposto, ela muito loura, eu com o cabelo muto negro; ela exuberante, eu reservada; ela muito auto-confiante, eu insegura. Foi com ela que a minha caligrafia deselegante mudou, e se tornou bonita, ao imitar a letra dela. 

Durante o ano lectivo trocávamos cartas, aquelas de papel fofo, por vezes a cheirarem a morango, e contávamos as novidades, na maioria das vezes banalidades, mas também as importantes, como da primeira vez que ela beijou o primeiro namorado! Ainda me recordo do nome dele, embora não tenha durado muito. Ela era mais nova do que eu um ano, mas bastante mais precoce. E ansiávamos pelo tempo de férias, quando eu podia ir para o Porto, e passávamos o tempo juntas. Foi uma amizade muito importante para mim, aconteceu quando eu mais precisava, e impactou-me imenso.

Em adultas tivemos vidas muito diferentes, ela com maiores e mais dolorosos desafios, mas eu guardo dela aquela imagem juvenil e alegre, que ficou parada no tempo passado. Acredito que esteja agora em paz e feliz. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Os Lençóis Herdados



Na semana passada aconteceu-me algo inédito, ao fazer a cama de lavado; o lençol de cima não estava dentro do armário, junto dos outros. Estaria por engano, entre os lençóis dos meus filhos, nos armários deles, pensei, porém, estando eles ainda a dormir não quis entrar, às escuras, a fazer ruídos, e portanto pus-me a ver qual lençol desemparelhado podia combinar com o de baixo, e as fronhas, até que subitamente tive a luminosa ideia de puxar da resma um lençol antigo, daqueles que a minha mãe me deu há anos, e outros da minha sogra, e nunca usei, nem pensei usar. 

O motivo era prático, aqueles lençóis requerem outros cuidados, mas ao pô-lo na cama, bem estendido, com a beira dobrada, exibindo o delicado bordado, com intrincados recortes, sorri para mim mesma satisfeita com o resultado. Mas o melhor estava ainda por vir; dormir naquele lençol é toda uma nova experiencia! O algodão antigo, alinhado, mais grosso, mas macio pelo desgaste dos corpos dos nossos familiares ( dito assim até parece um pouco impressionante, só que é no bom sentido!), proporcionou-me um sono reconfortante, apaziguador, como se fosse um bebé embrulhado, a dormir o sono dos justos. E nos dias seguintes, aquela sensação ao deitar-me continuou a maravilhar-me, o que provou não ser efeito dos lençóis lavados, que também é outra coisa que me proporciona um estado de felicidade singular. 

Esta semana voltei a fazer a cama com outro lençol de herança, desta vez propositadamente. Acho que os vou experimentar a todos. É tão bom dormir neles, não me interessa a praticidade, descobri que é um luxo que estou disposta a pagar. 

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Os Gatos e os Pássaros

A coisa que mais me irrita nos gatos é serem predadores natos. Se não tivessem comida compreendia, mas que por "desporto" cacem todos os bichos que por terra ou ar se aventuram no nosso jardim deixa-me triste, pior, revoltada. Bem sei que é o instinto, e até que há quem respeite isso, deixando-os lá com as presas, que a maioria das vezes nem comem, só se divertem a "brincar", mas eu não consigo, tenho que intervir.
Nunca adianta de nada, as aves são tão frágeis que parece que o simples abocanhar as destrói, acabando por morrer sempre. E depois eu enterro-as no jardim, numa cama de folhas e flores, com um trevo de 3 folhas por cima. Imagino que possa parecer algo infantil, mas não consigo descartar aqueles pequenos corpos no lixo, sinto que merecem respeito. E fico amuada com o gato que causou aquela morte, enxoto-o, quando se aproxima para ver o que faço com a sua presa. Os gatos têm um desplante enorme, depois de cometerem aquela atrocidade, aproximam-se com a simplicidade dos inocentes, participantes do luto que eles próprios causaram. 
Tem acontecido muito. 

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Burguers de Couve-flor



Fiz estes burgers de improviso, muito prático, e resultaram muito saborosos, o aroma é delicioso!  



Burgers de Couve-Flor

Ingredientes:

200 gr de couve-flor crua

3 colheres de sopa de flocos de aveia

1 ovo

1 batata média cozida

Meia cebola picada

Cebolinho a gosto

Pimenta e sal q.b.


Como fazer:

Enquanto a batata coze, triturar no robot a couve-flor; num recipiente, bater o ovo, juntar a couve-flor, a aveia , os têmperos e a batata cozida, previamente esmagada com um garfo; envolver tudo, e moldar os burgers; fritá-los em azeite ou óleo de coco. 

Servi com arroz malandro de bróculos, mas magino que ficarão óptimos para servir no pão, com molho de alho ou maionese, fica para a próxima vez, pois vou repetir. 

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Paisagens em Mudança

Alto Minho

Agora penso que deveria ter fotografado certas paisagens, que ultimamente estão a mudar muito, e receio não voltem a ser nunca mais as mesmas, é que infelizmente já é tarde. Aquele corredor de carvalhos na estrada nacional, tal qual um túnel, que dá sombra e frescura no verão, e cujo verde mantém grande parte do ano; a paisagem do monte que subo, sempre que não me apetece ir pela estrada nacional, e sigo pela secundária, tão verde, tão cheio de árvores, muitas infelizes eucaliptos, mas ainda assim árvores; e a vista do meu quarto para a avenida do Parque, agora sem as tílias, árvores frondosas, quase mágicas, caídas na última tempestade, por conta do mau trabalho de quem fez os passeios modernos e feios, em que lhes cortou as raízes, deixando-as sem sustentação na base. Só para dar três exemplos, mas estes são-me particularmente caros. 

Devia ter feito registos, porém, naquela altura, em que não os fiz, pensava, sei lá, que tudo aquilo seria eterno, pelo menos na medida da minha própria eternidade. Não pensei que se me antecipassem. 

Para ser justa, o túnel de carvalhos ainda lá está mas todos os anos vai sucumbindo um ou outro, e não os vejo a ser substituídos. Se calhar, em vez de registos, e veio-me agora a ideia, devia lá ir, e discretamente plantar novos carvalhos, nos sítios dos desaparecidos. Talvez ninguém note a minha interferência, pelo menos nenhuma entidade oficial, pelo jeito que isto vai não notar absolutamente nada é prática institucional. Talvez seja o tempo do cidadão comum agir, simplesmente, fazendo tranquilamente o bem, sempre que possa; mas porque me soa isto tão revolucionário? Até é uma ideia bastante simples e boa.

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

A metáfora d' "O Velho e o Burro "

Era uma vez um velho que vivia no cimo do monte, um dia desceu à povoação, levando o burro, e também um rapaz vizinho. Quando se aproximaram de pessoas, ouviram comentar: Olha aqueles dois, têm um burro e vão a pé! 

Então o velho pegou no rapaz e pô-lo em cima do burro, e prosseguiram. Adiante, o velho ouviu novamente comentários desagradáveis: Vejam aquilo, o novo vai montado e o velho é que vai a pé, coitado!

O velho fez descer o rapaz, e com dificuldade lá montou o burro, prosseguindo. Porém, da próxima vez que encontraram pessoas, novamente os comentários foram críticos: Que disparate, o velho repimpado no burro, e o rapazinho é que vai a pé! 

Aborrecido, o velho fez então subir o gaiato e continuaram os dois. Porém, novamente, ao passar por outras pessoas, ouviram: Coitado do burro, vai tão carregado com aqueles dois, ainda o matam com o peso!

Contrariado, o velho fez descer o rapaz, e desceu com dificuldade também, dizendo: Está visto que não podemos agradar a todos. E prosseguiram ambos a pé. 

Esta história é realmente ilustrativa e exemplar, para que as pessoas aprendam que devemos fazer sempre o que achamos correcto, não o que esperamos ser do agrado dos outros, porque nunca teremos aprovação a 100%. Quando estamos convictos das nossas crenças e acções não serão os comentários críticos dos outros que nos farão vacilar, independentemente do que digam de nós; afinal, nós não somos aquilo que os outros dizem, somos aquilo que nós sabemos ser! 

História completa aqui

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

A Bonnie!

 


Demorou um tempão a convencer o meu marido a aceitar um gato cá em casa; na época, os pequenos pediam muito e também um cão, mas se para o gato já foi cerca de um ano, a esperança para o cão desvaneceu-se. Porém, eu também queria um cão, e subitamente tudo se alinhou para que isso se realizasse.

Aconteceu tudo muito depressa; eu disse que queria, ele concordou, impulsivamente, acho eu, os nossos filhos estavam presentes, e foram testemunhas! Estava feito. 
Entretanto conversei, casualmente, com a minha prima acerca da intenção e ela de imediato me disse que tinha o cão perfeito para nós. Uma amiga dela era FAT de uma cadela, encontrada a vaguear pela cidade, muito meiga e calmeirona, habituada a ir à rua, a não estragar nada em casa, enfim, ideal para uma família sem experiencia canina, em suma, já vinha pronta!
Combinamos uma estadia de uma semana, para testar, e desde logo correu tudo muito bem, e ela já não saiu mais cá de casa. 

Mudamos-lhe o nome, vinha com um igual e um familiar, chato, não é? Concordamos com Bonnie, mas entretanto as variações são mais que muitas: Boninha, Bóbó.... e ela respondeu bem à nova identidade. Compramos-lhe a cama, um peluche e uma corda para brincar; começamos a levá-la à rua todas as vezes que alguém sai e o pode fazer, e ela adora, embora de início a vida sedentária a que vinha habituada não lhe permitisse correr, nem sequer fazer longas caminhadas. 

Desde logo foi notória a nova dinâmica que trouxe à família. Recebe-nos com entusiasmo, e procura a nossa companhia. Tem uma forma de olhar-nos curiosa, como se nos perguntasse algo, um olhar meigo, e adora crianças, suspeitamos que no passado dela esteve em contacto com pequenos, e é uma memória feliz; na primeira saída ao Parque ficou 10 minutos parada a ver os meninos a jogar à bola. É comilona, vinha um pouco obesa mas já está elegante, embora tente sempre convencer-nos a dar-lhe comida fora das refeições. E gosta de ficar debaixo da mesa da sala enquanto almoçamos e jantamos. É giro. 

Em casa não ladra, os familiares espantam-se, mas ladra aos cães que se aproximam dela, sobretudo os machos, de forma contundente sem ser agressiva, excepto daquela vez em que um jovem pastor alemão veio a correr ter com ela, aí ladrou de forma possante e impressionante. Mas afinal o cachorro só queria brincar com ela. O problema mais prolongado tem sido a adaptação aos gatos, que nos primeiros dias fugiam dela em pânico. Entretanto o Niko começou a entrar e a ficar na mesma divisão, bufou-lhe duas vezes, e a Bonnie já nem se atreveu a subir as escadas, porque ele estava lá no meio. A Becas foi a segunda, a vontade de entrar era grande, e foi entrando, embora não fique onde a cadela está; a Ellie tem sido mais resistente, mas há-de lá chegar. 

Gosto muito da nova dinâmica que a Bonnie trouxe à família; obriga alguns a fazer pausas dos seus afazeres para a levarem à rua, e isso faz-lhes bem. Faz companhia a outros, deitando-se ao lado, enquanto passam uma tarde à secretária a estudar; o ambiente ficou mais alegre. Realmente, como me diziam, ter cão e gato são experiencias muito distintas, cada um com as suas características, e o cão faz mesmo mais companhia, mas nenhum substitui o outro; aguardamos agora ansiosamente que convivam os quatros em harmonia, estamos praticamente a postos para lhes tirar a primeira foto a dormirem juntos. Vai ser lendário! 

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Eleições

O problema das eleições é que os candidatos são eleitos pelo povo, contudo logo o esquecem, e começam a governar não para as bases, mas para a elite. Portanto, não representam o povo, por isso são sempre uma decepção. 

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Mesa de Outono


Desde que abandonei a ideia de que o serviço branco da V.A. ( que continuo a usar e gostar)era para ser usado todos os dias da minha vida que pôr a mesa se tornou muito mais interessante, e divertido.

É um desafio giro procurar pela sala e cozinha objectos que possam contribuir para uma mesa diferente, como esta de outono, em que a galinha da mesa da cozinha veio fazer o centro. Pareceu-me que os tons combinam com esta estação, sendo também uma metáfora adequada, ficamos mais no ninho, aconchegados, nos dias mais curtos, mais frios, preparando-nos para o Inverno. No momento, só escolhi a galinha pelas cores, mas depois fiquei a pensar e cheguei a esta conclusão; portanto, pôr a mesa também pode ter muito que se lhe diga, para além do evidente. 

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

A Pensar Já No Natal...

 

Via Galileu

Apesar do número de presentes ser cada vez mais reduzido, pois as gerações mais novas, quase únicas privilegiadas há muitos anos, estão a entrar no mercado de trabalho, e como dizia o outro "Faz IRS? Deixa de receber!", ainda há um número considerável de afilhados e estudantes, pelo que já começo a pensar, e a adquirir os presentes para a Festa. Porém, sempre com a noção de que, realmente, é uma época de excessos da parte de quem compra, e aproveitamento de quem vende. 

Comprar com tempo permite-me gerir essa questão com maior discernimento. Para além de me poupar ao stress próprio dessas semanas próximas do Natal. Num piscar de olhos estamos lá. 

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

A Vida é Para Ser Vivida até ao Fim!

Os meus últimos clientes, um casal americano, ele com 83 e ela com 76, contaram-me que se tinham mudado para o México há cerca de 5 anos; antes já lá tinham estado em férias algumas vezes, e gostaram obviamente, mas de repente perguntaram-se: " E se nos mudássemos definitivamente?!"; destralharam os seus pertences, venderam a casa e foram!  

Dizem que têm no México uma qualidade de vida que não tinham em Delaware, o bom tempo, a praia, o custo de vida, acesso a alimentos bio a preços muitíssimo acessíveis, uma comunidade de expatriados que lhes  proporciona uma vida social activa, para além dos locais, também hospitaleiros e simpáticos. Adoram lá viver, apesar de terem os filhos nos E.U.A., aonde regressam ocasionalmente para os visitar, e fazer consultas de saúde. 

Mudar de vida, de forma radical, saindo do meio que nos é familiar, desfazendo-se de tudo (o que torna a mudança mais difícil de reverter), para longe da família e amigos, sobretudo em idade avançada que por regra já não consideramos apta para tais aventuras, pareceu-me um evento muitíssimo surpreendente e corajoso. Não sei se seria capaz de tanto, porém acredito que precisamente estas mudanças desafiantes de vida sejam estimulantes a todos os níveis, e por isso mesmo prolonguem a própria vida, proporcionando dias mais felizes, interessantes, a nível físico e mental. 

Oxalá, daqui a algumas décadas, eu tenha coragem de agir desta forma aventureira e divertida, a vida deveria ser vivida desta forma até ao fim. Gosto tanto de gente inspiradora! 

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Destralhar

Na mudança de estações, sobretudo do Inverno para Verão e deste o Inverno, em que arrumamos umas coisas e descartamos outras, devemos aproveitar para fazer um destralhe maior. Para a próxima semana, que será à partida mais calma do que esta, começo a sério. 

A energia do lar precisa disto, portanto devemos retirar de casa:

- Tralha
- Remover objectos relacionados com memórias negativas
- Presentes não-desejados
- Itens partidos, lascados, não-usados
- Eletrónicos VELHOS
- Arte não inspiradora

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Saco S.O.S. Para Entreter Crianças

 

Via

Enquanto aguardávamos na sala de espera do Hospital, que chamassem a minha tia para fazer o exame, uma menina, talvez de quatro ou cinco anos, choramingava intermitentemente, no colo da mãe, que a tentava acalmar sem grande sucesso, e para sua exasperação crescente. A minha tia começou também a incomodar-se um pouco, e apenas porque não gosta de ver crianças a chorar, e eu idem. E naquele momento, ao perceber que a menina ia fazer uma radiografia, e nem parecia estar em sofrimento, pensei que aquele choro leve se devia ao ambiente hospitalar, e receio do que se sucederia, lastimei não ter nada comigo que lhe pudesse dar, para que se entretivesse. 

Lembrei-me do tempo em que no meu saco havia sempre alguma coisa, aliás, quase sempre múltiplas coisas, para proporcionar aos meus filhos pequenos momentos de evasão e entretenimento, sobretudo quando estavam restritos a um espaço, como o carro nas nossas viagens, os restaurantes, ou salas de consultório. 

A estratégia de ter connosco, sempre, um bloco com lápis de cor, um mini-puzzle, um jogo portátil de 4 em Linha, meia-dúzia de peças Lego, alguns bonecos para inventar ou recriar cenas e diálogos de filmes ou desenhos animados, etc. é realmente algo que deveria fazer parte do quotidiano dos pais. Assim como levam a água e fruta ou bolachas (saudáveis, espero e desejo). 

Garanto, por experiencia própria, que se evitam birras e enfados, e que o compasso de espera será muito mais agradável, para crianças, pais, e para quem estiver presente. 

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Para Um Lar saudável

Dr. Yvonne Burkart | The Dhru Purohit Show (Resumo de podcast )

Desde a água ao ar, tudo o que temos em casa impacta a nossa saúde e bem-estar, e há coisas simples que podemos fazer, gratuitamente inclusive, desde abrir as janelas para arejar a casa, ao chá em saquetas que devemos trocar por ervas a granel, biológicas de preferência. 

Uma chamada de atenção importante, e como diz a médica do podcast as mudanças devem fazer-se gradualmente, pois as mudanças bruscas são mais difíceis de implementar. Eis algumas ideias, de supra importância. 

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

As Nossas Tílias...



Estou profundamente zangada e triste; quando abri a persiana do meu quarto vi, imediatamente, uma árvore tombada, na avenida do parque. Abri a janela para espreitar mais acima, e lá estava outra. Só nesta avenida caíram quatro tílias, centenárias, frondosas, belíssimas e odoríferas; é uma aroma doce e delicioso próprio da nossa Vila, por altura dos santos populares, só quem vive aqui compreende do que falo. Faz parte das nossas memórias mais antigas. 

Irão dizer que foi do vento forte, da tempestade desta noite, das alterações climáticas, sei lá, mas não! A responsabilidade é de quem mutilou as raízes destas criaturas maravilhosas, retirando-lhes a sustentação que efectua o equilíbrio entre copa e base. E para quê? Para fazer os passeios, horríveis, já agora, nestas últimas obras. 

O sentimento que tenho é de luto. E raiva contra os ignorantes que desrespeitam a Natureza, e vão por aí fora mutilando árvores com podas agressivas, e lhes roubam raízes. A esses convém-lhes, de certeza, afirmar que tudo isto é resultado das "alterações climáticas". Não é! são eles os responsáveis, os que mandam fazer, os que fazem, e os que aplaudem, pois inacreditavelmente a maioria da população incomoda-se mais com passeios tortos pelas raízes das árvores do que quando elas tombam, feridas de morte. Todos iguais. 

 

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Ter Filhos Ou Não Ter

Em conversa com alguém que já tem mais do que idade para ser avó, diz-me ela que ainda bem que não tem netos, pois o Mundo está péssimo, e por isso mais vale que os filhos não queiram ser pais; eu compreendo isto, também já o disse antes, porém agora começo a mudar de opinião e a pensar que a solução deveria ser o reverso, antes mudar o mundo para melhor, para que os jovens possam ter filhos. 

Ter filhos deveria ser uma escolha, não uma restrição por falta de condições. Há casais que gostariam de ter mais do que um filho, ou mais de dois, e não têm por motivos económicos. 

Até porque depois temos os políticos a dizerem à população que precisamos de imigrantes devido à baixa natalidade. Eu sei que o tema pode ser polémico, mas o que me faz sentido é que essa natalidade seja promovida junto dos portugueses, é uma questão de bom senso, para garantirmos o nosso país e cultura. 

As políticas nunca foram amigas das famílias, continuam a penalizá-las, e cada vez mais, se por exemplo, os próprios portugueses perdem lugares nas creches e Infantários; seria tudo muito mais simples, e é simples, se ao menos houvesse bom-senso. Todavia, os governos eximem-se da situação actual.

Em suma, mudar o mundo para melhor é urgente e lógico. Cada acção nossa deve ser consciente, e ter impacto positivo na nossa vida, na nossa família, na nossa comunidade, na nossa cidade, no nosso concelho, no nosso país. É partindo de baixo para cima que mudamos a realidade do nosso planeta, e a nossa tragédia tem sido pensar que deve ser ao contrário, está mais do que provado que não. Somos nós os criadores da nossa realidade. Somos nós os responsáveis. 

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Para Passar o Outono e Inverno Sem Constipações

Via Via Costa Verde

Não admira que o Outono seja uma estação propensa às depressões, passamos dos dias quentes, secos, longos para o oposto, praticamente de um dia para o outro. Se pelo menos não chovesse...mas no Minho a chuva é garantida, e o céu fica cinzento, transformando a paisagem desoladora. Para além disso, temos de voltar às roupas mais quentes, mangas compridas, casacos e impermeáveis. Só de pensar em mudar o guarda-roupa, dá-me um fanico. Já a passagem da roupa de Inverno para a de Verão faço-a, praticamente, dançando de alegria. Mas lá terá que ser.

Entretanto, o corpo começa a adaptar-se à mudança de estação, espirros, arrepios, pingo no nariz, e frequentemente neste período lá acontece uma constipação, o que não sendo grave é um grande aborrecimento, portanto, tomo medidas preventivas:

Vitamina C - Em pó, diluída na água, começo logo a manhã, em jejum, com uma colher de café bem cheia. Na garrafa de água que vou bebendo ao longo do dia também tem Vitamina C. A marca NOW é das melhores. 

Sumo de limão e laranja - O primeiro com água morna, o segundo com a polpa, beber apenas o sumo para o fígado é como se fosse bagaço, segundo o Dr. Laír Ribeiro. A fruta com vitamina C é sempre uma forma agradável de reforço. 

Óleo essencial de Tomilho - Daqueles óleos obrigatórios, para combater os sintomas de constipação, dor de garganta ou tosse; algumas gotas no inalador, ou difusor, ou no banho de imersão. Eu coloco uma gota no pulso, e passo o outro, massajando os pulsos levemente, para que entre na corrente sanguínea. 

Óleo essencial de eucalipto - Este é outro essencial, para ajudar a aliviar o congestionamento nasal, e fortalecer o sistema imunitário. Colocar algumas gotoas num difusor, ou inalador, ou ainda em massagem, no peito. 

Óleo essencial de limão, tangerina, mandarina ou laranja doce - Qualquer um destes, para estimular a boa disposição; uma gota num copo de água. Vai ajudar a combater a nostalgia do Outono, e prevenir tristezas e depressões. 

Chás- Depois do Verão volto aos chás e infusões, que de ingredientes secos ou frescos, prefiro sempre biológicos. Para reforçar o sistema imunitário, a infusão de limão, gengibre e hortelã é muito agradável:

  • 3 rodelas de limão
  • 3 ou 4 ramos de hortelã
  • 3 rodelas de gengibre
  • 1 l de água
Num bule, coloque o gengibre e a hortelã e acrescente 1 litro de água a ferver. Deixe repousar 5 a 15 minutos e adicione o limão. Depois de repousar por mais 5 minutos, a infusão está pronta a servir.
Mais chás aqui. Óleos essenciais aqui.

E basicamente é isto. 

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

O Impacto da Natureza Nas Crianças

Sou apologista do ensino pela prática, claro que a teoria é necessária, mas deveria estar par a par, não exclusiva, sobretudo quando as crianças são pequenas e iniciam o percurso escolar; as professoras do primeiro ano dizem que esse ano lectivo é sobretudo para ensinar os alunos a permanecerem sentados durante a aula, a levantarem a mão para falar, ou seja, para perderem os hábitos mais livres do Infantário e se começarem a comportar realmente como alunos. 

É fácil de entender que esta mudança tão radical para crianças de 6 anos seja brutal, e difícil de aceitar, daí a resistência. Portanto, se o Ensino puser o foco na prática a aprendizagem será facilitada, e melhor aceite. Conheço um professor que dá primazia a actividades no exterior, e tanto alunos do passado como pais reconhecem nisso uma diferenciação meritória. Porém, entre os seus pares há crítica, até porque nem sequer o acompanham. 

Àqueles renitentes que argumentam com o nosso clima, relembro que nos países nórdicos, com tempo muito mais severo, isso não é impeditivo, com chuva, com neve, com poças e lama, as crianças caminham pela floresta, mexem e descobrem coisas, todo o ano. 

Ao ver este vídeo, lembrei-me desta questão, à qual tenho voltado algumas vezes, ao longo dos anos que escrevo aqui, por surgir constantemente informação nova, tal como acrescenta neste vídeo Forgotten forest; diz mais ou menos assim: "Quando eu levo a turma para fora, para a natureza, o "conflictuoso" torna-se líder; não apenas bem-comportado, o líder. Eu ouço isto constantemente. Levanta uma questão: O que estamos a fazer às crianças? Ao mante-las na sala de aula o tempo todo? Naquele cubículo, naquela cadeira. A fazer teste atrás de teste. Cancelando viagens de estudo. Só com esta teoria de que vamos fazer uma criança melhor se lhes fizermos isso. Mas qual é a proporção de crianças que está a tomar estimulantes que para o seu comportamento, poderá ter a ver com os termos retirado da natureza? ".

O tema apaixona-me, enquanto mãe e amante da Natureza, reconhecendo nela o lugar de aprendizagem, até sobre nós mesmos, e cenário pacificador, e por conseguinte, não posso conformar-me com o ensino teórico em ambiente fechado. É preciso que os pais reivindiquem mais, nos Agrupamentos, estas saídas, permitindo que os filhos descubram o Mundo na realidade, não somente através dos manuais; que se tornem curiosos, exploradores, investigadores. Estão a ver como tudo isso conduz a pessoas com carácter audaz e interventivo? Eu consigo ver a ligação. 

Entretanto, se os pais conseguirem fazer isso ao fim-de-semana, idealmente ao fim do dia, nem que seja pelo parque ou jardim mais próximo, algum tempo, e os deixem sujar as mãos, o calçado, a roupa, já estão a fazer um óptimo trabalho, enquanto educadores. 

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Vida é Esperança


Ontem estava a sentir-me muito em baixo, preocupada, com os incêndios repentinos e simultâneos que deflagraram em Portugal, e apesar de não os ter próximo da nossa Vila estavam presentes; o ar estava irrespirável, não se vendo o céu, coberto por uma neblina espessa de fumaça; porém, ao regar o jardim encontro estas três lindas criaturas, e algo no meu interior mudou; senti maravilhamento e esperança. 

São lagartas da "Papilio machaon", as lindas borboletas "cauda-de-andorinha", duas já instaladas na arruda, e outra encaminhando-se para lá. Se pretenderem ter destas borboletas no vosso jardim, ou varanda, convidem-nas, oferecendo-lhes arruda. Já as temos no nosso jardim há dois anos, desde que plantei arruda, e de todas as vezes que as descubro sinto a mesma alegria. Que bênção!  

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Vida Própria

Conversando com uma mãe, a propósito do talento da filha, cujo trabalho vi no Instagram, responde-me sorrindo tristemente "Pois é, mas tem tantas inseguranças, duvida tanto dela própria!". Eu respondi que essa forma de ser parecia, infelizmente, ter-se espalhado por essa geração, e que muitos atribuíam à influencia das redes sociais, e influencers; a irmã mais velha, ao lado, concordou, acrescentando que por isso tinha deixado de seguir todas essas pessoas. 

Ver corpos perfeitos e fortes, belos como se fossem deuses, continuamente a mudarem de roupas, clientes de marcas de luxo, constantemente a viajarem, mostrando paisagens paradísicas, lanchas, restaurantes renomados, onde a comida parece mais arte do que alimento, e onde estas páginas são continuamente feitas nesta linha, desenvolve em quem vê descontrolada vontade frustrada de ser e ter, de uma forma a que outras gerações não foram expostas.

Estas pessoas, que fazem páginas superficiais, fúteis, de consumismo exacerbado, são responsáveis por se exporem de forma impúdica, creio que é de um narcisismo e exibicionismo doentio. E desonestas, também, pois a vida não tem apenas esse lado maravilhoso, não é perfeita.  Como disse alguém que ouvi estes dias " A culpa da inveja é também daqueles que impudicamente se expõem". 

Um estudo de Harvard concluía que a felicidade depende da forma como nos relacionamos com os outros, ora esta relação influencer-seguidor é desequilibrada, e em nada salutar.

A clareza da irmã mais velha, ao compreender que seguir aquelas pessoas não lhe trazia nada de bom, e se afastar, como nos afastamos de qualquer pessoa negativa que conhecemos pessoalmente, é louvável. Porém, nem todos têm essa coragem, preferindo permanecer nesse jogo sado-masoquista, reféns de vícios alheios, vivendo na sombra do que poderiam ser. 

Acredito que tudo isto também contribui para a falta de saúde mental, que entre os jovens é deveras preocupante. A vida seria muito mais feliz, sobretudo nessa idade em que tudo está em aberto e o futuro não tem limites, se não existissem essas condicionantes, promovidas pelas redes sociais. A vida é um jogo constante de procura pelo equilíbrio.  


Vale a pena ouvir este vídeo, sobre este tema e outros muito interessantes. 

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Estar no Momento

 Conversava com a minha prima a respeito da última viagem que ela fez, à Jamaica, cuja escala em Nova York de 19 horas lhe permitiu fazer um tour pela cidade, e a impressão maior que lhe ficou da mesma, em Times square, foi de que as pessoas não estavam realmente ali, viam somente através do telemóvel. 

Lembrei-me de uma foto que rodou no FB, uma aparada de nem sei quê, até poderia ser uma maratona, em que todos fotografavam o que viam, excepto uma senhora velhinha, no meio da multidão, que sorrindo observava a estrada, sem filtros, nem lentes absolutamente nenhumas. 

Desde que as redes sociais começaram a dominar o nosso quotidiano é assim, seja nas viagens, nos restaurantes, nas lojas, vivemos para mostrar. E não vivemos realmente, tudo nos passa ao lado. 


segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Os Filhos Não são do Estado!


Regina school board demands $30K for documents on gender ideology

Lise Merle, uma mãe preocupada com a ideologia radical de género ensinada nas Escolas Públicas de Regina, foi atingida por uma enorme conta depois de procurar documentos relacionados com a mesma e com o programa de Orientação Sexual e Ideologia de Género.

O Canadá é um dos países com maior propaganda à ideologia de género, e portanto, quando esta mãe pede à escola documentação sobre a informação a ser "ensinada" na mesma sobre o tema, recebe uma conta de cerca de 30 mil dólares para ter acesso a essa documentação. Ou seja, é uma espécie de censura, não rejeitam o pedido, nem poderiam, os documentos são públicos e do Estado, é porém, uma forte estratégia para desmotivar os pais que pretendam saber o que a Escola ensina aos filhos. 

Ao aceitar que os filhos sejam ensinados e endoutrinados, pela escola pública, sem sequer terem conhecimento do quê, os pais estão a entregar a 100% os filhos ao Estado. O Estado merece-lhes essa absoluta confiança?!  E quando pretendem conhecer os conteúdos, e lhes é negada a informação, e com isso se conformam, estão definitivamente a desistir dos filhos. 
Espero que os pais canadianos não se submetam, os filhos são dos pais, não do Estado! 

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Férias na Bélgica

Estas férias de verão foram programadas duas semanas antes da partida, nem sequer decidido estava o destino ou datas, pois existiam algumas condicionantes, tal como o estágio da Letícia, num gabinete de arquitectura, que só terminava no fim de Julho, compromissos do meu sobrinho, etc. e a decisão arrastou-se até ao ponto crítico de reservar tudo 15 dias antes, e em Agosto! Foi sempre um mês em que evitei sair de férias, mas a Letícia estava a precisar de férias com urgência, de forma que aquelas 2 semanas também lhe deram ânimo, para superar a exaustão deste ano lectivo. E por exclusão de partes, acabamos por ficar apenas eu e a Letícia! Seriam as primeiras férias de apenas mãe e filha. 

Estivemos na Bélgica de passagem para a Alemanha, de carro, há 20 e muitos anos; passamos a tarde em Bruxelas, onde almoçamos e não ficamos nada impressionados com a cidade, pelo que foi um país nunca considerado seriamente. Porém, tenho no Instagram um arquivo de fotos de viagens e tinha nele algumas fotos de Bruges e Ghent, que obviamente me cativaram, e a Letícia também se entusiasmou, depois de as pesquisar.  Pensei em visitar devidamente a capital belga, e fazer daí base para visitar as outras cidades. Provou-se uma boa aposta, as viagens de comboio fazem-se muito bem, este meio de transporte é caro (comparado com a nossa CP) mas muito confortável. E foi bom regressar ao fim do dia ao aparthotel, sem ter de carregar malas de cidade para cidade. 


Fazer fora uma refeição por dia basta-nos, precisamos de ter um espaço onde à noite possa confeccionar um jantar simples mas caseiro. Na recepção indicaram-nos uma loja Bio- Sequoia, onde compramos tudo o que precisamos para meia dúzia de refeições e pequenos-almoços, e foi perfeito. Depois de um dia inteiro a deambular por Bruxelas, ou sair para outros destinos bem cedo, em pleno verão, o ideal para nós é tomar um duche, jantar e repousar algumas horas, já não conseguimos sair depois disso! 


Seguimos o roteiro de diversos blogues para o que visitar em Bruxelas:

1. La Grande Place, Património da Humanidade

Onde se localizam prédios lindíssimos históricos do séc. XIV ao XVII, como a Câmara (tivemos a sorte de ver um casamento, com os noivos e convidados e assomarem ao balcão); a Casa do Rei, hoje Museu da Cidade, a Casa dos Ducs de Bravant, e a casa onde viveu Victor Hugo, a certa altura. 


2. Mannekin Pis

O monumento mais fotografado de Bruxelas é a estátua de um menino a fazer xixi. Algo decepcionante, mas estava realmente ali uma multidão ao redor. 



3. A Igreja de Notre Dame des Victoires au Sablon

A igreja do séc.XIV é gótica, bastante sóbria, porém imponente, quase parecendo uma catedral, excepto no tamanho, um pouco mais pequena. 

4. Place Royale

Nesta majestosa praça neo-clássica do séc. XVIII localizam-se os Museus Reais de Belas-Artes da Bélgica, o Museu surrealista Magritte, e o da Música, em cuja edifício Arte Deco mais lateral, se destaca. Só visitamos o primeiro, e devo dizer que esperava mais e melhor, foi realmente a minha grande decepção nestas visitas.  

5.Palace Royale de Bruxelles

O Palácio da família real belga estava fechado para férias, imagine-se! Outra decepção. 

6. Parque de Bruxelas

Localiza-se entre o Palácio Real e o Parlamento, é muito grande, com lagos, fontes, estátuas em abundancia, e muitíssimo agradável de se atravessar. 

7. Parlamento belga

Só visto do exterior, é um edifício sóbrio e sólido. 


8. Monts des Arts

Quem desce da Place Royale depara-se com uma vista magnífica sobre a capital, aqui grupa-se uma série de edifícios de grande importância, como a Biblioteca Real da Bélgica, onde vale a pena entrar (que sobretudo num dia quente foi um oásis abençoado), com uma escadaria e jardins que se proporcionam para belas fotografias. Tem uma esplanada no topo perfeita para assistir ao pôr do sol enquanto se toma uma bebida. 

9. Catedral de S.Miguel e Santa Gudula

São os santos padroeiros da cidade, e a catedral gótica do séc.XIII construída em cima de um templo do Séc.XII, demorou cerca de 200 anos a ser edificada. Apesar de ter sido saqueada diversas vezes continua a possuir elementos decorativos impressionantes, sendo a igreja católica mais importante do país, e visita praticamente obrigatória. 

10. Centro Belga de Banda desenhada

Vamos encontrando pela cidade arte de rua, relativa aos personagens mais famosos nascidos aqui, Tintin sobretudo, contudo existe um museu para os fãs de banda desenhada, localizado num belo edifício, que para qualquer um vale a pena visitar, contudo obrigatório para famílias com filhos pequenos. 



11. Galerias Royale S.Hubert

Neste prédio de aparência tão requintada localizam-se diversas lojas de luxo, da joalheria aos chocolates, marcas nacionais são também pretexto para conhecer mais um pouco o país.

12.Bairro Europeu

É onde obviamente se localiza o Parlamento Europeu, gigantesco, moderno, e certamente muito caro aos contribuintes europeus! Entrar ali nem por convite, não me interessa mesmo nada, vimos de passagem para o Parque Leopold, que adoramos. 


13. Casa-Museu do arquitecto Victor Horta

Foi um arquitecto que a Letícia estudou na Faculdade, que é uma espécie de Gaudi belga. A casa tem claramente inspiração na natureza, sendo belíssima. Para ela foi uma visita que a deixou maravilhada. 


14.Parc du Cinquentenaire

As arcadas são apenas do séc.XIX mas essa construção juntamente com o jardim que se localiza em frente são um belíssimo postal que se torna imperdível. Também aí se localizam 2 museus, creio, sendo um deles de Artes, mas que já não fomos a tempo de visitar, para minha grande pena. 

Por este jardim/parque imenso observamos mães a passear bebés, um casalinho a jogar às cartas, um jovem a atirar e apanhar o boomerang com maestria, uma classe de yoga, um casal a ter uma aula de dança de salão, um grupo de amigos a fazer um piquenique, meia dúzia de jovens a jogar vólei, pessoas a passear os cães, pessoas a ler, outros deitados na relva, enquanto outros corriam ou caminhavam; é em suma, um jardim muito popular entre os locais, e com justa razão. 

Há em Bruxelas outros sítios para visitar, como o Atomium, o Museu da Cerveja ou do Chocolate, e outros, mas não foram do nosso interesse. 

Passar o dia em Maastricht foi também uma boa opção. A paisagem desde o comboio já se mistura com a holandesa, aquelas planícies verdejantes, com as casinhas de tijolo vermelho rodeadas por árvores, para lhes proporcionar privacidade, fazem-me lembrar os quadros dos mestres flamengos, e não me canso de as admirar. 

Em Maastricht passamos a Câmara, e visitamos o moinho de Bisschopmollen, o mais antigo em funcionamento dos Países Baixos, séc.XII, ao lado a pastelaria que lhe pertence vende fatias da tarte de maçã, típica da cidade. Gostamos de experimentar, mas não repetiríamos. 



A Heelpoort, a porta da cidade, de 1229, e mais antiga da Holanda, é uma bela torre, aonde se pode subir e obter uma vista abrangente sobre a cidade. 

A basílica da Nossa Querida Senhora, a igreja de Sint Janskerk e a de s.Servtius, são o trio mais importante, só entramos na primeira, a única aberta, mas realmente muito bonita, com belos vitrais. 

Boekhandel Dominican é uma igreja transformada em livraria que se revela um fenómeno entre os turistas. A estrutura foi preservada, tendo-lhe sido adaptado 2 patamares que correspondem a corredores com livros. Tem um cafezinho com sofás ao fundo, e certamente convida à permanência, mas fiquei aí menos do que nas igrejas genuínas. A desacralização destes locais impressiona-me, assim como caminhar normalmente sobre as tumbas seculares de clérigos e outros proeminentes. 

Em Ghent, uma cidade pequena mas encantadora, com o rio Leie a serpentear a localidade, onde podemos admirar as guildas ( construções flamengas dos séculos XVI e XVII, decoradas no topo com frisos dourados), e o castelo dos Condes, do séc.XII, visita com áudio-guia, aliás uma narração muito divertida e informativa, que preencheu as lacunas para um castelo tão despojado ( tem em diversas divisões algumas obras de arte sobretudo contemporâneas), mas as partes que aludiam a torturas próprias da Idade média eu saltava, não são do meu gosto). As vistas do topo do castelo são lindas, de forma que vale muito a pena. A Câmara municipal, renascentista, e a catedral St-Baasfkathedral, gótica.  

Entrar em Bruges foi como viajar no tempo, ou entrar num cartão postal encantado! A cada recanto parávamos maravilhadas, e foi por isso o ponto alto da nossa viagem. Por vezes, acontece de eu dizer que gostaria de regressar àquela cidade estrangeira, é o caso de Bruges, que gostaria de voltar a visitar, com mais tempo, dessa vez ficando lá hospedada. 

Bruges é uma cidade pequena que pode ser perfeitamente visitada a pé, é aliás assim que melhor se conhecem os locais, vamos andando e descobrindo novas atrações. O centro histórico de Bruges é Património Mundial; aí se localiza o Beffroi, uma torre do século XII, com 883 metros de altura, que nos satisfez só se olhar do exterior (subir 366 degraus com calor estava fora de questão); passear no Quai do Rosaire, local mágico para tirar fotos, visitar finalmente uma chocolateria, e esta é especial, fundada em 1919 por Mary que foi a primeira mulher chocolateira da Bélgica, e tornou-se fornecedora da Casa Real, comprovamos a excelência do chocolate. Visitar a  Basílica do Sant-sang, onde supostamente está a relíquia com o sangue de Cristo e a igreja Notre Dame, que possui a única obra de arte de Michel Angelo fora de Itália, a estátua do Virgem e do Menino, em mármore, foram duas visitas adiadas para a próxima vez. Despendemos muito tempo a deambular pela cidade, a permanecer nos recantos admirando cada detalhe, a fotografar. Visitar Bruges de barco, pelos canais será outra das experiencias futuras.

O que se come tipicamente na Bélgica é o waterzooi, uma espécie de ensopado de peixe, que ainda pensamos encontrar na versão vegetariana, o que não aconteceu (mas felizmente há imensas opções vegetarianas por todo o lado), as batatas fritas a cada esquina, sim, são boas e croquantes, o Chocolate, excelente, as waffles, tivemos uma sorte tremenda porque simplesmente tínhamos fome à hora do lanche e aquela loja na rua detrás do Museu Real de Belas Artes tinha bom aspecto, e as waffles eram deliciosas, croquantes por fora e fofas por dentro, e claro uma cerveja para mim, cujo nome não memorizei, escolhida pelo proprietário, um senhor idoso belga, da esplanada; estava divinamente fresca! 

Waffles: em frente à Biblioteca Real da Bélgica


Em suma, Bruxelas revelou-se uma cidade bastante mais bonita, com imensos jardins e espaços verdes, e sobretudo impressionaram-me as construções actuais, há imensos prédios modernos de design diferenciado, e com uma estética belíssima, a minha filha comentava quase sempre que a construção dos mesmos tinha custos elevadíssimos, e por isso não se faziam em Portugal. Ponto negativo, é uma cidade muito suja, havia lixo todos os dias, a transbordar dos contentores, colocado pelas ruas, nunca percebi quando o recolhiam, e descuidada, os passeios em mau estado, os jardins idem. Seria de esperar que numa capital de projecção europeia a cidade estivesse muito mais cuidada. O meu desagrado com as capitais, relativamente ao resto do país, já é habitual, e aqui confirmou-se novamente, no entanto, a Bélgica é um belo país, e francamente está subestimado.    


Fontes: 

Vagamundos

Cachos aventureiros

Viaja entre Viagens

Na janelinha para ver tudo

Visit Ghent

Civitatis

Generation Voyages 

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Móveis De Verdade

Via

As lojas Ikea vieram revolucionar a decoração das casas em Portugal, e de resto, em todos os países em que abriram lojas. À semelhança da Zara, na imitação das colecções de luxo, o Ikea proporciona aquilo que parece design de alta qualidade, e vendo casas com estes móveis, decoradas por decoradores, ou pessoas com muito bom gosto, sobretudo através do ecrã, tudo parece ser bonito e ter qualidade, dando realmente bom aspecto, e sendo economicamente acessível.

A questão é que quando pegamos naqueles móveis, quando tocamos neles, percebemos claramente que são tal qual a comida fast food, bom aspecto (no geral), mas sem qualidade. São móveis a fingir, parecem ser feitos de cartão, e se economizam na madeira, imagino a qualidade das tintas, vernizes e colas ( que respiramos!) utilizadas no seu fabrico. Afinal, o produto vem para o mercado a preços acessíveis e pelo caminho tem que pagar a imensa gente, trabalhadores, transportadoras, e... ter lucro! E não pouco, dado que o proprietário do Ikea é o homem mais rico da Europa. 

Há dias, caminhava pela rua e reparei em duas casas seguidas, cujas janelas estavam abertas, na primeira, que sei habitada por duas pessoas idosas, vi um candeeiro de tecto do Ikea, e na casa seguinte notei um candeeiro antigo, que mais parecia ter saído da casa anterior. Achei curioso, e fiquei a pensar nisso. 

Um dos meus primos despachou, há relativamente pouco tempo, a mesa de sala e armário de apoio, ambos adquiridos no Ikea, e comprou os móveis equivalentes, de meados do século XX, a alguém que os restaura e vende. Os meus tios espantaram-se, creio que acharam um retrocesso, e sobretudo a minha tia, dizia que pareciam os móveis da sogra, dos quais nunca gostou.

O meu primo e mulher justificaram a mudança com a falta de qualidade dos móveis Ikea, e a vulgaridade, é certo que se encontram em todo o lado, que queriam algo diferenciado, e feito à mão. 

Parece-me, agora que as gerações mais velhas se renderam ao estilo Ikea, as mais novas procuram o vintage, os móveis de nicho, e fico muito contente com a mudança. Mas afinal que lucro eu com isso? Gosto de ver valorizados móveis que já não se fabricam, e que têm possibilidades diversas de uso, terem uma segunda oportunidade, ao serem restaurados. Para além de serem bonitos, e diversificados, há tantos estilos, proporcionando decorações diferentes, e eu gosto do que sai da norma, e por reflectir ainda um estilo de vida amigo do ambiente. 

Há imensas lojas que vendem móveis em segunda mão, nas plataformas online também, particulares ou profissionais, há também quem os venda já restaurados, e a oferta é vasta. Podem ser personalizados, ao gosto de cada um, e se as pessoas se atreverem a pôr mãos na massa é um trabalho manual que poderá ser muito gratificante. 

Nós temos em casa os móveis herdados, de diversas gerações, e nenhum deles me cansa, ou dá vontade de os substituir, porque quando as coisas são verdadeiras duram muito mais. Pelo menos para a minha vida durarão. 

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Leitura: O Problema dos Três Corpos

Via

Liu Cixin, nascido em 1963, é um autor chinês conceituado e premiado, tanto lá como no mundo ocidental. 

O meu filho começou a ler este livro, e foi lendo, com muito interesse, o segundo e terceiro à medida que foram publicados, mas apenas quando um amigo meu se referiu a ele como a melhor ficção que tinha lido nos últimos anos, me motivou o suficiente para lê-lo também. Como já o tinha em casa, achei que não teria nada a perder. 

Começa durante a revolução cultural chinesa, a personagem principal, Ye Wenjie assiste entre a multidão, em praça pública, à humilhação e brutal espancamento do pai, um conhecido académico, por crimes reacionários, relacionados ao ensino da Ciência. Esse episódio irá marcar profundamente a filha, e daí resultará uma acção sua que determina o futuro de toda a humanidade. 

A acção salta para o presente, a narrativa volta-se então para o cientista Wang Miao, que começa a ver uma sucessão de números em todo o lado, deixando-o a princípio absolutamente transtornado e logo de seguida totalmente obcecado na investigação desse fenómeno, que o irá ligar a Ye Wenjie. A sua primeira grande descoberta leva-o a jogar online um jogo fascinante e também viciante, que se revelará intimamente ligado aos números que o perseguem.

A minha falta de conhecimentos científicos não me permitiu acompanhar o discurso dessa área, nem sequer sei se aquela informação está correcta ou é ficção, parcial ou totalmente, e confesso que essas partes da narrativa foram para mim bastante aborrecidas. Porém, a ideia geral do livro é muito interessante, afinal um dos grandes enigmas da humanidade relaciona-se com a dúvida sobre a existência de outros mundos habitados, e o receio de que existindo outros mais evoluídos, possam invadir o nosso. 

Também o retrato daquela época histórica chinesa é interessante, embora chocante, contudo de útil divulgação. 

Recentemente, vi dois episódios da série entretanto feita e fiquei atónita com a adaptação, creio que a tamanha liberdade já nem se possa chamar "adaptação", é mais invenção e distorção. Perdi o interesse e não verei mais nenhum episódio. 


Título: O Problema dos Três Corpos 

Autor: Liu Cixin

Editora: Relógio d'Água

Nr de págs: 334