Não sei se notaram mas os mais novos não estão a usar o FB. Eles gostam das redes sociais, aliás, têm com elas uma relação que vai para além de gostar e precisar, é mais propriamente na escala do vício. O telemóvel na mão, sempre, a última coisa a largar antes de adormecer e a primeira a pegar, ao acordar. Portanto, usam-no para diversas coisas e também para comunicar, mas não no FB. À medida que os pais foram entrando, eles foram saindo. Claro que se o recreio ficar cheio de adultos, as crianças não vão querer lá ficar, vão encontrar outros recantos para brincarem sossegadas. E foi o que fizeram, encontraram espaços cuja frequência e presença lhes convém ainda mais, poucas palavras, ou mesmo nenhumas, e muitas imagens, que é como quem diz, muitas fotos, e isso é apenas a cereja em cima do bolo.
Em férias de Verão as fotos proporcionam-se mais do que nunca. Qualquer saída em grupo ou mesmo com a família, propicia fotos giras para o Insta, um lanche, um gelado, uma ida à praia e piscina. Fotos de qualidade, é certo, mas também muitas que fariam corar os progenitores, se as vissem.
Não são novidades, são inspirações (para não dizer cópias)de figuras mediáticas que se destacam pela vulgaridade (generoso eufemismo!), sendo portanto, seguidas por milhões de fãs. E meninas, cada vez mais novas, imitam as poses e os biquínis, fotografando-se de forma totalmente desadequada para a idade, e pior, publicando as fotos com a maior das naturalidades. A naturalidade de quem não tem noção, nem freio.
A esfera do nosso poder educativo não se restringe à realidade,
portanto, a presença dos educadores deve estar também no mundo virtual. É mais do que um direito nosso, é nosso dever! E por isso, aconselho todos os pais a seguirem os filhos em todas as redes sociais. Abram contas, mesmo que não as utilizem activamente; usem-nas apenas como "testas de ferro" para acompanhar o que os vossos filhos fazem, aonde e com quem. Vão aí recolher informações que eles não contam. Vão ficar a par de um aspecto das suas vidas que de outro modo não conheceriam nunca. Não façam ondas, nada de colocar likes e "corações", muito menos comentários, façam-se de distraídos, que os vossos filhos, entre os 800 seguidores, nem vão reparar que têm ali os pais. Mas acompanhem. E depois conversem, chamem à atenção, eduquem. Porque de facto, o que por lá se publica, a mim, deixa-me muito preocupada; é uma espécie de território sem lei e sem vigilância, e sítios destes tornam-se facilmente contaminantes.