quinta-feira, 28 de março de 2024

Actividades de Férias Deviam Ser Divertidas!

Estava eu no atelier de Cerâmica e entrou uma mãe com a filha, de 6 anos, e duas amigas desta para uma aula única, como actividade de férias. Inicialmente muito tímidas, a conversarem aos cochichos, foram-se soltando com o tempo, até passarem para um certo descontrolo, que muito enervou a mãe. No espaço exíguo e de evidente proximidade, tive obrigatoriamente de ouvir a conversa, entre mãe e meninas, e mais adiante, com a mãe e outra aluna do atelier; apesar daquilo ser uma actividade lúdica, a mãe falou bastante da Escola, fazendo perguntas sobre o comportamento e resultados das amigas, enquanto se dirigia à filha: - Vês? Estás a ouvir? 

Pelos vistos, tanto o comportamento como os resultados da filha não são do agrado da mãe, e obviamente eu ignoro toda a situação para a avaliar, só achei o local e participantes errados para ter aquele tipo de conversa com, e sobre a filha, para mais estando ela presente. 

Outra frase que a mãe disse à filha, repetidamente: M.L.,continua a trabalhar! Se aquela actividade pretendia ser divertida, e creio que estando em férias lectivas, criar uma objecto, no caso uma taça para os cereais, devia ser, mas não sei se foi, porque desde o objecto escolhido até às cores utilizadas, a mãe opinou e orientou, passou apenas a ser um "trabalho". 

Nas férias de Natal vi expostas as árvores de Natal que um grupo do ATL fez, e delirei com a criatividade deles, cada uma diferente, algumas bem tortas, desequilibradas, a tombar, e algumas com os objectos mais inusitados como decoração. Tenho visto lá criações muito bonitas, e perfeitas, mas aquelas árvores... estavam espectaculares! Duvido muito que se os pais estivessem presentes o resultado fosse aquele. Quero dizer, seria desastroso, em comparação. 

Um atelier deste tipo proporciona momentos de liberdade criativa, e deve ser descontraído, uma experiência agradável e quiçá, uma revelação. Porém, a atitude de pais controladores e competitivos, trespassa a Escola, e atinge o Desporto, a Música, e outras actividades que deveriam ser lúdicas, pese embora, pedagógicas. Desenvolvendo as crianças, por eles, o mesmo sentimento que têm pela Escola. É tudo obrigatoriedade, avaliação, esforço. Que pena.  

terça-feira, 26 de março de 2024

Dica de Leitura - Solstício de Inverno

 

Via

Já apresentei Rosamunde Pilcher na resenha do livro "Os Apanhadores de Conchas", pelo que aqui se torna desnecessário, e como adorei esse primeiro livro, desta autora, comprei Solstício de Inverno do qual também gostei imenso. 

Há já algum tempo que atravesso uma fase anglófila, e então quando o cenário é rural, as casas, jardins e objectos que se tornaram para mim de um interesse e beleza difíceis de explicar, tudo se conjuga para que se me torne irresistível. Gosto de reconhecer as menções àquilo que faz o Reino Unido único e encantador, como o Ága, as louças da Cornualha, os chás reconfortantes a toda a hora! Uma série de palavras que não conheço outros que as digam, como eu, como anoraque! Em suma, identifico-me imenso com as descrições e narrativa, de forma que foi uma leitura deliciosa, algo especial.

Mas vamos ao enredo. A excêntrica Elfrida mudara-se, com o seu cão, Horace, de Londres para uma casinha no campo, fazendo amizades na aldeia, particularmente com os Blundell, de quem se torna íntima. Porém, acontece uma tragédia que faz com que Elfrida se mude temporariamente para a Escócia, habitando uma casa antiga e enorme, que acaba por alojar alguns familiares e amigos, algo perdidos na vida. 

Sinceramente, não esperava que Elfrida me surpreendesse, devido à sua idade, não quero dizer a que respeito, para não estragar a leitura, e por isso não me identifiquei com ela, nem aliás com nenhuma das personagens, sendo todavia, todas encantadoras e por vezes, fascinantes.  

Gosto da forma como a história de cada uma das personagens é contada, por capítulos. De como se cruzam e certa altura da narrativa. E de como a falta de esperança é superada para cada um, cada problema, trazendo um novo fôlego, perante cada desafio. O livro fala sobre a busca pelo amor, as dores da perda, e a alegria de o encontrar ou reencontrar. Recomendo, portanto, a leitura deste livro. 


Título:  Solstício de Inverno

Autora: Rosamunde Pilcher

Editora: Circulo de Leitores

Nr de Págs: 508

sexta-feira, 22 de março de 2024

Doce de Laranja

 


Estes dias terminamos o último frasco de compota que eu fiz em 2023, ( parece-me que desta última vez fiz menos, só pode!), e como das que se compram raras são as do meu agrado, pensei que deveria fazer mais, a questão era de quê, nesta altura do ano. Subitamente lembrei-me que no último Inverno tinha, finalmente, experimentado uma de laranja, sugerida por uma Instagrammer inglesa, no caso era um marca escocesa, e da qual gostei bastante, sendo que de momento tenho em casa imensas e deliciosas laranjas caseiras. Assim pensei assim fiz. 

A receita resulta de uma combinação que li em diversas fontes. 

Uma maravilha. A laranja fica macia, e não tão amarga como a inglesa que é feita com a laranja "Seville", pelo que na adição do açúcar já tive isso em conta, descontando a quantidade. 

Com o meu pão caseiro, sem glúten, é uma iguaria dos céus! 


Doce de Laranja

Ingredientes:

500 gr de laranjas biológicas

400 gr de açúcar

Como fazer:

Lavar muito bem as laranjas e colocá-las a cozer numa panela com água a cobrir, em lume baixo-moderado, durante 2 horas. 

Retirar da água, cortar o topo da laranja e a base, cortar em quartos, e fatiar finamente estes quartos; voltar à panela (cuja água de cozedura é entretanto descartada), com o sumo que as laranjas escorrem, aproveita-se mesmo tudo, juntar o açúcar e deixar cozer, mexendo ocasionalmente, cerca de 30 minutos, ou até o doce fazer estrada num prato. Deixar repousar 15 minutos. 

Verter para frascos esterilizados, em água a ferver, fechar muito bem, virar para cima, e estão prontos a guardar ou servir de seguida!

Muito fácil. Decididamente farei mais, dois frascos foi apenas para teste, tenho que aproveitar a abundância da época das laranjas.

quarta-feira, 20 de março de 2024

A Arte de Descomplicar

 Há pessoas que, realmente, têm uma tendência enorme para se verem enredadas em problemas, com uma facilidade que me deixa perplexa. De uma adversidade que lhes surge, causada pelos próprios ou por outrem, multiplicam-se diversas, sucessivamente. De fora, até me sinto zonza ao observar tamanha espiral. 

A pessoa perde o emprego, sente-se em baixo, começa a beber demasiado, causa mau ambiente em casa, os amigos e colegas afastam-se, fica deprimido, fica mais em casa, com uma vida totalmente sedentária, começa a tomar medicamentos anti-depressão, entretanto, para além dos problemas financeiros, já afastou a família e perdeu amigos, que entretanto nem conseguem sugeri-lo para qualquer trabalho, com receio de indicar um alcoólico ou instável; engordou, está doente, em suma, agora sim, tem razão para se sentir mal, e a mais desafortunada pessoa do mundo! E de quem é a responsabilidade? Sua. Mas não vê nem aceita. 

Causa-me espanto, e pena, ver problemas que surgem, desnecessariamente, a estas pessoas por talento próprio para o desastre; entre viver numa casa, tranquila, que precisa de algumas obras para ficar melhor isolada do frio e calor, onde há uma parcela de terra que gosta de trabalhar, prefere vendê-la e mudar-se para um apartamento, no bulício da cidade, agora que está reformado. Já antevejo o caminho para a depressão. 

Entre assumir uma omissão, explicando-a com sinceridade, preferiu persistir nela, justificando-a com mentiras, que adiante foram descobertas e expostas, causando um relacionamento de desconfiança que também antecipo, culmine, mais cedo ou mais tarde, em nada de bom. 

Entre manter os bens materiais que herda, vai-os vendendo, acumulando o valor no banco, que em juros nada de significativo lhe rende, enquanto os filhos não possuem sequer casa própria; mas o dinheiro, um dia, será deles! 

Enfim, são tantas as más escolhas que vejo e as pessoas passarem por tantas angústias desnecessárias! Constato também que isto não acontece apenas com pessoas menos educadas e inteligentes, é transversal a essas catalogações, o que me levou a concluir que isto não lhes está ligado, mas que se explica apenas pelo coeficiente emocional.

É bom de constatar, também, que outros conseguem pegar numa situação problemática inicial, como o desemprego, e conseguem dar-lhe uma volta que resulta positiva, e por vezes até, surpreendente; procuram activamente trabalho, e enquanto isso dedicam-se mais aos filhos, começam a fazer exercício físico, vão fazer uma formação no I.E. que os vai qualificar para outras áreas, ampliando assim as suas possibilidades; atiram-se finalmente para algo com que sonhavam e não ousavam, como abrir um negócio. Como se aquele percalço lhes desse força, e se engrandecessem perante a adversidade. Não admira que as empresas tenham começado a dar mais valor ao C.E. . 

A arte de descomplicar, resume-se a isto: O problema surge, o objectivo é conter o problema. Focar na solução, que seja eficiente e não provoque efeito dominó. Se não se consegue fazê-lo sozinho, devemos conversar com pessoas em quem tenhamos confiança, que gostem de nós, que vejamos como sensatas, e a prova disso está nas suas vidas, basta observá-las.  

A vida é como um jogo, um puzzle, e quanto mais o jogamos de forma consciente, melhor nos tornamos a fazê-lo. Já antes alguém disse: Não conseguimos evitar todos problemas, o nosso poder está na forma como os enfrentamos.  

segunda-feira, 18 de março de 2024

Presente para o Dia do Pai

 

Via Etsy


Cada vez mais estas datas impostas pela sociedade me dizem menos e mais as percebo como datas materialistas que promovem, sistematicamente, o consumismo. Porém, a maioria dos pais, mães, mulheres, crianças, etc. espera algo nestes dias, e se com isso fazemos alguém mais feliz, e tornamos o seu dia mais especial então proponho que seja pela via personalizada, e da criatividade. Pelo menos para mim estes são sempre os meus presentes favoritos. Guardo todos. Já cacarecos...

Esta proposta que encontrei não tem nada que saber, e mesmo crianças pequenas a podem pôr em prática, basta que alguém lhes faça um coração em cartão grosso para servir de molde, e com ele os mais pequenos desenham a quantidade de corações que quiserem, na cor que preferirem, pode ser a favorita do pai, recortar, com ajuda ou sem, e colar numa folha que será devidamente emoldurada. Guardar um coração em branco para escrever umas palavrinhas de ternura ao visado, e pronto! 

É tão simples e rápido que se torna ideal para presente de última hora.  

quarta-feira, 13 de março de 2024

Março no Jardim

 


Em Março é altura de semear: ageratos, assembleias, ásteres, cóleos, boas-noites, cravos, perpétuas. E de plantar: anémonas, dálias e trevos.  

As dálias que deixei na terra já rebentaram, e já tive que as proteger dos caracóis e lesmas, com as campânulas que fiz de garrafas de plástico. Vou hoje tratar de plantar os tubérculos que guardei numa caixa de cartão, cobertos com papelão. 

segunda-feira, 11 de março de 2024

Quando a Chuva Cansa...

 

Via 

Quando os dias, as semanas, os meses de chuva se sucedem, e me aborrecem, tenho de me lembrar: E se eu vivesse num planeta onde a chuva não existisse?! 

Não gostava mesmo nada. E além disso, há sempre alguém a quem a chuva beneficia.  

quarta-feira, 6 de março de 2024

Roupa Naturalmente Lavada

Via Mirística

Depois desta tentativa, que funcionou mas sinceramente não durou muito tempo, encontrei em 2022 uma opção que me agrada, simples e natural como nenhuma outra! Refiro-me às nozes de saponária, 3 ou 4 nozes dentro de um saco, dão para 4 ou 5 lavagens, dependendo da sujidade da roupa, e funciona mesmo. A roupa fica muito bem lavada! E o cheirinho de amaciador? Faz falta, não é? Mas também não ia juntar amaciador de supermercado nesta fórmula tão orgânica, portanto, 2 ou 3 gotinhas de óleo de essência de Lavanda, ou outro qualquer perfume da vossa preferência, e pronto! Um cheirinho a sair da roupa que convencerá os mais cépticos. 

Porque é importante encontrarmos uma opção natural aos detergentes químicos? Porque respiramos estes odores artificiais, porque estão em contacto com a nossa pele, e porque são muito poluentes. 

Depois de gastas as nozes de saponária podem ser descartadas no compostor. 

Por não encontrar por aqui, comprei a granel as nozes de saponária online, na loja Mirística, muito rápida a enviar. 

Recomendo vivamente!

segunda-feira, 4 de março de 2024

A questão dos Gatos

Via Pinterest

A propósito de um comentário que li de alguém que dizia não conseguir gostar de gatos, fiquei a pensar que, de facto, existe na sociedade uma corrente que descredibiliza gatos e promove cães; repetem uma série de clichés, "os cães são os leais amigos", os "gatos são interesseiros", "os cães até voltam a lamber a mão de quem os agride", "os gatos arranham quem lhes quer fazer festas"; "os cães amam os donos", "os gatos amam a casa que lhes dá abrigo e comida", etc. . E isso leva, frequentemente, as pessoas a assumirem um partido dizendo o famoso "eu sou uma pessoa de cães" ou "sou uma pessoa de gatos", coisa que na minha percepção é absurda por não compreender como uma pode excluir a outra.

Eu gosto de ambos, embora tenha tido apenas gatos, de momento temos 3, houve porém uma época em que tivemos 4. Eu queria ter tantos? Não, mas eles, simplesmente, foram abandonados e foram parecendo aqui, no jardim de casa, a entrar pela porta adentro, literalmente! 

Cada gato tem a sua personalidade, e mesmo dentro da raça, cada um tem algo que o distingue, todavia reconhecem quem os trata bem, fogem instintivamente de algumas pessoas e aproximam-se facilmente de outras ( eu acho fascinante observar isso com quem entra cá em casa); e também são companheiros, por exemplo, assim que eu começo a trabalhar no jardim eles aparecem, nem sei exactamente de onde, e quase se colam a mim, e no interior de casa se eu ando de um lado para o outro, entre rés-do-chão e primeiro andar seguem-me igualmente; se eu ficar sentada no sofá, como estou agora a escrever este texto na defesa destes felinos tão especiais, estão à minha volta. Já notei, que desde o final de Novembro, quando sofremos uma enorme perda familiar, eles ficaram muito mais caseiros, e acompanham-me muito mais.

Há quem reclame de que os gatos estragam cortinas e sofás, ao arranhá-los, porém isso também é uma aprendizagem para eles, os nossos já sabem que não podem fazer nada dessas coisas, nem podem dormir nas camas, ou andar por cima de mesas e móveis, sim, eles têm a capacidade de aprender tudo isso! Os limites estão onde nós os colocamos. 


Via Pinterest

Além disso, esta disputa entre cães e gatos existe muito mais entre as pessoas do que entre eles, pois tenho conhecido imensos casos de pessoas que têm ambos e são os melhores amigos, dormindo juntos, brincando juntos, comendo do mesmo prato. Isto é só outra questão em que nos dividem, causando prejuízo aos gatos. São criaturas muito inteligentes, divertidas e audazes. E além disso, muito independentes, e até solitários, buscam os seus companheiros de vida mas também apreciam os momentos e sós, não se inibindo de mostrar desagrado quando alguém os força ao que não querem no momento. Têm personalidades fortes. Ao observá-los aprendo imenso com eles; assim que a chuva pára e o sol quente se manifesta, eles deitam-se no jardim ao sol, não ficam na tijoleira ou granito, mas na terra, estão a fazer a enraizamento, enquanto recebem os raios solares. São muito descontraídos, caminham habitualmente com a lentidão e elegância de quem não tem stresses horários ( e não têm!) mas a qualquer altura correm uns atrás dos outros, exercitam-se impecavelmente; após as sestas que promovem ao longo do dia não saltam de imediato, esticam-se como fazendo yoga!

Via Pinterest

Hoje a minha mãe ficou perplexa, no final do almoço, o Niko que ainda não tinha comido, veio tocar-me delicadamente no braço com duas pancadinhas, olhou-me directamente nos olhos, e saiu da sala mas antes ainda olhou para trás, para confirmar se eu o seguia, e depois parou em frente do seu prato. Ele faz isto constantemente. Os animais não falam mas comunicam muitíssimo bem.

Via Pinterest

Há quem diga que são animais místicos, com poderes de limpeza de energia, e protecção, aliás os antigos egípcios veneravam-nos, e quem os maltratasse era severamente punido. Porque seria?!

A vida é tão mais divertida e amorosa com os gatos. É realmente uma honra partilharmos o nosso espaço com eles, portanto se não tem, aconselho que pondere, que reflicta bem e adopte, comprar nunca! Os abrigos estão lotados de gatos à espera de alguém que os acolha; e outra coisa, não escolha, permita ser escolhida, o gato certo irá ter consigo. Essa é a primeira lição, no que se trata de gatos, talvez a da humildade, a da aceitação. E é só o início de uma série de aprendizagens e maravilhamentos.