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Já tinha lido o "Cisne Selvagem" desta autora e adorei, razão pela qual me inclinei para este livro. Passado no início do séc.XX narra a vida das irmãs Soong, tendo as três desempenhado um papel relevante na História da China, o que sobretudo para a época já seria algo de assinalável; a irmã mais velha, Ei-Ling foi conselheira de Chiang, Presidente do país, e esposa do seu primeiro ministro; a do meio, Ching-Ling, conhecida pela irmã Vermelha, foi casada com Sun Yat-sen, reconhecido como pai fundador da República Chinesa; e a mais nova, May-Ling, casou-se com Chiang Kai-Shek, presidente da China, do partido nacionalista, e posteriormente, presidente de Taiwan.
Foram filhas de um homem de origem humilde, que apesar disso estudou nos Estados Unidos, regressando posteriormente à China, onde se estabeleceu e fez fortuna. Apaixonado pelo estilo de vida americano não hesitou em enviar os filhos, filhas incluídas, para os Estados Unidos, onde estudaram e viveram desde pequenos. Quando regressaram encontraram o pai envolvido, clandestinamente, com Sun Yat-sé, sendo através deste que acabariam por entrar na cena política e nacional do seu país.
Inteligentes, excepcionalmente bem preparadas, adquiriram notoriedade por direito próprio, tendo beneficiado da luz da ribalta, praticamente uma de cada vez.
Segundo os valores chineses a família é fundamental, e elas foram unidas a maior parte das suas vidas, apoiando-se e protegendo-se continuamente, excepto a partir da era maoista, em que a irmã Vermelha se distância, emocional e fisicamente.
O vínculo aos Estados Unidos permaneceu intacto durante as suas vidas, aí passando largas temporadas e onde, inclusivamente, se refugiaram após a vitória do partido comunista, com excepção de May-ling.
Através da história das três irmãs, ficamos a conhecer o breve período de fim do Império, constituição da República, guerras internas, e guerra entre os nacionalistas e comunistas, apoios internacionais a uns e outros, e os habituais jogos de bastidores de que não rezam os livros de história.
Nada de muito inesperado, a ambição desmedida dos políticos, como por exemplo do próprio "pai da China" que queria acima de tudo ser presidente, e em troca do apoio japonês lhes oferecia a Manchúria; do tipo de vida faustoso da primeira dama, que viajava para os E.U. frequentemente, hospedando-se em hotéis de luxo, com uma equipa que ocupava andares inteiros; com o enriquecimento estrondoso (chegou a ser a mulher mais rica do pais), da irmã mais velha, que se aproveitava do facto de ser casada com o primeiro-ministro para fazer negócios privilegiados; enfim, o habitual " o poder corrompe".
Por outro lado, acho justo mencionar que após a morte de Chiang Kai-shek, em Taiwan, sucede-lhe o filho, que tendo tido uma dura educação na Rússia estalinista, se revela um presidente visionário e justo, abrindo caminho para um pais moderno e democrático.
Leitura aconselhada, sem dúvida.
Título: As irmãs Soong
Autora:Jung Chang
Nr Págs: 488
Editora: Quetzal Editores