quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Desafios da Era Digital

"Os números revelados por um estudo recente sobre crianças e internet são preocupantes: um quinto dos pais europeus não toma qualquer medida para proteger as crianças e 31% admitem não ter qualquer controlo sobre o que os filhos vêm na Internet. 
Segundo o estudo, perto de dois terços (61%) dos pais com filhos menores de 18 anos preocupam-se com o acesso a conteúdos inapropriados, mas três quartos (76%) não têm qualquer software que os ajude a minimizar estes riscos.
O estudo, realizado pelas empresas de segurança informática Kaspersky Lab e B2B International, conclui que, apesar da falta de controlo efectivo, metade dos pais acredita que as ameaças online estão a crescer.
Entre as principais preocupações estão o medo de que os filhos se tornem viciados na internet, que comuniquem com estranhos, que partilhem informações pessoais, que não consigam perceber se estão perante malware e que sejam vítima de ciberbullying.
Além destas ameaças diretas às crianças, os pais também se preocupam com a forma como o comportamento descuidado dos filhos pode afetar o resto da família, como por exemplo a perda de informação pessoal (27%) ou gastos inesperados resultantes de compras através de jogos online (25%).
“Ser protetor é um instinto paternal, mas o panorama online está a mudar todas as regras. Este relatório revela que os pais temem que o número de ameaças online à segurança dos seus filhos estejam a aumentar, sentindo que muito do conteúdo disponível na Internet não está regulado”, afirma Alfonso Ramírez, diretor geral da Kaspersky Lab Iberia." Via Sol

Raros são os casos de crianças que não têm contas em redes sociais, ou não jogam online. É difícil, praticamente impossível, impedi-los de aderirem àquilo que a grande maioria dos amigos e colegas fazem. Encontrar um equilíbrio entre o que permitir e o limite do permissível não é óbvio nem fácil. Este estudo comprova que os pais têm noção dos perigos da internet, porém a gestão do "problema" dá trabalho, necessita de empenho e tempo, o que se revela uma conjugação deveras desafiante. 
 
Houve uma geração que passou das play-stations para os computadores, e que são agora jovens adultos; e, existe agora uma geração de crianças que começam ainda mais cedo, praticamente bebés, a brincar com tablets e telemóveis. Em ambos os casos existe um número crescente de crinças e jovens viciados; casos de birras gigantescas, e casos de quem passa horas sem comer, dormir e ir à escola, para ficar a jogar. Obviamente que esta situação provoca consequências, para além dos problemas familiares e sociais, alterações de humor e ansiedade.
 
Segundo o psicólogo Jorge Faria, há sinais que denunciam adição, como a reacção de violência, ou tristeza profunda, quando aos jovens lhes são retirados os gadjets. 
Já Nuno Moreira, do Centro Internet Segura, afirma que embora não existam substâncias tóxicas, no corpo, que provocam dependência, os processos de resposta cerebral são idênticos. 
 
De acordo com o psicólogo João Faria, "A adição mais habitual dá-se nos jogos multiplayer"; é fácil compreender porquê, existe uma forte sensação de inter-acção, de se encontrarem entre amigos, numa plataforma virtual que lhes parece real. 
Embora a maioria dos casos ocorra entre os 12 e os 24 anos o risco começa a partir dos oito ou nove. 
 
Para Tito de Morais, professor e fundador do projecto Miúdos Seguros na Net,  devem ser adoptadas regras no uso da tecnologia; a gestão do tempo no ecrã e a definição de prioridades. 
 
Tanto João Faria como Nuno Moreira concordam que bloquear o acesso à internet não é solução; por um lado, o seu uso é necessário para a realização de trabalhos escolares, e por ser possível aceder de qualquer lado. Sendo preferível que não seja feito longe dos pais.
O primeiro psicólogo aconselha ainda, aos pais, a jogarem com os filhos, para entenderem melhor como aquele passatempo está a transformar-se num vício. 
Considero esta sugestão particularmente interessante, um passatempo que possa ser vivido entre pais e filhos já é uma mais-valia, ainda com o bónus de haver um adulto a dizer, a certo ponto, " por hoje, chega!".
 
Como regra geral, a política preventiva deve ser prática aplicada; por isso, a vigilância e acompanhamento, do que os nossos filhos fazem na internet, devem ser habituais e rigorosos. 
 
Informação:
Revista Tabu, nr 450, 10 Abril 2015