quarta-feira, 2 de abril de 2025

Um Caso a Ser Pensado

Isto foi-me contado por alguém que não fez qualquer juízo sobre a situação, limitou-se a relatá-la. Portanto, o jovem tirou a licenciatura em Gestão, foi trabalhar um ano para um banco, achou que ganhava pouco, e decidiu tirar o Mestrado, mas desta vez numa prestigiada universidade europeia. Depois, concorreu para uma vaga de uma empresa internacional conhecida, sediada na Alemanha, para a qual concorriam cerca de 1200 candidatos. Fez provas, entrevistas, entrevistas e provas, passando diversas etapas até restarem somente 3 candidatos. Contra as suas próprias expectativas, foi o escolhido!

Agora vive nos arredores de uma grande cidade alemã, onde trabalha, e paga700€ por um quarto numa casa de um estrangeiro oriundo de uma cultura muito diferente da ocidental. Já sabe que terá de sair dai a algum tempo, e preocupa-se com a dificuldade em arranjar um quarto. Antes deste viveu num apartamento que o marcou pela sujidade, e cada vez que visita uma casa para responder a um anúncio de Quarto para alugar, sabe que será escrutinado, e escolhido ou dispensado com a minúcia de um patrão que admite um novo funcionário. 

Não ganha o suficiente para ter um apartamento, um estúdio que seja. Um cantinho que chame seu, e tenha total privacidade. Quando vem a casa e regressa vai cabisbaixo, custa-lhe um bocado, mas depois fica bem. Fez-me lembrar quando os bebés são deixados no Infantário a chorar, mas mal as mães desaparecem eles calam-se e "ficam bem". Que remédio, não é?

E tudo isto deixou-me a pensar em como o esforço, o trabalho, o estudo de tantos anos, o investimento financeiro dos pais, no final, nem sequer permite aos jovens que sejam autónomos. Saem das suas casas, dos seus países, atraídos por vencimentos tentadores, e afinal estão pior do que em casa. Sim, porque francamente, ganhar menos e ter menos despesas vai dar ao mesmo. E se ainda puderem ficar em casa dos pais, sendo solteiros, continuam a ter uma casa acessível a todas as divisões como sendo, efectivamente, sua. 

Esta falácia do estrangeiro, pode não ser para todos, mas será para muitos. Afinal, depois de tanto esforço continuam a trabalhar para sobreviver, para pagar contas, e nem sequer conseguem ter independência. Ficam longe da família, dos amigos, de tudo o que lhes é familiar, e para quê? 

Houve aqui um retrocesso no nosso estilo de vida, e ninguém mais o vê?! 

segunda-feira, 31 de março de 2025

Frédéric Chopin : Nocturne No. 9 in B major


Foi o último vídeo que o meu amigo Pedro me enviou, de música, talvez por eu ter comentado que na última viagem que fiz, em Fevereiro, encontramos no centro histórico de Varsóvia, bancos na rua, onde se carregava num botão e ouvíamos parte das sonatas de Chopin. 
O Pedro tinha o curso de piano do Conservatório, e o piano continuava a ser o seu instrumento favorito. 

quinta-feira, 20 de março de 2025

Oração

O que é a Luz na Alma:

1. É o desejo do Céu.

2. É amar o Amor.

3. É Deus escondido no olhar.

4. É ir correr até à Vida.

5. É saber que o Infinito Mistério cabe no Coração Pequenino.

6. É ouvir a dor silenciosa.

7. É caminhar até à porta fechada. 

8. É bater à Porta até ser dia.

9. É mostrar a Luz do Céu como perfume derramado.

10. É transformar o pó da terra em caminho para o Céu. 


                                       P.E. 11/Jun/2022


segunda-feira, 17 de março de 2025

Até à Próxima, Pedro! 🙏

 

Via

Eu acredito realmente que somos Espírito ou Alma, que este corpo é apenas um biotraje que a Alma utiliza nesta experiência terrestre. Que somos eternos e, portanto, a morte faz tão parte do processo da vida como o nascimento. Mas é tão difícil ficarmos sem aqueles que nos são queridos! 

Saber que nunca mais vou abrir a porta e ver aquele rosto.

Que nunca mais o vou convidar para almoçar ou jantar.

Que nunca mais vamos ficar a conversar, estando já todos a dormir, sobre assuntos que a maioria das pessoas não fala. 

Que nunca mais vou ler no WA: Bom dia, Fernandinha!

Que nunca mais o terei na minha mesa com as suas filhas. 

Que já não o ouvirei mais a tocar piano na sala, enquanto se desculpa dos enganos, apesar dele ser melhor do que o piano! 

Que já não o vou ver a construir a casa de madeira.

Que já não vou acompanhar aquela segunda vida - "Ainda tenho tanto para viver! Ainda vou ser muito feliz." 

Que nunca mais vou ouvir aquele riso malandro e franco. 

Nunca mais verei as fotos dos seus almoços e placas de terras recônditas. 

Já não ouvirei os planos mais mirabolantes a tornarem-se realidade. 

Que já não posso contar com o meu amigo de Lisboa. 


O que conversamos, o que nos rimos, o que lastimamos. Era um carácter íntegro e único. 

As saudades são sempre o pior, e já as tenho por antecipação. A falta que este querido amigo me vai fazer...


quarta-feira, 12 de março de 2025

"Retrato de Um Casamento"

 Esta é uma daquelas histórias que a minha mãe contou ao longo dos anos, algumas vezes, desta vez apanhei-a mais atentamente, e deixou-me reflexiva. 

Há muitos anos, a vizinha dela foi ao velório de um parente afastado; naquele tempo os defuntos ainda se velavam em casa; era hora de almoço, e a família comia na cozinha; ela entrou silenciosamente, para não os perturbar e pôs-se num canto sombrio da sala, a orar pelo senhor. Entretanto, entra a esposa do falecido, e julgando estar sozinha com ele, ajoelha-se a seu lado, e começa a conversar com ele, em voz baixa, agradecendo-lhe pela vida que lhe proporcionara, que fora muito bom marido, bom pai, e bom homem, que tudo o que tinha feito na sua existência era bom, e digno. E muitas outras coisas bonitas, que a vizinha da minha mãe nunca tinha ouvido na vida, e ouvia siderada, permanecendo em silêncio até ao fim. 

A esposa deste senhor nunca soube que aquela conversa tinha sido testemunhada, a parente nunca lho confessou. Mas contou à minha mãe, sempre maravilhada, com aquela homenagem tão sincera e excepcional. 

E aquilo que me ocorre pensar é que se não for para deixar um marca destas na família que constituímos nem valia a pena começar a empreitada. Mais vale viver para si, que também é direito de cada um. 

segunda-feira, 10 de março de 2025

Preocupações de Jardineira



 


Enquanto estive fora a minha maior preocupação era que as flores desabrochassem e eu não estivesse cá para ver. 

É das primeiras coisas que faço de manhã, ir ao jardim e observar as plantas, as flores, as árvores, os arbustos, um a um. Analiso os estragos feitos durante a noite, e arranjo alguma forma de os remediar. Falo com todos eles, animo-os para ficarem fortes e saudáveis. Mas creio que este ano foi, sobretudo, devido à mudança da terra para os vasos que os narcissos, as tulipas e os jasmins medraram. Estou também a pensar fazer o mesmo com as dálias novas, as que ficaram na terra vão decorar a bordadura como Deus quiser. 

Observar o jardim foi das primeiras coisas que fiz, quando cheguei, e as flores estavam mesmo quase a desabrochar. Podia-se dizer que esperaram por mim, tal como lhes pedi.
A satisfação e alegria que isto me dá!