quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Paisagens em Mudança

Alto Minho

Agora penso que deveria ter fotografado certas paisagens, que ultimamente estão a mudar muito, e receio não voltem a ser nunca mais as mesmas, é que infelizmente já é tarde. Aquele corredor de carvalhos na estrada nacional, tal qual um túnel, que dá sombra e frescura no verão, e cujo verde mantém grande parte do ano; a paisagem do monte que subo, sempre que não me apetece ir pela estrada nacional, e sigo pela secundária, tão verde, tão cheio de árvores, muitas infelizes eucaliptos, mas ainda assim árvores; e a vista do meu quarto para a avenida do Parque, agora sem as tílias, árvores frondosas, quase mágicas, caídas na última tempestade, por conta do mau trabalho de quem fez os passeios modernos e feios, em que lhes cortou as raízes, deixando-as sem sustentação na base. Só para dar três exemplos, mas estes são-me particularmente caros. 

Devia ter feito registos, porém, naquela altura, em que não os fiz, pensava, sei lá, que tudo aquilo seria eterno, pelo menos na medida da minha própria eternidade. Não pensei que se me antecipassem. 

Para ser justa, o túnel de carvalhos ainda lá está mas todos os anos vai sucumbindo um ou outro, e não os vejo a ser substituídos. Se calhar, em vez de registos, e veio-me agora a ideia, devia lá ir, e discretamente plantar novos carvalhos, nos sítios dos desaparecidos. Talvez ninguém note a minha interferência, pelo menos nenhuma entidade oficial, pelo jeito que isto vai não notar absolutamente nada é prática institucional. Talvez seja o tempo do cidadão comum agir, simplesmente, fazendo tranquilamente o bem, sempre que possa; mas porque me soa isto tão revolucionário? Até é uma ideia bastante simples e boa.

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

A metáfora d' "O Velho e o Burro "

Era uma vez um velho que vivia no cimo do monte, um dia desceu à povoação, levando o burro, e também um rapaz vizinho. Quando se aproximaram de pessoas, ouviram comentar: Olha aqueles dois, têm um burro e vão a pé! 

Então o velho pegou no rapaz e pô-lo em cima do burro, e prosseguiram. Adiante, o velho ouviu novamente comentários desagradáveis: Vejam aquilo, o novo vai montado e o velho é que vai a pé, coitado!

O velho fez descer o rapaz, e com dificuldade lá montou o burro, prosseguindo. Porém, da próxima vez que encontraram pessoas, novamente os comentários foram críticos: Que disparate, o velho repimpado no burro, e o rapazinho é que vai a pé! 

Aborrecido, o velho fez então subir o gaiato e continuaram os dois. Porém, novamente, ao passar por outras pessoas, ouviram: Coitado do burro, vai tão carregado com aqueles dois, ainda o matam com o peso!

Contrariado, o velho fez descer o rapaz, e desceu com dificuldade também, dizendo: Está visto que não podemos agradar a todos. E prosseguiram ambos a pé. 

Esta história é realmente ilustrativa e exemplar, para que as pessoas aprendam que devemos fazer sempre o que achamos correcto, não o que esperamos ser do agrado dos outros, porque nunca teremos aprovação a 100%. Quando estamos convictos das nossas crenças e acções não serão os comentários críticos dos outros que nos farão vacilar, independentemente do que digam de nós; afinal, nós não somos aquilo que os outros dizem, somos aquilo que nós sabemos ser! 

História completa aqui

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

A Bonnie!

 


Demorou um tempão a convencer o meu marido a aceitar um gato cá em casa; na época, os pequenos pediam muito e também um cão, mas se para o gato já foi cerca de um ano, a esperança para o cão desvaneceu-se. Porém, eu também queria um cão, e subitamente tudo se alinhou para que isso se realizasse.

Aconteceu tudo muito depressa; eu disse que queria, ele concordou, impulsivamente, acho eu, os nossos filhos estavam presentes, e foram testemunhas! Estava feito. 
Entretanto conversei, casualmente, com a minha prima acerca da intenção e ela de imediato me disse que tinha o cão perfeito para nós. Uma amiga dela era FAT de uma cadela, encontrada a vaguear pela cidade, muito meiga e calmeirona, habituada a ir à rua, a não estragar nada em casa, enfim, ideal para uma família sem experiencia canina, em suma, já vinha pronta!
Combinamos uma estadia de uma semana, para testar, e desde logo correu tudo muito bem, e ela já não saiu mais cá de casa. 

Mudamos-lhe o nome, vinha com um igual e um familiar, chato, não é? Concordamos com Bonnie, mas entretanto as variações são mais que muitas: Boninha, Bóbó.... e ela respondeu bem à nova identidade. Compramos-lhe a cama, um peluche e uma corda para brincar; começamos a levá-la à rua todas as vezes que alguém sai e o pode fazer, e ela adora, embora de início a vida sedentária a que vinha habituada não lhe permitisse correr, nem sequer fazer longas caminhadas. 

Desde logo foi notória a nova dinâmica que trouxe à família. Recebe-nos com entusiasmo, e procura a nossa companhia. Tem uma forma de olhar-nos curiosa, como se nos perguntasse algo, um olhar meigo, e adora crianças, suspeitamos que no passado dela esteve em contacto com pequenos, e é uma memória feliz; na primeira saída ao Parque ficou 10 minutos parada a ver os meninos a jogar à bola. É comilona, vinha um pouco obesa mas já está elegante, embora tente sempre convencer-nos a dar-lhe comida fora das refeições. E gosta de ficar debaixo da mesa da sala enquanto almoçamos e jantamos. É giro. 

Em casa não ladra, os familiares espantam-se, mas ladra aos cães que se aproximam dela, sobretudo os machos, de forma contundente sem ser agressiva, excepto daquela vez em que um jovem pastor alemão veio a correr ter com ela, aí ladrou de forma possante e impressionante. Mas afinal o cachorro só queria brincar com ela. O problema mais prolongado tem sido a adaptação aos gatos, que nos primeiros dias fugiam dela em pânico. Entretanto o Niko começou a entrar e a ficar na mesma divisão, bufou-lhe duas vezes, e a Bonnie já nem se atreveu a subir as escadas, porque ele estava lá no meio. A Becas foi a segunda, a vontade de entrar era grande, e foi entrando, embora não fique onde a cadela está; a Ellie tem sido mais resistente, mas há-de lá chegar. 

Gosto muito da nova dinâmica que a Bonnie trouxe à família; obriga alguns a fazer pausas dos seus afazeres para a levarem à rua, e isso faz-lhes bem. Faz companhia a outros, deitando-se ao lado, enquanto passam uma tarde à secretária a estudar; o ambiente ficou mais alegre. Realmente, como me diziam, ter cão e gato são experiencias muito distintas, cada um com as suas características, e o cão faz mesmo mais companhia, mas nenhum substitui o outro; aguardamos agora ansiosamente que convivam os quatros em harmonia, estamos praticamente a postos para lhes tirar a primeira foto a dormirem juntos. Vai ser lendário! 

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Eleições

O problema das eleições é que os candidatos são eleitos pelo povo, contudo logo o esquecem, e começam a governar não para as bases, mas para a elite. Portanto, não representam o povo, por isso são sempre uma decepção. 

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Mesa de Outono


Desde que abandonei a ideia de que o serviço branco da V.A. ( que continuo a usar e gostar)era para ser usado todos os dias da minha vida que pôr a mesa se tornou muito mais interessante, e divertido.

É um desafio giro procurar pela sala e cozinha objectos que possam contribuir para uma mesa diferente, como esta de outono, em que a galinha da mesa da cozinha veio fazer o centro. Pareceu-me que os tons combinam com esta estação, sendo também uma metáfora adequada, ficamos mais no ninho, aconchegados, nos dias mais curtos, mais frios, preparando-nos para o Inverno. No momento, só escolhi a galinha pelas cores, mas depois fiquei a pensar e cheguei a esta conclusão; portanto, pôr a mesa também pode ter muito que se lhe diga, para além do evidente.