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Apesar disso, e dos regionalismos, que uma minhota não tem obrigação de conhecer, reconheço a importância da preservação dos dialectos regionais, e já agora, apesar de algumas palavras mais "populares", digamos, que não fazem de todo o meu estilo, e que até na escrita me repugnam um pouco. Mas enfim, a população retratada não é propriamente erudita, portanto, é assim que falam.
Ora sucede que na aldeia de Maninhos, onde todos os dias são iguais, acontece um episódio inexplicável, e a partir daí os dias passam a ser, pelo menos um pouco, diferentes; há uma tasca, aonde param os clientes habituais, as línguas venenosas da povoação, há muitos habitantes velhos, que vivem entre o passado e o presente, como que entre sonhos, e a beleza da aldeia, uma rapariga com origens pouco recomendáveis. Há personagens que entram e saem, e recuos ao passado, e visões do futuro, porque como em todas as aldeias do interior, de outrora, as informações chegam, muitas vezes por via mística.
Em todo este emaranhado de personagens e histórias passadas existe um fio condutor que as liga, e um retrato íntimo de cada um, muito honesto e profundo, a que o leitor não poderá ficar indiferente, pela sua humanidade e delicadeza.
Título: O Dia dos Prodígios
Autora: Lídia Jorge
Editora: Publicações Dom Quixote
Nr de Pág. 223