Uma menina, aparentando 4 anos, pontapeava e empurrava a avó, berrando no metro, e provocando mal-estar a todos os que a rodeavam, perante a inércia da adulta responsável (visivelmente constrangida), até que uma senhora, professora reformada, não aguentou mais e virou-se para a pequena, dando-lhe uma forte reprimenda, e depois para a avó, censurando-a por se sujeitar àquele trato; a avó respondeu-lhe, impotente, que a filha não permitia que se contrariasse a criança.
Um adolescente, quase a entrar na maioridade, sente-se há anos desorientado; gere uma mesada generosa que lhe permite levar uma vida que muitos trabalhadores não conseguem, tem acesso a tudo o que lhe apetece. Não recebe orientações dos pais, nem reprimendas, pelo contrário; com o pretexto da juventude serem dois dias, e passarem correr, e por isso deve ser aproveitada, e com o assumido argumento de que não vale a pena negar nada aos filhos, que mais depressa lhes apetece, dão-lhe carta branca que, naturalmente, ele aproveita. Como dizia, está o rapaz desorientado, apesar das consultas no psicólogo há um par de anos. Não sabe o que quer da vida, não consegue lutar por um objectivo pertinazmente, nada o realiza nem satisfaz. Não se sente feliz.
São casos verídicos, e por conhecer o segundo caso pessoalmente, sei que a matéria-prima, por assim dizer, é boa, mas quem a tem trabalhado está a exercer uma actividade incapaz, mal-sucedida.
Os psicólogos não se cansam de afirmar que as crianças precisam de limites, que o seu estabelecimento, pese embora desagrade inicial e aparentemente, é regulador de comportamentos e pensamentos, na construção do carácter. Que são fundamentais para que as crianças se sintam enquadradas, sustentadas e sim, até amadas! E porém, a nossa sociedade actual assiste, diariamente, a situações em que os agentes da autoridade, como os professores, por exemplo, são frontalmente desrespeitados, a um nível nunca antes visto, e deveras preocupante, para todos. Estes agentes já não conseguem impor limites, exigir que os reconheçam e respeitem, pela novidade com que surgem; não houve, nem há, em casa, um trabalho da família nesse sentido; os pais estão a descuidar este aspecto propositadamente, julgando aplicar inovadoras pedagogias, como a liberdade da criança, ou simplesmente, pela abdicação simplória da sua função, e obrigação, de educadores.
Há uns anos, uma parente, habitualmente lúcida, comentou comigo que 97% dos pais não deveriam ser pais; na época discordei, achei a estatística a olho muitíssimo exagerada, porém, ao longo do tempo, e perante tantas notícias, e casos que me chegam ao conhecimento, penso nisto muitas vezes. Está a ficar cada vez mais claro que a maioria dos pais não tem capacidade ou conhecimentos para exercer a parentalidade; que educar filhos, é uma tarefa cada vez mais difícil, e que os progenitores não estão capazes de acompanhar esse grau de desafios constantes e novos. Por falta de vontade, por cansaço, pela inconsciência do valor que tem educar um filho, pela falta de noção do impacto que um filho tem na sociedade. São pais descrentes em valores como a obediência e respeito, que julgam antiquados. Acham graça a atitudes "espevitadas", que justificam como irreverentes, a comportamentos despropositados que desculpam com doenças do foro psicológico e rebeldias próprias da idade. Não se apercebendo sequer quão caótica está a tornar-se a sociedade em que vivemos, e do papel que nela, eles e os seus filhos têm.
Nunca a informação esteve tão acessível, e estas coisas da parentalidade ensinam-se a aprendem-se, mas não havendo essa vontade, deveriam os jovens pais repescar as lições mais à mão, até porque aquilo que os nossos pais fizeram connosco não está assim tão errado, ainda há muito que se aproveite, talvez mesmo o fundamental. Falta esse reconhecimento, essa gratidão; está certo rastrear o que não prestou e pôr de lado, mas resgatar o que de essencial vai passando de geração. Agora, quando se quer fazer tábua rasa, é arrogância em demasia, e por certo não dará bons resultados.
Um adolescente, quase a entrar na maioridade, sente-se há anos desorientado; gere uma mesada generosa que lhe permite levar uma vida que muitos trabalhadores não conseguem, tem acesso a tudo o que lhe apetece. Não recebe orientações dos pais, nem reprimendas, pelo contrário; com o pretexto da juventude serem dois dias, e passarem correr, e por isso deve ser aproveitada, e com o assumido argumento de que não vale a pena negar nada aos filhos, que mais depressa lhes apetece, dão-lhe carta branca que, naturalmente, ele aproveita. Como dizia, está o rapaz desorientado, apesar das consultas no psicólogo há um par de anos. Não sabe o que quer da vida, não consegue lutar por um objectivo pertinazmente, nada o realiza nem satisfaz. Não se sente feliz.
São casos verídicos, e por conhecer o segundo caso pessoalmente, sei que a matéria-prima, por assim dizer, é boa, mas quem a tem trabalhado está a exercer uma actividade incapaz, mal-sucedida.
Os psicólogos não se cansam de afirmar que as crianças precisam de limites, que o seu estabelecimento, pese embora desagrade inicial e aparentemente, é regulador de comportamentos e pensamentos, na construção do carácter. Que são fundamentais para que as crianças se sintam enquadradas, sustentadas e sim, até amadas! E porém, a nossa sociedade actual assiste, diariamente, a situações em que os agentes da autoridade, como os professores, por exemplo, são frontalmente desrespeitados, a um nível nunca antes visto, e deveras preocupante, para todos. Estes agentes já não conseguem impor limites, exigir que os reconheçam e respeitem, pela novidade com que surgem; não houve, nem há, em casa, um trabalho da família nesse sentido; os pais estão a descuidar este aspecto propositadamente, julgando aplicar inovadoras pedagogias, como a liberdade da criança, ou simplesmente, pela abdicação simplória da sua função, e obrigação, de educadores.
Há uns anos, uma parente, habitualmente lúcida, comentou comigo que 97% dos pais não deveriam ser pais; na época discordei, achei a estatística a olho muitíssimo exagerada, porém, ao longo do tempo, e perante tantas notícias, e casos que me chegam ao conhecimento, penso nisto muitas vezes. Está a ficar cada vez mais claro que a maioria dos pais não tem capacidade ou conhecimentos para exercer a parentalidade; que educar filhos, é uma tarefa cada vez mais difícil, e que os progenitores não estão capazes de acompanhar esse grau de desafios constantes e novos. Por falta de vontade, por cansaço, pela inconsciência do valor que tem educar um filho, pela falta de noção do impacto que um filho tem na sociedade. São pais descrentes em valores como a obediência e respeito, que julgam antiquados. Acham graça a atitudes "espevitadas", que justificam como irreverentes, a comportamentos despropositados que desculpam com doenças do foro psicológico e rebeldias próprias da idade. Não se apercebendo sequer quão caótica está a tornar-se a sociedade em que vivemos, e do papel que nela, eles e os seus filhos têm.
Nunca a informação esteve tão acessível, e estas coisas da parentalidade ensinam-se a aprendem-se, mas não havendo essa vontade, deveriam os jovens pais repescar as lições mais à mão, até porque aquilo que os nossos pais fizeram connosco não está assim tão errado, ainda há muito que se aproveite, talvez mesmo o fundamental. Falta esse reconhecimento, essa gratidão; está certo rastrear o que não prestou e pôr de lado, mas resgatar o que de essencial vai passando de geração. Agora, quando se quer fazer tábua rasa, é arrogância em demasia, e por certo não dará bons resultados.