quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Era uma vez um Planeta...




Era uma vez um lindo planeta azul. Tudo nele era perfeito e exuberante; um mar rico em vida, reflectindo o azul do céu; uma fauna maravilhosamente diversificada; e uma flora absolutamente gigantesca em variedade, beleza e abundância. 
Depressa se tornou lar do homem, que passou gerações a descobri-lo, a explorá-lo, e a maravilhar-se com tanto esplendor e riqueza. Tudo o que o homem necessitava a natureza dava-lhe. O sol aquecia-o, e fazia crescer a vegetação. O solo dava-lhe nutrientes para que as suas plantações crescessem saudavelmente. A água cristalina saciava-lhe a sede a regava as plantas. O vento refrescava-o, e empurrava as embarcações. Havia um equilibro entre o planeta e o homem, embora o Planeta não fosse do homem, mas este fosse do Planeta. 
Todavia, os homens multiplicaram-se, e por serem muito numerosos começaram a acreditar que eram os donos do planeta, e que este existia unicamente para os servir. Exploraram-lhe exaustivamente os recursos, esgotaram filões, sujaram-lhe as águas puras, maltrataram-lhe o solo, e poluíram o ar, tudo para adquirirem mais coisas, que transformavam noutra coisa, chamada dinheiro. 
O equilíbrio perdeu-se. O homem esqueceu que necessitava do planeta, mas que este não precisava dele, e continuou a maltratá-lo. 
O pior aconteceu quando um dos homens, dominado pela ganância de ter mais, se lembrou de reclamar para si a posse das sementes; já não eram da natureza, ele guardava-as num cofre, e misturou-lhes um pó mágico, para que elas fossem mais resistentes, e ainda mais abundantes. Embora contaminassem tudo à sua volta, embora gerassem plantas estéreis. E vendeu-as por um preço muito alto.

Outro homem lembrou-se de reclamar para si a água. Quem quisesse beber teria que pagá-la. Não poderiam ter poços nos seus quintais, nem sequer recolher água da chuva. A água era dele!

Outro homem, lembrou-se ainda de se apropriar do ar. Quem pretendesse ter uma boa saúde teria que pagar pelo oxigénio mais puro, e por isso teria que adquirir as suas máquinas.

E outro homem ainda, apoderou-se do sol! Chamou-lhe seu, e tudo e todos que necessitassem dele haveriam de pagar bom dinheiro.

O Planeta ia perdendo as suas cores maravilhosas, e adquirindo um tom cinzento. Assim como o homem. Mas este não via nem compreendia que destruindo o planeta se destruía também. 

Qualquer semelhança desta história com a realidade não é pura coincidência. 
O nosso mundo, tal como o conhecemos, está a sofrer imensas transformações. Somos muitos, e pior, temos um estilo de vida incompatível com o que o planeta nos pode dar, e regenerar. Para colmatar, grandes grupos económicos, lobbies poderosíssimos, estão a fazer pressão sobre os governos mundiais para se apropriarem dos bens naturais das nações; pretendem salvaguardar a soberania corporativa, acautelando-se contra processos judiciais por crimes contra o ambiente, mas permitem-se processar o Estado. 

Aceitar a legitimação da mudança do paradigma do poder das grandes empresas coloca-nos num nível inédito de perigosidade. 
Enquanto cidadãos, não podemos permitir que tal aconteça. 

Enquanto mães e pais, preocupamo-nos com a alimentação dos nossos filhos, com a educação, com a saúde, e naturalmente com o futuro deles. Por tudo isso deveríamos estar nas ruas, em massa, a protestar contra a assinatura do Tratado Transatlântico. E no mínimo dos mínimos, assinar a petição. Aqui.

Mais informação:
1. TTIP e CETA, o que são?

2. 1O razões contra o TTIP 

3. Espanha privatiza o sol