quinta-feira, 28 de maio de 2020

Férias em Amesterdão



Por uma razão ou outra fui adiando escrever sobre as últimas férias, em Setembro de 2019, em Amsterdão. Às páginas tantas já nem sequer fazia sentido, entretanto já estávamos às portas das férias de Páscoa, e depois, kabum! Desabou tudo. De qualquer forma, este blogue também serve para registar momentos que um dia os meus filhos poderão querer recordar. E porque recordar é viver, e sei lá quando iremos de férias novamente, repesquei o tema.

Amsterdão foi um destino proposto pelo Duarte, e dado que desde os 15 anos deixou de querer ir de férias connosco (com breve excepção para Itália em 2017, mas que rapidamente renegou!), e ter a aprovação da Letícia, Amesterdão foi! 
Aliás, quando lá estive pela primeira vez, estava grávida do Duarte, sem saber, e isso foi sempre uma carta que ele atirava à Letícia, dizendo que tinha visitado um país, aonde ela ainda não tinha ido. E sim, causava mossa.

Há cerca de 19 anos tínhamos feito férias na Holanda, e eu gostei tanto do país que disse logo que um dia voltaria. Demorou demais. Mas enfim, com os meus filhos valeu muito a pena. Outros membros da família também nos acompanharam, é sempre mais divertido com primos.
Ficamos no Cityden, um aparthotel nos arredores da cidade, diferente do habitual air bnb, muito bom, mas não é, efectivamente, o meu estilo, gosto da estadia com entidade local e privada, mas desta vez foi mesmo para fazer a vontade a outros, que aliás já me tinham feito a vontade antes. 


Amsterdão é uma cidade tão bonita, devido aos seus múltiplos canais e prédios de tijolo vermelho, do séc.XV e XVI, que passear por ela, fotografando um canto com flores, uma bicicleta encostada, um gato que espreita, se torna como que um jogo viciante; é um constante postal! E por isso nos contentamos em passar horas nestes passeios, admirando, fotografando, comentando. A propósito, adoro como os habitantes se apossam do passeio público, em frente a suas casas, decorando-o com diversos vasos, eles próprios lindos, com abundantes flores coloridas. Se alguém fizesse cá algo semelhante, prevejo que ninguém o aprovaria, rapidamente seria recriminado por posse indevida da via pública. Uma pena. 

Começamos por fazer um cruzeiro pelos canais; é sempre uma óptima forma de conhecermos as cidades, dá-nos uma perspectiva de outro ângulo, informações a que de outra forma não teríamos acesso, e ajuda imediatamente a localizarmo-nos geograficamente. De bónus, as melhores paisagens da cidade! 

No Museumplein (praça dos Museus), visitamos o Van Gogh e o Rijksmuseum; a Letícia estava com imensa curiosidade de visitar o primeiro, sabia que seria o seu ponto alto, e de facto o maior acervo de obras do pintor é impressionante. Aqui aconteceu algo inédito, era a Letícia que nos contava a biografia do pintor relacionando-a com as obras, e contextualizando-as. Ela ter estudado História da Arte, com gosto e distinção (fez a disciplina por exame nacional, 10 e 11º anos, com 19,5), deu-lhe material para isso. Para mim, isto foi algo de maravilhoso, pois desde que os meus filhos eram pequeninos que as visitas culturais incluíam esta forma de os cativar, eu  ia-lhes contando histórias sobre as personalidades e História. Chegamos ao ponto inverso, com a graça de Deus.
Pessoalmente, prefiro o Rijksmuseum, gosto mais dos velhos pintores como Rembrandt e Vermeer. O meu sonho era passar ali um dia, sozinha. Sem ninguém à espera.
Nestes museus, os menores de 18 anos não pagam bilhete, o que é sempre uma coisa simpática. Compramos as entradas na bilheteira para o dia seguinte, porque naquele momento não havia fila, senão teria sido online, que é sempre o mais recomendável. 


Na praça Dam, centro, onde está o obelisco em homenagem aos caídos na II Guerra Mundial, visitamos os Palácio Real, que a família real não habita, excepto para determinados eventos, mas que vale a pena pela majestade. Ao lado, a igreja De Niewve Kerk estava em obras, mas ainda assim aberta ao público, porém, ninguém se interessou em visitá-la.

Na primeira vez que visitei a cidade, Begijnhof foi um local que me apaixonou. Trata-se de um pátio a que se tem acesso por uma porta algo discreta, e aí se encontram diversas residências para mulheres solteiras ou viúvas, e que existem há vários séculos. As casas estão inclinadas pela idade, no meio uma pequena capela, e muito jardim e vegetação. Do lado de fora, a agitação da cidade, ali, o silêncio e tranquilidade. É um local muito especial. 

O Red Light district estava a provocar muitas referências aos adolescentes, por isso foi desde logo uma área que visitamos, mas eles não se deixaram encantar, pelo contrário, quando viram as mulheres em vitrinas, como mercadoria à venda, sentiram-se constrangidos. Nem sequer olhavam. Apreciei esse comportamento. As lojas onde se vendem as bolachas "com erva" também os fascinavam, e queriam vê-las, mas não ousaram entrar. Não com adultos responsáveis, pelo menos. Afinal, estão naquela idade que a ousadia é ainda imaginária, quando confrontados com a possibilidade, retraem-se. Ámen!

Outro local que a Letícia queria visitar era a casa de Anne Frank, mas não deu. Desde o início que eu tinha dito que não iria lá, o Duarte também não, portanto o resto do grupo que se arranjasse. Deixaram rolar, não se apercebendo que os bilhetes são vendidos online com meses de antecedência, e portanto apenas lhes foi possível ver a casa do exterior. A Letícia diz que um dia vai voltar e visitá-la. Eu não sou de todo adepta do turismo "negro". Mas lá perto fica o Winkel 43, conhecido por ter a melhor tarte de Maçã de Amesterdão e para lá fomos, para deleite dos não-vegetarinos. Parece que sim, confirmaram-me que era deliciosa. 

Uma certa tarde, apanhamos o comboio para Leiden. Para além da experiência de viajar num comboio holandês, de dois andares e muito confortável, que atravessou campos, pequenas localidades, e nos permitiu observar lagoas, campos de flores, de cultivo, vacas e cavalos, pequenos canais com barcos-casas, visitar uma pequena cidade antiga, como Leiden, foi uma boa decisão. Lembrava-me de que Leiden me agradara imenso.
Ali sente-se muito a atmosfera holandesa, preservada daquela massa turística de Amsterdão. A universidade é a mais antiga do pais, e famosa.

Passear pelo mercado de flores é daquelas coisas a que não se pode escapar. Está muito diferente daquilo que me lembrava; muito mais turístico, com muitos berliques e berloques de Amesterdão, para os turistas levarem de recordação. Muitas flores secas, e de imitação. Perdeu a sua genuinidade. Mas lá está, tem que se passar por ali, nem que seja pelos bolbos de túlipa!

As lojas de roupa em segunda mão são abundantes, e desde o boicote da Letícia ao fast fashion que se tornaram estabelecimentos obrigatórios, especialmente quando nos esbarramos neles. Infelizmente para ela, os números dos holandeses são enormes e não foi fácil encontrar algo que gostasse e servisse. Mas quem persevera sempre alcança.  

O meu sobrinho Gonçalo, que joga futebol desde os 6 anos e adora o desporto, quis fazer uma visita guiada pelo Amesterdam Arena, e portanto foi, enquanto nós dávamos um giro pela Velha Amesterdão.

De brinde, uma amiga portuguesa que vive na Alemanha, foi, com a filha, passar o fim-de-semana a Amesterdão, para nos encontrar, e assim o grupo cresceu mais um pouco. Por causa dela ( porque em 2019 não tinha vindo a Portugal de férias), e pelo meu sobrinho (que já estava com saudades da comidinha Tuga!), fomos almoçar a um restaurante Português, que nos calhou pela frente; as pessoas eram todas do Norte, muito simpáticas e acolhedoras, mas canudo... um pastel de Nata 3,70€?! Pronto, as saudades pagam-se, e apagam-se também com sabores. De resto, almoçávamos por aqui e por ali, uns a comer isto, outros aquilo, lá ia aparecendo algo vegetariano para nós, mas no geral a cozinha holandesa deixa muito a desejar. 

Era Setembro mas apanhamos frio e chuviscos, e não levávamos connosco roupa muito quente. Os holandeses já vestiam casacos compridos de Inverno, casacos de penas, portanto já dá para ter uma ideia da meteorologia! Por teimosia também não queríamos comprar, a bagagem era diminuta e depois cá nada nos fazia falta. Aguentamos, e afinal ninguém se constipou! Doravante, para os países do Norte levo casacos mais quentes, os corta-ventos são para a Península Ibérica.
 

Foram 5 dias bem passados, sem stresses para ter que ver isto e aquilo (claro que ajudou eu já ter visitado muitos dos monumentos anteriormente, como a casa de Rembrandt, a Sinagoga portuguesa, etc.),  e desfrutamos bastante da cidade, e da companhia uns dos outros. Uma viagem de família que já traz saudades, sobretudo agora, que ignoramos quando será possível voltarmos a fazer este tipo de coisa. Por isso, cada vez mais Carpe diem tem que ser o moto.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Afinal não sou a única!




"Usar uma máscara é igual a fechar a boca, silenciar, não receber oxigénio, não sorrir para os outros ou beijar meus entes queridos.

Isso nunca deve tornar-se realidade e normal na nossa sociedade, nem deve ser apoiado e aceito por nós!

Eu nunca usarei uma máscara apenas para seguir alguns conselhos e decisões muito duvidosos feitos por pessoas que não usam máscaras quando aparecem em público.

Eu escolho respirar e viver a vida todos os dias exactamente como a mãe natureza quer que eu faça e sei que isso me manterá salvo e saudável."


Immanuel Cape

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Vamos sair disto todos melhores?

Diziam por aí que vamos sair disto tudo melhores pessoas. Que era uma lição transformadora que iria mudar toda uma sociedade. Todo o planeta! Mas aquilo que eu tenho visto desde que a "pandemia" começou leva-me a pensar, que não. E eu até sou uma pessoa optimista. Aquilo que vi, ouvi, e li levam-me a concluir que as pessoas continuam as mesmas; algumas deixaram cair as máscaras, revelando a verdadeira essência. Nesse caso, não são as mesmas, mas são as mesmas.

O que dizer das "patrulhas de policiamento digital", que armadas dos respectivos telemóveis, fotografaram quem andava na rua, os negócios abertos, quem caminhava, quem parava a conversar, para publicar nas redes sociais, a condenar? E aqueles que se lhes juntavam, insultando os "criminosos", apelando à prisão, à criação do departamento policial só para estes casos, e número telefónico de denúncia?!
O que dizer daqueles que na rua se armaram em rufias, mandando bocas, fazendo caretas e gestos reprovatórios, dando ordens como se fossem polícias? 
E dos verdadeiros polícias, que em jeito de pequenos ditadores, retiraram do mar o surfista, levando-o na carrinha para a esquadra? Os que ordenaram que saísse, à senhora que lia, solitariamente, num rochedo? As que obrigaram outra senhora a levantar-se da areia, porque na praia só se pode estar, circulando? E os que fecharam todo um centro comercial, porque a ordem tinha vindo "de cima"?! Enfim, de baixo a cima houve gente a estar muito mal, nesta história.

Mesmo nos blogues mais levezinhos, que leio, porque também gosto disso, de moda e decoração, as autoras continuam com as suas vidas de sempre. A preocupação expressa é a mesma de outrora, quando poderei usar este jumpsuit, poderei ir de férias? E ir ao restaurante X que saudades, a encomenda das almofadas para o sofá nunca mais chega, etc. Não houve reflexões profundas sobre a vida, o que poderiam mudar, o que poderiam melhorar. Continua tudo igualzinho. Só com mais medo. 

Portanto, parece-me que a grandeza dos acontecimentos não tem forte impacto na mudança; há quem acorde para o que realmente conta, quando bateu ligeiramente com o carro, e bastou o susto do impacto, e há quem não acorde nem com a ameaça de morte que, supostamente, paira sobre a cabeça. 
Por isso, nesta cena toda, saiu cá para fora o melhor e o pior de cada um de nós. Entrou em pânico quem é de entrar em pânico, manteve a calma quem é de manter a calma; ajudou o outro quem já ajudava antes, ficou sentado a ver a banda passar, quem já antes assim estava. Foi a reboque quem já andava atrelado, decidiu para si quem já o antes o fazia. Cresceu enquanto pessoa quem já tinha potencial, revelou a sua verdadeira faceta quem andava mascarado. 
Não, não vamos sair daqui todos melhores. Foi intenso, continua a sê-lo, mas o que irá sair daqui, será o que cada um quiser, e na nossa diversidade, queremos todos coisas diferentes.

terça-feira, 19 de maio de 2020

Dica de leitura: "Conduz o teu arado sobre os ossos dos mortos"

 
Via

Olga Tokarczuk foi uma das vencedoras do Nobel da Literatura de 2019 (houve dupla vencedora, mas ignoro quem é o outro), e embora nunca este prémio me tenha influenciado antes, um pouco como os livros do Top, embirro à partida, desta vez na livraria, peguei, folheei e comprei. Para ser totalmente sincera, uma amiga polaca já me tinha falado muito bem dos livros, mas esta questão dos gostos é como o Totoloto, e por isso, foi mesmo assim, ler uns parágrafos ao acaso é que realmente me decidiu. E no fim, tudo bateu certo, porque adorei esta leitura; a descrição e simplicidade do mundo rural polaco, tão distinto do nosso, o amor à vida animal, a busca pela Justiça, e o valor da amizade são as tónicas da trama.  
É uma escrita inteligente, sagaz, fluída e bem urdida, tornando o acto de pousar o livro o maior dos desafios, implicados na sua leitura.

A acção localiza-se numa remota aldeia polaca, a protagonista é Janina Duszeijo, professora reformada, à partida algo bizarra, revelando por fim uma personalidade apaixonante, e que é também a narradora. Vive isolada, e tem o hábito de manter as distâncias com as pessoas, tolerando-as apenas; gosta de as baptizar conforme as suas características, como por exemplo "Pé Grande" ou "Papão". A única visita que recebe com gosto é um antigo aluno, com o qual, por prazer, se dedica à tradução do poeta William Blake. 

Numa aldeia rodeada de montanhas, onde a população é diminuta e as actividades idem, a caça torna-se o elemento ao redor do qual a trama gira. Várias mortes se sucedem, um pouco inexplicáveis, que Janina tenta justificar e convencer, para espanto dos demais, aludindo a um conluio do reino animal. Para meu gosto, a personagem é vegetariana, e grande defensora dos animais. Além disso, Janina é uma pessoa inteligente, criativa, arguta e com forte sentido de humor, provocando-me fortes gargalhadas. 

Passo a transcrever parte do "discurso", que ela fez de improviso, quando foi chamada à esquadra, para prestar declarações, não apenas por o achar, realmente, fantástico, mas também com propósito reflexivo, por ser muitíssimo adequado ao momento actual.  

"
- Podereis argumentar que não passa de um javali- continuei.- mas o que dizer daquela enxurrada de carne que vem do matadouro e cai diariamente sobre a cidade como uma incessante chuva apocalíptica? Esta chuva anuncia um massacre, doenças, a loucura colectiva, o torpor e a contaminação da mente. Não há coração humano capaz de suportar tanta dor. Toda a complexa psique humana foi-se formando para impedir o homem de compreender aquilo que realmente vê, para que a verdade não chegue até ele, e permanece em volta em ilusões e palavras vazias. O mundo é uma prisão cheia de sofrimento construída de modo que, para se sobreviver, seja preciso infligir dor a outros. Ouvistes? - Dizia-lhes eu, mas, desta vez, até o empregado da limpeza, desiludido com o que estava a dizer, se pôs a trabalhar; por isso, passei a dirigir-me apenas ao caniche: - que mundo é este? Um corpo transformado em calçado, em almôndegas, em salsichas, em um tapete estendido junto à cama, em caldo feito com osso de outro ser... sapatos, sofás, malas de pendurar ao ombro, feitos da barriga de outros seres, aquecer-se à custa do pelo de outrem, comer o corpo de outrem, cortá-los aos pedaços e fritá-lo no óleo... será verdade? Será possível tal pesadelo macabro, tamanha matança, cruel, desapaixonada, mecânica, sem pesos na consciência, sem a mínima reflexão, reflexão que é afinal o objecto dos engenhosos campos da Filosofia e Teologia. Que mundo é este, onde a norma é matar e infligir dor? O que se passa realmente connosco? " Pág. 117

Título: "Conduz o teu arado sobre os ossos dos mortos"
Autora: Olga Tokarczuk
Nr. de págs: 286
Editora: Cavalo de Ferro

sexta-feira, 15 de maio de 2020

"Pudim" de chia e chocolate


Na receita original está como pudim, mas não é exactamente isso. Enfim, estes "pudinzinhos" são muito rápidos de fazer, e são deliciosos e frescos.

Pudim de chia a chocolate*

Ingredientes:
2 colheres de sopa de cacau em pó
1 colher de chá de essência de baunilha
1 chávena de chá de leite vegetal de amêndoa
1/4 de chávena de xarope de ácer ( usei xarope de agáve) 
6 colheres de sopa de sementes de chia

Como fazer:
Aquecer um pouco o leite vegetal e juntar-lhe o cacau, dissolvendo-o bem; acrescentar a essência de baunilha e o xarope de ácer e mexer tudo. Dividir este liquido por duas taças, e juntar-lhes 3 colheres de sementes de chia a cada uma, mexendo uma e outra, até a chia absorver o liquido e ficar um creme uniforme. Levar ao frigorífico algum tempo e ao servir, decorar com frutos a gosto. 

* Via Eating bird food

terça-feira, 12 de maio de 2020

Tele-trabalho com crianças?

Li isto no FB, e gostei:

"Se está a trabalhar a partir de casa, devido a limitações impostas pelo COVID-19, é ok se a voz das suas crianças surgir nas suas chamadas. Sabe que mais? É de facto a casa delas, e o seu espaço, e elas já estão sendo privadas das suas actividades desportivas e escolares, portanto o minímo que podemos fazer é aceitar esta situação. Portanto, experimente o "mute" nas suas chamadas, e quando tiver que falar, ligue-o, e não se preocupe com isso, algumas chamadas são aborrecidas e precisam de música de fundo, como os seus filhos a gritar ou o seu cão a ladrar. Estes são sons da vida...

( Ramez Mohzen-Fausi, managing director Janssen Naf) 

segunda-feira, 11 de maio de 2020

"APELO PARA A IGREJA E PARA O MUNDO aos fiéis Católicos e aos homens de boa vontade"


 Veritas liberabit vos.
Jo 8, 32


Num momento de grave crise, nós, Pastores da Igreja Católica, em virtude do nosso mandato, consideramos que é nosso dever sagrado dirigir um Apelo aos Nossos Irmãos no Episcopado, ao Clero, aos Religiosos, ao Povo santo de Deus e a todos os homens de boa vontade. Este Apelo é subscrito também por intelectuais, médicos, advogados, jornalistas e profissionais que concordam com o seu conteúdo, e é aberto à subscrição de quantos desejem fazê-lo. Os factos demonstraram que, com o pretexto da epidemia do COVID-19, se chegou, em muitos casos, a violar os direitos inalienáveis ​​dos cidadãos, limitando, de modo desproporcional e injustificado, as suas liberdades fundamentais, entre as quais o exercício da liberdade de culto, de expressão e de movimento. A saúde pública não deve e não pode tornar-se um álibi para desprezar os direitos de milhões de pessoas em todo o mundo, e muito menos para que a Autoridade civil negligencie o seu dever de agir com sabedoria para o bem comum; isto é ainda mais verdadeiro à medida que crescem as dúvidas, levantadas por diversas partes, sobre a efectiva contagiosidade, perigosidade e resistência do vírus: muitas vozes autorizadas do mundo da ciência e da medicina confirmam que o alarmismo sobre o COVID-19, por parte dos media, não parece absolutamente justificado.

Temos razões para crer, com base nos dados oficiais relativos à incidência da epidemia no número de mortes, que existem poderes interessados ​​em criar pânico entre a população com o único objectivo de impor permanentemente formas de inaceitável limitação das liberdades, de controlo de pessoas, de rastreamento das suas deslocações. Estes métodos de imposição arbitrária são um prelúdio perturbador da criação de um Governo Mundial isento de qualquer controlo.

Acreditamos também que, em algumas situações, as medidas de contenção adoptadas, incluindo o encerramento das actividades comerciais, determinaram uma crise que prostrou sectores inteiros da economia, favorecendo a interferência de poderes estrangeiros, com graves repercussões sociais e políticas.

Estas formas de engenharia social devem ser impedidas por aqueles que têm responsabilidades governamentais, adoptando as medidas destinadas a proteger os seus cidadãos, de quem são representantes e em cujo interesse têm uma séria obrigação de agir. Da mesma forma, ajude-se a família, célula da sociedade, evitando penalizar injustificadamente as pessoas débeis e os idosos, forçando-os a dolorosas separações dos seus entes queridos. A criminalização dos relacionamentos pessoais e sociais também deve ser julgada como parte inaceitável do plano daqueles que promovem o isolamento dos indivíduos, a fim de melhor manipulá-los e controlá-los.

Pedimos à comunidade científica que esteja atenta para que os tratamentos para o COVID-19 sejam promovidos com honestidade para o bem comum, evitando escrupulosamente que interesses iníquos influenciem as escolhas dos governantes e dos organismos internacionais. Não é razoável penalizar medicamentos que se mostraram eficazes, geralmente baratos, apenas porque se pretendem privilegiar tratamentos ou vacinas que não são igualmente válidas, mas que garantem às empresas farmacêuticas lucros muito maiores, agravando as despesas da saúde pública. Recordamos igualmente, como Pastores, que, para os Católicos, é moralmente inaceitável tomar vacinas nas quais seja usado material proveniente de fetos abortados.

Do mesmo modo, pedimos aos Governantes que estejam vigilantes para que sejam rigorosamente evitadas as formas de controlo dos cidadãos, seja através de sistemas de rastreamento, seja com qualquer outra forma de localização: a luta contra o COVID-19, por mais grave que seja, não deve ser o pretexto para favorecer intenções pouco claras de entidades supranacionais que têm fortíssimos interesses comerciais e políticos neste plano. Em particular, deve ser dada a possibilidade aos cidadãos de recusarem estas limitações da liberdade pessoal, sem impor qualquer forma de penalização para aqueles que não pretendem fazer uso de vacinas, métodos de rastreamento e de qualquer outro instrumento análogo. Considere-se também a óbvia contradição em que se encontram aqueles que adoptam políticas de redução drástica da população e, ao mesmo tempo, se apresentam como salvadores da humanidade sem terem legitimidade alguma, seja política ou social. Finalmente, a responsabilidade política de quem representa o povo não pode absolutamente ser confiada a técnicos que até reivindicam para si mesmos formas de imunidade penal no mínimo inquietantes.

Apelamos energicamente a que os meios de comunicação se empenhem activamente para uma exacta informação que não penalize a discordância, recorrendo a formas de censura, como está a acontecer amplamente nas redes sociais, na imprensa e na televisão. A exactidão da informação exige que seja dado espaço a vozes que não estejam alinhadas com o pensamento único, permitindo aos cidadãos que avaliem conscientemente a realidade, sem serem fortemente influenciados por intervenções parciais. Um confronto democrático e honesto é o melhor antídoto para o risco de impor subtis formas de ditadura, presumivelmente piores do que aquelas que a nossa sociedade viu nascer e morrer no passado recente.

Recordamos, por último, como Pastores responsáveis ​​pelo Rebanho de Cristo, que a Igreja reivindica firmemente a própria autonomia no governo, no culto, na pregação. Estas autonomia e liberdade são um direito inato que Nosso Senhor Jesus Cristo lhe concedeu para a prossecução das finalidades que lhe são próprias. Por este motivo, como Pastores, reivindicamos firmemente o direito de decidir autonomamente sobre a celebração da Missa e dos Sacramentos, assim como pretendemos absoluta autonomia nos assuntos que sejam da nossa imediata jurisdição, como as normas litúrgicas e os métodos de administração da Comunhão e dos Sacramentos. O Estado não tem direito algum de interferir, por qualquer motivo, na soberania da Igreja. A colaboração da Autoridade Eclesiástica, que nunca foi negada, não pode implicar, por parte da Autoridade Civil, formas de proibição ou de limitação do culto público ou do ministério sacerdotal. Os direitos de Deus e dos fiéis são a lei suprema da Igreja, que esta não pretende, nem pode, derrogar. Pedimos que sejam eliminadas as limitações à celebração pública dos serviços religiosos.

Convidamos as pessoas de boa vontade a não se esquivarem do seu dever de cooperarem para o bem comum, cada um segundo o próprio estado e as próprias possibilidades e em espírito de fraterna Caridade. Tal cooperação, desejada pela Igreja, não pode, contudo, prescindir nem do respeito pela Lei natural, nem da garantia das liberdades dos indivíduos. Os deveres civis, aos quais os cidadãos estão vinculados, implicam o reconhecimento, por parte do Estado, dos seus direitos.
 
Somos todos chamados a uma avaliação, coerente com o ensinamento do Evangelho, dos factos presentes. Isto implica uma escolha de campo: ou com Cristo ou contra Cristo. Não nos deixemos intimidar nem assustar por aqueles que nos fazem crer que somos uma minoria: o Bem é muito mais difundido e poderoso do que aquilo que o mundo nos quer fazer crer. Estamos a lutar contra um inimigo invisível, que separa os cidadãos entre si, os filhos dos pais, os netos dos avós, os fiéis dos seus pastores, os estudantes dos professores, os clientes dos vendedores. Não permitamos que, com o pretexto de um vírus, se apaguem séculos de civilização cristã, instaurando uma odiosa tirania tecnológica na qual pessoas sem nome e sem rosto possam decidir o destino do mundo, confinando-nos a uma realidade virtual. Se este é o plano a que se pretendem curvar os poderosos da terra, saibam que Jesus Cristo, Rei e Senhor da História, prometeu que «as portas do Abismo nada poderão» (Mt 16, 18).

Confiamos os Governantes e aqueles que regem o destino das Nações a Deus Omnipotente, para que os ilumine e os guie nestes momentos de grande crise. Lembrem-se de que, tal como a Nós, Pastores, o Senhor julgará pelo rebanho que nos confiou, também julgará os Governantes pelos povos de que têm o dever de defender e governar. Peçamos com fé ao Senhor para proteger a Igreja e o mundo. A Virgem Santíssima, Auxílio dos Cristãos, possa esmagar a cabeça da antiga Serpente e derrotar os planos dos filhos das trevas. 

in Veritas liberabit vos


Este apelo tocou-me profundamente, pela clareza, e lucidez de análise da nossa actual realidade. Vivemos tempos dramáticos, aqui se decide o futuro. Por nós, pelos nossos filhos, pelas crianças de todos. Por isso o partilho, e subscrevo também. 

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Somos fortes!

Estou aqui a pensar em quando o Duarte teve varicela; uma amiga educadora de infância aconselhou-me a pôr a Letícia a dormir na mesma cama, para ficar contaminada. Teriam 4,5 anos. Quanto mais cedo ficar imune, melhor, disse-me ela. 

O nosso corpo é uma maquina perfeita e maravilhosa, e tem forma de combater a doença; temos é que investir no aumento de imunidade, não em vacinas contra tudo o que é vírus, como se estes fossem diabólicos. Aliás, os vírus fazem parte de nós, de mundo, da vida. Vamos ficar todos esterilizados? Numa bolha limpinha. Só pode ser o sonho de algum psicopata.

terça-feira, 5 de maio de 2020

Dar as mãos

Vem aí um tempo que vai desafiar a nossa capacidade de solidariedade e empatia. Não pensei que fosse tão rápido mas, realmente, a maioria das pessoas vive do seu vencimento, e quando falha um mês, as coisas começam imediatamente a faltar. Fica mal quem depende de outrém, e não fica melhor quem trabalha por contra própria, que tem duas contas para pagar; as ajudas vêm aí, dizem, mas até vir, já sabemos como isto funciona, antes cortam a água, a electricidade; as perguntas e reposições fazem-se à posteriori. E o caos instala-se. 
Contaram-me que uma trabalhadora por conta própria pediu de empréstimo a uma cliente 150€, e esta, que possui apenas uma relação profissional com a primeira, entre o choque do pedido inesperado e receio de ficar sem a quantia, recusou. Eu sugeriu-lhe que emprestasse, mas como um pagamento avançado; não pagaria mais à primeira enquanto possuísse crédito naquela pequena empresa. Pelas suas previsões, em meio ano teria sido ressarcida. Deste modo, o seu dinheiro não seria apenas emprestado, mas descontado, e por isso não correria o risco de o perder.

Temos que ser inventivos, como é o caso do Cabaz Solidário, e imaginar formas de ajudar as pessoas, sem nos prejudicarmos. Não vamos ser tolos, também temos obrigação e direito de nos protegermos. Mas, de facto, considero que quem pode tem responsabilidade de auxiliar quem precisa, e entre pedir ajuda e ajudar, é um privilégio ajudar. 

Estes dias, ouvi uma palestra em que o orador disse algo bastante interessante, sobre ajudar o outro; segundo ele, quando emprestamos dinheiro a alguém, essa pessoa passa a ver-nos com desconforto. Porque somos a prova do seu fracasso. Aliás, há um provérbio que diz" queres perder um amigo, empresta-lhe dinheiro"; obviamente, o desconforto de ficar a dever não apenas o dinheiro, mas um favor a outrem é compreensível. Sobretudo, quando quem empresta for capaz de jogar com esse favor, fazendo alusões, cobranças mais ou menos subtis, mantendo o primeiro no papel de eterno refém. Mas também, uma pessoa que se coloca nesta posição é a pior dos agiotas, cobra os juros mais altos que há no mercado, sendo uma pessoa digna de pena. 
De qualquer forma, uma coisa que o orador não mencionou foi como se sente aquele que não ajudou, quando se encontra com esse amigo ou conhecido; eu sentir-me-ia igualmente mal. -Não ajudei esta pessoa, seria o refrão sempre que o encontrasse. Não é algo que nos faça sentir muito bem, pois não? Portanto, antes de pensar em perder um amigo, penso que devemos considerar se essa ajuda nos é possível de realizar, e calcular também o nível de risco. Se possível, garantir o retorno, se não for em espécie, noutra forma qualquer. Sejamos criativos.
  
Li recentemente a seguinte frase: "Ajudar a levantar sim, ajudar a carregar não"; isto significa dar a mão a quem precisa quando podemos, sem sermos arrastados indefinidamente. Na crise de 2008 conheci algumas pessoas que aprenderam a lição, e nesta estão tranquilos porque estão "calçados", ainda assim, muitos não aprenderam, e outros não tiveram oportunidade de se prepararem, porque convenhamos, quem vive com o ordenado mínimo faz uma ginástica tremenda só para viver dignamente, mês a mês, sem ficar com dívidas. Então quando têm filhos... ou são génios das finanças ou fazem magia! 

Portanto, vamos todos ser testados, e que saia daqui o melhor de nós.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

O que tem de bom?

Os Espiritistas, na pessoa de Divaldo Pereira Franco, dizem que a Quarentena tem o mérito de trazer as pessoas de volta ao lar, à família. E isto, incontestavelmente, é bom. Muito. 

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Pão meio-integral com massa-mãe


Já todos sabem que esta quarentena serviu para formar mestres-padeiros às catrefadas. A um ponto que o fermento de padeiro esgotou nos hipermercados. Portanto, por que trazer uma receita de pão, quando o pãodemia se popularizou, a uma escala que não há quem diga, ainda, que não consegue fazer um pãozinho de jeito? 
Porque, tcharam... este pão foi feito sem precisar de fermento!

Bom... não exactamente "sem", eu explico; a falta do fermento à venda apenas me impulsionou a fazer massa-mãe, para não ter que depender desses produtos que se esgotam. Segui as dicas do blogue "O vegetariano", e correu bem. Claro, é um processo muito mais demorado, mas é fermento caseiro, e isso dá uma independência que me agrada muitíssimo.

Fiquei tão na expectativa do pãozinho que sairia daqui! E é tão fácil e saboroso, tem aquele gosto um pouco azedo que eu tanto gosto. Este é básico.

Pão meio integral com massa-mãe

2 chávenas de chá de farinha de trigo
2 chávenas de farinha integral
1 colher de sobremesa de sal marinho
2 chávenas de água morna
80 gr de massa-mãe

Como fazer:
Colocar num recipiente os ingredientes secos e envolver tudo. Juntar a água aos poucos, e por fim a massa mãe, envolvendo tudo bem, à mão, ou com ajuda de uma colher de pau, como der mais jeito. O ponto da massa, é quando começa a ficar colante, portanto a quantidade de água pode ser ajustada. Deixar no recipiente coberto com um pano da noite para o dia. Fiz ao jantar, de manhã pus no forno; porém, a massa cresceu muito bem horas antes, e poderia tê-lo feito ao fim de apenas algumas horas-
Polvilhar uma forma de Bolo Inglês com farinha, colocar-lhe a massa*, ajustando-a, fazer alguns golpes e polvilhar com farinha. Aquecer o forno a 200º e deixar cozer cerca de 20 minutos.

A receita da massa-mãe veio do Blogue O Vegetariano, que por sua vez indica o Chili com todos.

* Neste ponto, lembrar de retirar um pouco desta massa, para um frasco, e fim de voltar a fazer massa-mãe. E isto vai ser um ciclo sem fim!