terça-feira, 30 de junho de 2020

- Vá, come mais um bocadinho!

Em conversa com a minha professora de Yoga, a propósito do jejum que está a fazer (já vai em três dias, e pretende chegar aos quatro!), concordei que, realmente, nós comemos demasiado. O jejum intermitente tem sido objecto de estudo e debate, uns a favor, outros contra, porém, vai conquistando cada vez mais adeptos. O Ayurveda diz que devíamos ter apenas 3 refeições por dia, sem ingerir seja o que for pelo meio, o que também já limita a dieta, e combinando isso com jejum de 14 horas, do lanche-ajantarado de domingo, cheguei a experimentar uma vez na semana, durante um certo período de tempo. Isso permitiu-me perceber a quantidade de vezes que, antes e após as refeições, petiscava sem ter noção. De resto não notei  grandes efeitos, contudo, o alargado jejum intermitente da minha professora, já lhe permitiu perceber uma série de efeitos, que ela considera espantosos e a estão a deixar maravilhada e rendida; uma energia extra, quando esperava um défice, uma necessidade de sono menor, uma rentabilidade maior do seu dia, e a noção de que afinal o corpo não precisa tanto de alimento como, habitualmente, se predica. 

É do conhecimento geral que todos temos necessidades alimentares diferentes; enquanto uns se saciam com um prato de comida, outros têm que repetir, ou alguns precisam de "substância" para se sentirem satisfeitos, outros confortam-se com pratos ligeiros de legumes, por exemplo. Podemos discutir a motivação de uns e outros, pode ser cultural, pode ser fome "emocional", seja outra coisa qualquer, mas de facto na base, não precisamos de comer muito. Aliás, li há poucas semanas um artigo científico (oxalá o tivesse guardado para partilhar o link), que dizia exactamente isso, comemos demais, e no futuro havemos de o compreender, e comer muito menos. 

Os nossos antepassados, quando tinham que caçar, pescar ou achar a comida na natureza comiam pouquíssimo, e provavelmente passariam dias sem comer, enquanto despendiam energias em busca de alimento. E aguentaram, a prova é que estamos aqui. Num passado mais recente, o alimento também não sobejava, inclusivamente, mesmo as famílias mais abastadas eram parcimoniosas no consumo de determinados alimentos, como a carne. Em contraste, actualmente, é tão fácil aceder à alimentação! E barato. Portanto, caímos num excesso que não nos traz saúde, estamos no Ocidente, cada vez mais obesos, e consequentemente mais doentes, e causa um considerável prejuízo ao planeta, que deveria ser objecto de reflexão e mudança. 

Quantas vezes, à hora das refeições não estamos ainda com apetite (fome é de 3 dias, como dizia a minha avó), e portanto, sendo da praxe, sentamo-nos todos em redor da mesa, e ingerimos um prato que o corpo não queria. Com os filhos fazemos a mesma coisa, preocupamo-nos quando não comem "bem", insistimos, metemos à boca, fazemos aviõezinhos, ameaçamos, premíamos, até que limpem os pratos das porções que consideramos adequadas. A intenção é boa, mas já estamos a formatá-los para que ingiram o que não querem, e muito provavelmente o que não precisam. Claro que não comer à mesa, e a seguir pedir uma bolacha, está fora de questão, mas e se não comer à mesa, e posteriormente comer uma taça de fruta? E se lhes dermos ouvidos, quando nos pedirem determinados bons alimentos, fora das refeições? Não vem mal ao mundo! Mas é um enorme aborrecimento, pois desregula tudo, e complica-nos a vida. E é por isso que não gostamos nada desta ideia. Afrouxarmos as regras é perder o controle da situação, e daí a ficarmos preocupadas com a saúde dos nossos filhos é o próximo passo. E não queremos isso, pois não? Queremos estar descansadas. Portanto, come só mais um bocadinho, olha que lindo! Até vais comer gelado! 
E assim condicionamos comportamentos, desligamos o modo de sentir que lhes é natural, e eles assim farão com o resto, deixam de ouvir o corpo, de prestar atenção ao que lhe pede, e depois, mais tarde, já não se trata apenas de alimento, é do descanso, dos locais onde se sentem bem e mal, do que sentem. E as doenças surgem. 
Tudo isto é também uma reflexão que faço; temos tão boas intenções, queremos o melhor para os nossos filhos, mas caramba, temos tanto que aprender! 

terça-feira, 23 de junho de 2020

Heróis, egoístas e sofredores

Desde o fim-de-semana que a morte de um actor conhecido tem causado um certo "furor" nas redes sociais. Eu conhecia-o mal, nunca o vi em telenovelas, nem peças de teatro, mas era aquela figura que aparecia por todo o lado, e portanto do seu rosto retenho o sorriso sempre aberto. Parece que tinha uma família linda, 5 filhos maravilhosos, uma companheira por quem era loucamente apaixonado, uma carreira sólida e reconhecida, colegas de trabalho que o estimavam, e amigos verdadeiras em abundância. Também, projectos importantes para concretizar brevemente, casamento após um relacionamento de 20 anos, construção de casa, e etc.
E porém, isso não foi suficiente. E é isto que espanta as pessoas. A mim não.  Eu sei que do nosso equilíbrio dependem coisas que vão muito para além da família, dinheiro, fama e profissão.

Por ser uma figura pública, a notícia alastrou-se para públicos que nem sequer o conheciam, como a geração da minha filha; a Letícia comentou comigo, espantada, que no twitter estavam a dizer que ele tinha sido egoísta ao escolher a morte. Mas que ela não achava, pensava que para alguém fazer uma coisa destas, deveria estar a sofrer imenso. Talvez não fosse o momento certo, mas realmente senti orgulho da maturidade e empatia da minha filha. Certamente que o amor pelos filhos, e por todos que o amavam, se manteve intacto. Essa é uma estação diferente da que toca a dor, e implicar ambas é injusto para todos.

Confesso que ao longo da vida mudei de opinião a respeito do suicídio; em adolescente, pensei que fosse preciso coragem para dar o passo, em adulta acreditei que fosse um acto totalmente egoísta, e agora creio que são pessoas que estão num sofrimento tão insuportável que não conseguem ver outra saída. 

Não há nada, exterior à pessoa que a isente das doenças do foro psicológico; podemos ter tudo! E ainda assim, cair em depressão, e daí resvalar para pensamentos suicidas para pôr um fim à dor, que injustificadamente existe. E nem sequer interessa justificar, apenas existe. 
Há pessoas que são, aparentemente, equilibradas, bem-dispostas, felizes, e de repente surpreendem-nos com com um estouro, como este. Tenho um pouco de desconfiança, quando estou perante estes comportamentos aparentemente perfeitos. É preferível que as pessoas emitam sinais, mas nem todos o fazem, navegam em águas profundas, e à superficie a calmaria engana. 

Para além de ser uma personalidade conhecida apreciada, e de quem não se esperaria este desenlace, fica-nos este lembrete: pode acontecer a qualquer um. Vigiemos-nos, para procurar ajuda, quando dela necessitarmos para sair do fundo do poço. Estejamos ao pé dele, para dar a mão a quem o tenta subir. Posto isto, a culpa, não é de ninguém, e nestas ocasiões mais do que compreender, criticar ou justificar, o mais adequado seria fazer uma oração, por quem parte dilacerado, e por quem fica, de coração partido.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Pão de abóbora com nozes




Como faço pão mais frequentemente, tenho vontade de experimentar receitas diferentes, para obter diferentes sabores. Tinha abóbora congelada sem saber o que lhe fazer, e lembrei-me que a Letícia adora pão de abóbora com nozes, portanto foi com entusiasmo que fiz este pãozinho, que desde o aroma da massa em levedação já nos deixou com água na boca. 
É um pão denso, na receita vinha anunciado como fofinho, o meu não ficou, mas nós gostamos mesmo assim. Muito saboroso e rico. Ma-ra-vi-lho-so! 



Pão de abóbora com nozes*

Ingredientes:
Uma chávena de abóbora cozida fria
500 gr de farinha de trigo
Uma pitada de sal
3 c.sopa de açúcar 
250 ml de água
1/3 de chávena de óleo vegetal
Meia saqueta de fermento
Uma mão cheia de nozes

Como fazer:
Num recipiente colocar a farinha, a abóbora, o sal, o açúcar, o fermento e a água, um pouco morna, misture tudo muito bem, se precisar de mais farinha vá colocando, e deixe levedar, embrulhado numa toalha limpa, durante pelo menos 3 horas.
Juntar uma mão cheia de nozes picadas, envolver. 
Colocar em forma de bolo inglês, enfarinhada, polvilhar com farinha e fazer um corte longitudinal com uma faca; levar ao forno, pré-aquecido, a 200º, cerca de 25 minutos. 

Retirei a receita do Manga com Pimenta, e adaptei um pouquinho.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Humor à Duarte

Adoro o sentido de humor do meu filho; desde pequenito que o tinha já bastante próprio, mas com a idade foi-se refinando, ganhando velocidade e sagacidade, e quando se foca em alguém, é bom que esse alguém saiba rir de si próprio, senão vai doer um bocado! Felizmente, é o meu caso, e em duplo felizmente, pois por eu ter uma série de crenças avessas à racionalidade do Duarte, torno-me alvo fácil. Mas sem ofensas! E portanto, tudo bem, até aprecio.

Porém, arrancar gargalhadas ao Duarte não é coisa fácil. Mesmo achando muita piada, dá apenas umas risadinhas breves. Depois vem-me contar, sobre essas mesmas anedotas, e por regra, eu nem sequer acho piada. Mas desta vez achei, e por isso vou partilhar, para além de ficar registado como Humor à Duarte.

Então, este cantor indiano foi acusado de ter sucesso apenas por se fazer acompanhar de dançarinas muito bonitas; o que fez ele? Um vídeo em que aparece sem as beldades habituais, e se coloca em quadruplicado, em fatiotas distintas a dançar. Conclusão, foi o seu maior sucesso de sempre! 



E é isto. Não dá para rir às gargalhadas, mas tem a sua piada. 

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Dica de Leitura - "1984"


Via
O Duarte, por gostar muito da temática dos mundos distópicos, já tinha lido este livro há uns 3, 4 anos, mas a Letícia nunca se mostrou interessada, apesar de tanto ele como eu lhe indicarmos a leitura, porém, durante a quarentena, veio perguntar-me pelo livro. Leu-o em pouquíssimos dias; e a cada paragem vinha comentar, perplexa, como determinada situação se via na prática, actualmente. Há anos que "1984" é interpretado por uns, como um livro profético, e desdenhado por outros, como sendo apenas teoria da conspiração, mas foi dele que saiu o famoso "Big brother", conhecido por quem o leu e não leu.

Agora, a propósito das medidas impostas pelo corona vírus, e mais ainda, pela sanha racial dos últimos dias, tem sido citado frequentemente, em virtude de assentar como uma luva, aos derradeiros acontecimentos. Já não se podem rir os que lhe imputavam teorias de conspiração, são conspirações talvez, mas agora factos! 

Por exemplo, o Buraco da memória, é um mecanismo usado para alterar ou destruir documentos, fotos, gravações e textos, considerados inapropriados, dando a impressão de que algo nunca aconteceu, ou ainda reescrever a narrativa de forma conveniente. Isto lembra-me os monumentos e estátuas vandalizados, por estes dias, por representarem episódios da História que muitos condenam. 
Outro exemplo, é o Duplipensar, 2+2=5, ou seja, aceitar crenças contraditórias ao mesmo tempo, sem noção de serem contradições. E isto reporta-me para as constantes informações contraditórias da OMS e da DGS, relativamente ao Covid19. E por aí fora vai. 

Mais do que uma leitura obrigatória, por se tratar, quanto a mim, do melhor livro sobre sociedades distópticas, é um grande alerta, para que os cidadãos compreendam o que se projecta para a nossa sociedade, e se definam, relativamente a ela - é isto que queremos? Aceitamos ou rejeitamos? 

há a tentativa de apagar o passado para manipular o presente e, consequentemente, o futuro. "Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado" é uma das frases mais conhecidas do livro situado numa ditadura onde "a história não passava de um palimpsesto, raspado e reescrito tantas vezes quantas fosse necessário".... - Veja mais em https://paginacinco.blogosfera.uol.com.br/2019/06/07/odio-via-whatsapp-aos-70-anos-o-que-1984-de-orwell-diz-sobre-nos/?cmpid=copiaecola
há a tentativa de apagar o passado para manipular o presente e, consequentemente, o futuro. "Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado" é uma das frases mais conhecidas do livro situado numa ditadura onde "a história não passava de um palimpsesto, raspado e reescrito tantas vezes quantas fosse necessário".... - Veja mais em https://paginacinco.blogosfera.uol.com.br/2019/06/07/odio-via-whatsapp-aos-70-anos-o-que-1984-de-orwell-diz-sobre-nos/?cmpid=copiaecolaRetrata uma sociedade completamente dominada pelo sistema político, que sendo altamente repressivo e controlador, domina os cidadãos, pela lavagem cerebral e coerção, e estes não possuem liberdade nem sequer capacidade crítica. Portanto, a personagem principal, Winston  começa a despertar, a questionar, a procurar a verdade. E torna-se um perigo, uma ameaça intolerável. 
Título: 1984
Autor: George Orwell
Editora: Antígona
Nr. de págs. 327

terça-feira, 9 de junho de 2020

Pacientes assintomáticos não contribuem para a propagação do vírus - OMS

 
Via Ohh deer blog

Eu não conheço ninguém que tenha morrido de covid-19, nem sequer tenha estado ou esteja doente. E quando pergunto a outras pessoas, a resposta também tem sido negativa. Portanto, conheço já muitas vítimas deste vírus. A minha amiga, que finalmente tinha encontrado trabalho ( aos 56 não interessa quase nada a experiência, grau universitário, bom aspecto, desenvoltura), foi dispensada na véspera de começar, após período provatório. Ao casal de vizinhos que estão ambos em layoff e desde já muito apreensivos. A loja, pequeno negócio de família, que já fechou portas, por não aguentar as contas que chegaram; a caixa solidária, que diariamente é enchida e esvaziada, no centro da vila; a amiga da minha filha, cujos pais com vencimentos reduzidos, lhe disseram que já não pode ir para o curso que quer, porque não conseguem pagar uma Faculdade longe de casa. E etc. , etc. . 
E isto, estou convencida, receio muito que esteja apenas a começar, que seja apenas a ponta do icebergue. 

Portanto, todas as vezes que as pessoas clamam por segurança, reagindo contra aqueles que ousam retomar a vida, seja porque foram a uma manifestação, à praia, ao restaurante, à esplanada, e por aí fora, deviam lembrar-se que estão a recusar aos outros a liberdade de tentarem prosseguir com a vida. Estão a negar, devido ao próprio medo, a possibilidade de outros ganharem a vida, exercendo as suas diversas actividades, que suportam todas estas pessoas, e que fazem girar a economia. 
Lembro-me daquele meme que circulou, com um homem dentro de um caixote de cartão, dizendo: perdi o emprego, o carro, 20.000€, e a casa, mas venci o covid-19! 
Passaram aquela ideia de que vale tudo, para não apanhar o covid19. Até mesmo perdermos a nossa liberdade. O medo, tão eficazmente propagado pelos media, entrincheirou as pessoas, paralisou-as. Mas não estão agora a fazer o contrário, pois não? Propagando constantemente as boas notícias. Como esta:

Pacientes assintomáticos não contribuem para a propagação do vírus, revela Organização Mundial da Saúde


Pois não! Porque os media vendem muito melhor as más notícias.

Por conseguinte, estivemos fechados em casa 3 meses, inutilmente. E economia parou desnecessariamente.
Eu não contribuí para os números de vítimas do corona vírus, prossegui a minha vida e deixei os outros prosseguirem com a deles, estou satisfeita e apaziguada. E por isso, vos insto, procurem a informação nos sítios alternativos ao mainstream; procurem artigos e entrevistas de cientistas, bacteriologistas, epidemiologistas, aqueles que conhecem a matéria, e desde o início tiveram um discurso tranquilizador com conhecimento de causa. Se ainda estão dominados pelo medo, cada vez há mais pessoas a compreender a grande farsa que tudo isto foi, procurem quebrar essas correntes que vos aprisionam, vivam e deixem viver!

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Prisioneiros sem Guardas

Se já antes, exprimir uma opinião contrária à de quem conversávamos tinha, podia ser complicado, por frequentemente ser entendido como "está contra mim", e não, "tem apenas uma opinião diferente da minha", agora, no que respeita toda esta história do vírus, passou a ofensa lesa-majestade.

O pânico é tão grande que a maioria das pessoas se ressente profundamente, com quem não vibra na mesma onda. E discursos razoáveis e tranquilizadores são como insultos para os seus ouvidos. Quanto mais, comportamentos e acções, opostas aos promovidos pela segurança absoluta nacional; passamos a inimigos, sem direito a defesa ou compreensão. O julgamento é público e sumário. E a pena aplicada sem perdão. 
E assim renasceu o espírito pidesco, que muitos julgavam desaparecido. A falta do espírito crítico, que nunca foi apanágio das massas, possibilitou cárcere invisível, que nem do controle governamental precisa para se fechar; entrincheirou-se por dentro, e atirou, pela guarita, as chaves lá para fora e longe, onde dificilmente alguém poderá chegar.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Dia da Criança Todos os Dias

Recebi por mensagem, origem desconhecida
Adoro esta foto por tudo o que ela representa; um pai que se chega à frente, manifestando-se por algo em que acredita, é um educador empenhado na construção de um mundo melhor. Um pai que carrega nas costas a filha, incluindo-a na participação, ensina-lhe que ao fazermos parte desta sociedade, devemos assumir posições; ensina-lhe que ser cidadão responsável, é agir. Um pai que permite à filha levantar um cartaz, com um "slogan" da sua autoria, ensina-lhe que é respeitada. Um pai destes mostra à filha quão ela é importante e amada. 

E talvez a minha própria memória se projecte nesta fotografia, e me enterneça por isso; também o meu pai me levou, sendo criança pequena, a comícios, no pós 25 de Abril.