segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

O Ano Novo Serve Para Quê?

Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras, e é realmente verdade; estava, no Instagram, a ver as diversas fotos de uma pessoa que escolheu cerca de oito para representar o seu ano 2024, e apercebi-me de que é a isto que se resume o nosso ano, quando olhamos para trás: aos momentos, ou acontecimentos, mais relevantes da vida. No caso, como trabalha com o marido, ele estava envolvido em todas as suas conquistas, ela resumia, dirigindo-se a ele: Mal posso esperar pelo que nos reserva 2025! Até aqui têm sido abençoados com projectos de sucesso (tanto quanto publicamente se saiba), porém, é de facto isto, quando nos despedimos de um ano para entrar no outro: Mal podemos esperar pelo que nos reserva o Novo Ano!

Admito que isto será uma perspetiva assaz óptimista, de quem muito provavelmente termina um ano com saldo positivo, e tende a pensar que o próximo caminha na mesma linha; menos fácil será para quem passou por problemas, desgostos, tristezas, perdas, que tenderá a olhar o ano com desconfiança, mesmo que inconscientemente, o receio incute a dúvida: "Será que me vai trazer mais do mesmo?!", apresentando-se assim duas formas de estar na vida, diametralmente opostas. 

Mais do que dividir o tempo, e ser Calendário, a passagem de ano deve servir novos começos; ajudar a terminar ciclos, e a começar algo novo, e podem tanto ser coisas grandiosas, como começar um negócio, mudar de trabalho, como menores, ao, por exemplo, estabelecer novos hábitos: comer de forma saudável, fazer exercício, ficar 15 minutos ao sol, em silêncio, diariamente, o que quer que se deseje muito, e se tem adiado. 

Os primeiros do exemplo acima, são aqueles que efectivamente projectam e realizam, e no final do ano apresentam a lista positiva; o ano novo deu-lhes o tempo, eles entraram com a acção. Tiveram também fracassos? Muito provavelmente, mas eles entendem-nos como lições, e persistem, refinando novas experiências com as novas aprendizagens. 

Então, o Ano Novo resume-se a isto, começar ou recomeçar, mas FAZER! Para não olhar para trás com a sensação de marasmo, de inércia que caracteriza mais um ano igual a outro. Isso sim, na minha perspectiva, é que é um fracasso, e muito dispensável. Todos os dias são novas oportunidades, o 31 de Dezembro é apenas aquela porta maior que anualmente se ilumina como o maior grandioso dos lembretes. 

Feliz Ano 2025, com saúde, paz e amor! 


segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Filme de Natal - A Esposa do Bispo

The Bishop's Wife -  Cary Grant, Loretta Young 

Para evitar ver os filmes do costume, ou não ver absolutamente nada, trago uma proposta de um clássico, do tipo de filmes que via na minha infância; é uma ode à família, aos valores que valem a pena, que pode ser visto em família, e para todas as idades! 

Um filme que fala da verdadeira magia do Natal, que é divertido, e aquece um pouco o coração. Perfeito para esta época. 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Benefícios de Conversar

Conversar é uma arte. A maioria das pessoas não quer conversar, quer falar; e falar é debitar uma série de palavras superficiais e manter-se pela "rama", enquanto dura a interação, sendo que muitos nem sequer estão interessados em interagir, querem apenas falar de si, numa postura de monólogo permanente. 

Conversar é falar e ouvir o outro. E poucas pessoas o sabem fazer, alias, essas pessoas são raras; são tão especiais que quando encontro uma dessas fico de queixo caído a ouvi-las, maravilhada. É que normalmente essas pessoas são também muito sábias. 

Quando nós conversamos, realmente, ficamos expostos a pontos de vista diferentes, e conhecimentos que ainda não possuímos, e na troca de opiniões, e ideias, cada um sai mais enriquecido. Só temos de nos permitir ouvir algo diferente do eco. Conversar é trocar valores. 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Os Galos

Via

Preocupa-me que o avançar dos prédios, urbanizando a nossa vila cada vez mais, seja proporcional ao desaparecimento de sinais rurais que me encantam, como o cantar dos galos, pela manhã. 

Há alguns anos ouvia muitos; um começava a cantar ao nascer do dia, e logo outros respondiam no mesmo tom. Notei há poucos dias que agora já só ouço um, até sei a quem pertence, e pensei que quando aquela senhora partir, o último galo também. Deus permita que tenha um vida longa, não somente pelo galo, como sobretudo por ela, é também um símbolo da ruralidade, da nossa localidade. 

Se eu pudesse, não hesitaria em adoptar algum, não sei como reagiriam os gatos e cadela, mas não seria isso o impedimento. Para já não tenho apoiantes à causa, porém não desisto, como não desisti dos outros antes. E já agora, galinhas, porque a solidão não é algo que eu queira impor a ninguém. Além disso, precisamos muito de galos, na Vila! Acho a questão, realmente, importante. 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

A "Perguntona" da Turma

A partir de uma dada altura a minha filha começou a comentar que ela era a única que fazia perguntas nas aulas, eu respondia que certamente os colegas também teriam dúvidas mas só ela tinha coragem para pedir mais explicações, e que assim eles também beneficiavam desse esclarecimento. Ela anuía, embora não ficando propriamente satisfeita, rematando algo contrariada: "Mas tenho que ser sempre eu!".

Já na Faculdade a questão voltou a levantar-se, continuava a ser a única, e constatava dizendo que os colegas também não estavam a perceber mas não se queriam expor. A conclusão derivava de conversas posteriores em que o confirmavam, e lhe diziam que ainda bem que ela tinha colocado a questão. Esta situação continuava a perturbá-la porque, frequentemente, pensava que ao expor dúvidas estava a dar a ideia de que não era inteligente o suficiente, nem sabia o suficiente, e eu tinha de voltar a reafirmar que era precisamente o contrário, só quem pensa e sabe pode ter dúvidas, e quer saber para além; e mais, só quem tem coragem de se expor o faz. Portanto, só motivos de que se orgulhar. 

É que, realmente, esta é a ideia que se forma, que quando o professor explica e toda a turma se mantém calada é sinal que a matéria foi muito bem explicada, logo, compreendida. Há professores que se satisfazem nesta dinâmica, contudo para mim é mau sinal. Se eu não obtivesse sinais de inquietação, na forma de dúvidas e opiniões críticas, ficaria preocupada. Porém, a maioria, tanto alunos como professores, parece preferir navegar em águas calmas. Que aborrecimento. 

Reflectindo sobre este assunto, também me ocorreu que esta forma de estar na escola reflecte a forma de estar na vida; os meus filhos foram sempre muito curiosos, sobre inúmeros assuntos, e nós, enquanto pais, sempre os incentivamos a ter essa atitude, da forma mais simples possível, que é responder com a maior das franquezas. Entre mim e o pai, de duas áreas distintas conseguíamos responder quase sempre, mas vezes houve em que me vi obrigada a pesquisar certos assuntos para lhes explicar, e dizia assumindo que não sabia, mas iria estudar a resposta. Portanto, em família, colocar questões e esperar respostas congruentes foi sempre um lugar seguro. Como não esperar que lá fora fosse assim também?! 

Como eu gostava que tanto a família como a escola fossem esses lugares seguros onde as crianças pudessem ser curiosas e inquisitivas livremente. Parece-me até que essa é a verdadeira base da educação, e que é uma pena passar-lhe tão ao lado. 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Azevinho aos Molhos

Imprescindível na decoração desta época; via

A propósito dos comentários preocupados que li, sobre uma coroa que a Alice na Montanha fez, relativamente ao azevinho, fiquei a pensar que se houve realmente um tempo em que este arbusto esteve efectivamente em extinção, não me parece que seja actualmente o caso. Aliás, ser menos abundante do que outrora não significa que esteja em extinção. 

Nos meus passeios na natureza, como no Gerês, encontro azevinho em abundância, e nos jardins particulares é também bastante comum; nós temos uma árvore, que me foi oferecida há cerca de 10 anos, em vaso, e que passei para a terra onde ficou anos sem dar as bolinhas vermelhas que lhe emprestam aquela graça tão natalícia (chegaram até a dizer-me que nunca daria, porque era "macho"!), e o meu marido chegou a querer arrancá-lo, mas eu resisti, e o azevinho acabou por nos brindar com todo o seu esplendor!

Portanto, sem grandes cuidados passou a árvore que já ultrapassa o terraço em altura, o que me prova que é resistente o suficiente para ser cultivado por qualquer pessoa. Se essa estorinha da extinção vos fizer sentido a solução é fácil. Eu tenho azevinho para mim, para dar e vender, se muito bem me aprouver. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Açorda de Cogumelos

Francamente... estava muito mais bonita ao "vivo". É  a máquina...😆


Apetecia-me açorda já há uns tempos, decidi fazer uma de cogumelos e ficou divinal! Tão simples. 

Açorda de cogumelos

Ingredientes:

4 fatias grossas de Pão de Rio Maior

6 cogumelos marrom e shitake

Meia cebola

50 gr de tomates-cereja

2 dente de alho picados

coentros frescos

Como Fazer:

Colocar o pão num recipiente com água a ferver, tapar, e deixar até amolecer.

Fazer um refogado com a cebola e azeite, quando estalar juntar o alho picadinho, envolver, juntar os tomates e deixar cozinhar até ficar um pouco desfeito. Juntar os cogumelos fatiados, misturar bem, deixar cozinhar mais 5 minutos. Espremer o pão, e juntá-lo ao preparado que continua ao lume, evolvendo tudo, temperar com sal e pimenta preta. Depois de retirar do fogão também se pode juntar um ovo, e envolver tudo. Coisa que não fiz desta vez. 

Servir com um fio de azeite, no meu caso um lago, e coentros na hora de servir. 



quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Conversa Gastronómica

A poucos dias de fazer 87 anos a minha mãe está a perder a audição, e todas as vezes que pede para lhe repetirmos o que dissemos justifica-se: "Ouço cada vez pior...". Serve este preâmbulo para explicar a resposta dela no domingo ao almoço, que nos fez rir muito, quando me perguntou que prato era o que eu e a Letícia comíamos ( ela e o Duarte comeram dourada do mar assada no forno, com batatinhas), e nós: Crepes de lentilhas coral, com tofu, e cogumelos pleurotus e shitake; - O quê? Ouvi tudo mas não percebi nada! 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Adeus, querida A. !

Uma música que ouvimos naquele verão, continuamente, até memorizarmos a letra. 

Sabia que a A. estava doente, mas há cerca de 2 meses também soube que estava a fazer obras no apartamento, portanto achei que o pior já teria passado, por isso, quando me disseram que ela tinha partido fiquei bastante chocada. Já não eramos amigas, a vida aconteceu, contudo, para mim, fomos amigas na melhor das alturas. 

Conhecia-a aos 12 anos, e fomos amigas até aos 16; foi uma amiga diferente de todas as que tinha tido até aí, era atenciosa, carinhosa, com grande sentido de humor, e eu conheci um tipo de amizade que ignorava. Passávamos horas a cantar as músicas dos tops, lendo as letras nas capas dos Álbuns; foi com ela que comecei a apreciar coisas bonitas, como papel de carta, blocos giros, o Snoopy, a Hello Kitty, borrachas com formas de nuvem, gatos, gelados, pulseiras de couro e cobre, que vendiam na Rua de Sta. Catarina. Eramos o oposto, ela muito loura, eu com o cabelo muto negro; ela exuberante, eu reservada; ela muito auto-confiante, eu insegura. Foi com ela que a minha caligrafia deselegante mudou, e se tornou bonita, ao imitar a letra dela. 

Durante o ano lectivo trocávamos cartas, aquelas de papel fofo, por vezes a cheirarem a morango, e contávamos as novidades, na maioria das vezes banalidades, mas também as importantes, como da primeira vez que ela beijou o primeiro namorado! Ainda me recordo do nome dele, embora não tenha durado muito. Ela era mais nova do que eu um ano, mas bastante mais precoce. E ansiávamos pelo tempo de férias, quando eu podia ir para o Porto, e passávamos o tempo juntas. Foi uma amizade muito importante para mim, aconteceu quando eu mais precisava, e impactou-me imenso.

Em adultas tivemos vidas muito diferentes, ela com maiores e mais dolorosos desafios, mas eu guardo dela aquela imagem juvenil e alegre, que ficou parada no tempo passado. Acredito que esteja agora em paz e feliz.