segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Pessoas Comuns Fora de Série

Estava eu numa sala de espera, e a senhora sentada ao meu lado começou a falar comigo; aguardava a vez para fazer um exame, enquanto eu esperava a pessoa que fui acompanhar. Não sei a idade, tem um filho de 43 anos, disse-me, e trabalha como cuidadora de uma septuagenária. Contou-me como era um trabalho difícil, apesar de ser apenas nocturno, e de durante o dia essa senhora ter mais duas empregadas a cuidar dela.  Em 3 anos apegou-se muito àquela senhora, que tem ainda o filho de 45 anos a viver com ela, mas que nada faz pela mãe. Bem, as coisas têm mudado, por conta desta minha interlocutora, que por diversas vezes tomou a iniciativa de se dirigir ao filho e o chamar à razão; "É muito mimado, sabe? Habituou-se a receber, e não está acostumado a dar", explicou-me. Porém, o bom senso e bom coração desta senhora, de aparência humilde e Português atropelado, tem levado a grandes mudanças naquela casa e família. 

Mencionou que não quer que o próprio filho bata no neto, e que o primeiro lhe diz "Ai não quer? Mas você a mim batia-me!" Ao que ela lhe perguntou " E tu gostaste? Não pois não? Então agora não batas, faz melhor que é obrigação dos filhos fazer melhor do que os pais."

Adorei aquela senhora. E tenho pensado muito nela, e na sabedoria que a vida lhe proporcionou. Espero que não tenha nada de grave e continue por aqui, a ensinar e inspirar as vidas que toca.