Isto foi-me contado por alguém que não fez qualquer juízo sobre a situação, limitou-se a relatá-la. Portanto, o jovem tirou a licenciatura em Gestão, foi trabalhar um ano para um banco, achou que ganhava pouco, e decidiu tirar o Mestrado, mas desta vez numa prestigiada universidade europeia. Depois, concorreu para uma vaga de uma empresa internacional conhecida, sediada na Alemanha, para a qual concorriam cerca de 1200 candidatos. Fez provas, entrevistas, entrevistas e provas, passando diversas etapas até restarem somente 3 candidatos. Contra as suas próprias expectativas, foi o escolhido!
Agora vive nos arredores de uma grande cidade alemã, onde trabalha, e paga700€ por um quarto numa casa de um estrangeiro oriundo de uma cultura muito diferente da ocidental. Já sabe que terá de sair dai a algum tempo, e preocupa-se com a dificuldade em arranjar um quarto. Antes deste viveu num apartamento que o marcou pela sujidade, e cada vez que visita uma casa para responder a um anúncio de Quarto para alugar, sabe que será escrutinado, e escolhido ou dispensado com a minúcia de um patrão que admite um novo funcionário.
Não ganha o suficiente para ter um apartamento, um estúdio que seja. Um cantinho que chame seu, e tenha total privacidade. Quando vem a casa e regressa vai cabisbaixo, custa-lhe um bocado, mas depois fica bem. Fez-me lembrar quando os bebés são deixados no Infantário a chorar, mas mal as mães desaparecem eles calam-se e "ficam bem". Que remédio, não é?
E tudo isto deixou-me a pensar em como o esforço, o trabalho, o estudo de tantos anos, o investimento financeiro dos pais, no final, nem sequer permite aos jovens que sejam autónomos. Saem das suas casas, dos seus países, atraídos por vencimentos tentadores, e afinal estão pior do que em casa. Sim, porque francamente, ganhar menos e ter menos despesas vai dar ao mesmo. E se ainda puderem ficar em casa dos pais, sendo solteiros, continuam a ter uma casa acessível a todas as divisões como sendo, efectivamente, sua.
Esta falácia do estrangeiro, pode não ser para todos, mas será para muitos. Afinal, depois de tanto esforço continuam a trabalhar para sobreviver, para pagar contas, e nem sequer conseguem ter independência. Ficam longe da família, dos amigos, de tudo o que lhes é familiar, e para quê?
Houve aqui um retrocesso no nosso estilo de vida, e ninguém mais o vê?!