terça-feira, 31 de março de 2020

5 Dicas de filmes a não perder

Não é altura para ver filmes tristes e violentos. Cá em casa estão todos aconselhados a ver apenas filmes leves, bem-dispostos, cómicos e inspiradores. Estas dicas são exemplo disso, com excepção para o último, mas explico adiante porquê.

Um senhor doutor - TvcEmotion
Knock, instala-se numa pequena vila como médico; à parte ser negro, elegantemente vestido, tem uma praxis médica muito diferente do seu antecessor. A desconfiança dos locais será um desafio, mas esta é uma história cheia de desafios, e da sua superação. 

Bolo de Neve - Tvcine Emotion
Após um acidente de viação que causou a morte de uma jovem, o responsável pelo mesmo, ainda que inocente, vê-se obrigado a instalar-se em casa da mãe da rapariga. O inusitado da situação prolonga-se, e nesse convívio "forçado" as personagens crescem, revelando-se acima do que parecem ser.

Um ato de fé - TvCINE Emotion
A história de um adolescente revoltado, que num acidente de afogamento entra em coma, e sem esperança de recuperação. Porém, a sua mãe recusa conformar-se. É uma história verídica, de amor e fé. 

Fotografia - TvCine Edition
Um fotografo de rua em Mumbai, responsável e altruísta, é pressionado para casar, pela avó, e para a descansar engendra um plano com uma desconhecida que se prolonga para a visita da avó; as diferenças culturais, sociais e económicas, entre ambos, irão revelar factores que se sobrepõem. 
 
Julie E Júlia - TvCine Emotion 
Vi este filme no cinema há muitos anos, e lembrava-me bem da história, mas rever Meryl Streep no papel de Julia Child vale muito a pena! Ainda me surpreende como conseguiram fazer com que ela parecesse gigantesca. É a história verídica de duas mulheres, ligadas pelo amor à cozinha, e que de certa forma, nela encontraram o seu caminho. 

A Túnica - TvCine Emotion
Este filme pode não ter o convencional "fim feliz", porém abro uma excepção, primeiro por ser um tema profundamente ligado à época Pascal, e
segundo por tratar da redenção humana, algo que vem muito a propósito nestes dias. Há ainda a actuação brilhante do magnético Richard Burton, no papel de um centurião que toma parte da crucificação de Jesus Cristo, e após tocar na sua túnica, envereda por um caminho oposto àquele que se lhe prometia, e todos esperariam.

sexta-feira, 27 de março de 2020

Arroz sem-marisco




Não tenho propriamente saudades de sabores associados a pratos confeccionados com carne ou peixe, mas há sabores que ultrapassam os dos animais, pelos outros ingredientes que se lhes juntam. Este, fica com um sabor a mar, como nunca antes tinha conseguido com a "outra cozinha". Todos aprovaram, inclusive a Letícia que nunca foi, de facto, fã do original. 


Arroz sem-marisco 
Ingredientes:
Meia cebola picada
Um dente de alho picadinho
3 tomates maduros (por acaso tinha-me sobrado molho de tomate e usei)
Meio copo de vinho branco
100 gr de tofu com algas ( Da Biodharma, o melhor!)
Um pouco de alga wakamé
Uma folha de louro
Salsa picadA a gosto
Sal, piri-piri e colorau q.b.
Um copo de 2 dl de arroz carolino

Como fazer:
Colocar a alga numa tacinha com água 10 minutos.
Estalar a cebola numa panela com um fio de azeite; acrescentar o alho, mexendo até ficar translúcido. Juntar o tomate cortado aos bocados, um pouco da salsa, a folha de louro, o sal e colorau, deixar ferver um pouco, enquanto se mexe; juntar o vinho branco, e por fim o tofu, cortado aos cubos; quando estiver com consistência de molho, juntar a alga wakamé picada, a água onde demolhou, e piripiri, envolver tudo.
Acrescentar água quente suficiente para fazer arroz malandro, deixar ferver, e juntar o arroz. Rectificar os temperos e deixar cozer cerca de 20 minutos. 
Delicioso! Até parece que estamos na praia.

quarta-feira, 25 de março de 2020

Uma dose extra de alegria.

Há anos que as garrafas de cristal estão em cima do aparador vazias. Dizia-se que havia qualquer coisa no cristal que passava para as bebidas, e era tóxico. Ou cancerígeno, não me lembro. E como os líquidos ficavam lá dentro imenso tempo (nunca fomos grandes copofónicos), mais valia não correr riscos, não é? Passaram a ser unicamente objectos decorativos. 
Mas eis que surge a pandemia. 
Voltei a enchê-las, acho que desta vez não haverá tempo de nenhuma substância química passar do cristal para o conteúdo.

terça-feira, 24 de março de 2020

O que hei-de fazer?

Nunca ouvi tantos aspiradores a funcionar ao mesmo tempo; as casas vão ficar imaculadas. 
E, este ano, nem sequer há Compasso!

segunda-feira, 23 de março de 2020

Dica de Leitura: O Dia dos Prodígios

Via
É o primeiro livro da Lídia Jorge que leio, resultado da influência declarada das suas crónicas na Antena2. Se gostei das crónicas, talvez gostasse da sua literatura, pensei eu, muito embora já me tenha enganado por esse raciocínio, e não ter gostado nada do livro, de um autor de cujo blogue gosto bastante. Felizmente, desta feita, não foi o caso; gostei mesmo. Apesar dos pontos finais em abundância, que mais parecem ter sido atirados para as páginas como se polvilhassem uma travessa de filhoses, interrompendo frases e diálogos, fazendo a vez de vírgulas, parágrafos e travessões. É como se fosse uma leitura aos soluços, e pelo menos, para mim, a leitura quer-se fluída.
Apesar disso, e dos regionalismos, que uma minhota não tem obrigação de conhecer, reconheço a importância da preservação dos dialectos regionais, e já agora, apesar de algumas palavras mais "populares", digamos, que não fazem de todo o meu estilo, e que até na escrita me repugnam um pouco. Mas enfim, a população retratada não é propriamente erudita, portanto, é assim que falam.

Ora sucede que na aldeia de Maninhos, onde todos os dias são iguais, acontece um episódio inexplicável, e a partir daí os dias passam a ser, pelo menos um pouco, diferentes; há uma tasca, aonde param os clientes habituais, as línguas venenosas da povoação, há muitos habitantes velhos, que vivem entre o passado e o presente, como que entre sonhos, e a beleza da aldeia, uma rapariga com origens pouco recomendáveis. Há personagens que entram e saem, e recuos ao passado, e visões do futuro, porque como em todas as aldeias do interior, de outrora, as informações chegam, muitas vezes por via mística. 
Em todo este emaranhado de personagens e histórias passadas existe um fio condutor que as liga, e um retrato íntimo de cada um, muito honesto e profundo, a que o leitor não poderá ficar indiferente, pela sua humanidade e delicadeza.

Título: O Dia dos Prodígios
Autora: Lídia Jorge
Editora: Publicações Dom Quixote
Nr de Pág. 223

quarta-feira, 18 de março de 2020

É tudo muito estranho...

Estamos bem. Estamos todos em casa, cada uma fazer as suas coisas, tranquilamente. Até os gatos, parecem que intuíram algo, andam  mais cá dentro, sempre junto de nós, a dormirem nas suas camas. 
Fui às compras e não me faltou nada, porque no tipo de loja onde habitualmente faço compras (pequenas e locais), os clientes parecem ser mais "calmos", e vão comprando sem açambarcar. Portanto, é menos um problema para resolver, porque nunca fui pessoa de ficar em filas para comprar. Nem sequer em saldos, muito menos para pagar mais. A família alargada está bem, uns mais preocupados do que outros, uns a trabalhar ainda, mas todos a tomarem as precauções indicadas e possíveis. A cada dia que passa vejo menos pessoas e menos carros nas ruas; cada vez mais lojas e negócios a fecharem portas. Nota-se que o medo vai tomando terreno insidiosamente. Mas eu e a Letícia temos feito caminhadas de manhã; ainda se pode sair para os parques, e temos de aproveitar, até pela nossa saúde mental. E também por lá vamos encontrando outros como nós, em solo ou aos pares. 
Ainda não tirei as espreguiçadeiras para o jardim, mas penso desfrutar de uns banhos de sol, segundo parece, o bicharoco não gosta de calor, e a vitamina D também é necessária. Sinto-me grata pelo nosso pequeno jardim. 
Vou vendo e lendo histórias de pessoas que mostram as suas verdadeiras faces, e revelam o que de pior e melhor têm, como aquele homem no Continente que levou 10 kgs de bifes, outros 10 disto e daquilo, mais os 14 últimos frangos e recusou ceder um à senhora idosa, atrás dele; e penso na astúcia do talhante, que escondendo um, conseguiu satisfazer o pedido da senhora. 
Portanto, estou sobretudo preocupada pela forma como as pessoas estão a reagir, e irão reagir, pois parece que o pior ainda está para vir; como pagarão as contas, as rendas, os empréstimos, os ordenados? Esta coisa catastrófica vai acabar de vez com a nossa economia, se a vida ficar em suspenso em todo o país. Está certo, as pessoas primeiro, mas de uma forma ou de outra, isto vai terminar mal, só que de formas diferentes. Não me parece que as autoridades estejam a lidar com tudo isto de forma ajustada e competente; tanto nos recomendam a quarentena, como deixam entrar estrangeiros, turistas, infectados, oriundos de focos conhecidos, mantendo abertos monumentos e museus, num exercício que parece esquizofrénico, a qualquer cidadão equilibrado. As informações que nos têm transmitido têm sido inexactas e frequentemente erróneas; a marcação de reuniões urgentes tem sido lenta e descontraída; há aqui claramente sinais contrários que me fazem duvidar se há interesse em resolver esta história para um final mais ou menos feliz. 
A imprensa continua com as notícias alarmistas, como aquela sobre a morte do treinador espanhol, de 21 anos, que segundo eles "morreu de corona", quando se tratava afinal de alguém com um grave problema cancerígeno; é como a história do burro que caiu quando lhe puseram em cima uma sardinha; estava carregadíssimo, mas foi a sardinha que o fez cair! Isto é terrorismo, não é jornalismo.

Uma coisa é certa, a vida como está a decorrer agora é única para todos nós; e isto assusta. Há dias, vi uma jovem mulher, chorar, enquanto pagava as compras; é tudo muito estranho, repetia ela. E é. Mas ainda assim, devemos manter a calma e prosseguir com a vida da melhor forma. Como li algures, este é o momento das famílias se unirem, de pais passarem tempo com os filhos, das pessoas darem valor aos pequenos prazeres, como ter tempo para ler um livro, ouvir uma música sentado no sofá; para observar como as árvores florescem e as borboletas voam indiferentes, nem que seja pela janela; valorizar coisas que não têm preço, como a saúde e família; para compreenderem que o dinheiro e os bens materiais não são o mais importante.

Será uma óptima oportunidade para reavaliarmos o nosso modelo de civilização, e passarmos de vez para o comunitarismo, em vez do capitalismo e competição. Pode não parecer, mas acredito que tudo isto poderá ser uma grande oportunidade de crescimento pessoal, e claro, assim massificado, repercutirá a nível global. Uma mega oportunidade de mudança, para um modelo superior da humanidade. 

É deveras importante continuar com as medidas de prevenção indicadas, mas sobretudo, manter a calma, acreditando que tudo passa, e isto também passará.

quarta-feira, 11 de março de 2020

Uma espécie de resistência

 
Via / The Cure

Esta histeria colectiva do coronavírus faz-me lembrar a profética pandemia da gripe A, se alguém se recorda ainda, e no fim a montanhosa pariu um rato. Desta vez, os médicos estão comedidos nas suas afirmações, dizem que não é tão grave como as pessoas pensam, desdramatizam e afirmam mesmo que as notícias são um exagero. E porém, os jornalistas agarraram no assunto ferozmente, e há semanas que não o deixam sair de pauta, relatando mesmo não-casos, quando ainda não existiam sequer em Portugal, transformando-os em exemplos ameaçadores. Mas afinal quem sabe? Os médicos ou os jornalistas? Efectivamente, isso não tem interessado nem contado para nada, pois quem manipula é quem informa, e as massas ficaram assustadas. Não admira, o bombardeamento de "informação" foi constante, contínuo e profundamente ameaçador. Lamento pelas gerações mais velhas, que são quem mais vê televisão. E aqueles que ainda mais acreditam nos jornalistas; se deu na televisão, deve ser verdade!

É verdade quem em Portugal morrem 16 pessoas por dia de pneumonia. Que todos os anos morrem milhões de pessoas no mundo, de gripe. É "pandemia", isto? É notícia? Fecham-se escolas, fábricas, lares, prisões, frequentadas pelos doentes? Cancelam-se feiras e eventos culturais? Nada, a vida continua! Mas não, nada disto se fala de forma inflamada, o Covid-19, é que é ameaçador. 

Portanto, o governo está a reagir pressionado pela população; os alunos e professores estão juntos, nesta história de fecharem as escolas. Antecipam-se as férias de Páscoa. Pode ser que o vírus desapareça como por milagre. Até já há quem sugira que se fechem as Escolas até final do ano lectivo. De facto, os alunos não acreditam nada na ameaça do coronavírus, gostam é da ideia de férias antecipadas. E quanto aos profissionais da educação, duvido que deixem de frequentar ginásios, shoppings, supermercados, lojas de rua, etc. A vida há-de continuar.

Via FB
Entretanto, a contra informação tem-nos oferecido algum humor do melhor, para enfrentar a situação; alguns memes são hilariantes, e  isso deve ser divulgado e propagado; é importante que a nossa mente não seja subjugada pelo medo, devemos permanecer tranquilos, uma vez que sabemos que o nosso estado de espírito interfere no combate às doenças. E na prática, reforçar o nosso sistema imunitário, com uma alimentação baseada em vegetais e frutas e porque não, reforçar ainda com a auto-hemoterapia? Será um bom pretexto e propícia altura, para testar um método que aumenta a nossa imunidade quatro vezes mais. ( Ver aqui Dr. Luíz Moura)



Não obstante, cautelas e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém (excepto à pobre galinha!), portanto, alguma atenção extra é aconselhável, como cuidados de higiene reforçados, e evitar determinados aglomerados. Fora isto, coração ao alto e espírito tranquilo! 

Via

segunda-feira, 9 de março de 2020

Mulheres

 ...
Voamos a lua
menstruadas

Os homens gritam:
– são as bruxas

As mulheres pensam:
– são os anjos

As crianças dizem:
– são as fadas
...

                                                  Maria Teresa Horta

quarta-feira, 4 de março de 2020

"Cada um dá o que tem"

Uma menina, aparentando 4 anos, pontapeava e empurrava a avó, berrando no metro, e provocando mal-estar a todos os que a rodeavam, perante a inércia da adulta responsável (visivelmente constrangida), até que uma senhora, professora reformada, não aguentou mais e virou-se para a pequena, dando-lhe uma forte reprimenda, e depois para a avó, censurando-a por se sujeitar àquele trato; a avó respondeu-lhe, impotente, que a filha não permitia que se contrariasse a criança. 

Um adolescente, quase a entrar na maioridade, sente-se há anos desorientado; gere uma mesada generosa que lhe permite levar uma vida que muitos trabalhadores não conseguem, tem acesso a tudo o que lhe apetece. Não recebe orientações dos pais, nem reprimendas, pelo contrário; com o pretexto da juventude serem dois dias, e passarem  correr, e por isso deve ser aproveitada, e com o assumido argumento de que não vale a pena negar nada aos filhos, que mais depressa lhes apetece, dão-lhe carta branca que, naturalmente, ele aproveita. Como dizia, está o rapaz desorientado, apesar das consultas no psicólogo há um par de anos. Não sabe o que quer da vida, não consegue lutar por um objectivo pertinazmente, nada o realiza nem satisfaz. Não se sente feliz. 

São casos verídicos, e por conhecer o segundo caso pessoalmente, sei que a matéria-prima, por assim dizer, é boa, mas quem a tem trabalhado está a exercer uma actividade incapaz, mal-sucedida. 

Os psicólogos não se cansam de afirmar que as crianças precisam de limites, que o seu estabelecimento, pese embora desagrade inicial e aparentemente, é regulador de comportamentos e pensamentos, na construção do carácter. Que são fundamentais para que as crianças se sintam enquadradas, sustentadas e sim, até amadas! E porém, a nossa sociedade actual assiste, diariamente, a situações em que os agentes da autoridade, como os professores, por exemplo, são frontalmente desrespeitados, a um nível nunca antes visto, e deveras preocupante, para todos. Estes agentes já não conseguem impor limites, exigir que os reconheçam e respeitem, pela novidade com que surgem; não houve, nem há, em casa, um trabalho da família nesse sentido; os pais estão a descuidar este aspecto propositadamente, julgando aplicar inovadoras pedagogias, como a liberdade da criança, ou simplesmente, pela abdicação simplória da sua função, e obrigação, de educadores. 

Há uns anos, uma parente, habitualmente lúcida, comentou comigo que 97% dos pais não deveriam ser pais; na época discordei, achei a estatística a olho muitíssimo exagerada, porém, ao longo do tempo, e perante tantas notícias, e casos que me chegam ao conhecimento, penso nisto muitas vezes. Está a ficar cada vez mais claro que a maioria dos pais não tem capacidade ou conhecimentos para exercer a parentalidade; que educar filhos, é uma tarefa cada vez mais difícil, e que os progenitores não estão capazes de acompanhar esse grau de desafios constantes e novos. Por falta de vontade, por cansaço, pela inconsciência do valor que tem educar um filho, pela falta de noção do impacto que um filho tem na sociedade. São pais descrentes em valores como a obediência e respeito, que julgam antiquados. Acham graça a atitudes "espevitadas", que justificam como irreverentes, a comportamentos despropositados que desculpam com doenças do foro psicológico e rebeldias próprias da idade. Não se apercebendo sequer quão caótica está a tornar-se a sociedade em que vivemos, e do papel que nela, eles e os seus filhos têm. 

Nunca a informação esteve tão acessível, e estas coisas da parentalidade ensinam-se a aprendem-se, mas não havendo essa vontade, deveriam os jovens pais repescar as lições mais à mão, até porque aquilo que os nossos pais fizeram connosco não está assim tão errado, ainda há muito que se aproveite, talvez mesmo o fundamental. Falta esse reconhecimento, essa gratidão; está certo rastrear o que não prestou e pôr de lado, mas resgatar o que de essencial vai passando de geração. Agora, quando se quer fazer tábua rasa, é arrogância em demasia, e por certo não dará bons resultados.

segunda-feira, 2 de março de 2020

Ninguém está imune...

Em todos os sítios estão sempre a acontecer coisas; não sendo públicas, acontecem dentro de portas, feitas no segredo das famílias, que se esquecem entre gerações, transmitindo-se apenas pelo ADN, e acabando por ser regurgitadas, sabe-se lá quando e como. E quando não acontecem dentro de casa, as coisas acontecem dentro da cabeça das pessoas; invejas inconfessáveis, que tiram o sono, desejos  grotescos que nem para o próprio se organizam em sintaxe entendível, fantasias de traições e adultérios bem enraizadas, cobardias que moem paralisando os passos para as acções que se tornam públicas. Seja como for, não há lugar onde coisas não aconteçam.