quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Filhos 8 e 80

O Duarte partilha uma casa com dois rapazes, desde meados de Setembro, e é como se vivesse ali sozinho. Cada um dentro do seu quarto, com horários diferentes, fazendo as suas coisas. E está tudo bem.
Se fosse a Letícia isto já seria um problema, que não convivessem com ela, e não fossem amigas por esta altura, haveria de a moer por dentro como a rejeição faz; que não gostavam dela, que não a achavam interessante, mesmo que não a conhecendo, para poderem avaliar tudo isso, ela lhes daria esse poder e crédito, até duvidar dela própria. 

Deveria ter tido três filhos; falta o do meio, aquele que faria a ligação entre o tudo e o nada, e levaria algo de seu a um extremo e outro, proporcionando algum equilíbrio. 
Seja como for, a culpa há-de ser sempre da mãe.  

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Dica de leitura: Britt-Marie Esteve Aqui

Va
A capa do livro é reveladora o suficiente para sabermos que se trata de uma personagem feminina, que de alguma forma se relaciona com limpeza, futebol e ... um rato!
Britt-Marie é uma figura tão marcante que a a sua passagem se revela mesmo na ausência. Sendo uma mulher de 60 anos com capacidades sociais inusitadas (nalguns aspectos fez-me suspeitar de alguma forma de autismo), e experiência profissional quase nula, a sua pretensão a um emprego poderia tomar-se como uma tremenda ilusão, mas não é isso que ela pensa, e como se verá, Britt-Marie revela uma fibra bem superior àquilo que se esperaria, levando-a por caminhos inesperados. É igualmente uma inspiração, não há idade para a realização de sonhos, nem somos aquilo que os outros nos rotulam, portanto isso não deve limitar-nos, e ainda, dentro de nós existe uma história que nos explica, e nem sempre é do conhecimento dos outros. Por conseguinte, um sucessivo desmontar de clichés para nos levar a reflectir acerca dos nossos juízos sobre os outros, e nós mesmos. 

É daqueles livros que agarra o leitor desde as primeiras páginas; uma escrita clara, eficiente, divertida e ainda, muito humana. Frederik Backmann é também autor de "Um homem chamado Ove", cuja filme vi, há alguns anos, e tendo gostado bastante, serviu-me como indicação para esta leitura. 

Título: Britt-Marie esteve aqui
Autor: Frederik Backmann
Editora: Porto Editora
Nr.Págs.304

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Rolo de lentilhas



Rolo de lentilhas*

Ingredientes

500 gr de lentilhas castanhas 
1 cenoura grande ralada 
1/2 chávena de chá de aveia
1 pimento vermelho cortado aos cubos

2 pimentos padrão picados
1 cebola picada

1 dente de alho 
1 colher de café de coentros em pó
1 colher de chá de colorau
1 colher de chá de mostarda em pó
1 colher de sopa de linhaça dourada moída
sal e pimenta q.b.


Como fazer:
Demolhar as lentilhas de um dia para o outro, e cozer em água com sal 5 minutos. Coar e reservar.
Colocar a linhaça dourada numa taça com duas colheres de sopa de água, mexer e deixar repousar.
Deitar a cebola picadinha para uma sertã e deixar ficar translúcida; juntar-lhe o dente de alho picado, a cenoura ralada, o pimento vermelho, os pimentos padrão, e os temperos. Deixar cozer alguns minutos, mexendo ocasionalmente.
Verter os legumes para o robot de cozinha, juntamente com as lentilhas e a aveia, triturar, mas não em demasia, para deixar visíveis as diferentes cores e texturas. Acrescentar a linhaça e envolver. Rectificar o tempero. Verter para uma forma e levar ao formo, médio, cerca de meia hora. 
Decorar com ketchup. Eu tinha molho de tomate caseiro e preferi.

Acompanhamos com arroz basmati e salada de couve roxa.

Muito bom, rápido e outra receita que dá para fazer a mais e congelar.   

* Receita retirada e adaptada do Ambitious Kitchen

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Leite materno

Via Saúde

São sobejamente conhecidos os benefícios do leite materno, nomeadamente o aumento da imunidade do bebé, e protecção da mãe contra o cancro da mama, mas há ainda muitos mais pontos positivos, o que torna a amamentação materna em algo efectivamente especial. Porém, algumas mulheres não podendo amamentar, e ainda assim não se conformando, procuram o leite materno produzido por outras. Isto não é novo, sempre aconteceu, as mães de leite foram muitos comuns no passado, e nem sequer longínquo; havia ainda algumas mulheres que amamentavam os filhos das outras, enquanto amamentavam os seus, por uma questão de solidariedade. Sei, inclusivamente, de alguns casos de pessoas que foram amamentadas assim, as mães não tinham leite, ou estavam a trabalhar, e as crianças com fome, chegavam a subir em banquinhos, o que revela algum detalhe sobre a idade. 

O que acontece actualmente, é que graças à internet a venda de leite materno está agora mais exposta; quem não conhece quem tenha leite em excesso, ou não tenha na proximidade pode agora adquirir à distância de dois cliques, por assim dizer. Contudo, como em tudo o resto que se encontra à venda online, também aqui pode haver má fé, e pessoas pouco escrupulosas a tentar ganhar dinheiro fácil. Mas diferente ao tudo o resto, o leito materno será ingerido por bebés, o seu único alimento, e aquilo que deveria proporcionar saúde pode causar danos gravosos. E todavia, parece que o negócio está em alta e em expansão. 

Se para todas as transacções online se aconselha cuidado, neste caso parece-me por demais gritante, aconselhar prudência em alto nível. Aliás, para ser totalmente sincera, isto é algo que pessoalmente nunca aconselharia.

O mercado online de leite materno está a crescer (mas pode ser mau para os bebés)

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Referências televisivas



Tenho uma adolescente em casa a ver a RTP Memória, como a minha mãe!A descobrir séries que gosta a e gravá-las, com intenção de ver todos os episódios. E com "Chefe mas pouco" ri às gargalhadas, como poucas vezes. 
Será do guarda-roupa vintage? Será das historinhas inocentes? Pode ser disso tudo, mas realmente gosta!

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Telemóvel na escola?

Há cada vez mais escolas, em mais cidades e países, a proibirem o uso de telemóvel aos alunos. Vi, no ano transacto, uma notícia sobre uma escola algures no norte de Portugal, onde esta interdição já estava implementada, inclusivamente, onde já era aceite pelos alunos que discorriam sobre os diversos benefícios que daí estavam a retirar. 

Os pontos negativos são conhecidos, alunos distraídos nas aulas, que à socapa enviam e recebem sms's, ou até visualizam vídeos, conversam no chat do WA, aos mais graves, como gravação de vídeos dentro da sala de aula. Há ainda a ponderar o uso exacerbado do telemóvel nos intervalos, em que tudo gira em seu entorno, seja para as constantes fotografias a publicar nas stories do Insta, e noutras aplicações de moda que vão surgindo, como actualmente o Tik Tok, a ficarem simplesmente agarrados  ao telemóvel, sem interagirem com os colegas. Na semana passada, em reunião com os E.E. da turma da Letícia o DT afirmou que estava muito preocupado com a forma como parte da turma passa os intervalos, sentados no chão do corredor, à porta da sala, cada um com o seu telemóvel; nem sequer saem para o exterior, nem conversam uns com os outros. Não sei se os pais têm noção desta forma nova de estar dos filhos, mas se connosco estão permanentemente com os aparelhos nas mãos, a ver isto e a fazer aquilo, será de supor que essa prática se estende a todas as ocasiões. É, portanto, caso para estarmos todos preocupados.

Temos que aceitar que os jovens, agora, interagem de forma diferente, que isso inclui o telemóvel, não podemos é assumir essa aceitação incondicionalmente; como em tudo no resto, para que as coisas não descarrilem completamente, e se mantenham algo equilibradas e saudáveis, temos que impor e exigir regras. E se em casa, não permitimos telemóveis à mesa, por exemplo, porque se permitiria na Escola? É apenas mais um ponto de conflito e stress para professores e alunos, e então, depois do Natal, a escalada aumenta, com os alunos entusiasmados com os seus telemóveis último modelo. Mas que proveito se poderá tirar daqui?! 

Curiosamente, a CONFAP é contra a proibição dos telemóveis na escola, mas sinceramente, eu que nunca votei para nenhum membro desta instituição, e normalmente nem sequer me sinto representada por ela, mais uma vez, discordo. Não será a interdição dos telemóveis na escola que vai afastar os jovens das novas tecnologias - mas que ingenuidade acreditar nisto- nem lhes provocará atrasos de aprendizagem nesta área, há outros meios ao dispor, que as escola possuem, de forma controlada e cronometrada, por assim dizer. São regras. 

Felizmente, cada vez mais escolas se apercebem que esta medida é necessária para benefício dos próprios alunos, as Associações de pais, confirmam-no, e os próprios alunos, após o devido período de ressaca, também compreendem e aceitam. 
Espero que esta medida seja largamente implementada, e escola a escola está a acontecer, eventualmente acabando por se alcançar a escala nacional. Por vezes é assim, do particular para o geral as mudanças fazem-se e acontecem, por serem, comprovadamente, exemplos a replicar.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Dica de leitura: "História da Menina Perdida"

Via
É o quarto livro da saga "A amiga Genial", e desde a primeira linha agarrou-me à leitura, tal como os anteriores. 
Lenú começa uma nova etapa da sua vida, mudando-se para Nápoles, e naturalmente a aproximação a Lila acontece, quando a vida desta também muda, mais uma vez, por caminhos inesperados e até visionários, próprios aliás de uma inteligência e argúcia superiores.
Confesso que não suspeitei da trama principal que se urdia por detrás da narrativa evidente, e portanto, a grande tragédia que se concretiza neste último livro, apanhou-me de surpresa e chocou-me. É o momento das revelações. 
Não poderei dizer muito mais, sob pena de desvendar precocemente um livro que merecer ser lido sem grandes pistas, além desta - a ler!

A escrita de Elena Ferrante é consistente e fluída, sendo que neste quarto volume se nota um esforço maior para que a obra termine a um nível superior, quase que como um anti-clímax do próprio desenlace do enredo. 

Título: História da Menina Perdida
Autora: Elena Ferrante
Editora: Relógio D'Água
Nr. de Pág. 421

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Ano feliz

Festejamos a entrada no ano novo porque precisamos de acreditar que a vida será melhor, que os dias vindouros serão felizes, e que para trás ficaram os problemas, as recordações más. Mas o tempo não se compadece realmente com o calendário dos homens, avançamos por ele, com as nossas questões às costas, as pendências permanecem, umas maiores outras menores, mas ficam, irão sempre connosco. 
Precisamos de esperança para crer num amanhã melhor, esquecendo que esse amanhã depende em grande parte de nós, hoje, nós é que devemos evoluir, mudar, transformarmo-nos, e isso apenas é da nossa responsabilidade. Um pouco de sorte ajudará, porém parecendo ela tão aleatória mais vale que confiemos, sobretudo, naquilo que podemos fazer, naquilo que está ao nosso alcance.

Ao olharmos ao nosso redor, poderemos pensar que não há muitas razões para celebrar, nem para ser optimistas, o desafio para 2020 é de nível elevado, mas não devemos sucumbir à tentação de mergulhar na negatividade catastrófica, enredando-nos no pessimismo irreversível, nem tão pouco de mergulhar na negação, enfiando a cabeça na areia, vivendo uma vida superficial e cor de rosa.

Estar no mundo sabendo que não lhe pertencemos é fazer o caminho do meio; estarmos conscientes do que nos rodeia e não permitir que nos afundemos na derrota, fazendo apesar de tudo, da nossa vida uma vida feliz.

Votos de um ano iluminado!