Nos últimos dias têm sido publicadas sucessivas notícias sobre a violência na Escola. Inclusivamente, os alunos admitem-no, conforme este estudo do Projecto Violentometro, em que 90% dos mais de 11 mil alunos inquiridos assumem praticar
violência psicológica, 70% violência física, 11% violência física grave,
nomeadamente ameaças com armas, e 2% violência sexual. ( Via Com Regras)
Portanto, o que nas últimas semanas temos tomado conta é da dimensão crescente da violência contra professores e auxiliares de educação, exercida não só pelos próprios alunos, sempre menores, mas também, encarregados de educação, que entrando ilicitamente nos recintos escolares, agridem os profissionais, por vezes, perante turmas inteiras de miúdos, a ponto de estes terem de receber tratamento hospitalar. Valença foi o último caso, quatro pessoas agredidas por pai e mãe, dentro e fora da escola, devido a uma mentira que a filha terá inventado.
Esta semana, foi notícia o contrário; sucedeu que um professor em Lisboa, terá agarrado um aluno pelo pescoço e empurrado a cabeça do mesmo contra a carteira, enquanto o agredia verbalmente. Foi imediatamente detido, suspenso de funções, e aguardará que a Justiça se pronuncie.
Ninguém imaginará, por certo, que esta atitude "descontrolada" do professor foi originada por causa nenhuma; podemos bem, pelo contrário, supor que o comportamento do aluno ou até da turma, terão sido a origem do sucedido. Aparentemente, a questão deve-se ao telemóvel do aluno que este teimava em usar, e recusou entregar ao professor.
Um professor deve manter a cabeça fria, em todas as situações, e tomar apenas as providências que a Lei lhe permite, e isto sabe ele muito bem, mas quem conhece, minimamente, o estado das coisas nas Escolas, há-de compreender que perante a violência psicológica e física, a que os professores estão sujeitos diariamente, um ou outro professor perca o controle.
Esta decadência (não há outra palavra) do Ensino, deve-se aos Governos sucessivos que, persistentemente, têm tratado a classe docente com um claro desprezo, manifesto na progressão da carreira e falta de protecção.
Um professor que começou a carreira há 10 anos, continua ao fim desse tempo no mesmo escalão, e consequentemente com o mesmo ordenado. Tem ainda de se obrigar a perambular pelo país para ficar colocado, sustentando, muitas vezes, duas casas, e abdicando da família; ou seja, praticamente paga para trabalhar e a sua vida privada fica em suspenso.
A progressão da carreira da classe docente, está agora adstrita a uma quota reduzida, que não permite que todos os professores excelentes ou muito bons, por exemplo, possam receber justamente essa menção. Há três professores que merecem "excelente"? Não pode! Porque isso implica aumento de ordenado, e o M.E. não tem orçamento! Certamente que esta "disputa", pela evolução na profissão, deixa mazelas, como a frustração e forte sentimento de injustiça. E isto reflecte-se no espírito do docente, e na sua postura na Escola.
Por outro lado, perante as sucessivas agressões a professores, o que faz o Ministério da Educação? Vem a terreiro condenar e exigir justiça? Assim de repente ninguém se lembra de nada disso, nem sequer de consequências para os agressores. Mas vejamos, houve alguém que se deu ao trabalho de procurar, e resumiu em alguns exemplos:
05/12/2013 - Um aluno, de 15 anos, frequentador do 7º ano do ensino básico, agrediu um professor numa sala de aulas da escola EB 2/3 Padre João Coelho Cabanita, em Loulé, provocando-lhe um golpe na cabeça que foi suturado com sete pontos.
Ministério não reagiu, ninguém foi preso…
05/04/2019 - aluno de 12 anos, agrediu professor de educação cívica, com 63 anos, a soco e pontapé quando este o impediu de jogar à bola dentro da sala de aula. Ao sair da sala comentou com os funcionários: “já lhe parti o focinho.
Ministério não reagiu, ninguém foi preso…
01/02/2012 - Um professor de Matemática de 61 anos deu entrada no Hospital de Vila Nova de Gaia, após ter sido agredido a murros e pontapés por alegados familiares de uma aluna do 6º ano que expulsara da aula.
Ministério não reagiu, ninguém foi preso…
28/02/2019 - Uma professora da Escola Básica da Torrinha, no Porto, foi agredida “a soco e pontapé” à porta do estabelecimento por uma encarregada de educação, revelou esta quinta-feira à Agência Lusa fonte da PSP.
Ministério não reagiu, ninguém foi preso…
24/09/2014 - Uma professora foi agredida em plena sala de aula pela mãe de um aluno, na manhã desta quarta-feira. Tudo aconteceu em Rossio ao Sul do Tejo, em Abrantes, e a docente teve de ser assistida no hospital devido aos ferimentos que sofreu.
Ministério não reagiu, ninguém foi preso…
08/12/2016 - Uma ocorrência na sala de aula acabou ontem com uma agressão da mãe de um aluno a uma professora no interior da escola básica do 2.º e 3.º ciclos André Soares, em Braga
Ministério não reagiu, ninguém foi preso…
09/05/2019 - Um aluno de 14 anos agrediu hoje uma professora e uma funcionária da EB 2,3 de Abação, em Guimarães, que sofreram ferimentos considerados “ligeiros”, disseram à Lusa fonte dos bombeiros e da GNR
Ministério não reagiu, ninguém foi preso…
17/10/2019 - Dois professores e dois auxiliares da Escola Básica, 2,3 de Valença apresentaram, esta quinta-feira, no posto da GNR local queixa por agressão contra o pai de uma aluna.
Ministério não reagiu, ninguém foi preso…
Em suma, que célere foi a Justiça no caso do professor, e tão inerte tem sido no caso dos encarregados de educação e seus educandos. Justo seria que fossem tratados com a mesma rapidez.
Quando os criminosos sabem que podem agir impunemente, a tendência para que determinadas acções se produzam e reproduzem, multiplicam-se. Conclusão óbvia.
Os professores agredidos sentem-se desamparados e injustiçados, mais uma vez. Acresce ainda, um número invisível, e por isso desconhecido, de agressões que são abafadas e ignoradas pelas Direcções das Escolas, que teimando varrer para debaixo do tapete o problema, fingem que está tudo bem. A tutela gosta. A palavra de ordem é "pontual", que é como quem diz, nada de grave! Adiante...
Este professor estava a substituir uma colega, com um horário de 6 horas, ganhando algo como 300€. Não sei se é natural de Lisboa, deve ser, pois dizem que para os professores é impossível encontrar casa compatível com os vencimentos, sendo isto, também, explicação para as escolas sem professores. Terá este professor substituto?
Sabe-se já, que em breve, não teremos professores suficientes; e perante este quadro negro, compreende-se bem que ninguém queira exercer uma profissão, já de si, tão exigente e desgastante, quanto mais mal paga, nómada, e desrespeitada, pelo M.E. , sociedade e alunos.
A escola em vez de ser um lugar seguro para todos, está a tornar-se ela própria num foco de violência, graças ao desrespeito pela classe docente e, também, há que dizê-lo, pela falta de auxiliares educativos. Na Escola da minha filha, com 1600 alunos, há 26 funcionários! Só com muita força de vontade, civismo e a graça de Deus é que as coisas poderão correr bem!
Enquanto pais é isto que queremos para os nossos filhos? Não queremos, antes, ver a classe docente respeitada com autoridade suficiente e reconhecida, para exigir comportamentos adequados aos alunos, no recinto escolar?
O caos grassa em todos os setores da nossa sociedade, mas seria a partir daqui que as coisas poderiam mudar; é aqui, também, que se formam cidadãos. Mas para isso, a Escola tem de ser forte, e ao dizer "Escola" refiro-me não às suas paredes, mas a quem a faz, os professores.
Portanto, o que nas últimas semanas temos tomado conta é da dimensão crescente da violência contra professores e auxiliares de educação, exercida não só pelos próprios alunos, sempre menores, mas também, encarregados de educação, que entrando ilicitamente nos recintos escolares, agridem os profissionais, por vezes, perante turmas inteiras de miúdos, a ponto de estes terem de receber tratamento hospitalar. Valença foi o último caso, quatro pessoas agredidas por pai e mãe, dentro e fora da escola, devido a uma mentira que a filha terá inventado.
Esta semana, foi notícia o contrário; sucedeu que um professor em Lisboa, terá agarrado um aluno pelo pescoço e empurrado a cabeça do mesmo contra a carteira, enquanto o agredia verbalmente. Foi imediatamente detido, suspenso de funções, e aguardará que a Justiça se pronuncie.
Ninguém imaginará, por certo, que esta atitude "descontrolada" do professor foi originada por causa nenhuma; podemos bem, pelo contrário, supor que o comportamento do aluno ou até da turma, terão sido a origem do sucedido. Aparentemente, a questão deve-se ao telemóvel do aluno que este teimava em usar, e recusou entregar ao professor.
Um professor deve manter a cabeça fria, em todas as situações, e tomar apenas as providências que a Lei lhe permite, e isto sabe ele muito bem, mas quem conhece, minimamente, o estado das coisas nas Escolas, há-de compreender que perante a violência psicológica e física, a que os professores estão sujeitos diariamente, um ou outro professor perca o controle.
Esta decadência (não há outra palavra) do Ensino, deve-se aos Governos sucessivos que, persistentemente, têm tratado a classe docente com um claro desprezo, manifesto na progressão da carreira e falta de protecção.
Um professor que começou a carreira há 10 anos, continua ao fim desse tempo no mesmo escalão, e consequentemente com o mesmo ordenado. Tem ainda de se obrigar a perambular pelo país para ficar colocado, sustentando, muitas vezes, duas casas, e abdicando da família; ou seja, praticamente paga para trabalhar e a sua vida privada fica em suspenso.
A progressão da carreira da classe docente, está agora adstrita a uma quota reduzida, que não permite que todos os professores excelentes ou muito bons, por exemplo, possam receber justamente essa menção. Há três professores que merecem "excelente"? Não pode! Porque isso implica aumento de ordenado, e o M.E. não tem orçamento! Certamente que esta "disputa", pela evolução na profissão, deixa mazelas, como a frustração e forte sentimento de injustiça. E isto reflecte-se no espírito do docente, e na sua postura na Escola.
Por outro lado, perante as sucessivas agressões a professores, o que faz o Ministério da Educação? Vem a terreiro condenar e exigir justiça? Assim de repente ninguém se lembra de nada disso, nem sequer de consequências para os agressores. Mas vejamos, houve alguém que se deu ao trabalho de procurar, e resumiu em alguns exemplos:
05/12/2013 - Um aluno, de 15 anos, frequentador do 7º ano do ensino básico, agrediu um professor numa sala de aulas da escola EB 2/3 Padre João Coelho Cabanita, em Loulé, provocando-lhe um golpe na cabeça que foi suturado com sete pontos.
Ministério não reagiu, ninguém foi preso…
05/04/2019 - aluno de 12 anos, agrediu professor de educação cívica, com 63 anos, a soco e pontapé quando este o impediu de jogar à bola dentro da sala de aula. Ao sair da sala comentou com os funcionários: “já lhe parti o focinho.
Ministério não reagiu, ninguém foi preso…
01/02/2012 - Um professor de Matemática de 61 anos deu entrada no Hospital de Vila Nova de Gaia, após ter sido agredido a murros e pontapés por alegados familiares de uma aluna do 6º ano que expulsara da aula.
Ministério não reagiu, ninguém foi preso…
28/02/2019 - Uma professora da Escola Básica da Torrinha, no Porto, foi agredida “a soco e pontapé” à porta do estabelecimento por uma encarregada de educação, revelou esta quinta-feira à Agência Lusa fonte da PSP.
Ministério não reagiu, ninguém foi preso…
24/09/2014 - Uma professora foi agredida em plena sala de aula pela mãe de um aluno, na manhã desta quarta-feira. Tudo aconteceu em Rossio ao Sul do Tejo, em Abrantes, e a docente teve de ser assistida no hospital devido aos ferimentos que sofreu.
Ministério não reagiu, ninguém foi preso…
08/12/2016 - Uma ocorrência na sala de aula acabou ontem com uma agressão da mãe de um aluno a uma professora no interior da escola básica do 2.º e 3.º ciclos André Soares, em Braga
Ministério não reagiu, ninguém foi preso…
09/05/2019 - Um aluno de 14 anos agrediu hoje uma professora e uma funcionária da EB 2,3 de Abação, em Guimarães, que sofreram ferimentos considerados “ligeiros”, disseram à Lusa fonte dos bombeiros e da GNR
Ministério não reagiu, ninguém foi preso…
17/10/2019 - Dois professores e dois auxiliares da Escola Básica, 2,3 de Valença apresentaram, esta quinta-feira, no posto da GNR local queixa por agressão contra o pai de uma aluna.
Ministério não reagiu, ninguém foi preso…
Em suma, que célere foi a Justiça no caso do professor, e tão inerte tem sido no caso dos encarregados de educação e seus educandos. Justo seria que fossem tratados com a mesma rapidez.
Quando os criminosos sabem que podem agir impunemente, a tendência para que determinadas acções se produzam e reproduzem, multiplicam-se. Conclusão óbvia.
Os professores agredidos sentem-se desamparados e injustiçados, mais uma vez. Acresce ainda, um número invisível, e por isso desconhecido, de agressões que são abafadas e ignoradas pelas Direcções das Escolas, que teimando varrer para debaixo do tapete o problema, fingem que está tudo bem. A tutela gosta. A palavra de ordem é "pontual", que é como quem diz, nada de grave! Adiante...
Este professor estava a substituir uma colega, com um horário de 6 horas, ganhando algo como 300€. Não sei se é natural de Lisboa, deve ser, pois dizem que para os professores é impossível encontrar casa compatível com os vencimentos, sendo isto, também, explicação para as escolas sem professores. Terá este professor substituto?
Sabe-se já, que em breve, não teremos professores suficientes; e perante este quadro negro, compreende-se bem que ninguém queira exercer uma profissão, já de si, tão exigente e desgastante, quanto mais mal paga, nómada, e desrespeitada, pelo M.E. , sociedade e alunos.
A escola em vez de ser um lugar seguro para todos, está a tornar-se ela própria num foco de violência, graças ao desrespeito pela classe docente e, também, há que dizê-lo, pela falta de auxiliares educativos. Na Escola da minha filha, com 1600 alunos, há 26 funcionários! Só com muita força de vontade, civismo e a graça de Deus é que as coisas poderão correr bem!
Enquanto pais é isto que queremos para os nossos filhos? Não queremos, antes, ver a classe docente respeitada com autoridade suficiente e reconhecida, para exigir comportamentos adequados aos alunos, no recinto escolar?
O caos grassa em todos os setores da nossa sociedade, mas seria a partir daqui que as coisas poderiam mudar; é aqui, também, que se formam cidadãos. Mas para isso, a Escola tem de ser forte, e ao dizer "Escola" refiro-me não às suas paredes, mas a quem a faz, os professores.