segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Mulheres que não querem ter filhos




Àquela frase: "-Vais-te arrepender de não teres tido filhos", respondem silenciosamente muitas mulheres "estou arrependida de ter sido mãe". Não o podem dizer em alta voz, pois a sociedade condena estas mães que se renegam, não compreendendo a rejeição daquilo que lhes deveria ser natural. Pois bem, não é natural para todas as mulheres ter filhos. Não é papel que todas desejem desempenhar. Não é capacidade que tenham, nem vontade de realização. Muitas, apenas consentem obrigadas pela pressão familiar e social.

Mulheres que não querem ter filhos, não têm implicitamente qualquer problema; não são automaticamente estéreis, não estão deprimidas, não tiveram necessariamente traumas na infância, não precisam de terapia, nem detestam crianças. Não são egoístas, nem menos femininas por isso. Já escrevi aqui uma vez, que talvez as mulheres que escolhem não ter filhos sejam as mulheres mais lúcidas de todas. Porque convenhamos, a maternidade não é profissão, nem passatempo, é missão de vida; a responsabilidade de criar um ser, tentando fazer dele alguém saudável, equilibrado e feliz, é uma super tarefa. E ninguém sabe exactamente como se consegue isso. No entanto, ninguém se cobra mais pela suas falhas do que uma mãe. Ninguém é tão implacável consigo própria. Pois, mais uma vez, a sociedade atribui à mãe, a responsabilidade da educação dos filhos, muito mais a ela do que aos pais. 

Nenhuma mulher deveria sentir-se obrigada a gerar um filho; não é um desígnio comum a todas nós, e está tudo bem! Quem não resiste e cede, apenas troca de "prisão", liberta-se da pressão social para se acorrentar a outra maior, mais presente e para sempre. Com o bónus dual de amar e renegar, então sim, certamente se aproximarão da doença, conflito interior e depressão. Nenhuma mulher tem obrigatoriamente que ser mãe. E ninguém tem nada com isso. 

"Estou muito arrependida de ser mãe", Sábado