quarta-feira, 12 de junho de 2019

Com os Cravos Nos Olhos

Não segui na televisão as Comemorações do 10 de Junho, e por isso não ouvi o discurso de João Miguel Tavares, presidente das Comemorações do 10 de Junho em Portalegre, mas ainda no mesmo dia li nas redes sociais diferentes apreciações; a maioria elogiava, alguns outros invectivavam-no de populista, mas definitivamente, foi o epíteto "discurso salazarento" que me exortou a ler. 

Confesso que nem sequer conhecia o senhor; não vejo "O Governo Sombra", nem leio a sua crónica no jornal, e portanto ignorava que é formado em Economia e professor universitário. Continuo sem saber se partidariamente, se coloca à esquerda ou à direita. Aliás, ele mesmo diz, que não lhe importa a que partidos pertençam os políticos, apenas espera que sejam íntegros e competentes.
O seu discurso foi bastante pessoal, para se dar como exemplo de uma família que geração após geração consegue progredir na vida, ao contrário do que agora sucede, pois já não se trata apenas de ter oportunidades de estudo, mas de ter cunhas para encontrar empregos bem remunerados. 

Acusam-no de mencionar temas queridos da direita, como os incêndios, e a família, mas quanto a mim, qualquer pessoa de bom senso e com o coração a bater no sítio certo, sente os temas da mesma forma. Porém, não deixa de tocar no tema Educação, esse querido pela esquerda, num panegírico à escola pública. E fez muito bem. 

O seu longo discurso foi frontal e assertivo, e por isso a corrupção e a avaliação da classe política não ficaram de fora. Certamente que esta avaliação ressoa no povo, e o aval deste confirma para os melindrados, que o discurso é populista. Ora, segundo o Priberam, por Populismo entende-se que seja a doutrina ou pratica política que procura obter o apoio popular através de medidas, que aparentemente, são favoráveis às massas. 
Sendo as massas a faixa populacional mais numerosa, torna-se num estado democrático, automaticamente a maioria, e quando a maioria quer algo, elege os políticos que se lhe propõem a pôr em prática as tais medidas que lhes são favoráveis. É assim que funciona o sistema!

Populismo tornou-se uma das palavras censuradas para os promotores do politicamente correcto, e efectivamente, o discurso de João Miguel Tavares não encaixa no politicamente correcto, e por isso mesmo tanto ofendeu os seus defensores. Quando os discursos não seguem esta linha delimitadora, dizem-se coisas que sendo verdadeiras, são constrangedoras. Para alguns.   
Doutrina ou prática política que procura obter o apoio popular através de medidas que, aparentemente, são favoráveis às massas.

"populismo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/populismo [consultado em 12-06-2019].
 Doutrina ou prática política que procura obter o apoio popular através de medidas que, aparentemente, são favoráveis às massas.

"populismo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/populismo [consultado em 12-06-2019].
 Doutrina ou prática política que procura obter o apoio popular através de medidas que, aparentemente, são favoráveis às massas.

"populismo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/populismo [consultado em 12-06-2019].

Contudo, se um capitão de Abril afirmar, com todas as palavras, que Precisamos de um homem com a inteligência e honestidade de Salazar, ninguém ousará acusá-lo de populista ou salazarento!

O povo português está cansado e farto da corrupção, da incompetência política, e da brandura da Justiça, para com os criminosos de colarinho branco. Já não suporta os impostos, a dívida crescente do país, por saber que se deve à negligência e desonestidade política. Constatar isto não é populismo, é olhar de frente um problema gigante, que o povo quer resolvido. Se querem varre-lo para debaixo do tapete, senhores políticos e comentadores de serviço, façam-no. Veremos até quando.


Vídeo do Discurso de 10 de Junho de  João Miguel Tavares 

Discurso de 10 de Junho de João Miguel Tavares