terça-feira, 25 de janeiro de 2022

"Enquanto houver alguém que se lembre..."

Dizem por aí que só morremos realmente quando já ninguém se lembrar de nós. Faz sentido. 

Todas as vezes que morre alguém que conheceu o meu pai fico um pouco triste, sinto que ele morre mais um bocadinho. No caso, um senhor que trabalhou na fábrica da minha família, e cujo pai também lá trabalhou antes. Contou-me coisas que eu não sabia, como por exemplo, antes do Natal o meu avô oferecia um lanche aos trabalhadores, e ele sabendo disso pelo pai, e sendo criança ainda, aparecia por lá e deixavam-no entrar. " A mesa tinha coisas que nós não comíamos habitualmente", disse-me ele. 

Que me chamavam "a menina da fábrica", porque eu andava sempre por lá. Tinha ideia que ia muito para o escritório, com o meu pai, mas ele ter-me contado isto fez-me compreender que eu teria andado mesmo muito por ali. 


E contou-me outras coisas, sobre o meu pai, que me aqueceram o coração.

Pode ser que se encontrem, novamente, noutra dimensão mais feliz e pacífica.

Até sempre, Sr.G.