"Discutir" tem uma conotação pejorativa, como se implicasse obrigatoriamente uma altercação de palavras desagradáveis, confronto violento que leva automaticamente a zanga e má-disposição. É verdade que as pessoas ficam alteradas quando discutem, que se deixam levar pelas emoções e descarrilam ao dizer o que não devem, comummente ofensas, que obviamente conduzem a uma discussão acesa de ambas as partes.
Portanto, a discussão em si, que é apenas uma debate de ideias não tem nada de nocivo, pelo contrário, é um exercício da expressão de opinião que pode levar o outro ( e a nós!) à reflexão... ou não. Temos que estar preparados para isso, que o outro nos ouça e os nossos argumentos continuem a não fazer-lhe sentido. Aceitar esta postura, ainda que nos pareça transparente cristalino como estamos certos. Mas afinal, o que é isso de estar certo? Quem nos garante? A razão, certamente, os factos mais concretamente quando os há, todavia, a interpretação de um e outro pode ser subjectiva, afecta a personalidades diferentes e percursos de vida diversos. E assim, é difícil chegar a um consenso e concluir o que é certo para todos.
Discutir per se é muito interessante e muito aconselhável, a forma como se faz é que muda tudo. Começa pelo tom; não é quem fala mais alto que tem mais razão, ou que convence melhor; acontece que isso resulta em intimidação, e o outro poderá acabar por se calar. O que não significa rendição, embora muitos pensem que com isso conseguiram convencer o outro; pelo contrário, é um falhanço total.
Compreendo que a frustração de não conseguir convencer o outro para aquilo que nos é óbvio poderá resultar em frustração, e que isso se expresse em irritação, mas este é o limite extremo. Que a irritação e nervosismo se expressem com palavras que magoam, diminuem, intimidem é inaceitável.
Portanto, há pessoas que se colocam a si mesmas em pedestal por serem muito sinceras e frontais, e por agirem em conformidade, dizendo tudo o que lhes passa pela cabeça, o que sentem e pensam, como se isso fosse de facto a prova da sinceridade que apregoam. Não é razão de orgulho, é apenas a expressão descontrolada do que pensam e sentem, que não passou pelo crivo da razoabilidade, sensibilidade e justiça. Nem tudo o que pensamos está certo, porque não conhecemos o assunto, o problema, a questão na sua totalidade; porque temos falhas, muitas vezes induzidas pela emoção. E porque nós próprios temos falhas, devemos cautelosamente utilizar alguns filtros.
A discussão, como troca de ideias é salutar e apanágio de mentes que querem crescer e fazer crescer. Eu gosto dessas discussões, e quando o assunto me é precioso, sou capaz de o discutir apaixonadamente o que por vezes, admito, possa parecer "vigoroso" demais, porém, sou capaz de ouvir o outro com opinião contrária, e aceitar que a tenha e mantenha. A própria questão da "discussão" já me deixa empolgada, mas também um pouco angustiada, por ver como as gerações mais jovens estão a perder a capacidade de lidar com ela.
Preocupa-me que os jovens não sejam capazes de expressar as suas opiniões, sobretudo quando elas são, na maioria das vezes, contrárias àquilo que as gerações mais velhas pensam. Gostaria que tivessem condições de exercer esse direito, e serem ouvidos, mas frequentemente o argumento do " ainda és muito novo, não sabes", cala-os e refreia-os. Se é assim em família, a Escola segue a mesma linha, com a obrigatoriedade da memorização e até retaliação quando a expressão do pensamento crítico se manifesta, contrária ao que os professores pretendem. Como a mera interpretação de um poema, por exemplo. Sim, tão simples quanto isso.
A Dialéctica é um conceito que aprendem em Filosofia, mas apenas para mais uma vez o memorizar. Que fosse exercício transversal a todas as disciplinas seria o ideal. Que interiorizassem a prática para a trazerem ao mundo real, à vida quotidiana, seria um 20 merecido. Para os professores, claro.
Discutir pode não ser disputar a razão, obter o troféu da verdade absoluta, pode apenas ser uma troca de palavras e ideias entre duas ou mais pessoas, sem que isso ponha em causa a inteligência ou sensibilidade de quem a certo ponto poderá ceder. Ou não. O que se põe aqui em causa é a maturidade emocional das pessoas, que não se sintam agredidas, que não se sintam desrespeitadas, que não se sintam isoladas perante pontos de vista contrários; e que não retaliem com as mesmas armas.
Todos temos direito a ter opinião e a expressá-la, é um direito protegido por Lei. Falta aprender a estar na discussão com respeito pelo outro, e por aquilo que ele expressa. Sem pressão para convencer, e com consciência para aceitar. É bonito quando se discute assim, e certamente muito mais proveitoso para todos.
Portanto, a discussão em si, que é apenas uma debate de ideias não tem nada de nocivo, pelo contrário, é um exercício da expressão de opinião que pode levar o outro ( e a nós!) à reflexão... ou não. Temos que estar preparados para isso, que o outro nos ouça e os nossos argumentos continuem a não fazer-lhe sentido. Aceitar esta postura, ainda que nos pareça transparente cristalino como estamos certos. Mas afinal, o que é isso de estar certo? Quem nos garante? A razão, certamente, os factos mais concretamente quando os há, todavia, a interpretação de um e outro pode ser subjectiva, afecta a personalidades diferentes e percursos de vida diversos. E assim, é difícil chegar a um consenso e concluir o que é certo para todos.
Discutir per se é muito interessante e muito aconselhável, a forma como se faz é que muda tudo. Começa pelo tom; não é quem fala mais alto que tem mais razão, ou que convence melhor; acontece que isso resulta em intimidação, e o outro poderá acabar por se calar. O que não significa rendição, embora muitos pensem que com isso conseguiram convencer o outro; pelo contrário, é um falhanço total.
Compreendo que a frustração de não conseguir convencer o outro para aquilo que nos é óbvio poderá resultar em frustração, e que isso se expresse em irritação, mas este é o limite extremo. Que a irritação e nervosismo se expressem com palavras que magoam, diminuem, intimidem é inaceitável.
Portanto, há pessoas que se colocam a si mesmas em pedestal por serem muito sinceras e frontais, e por agirem em conformidade, dizendo tudo o que lhes passa pela cabeça, o que sentem e pensam, como se isso fosse de facto a prova da sinceridade que apregoam. Não é razão de orgulho, é apenas a expressão descontrolada do que pensam e sentem, que não passou pelo crivo da razoabilidade, sensibilidade e justiça. Nem tudo o que pensamos está certo, porque não conhecemos o assunto, o problema, a questão na sua totalidade; porque temos falhas, muitas vezes induzidas pela emoção. E porque nós próprios temos falhas, devemos cautelosamente utilizar alguns filtros.
A discussão, como troca de ideias é salutar e apanágio de mentes que querem crescer e fazer crescer. Eu gosto dessas discussões, e quando o assunto me é precioso, sou capaz de o discutir apaixonadamente o que por vezes, admito, possa parecer "vigoroso" demais, porém, sou capaz de ouvir o outro com opinião contrária, e aceitar que a tenha e mantenha. A própria questão da "discussão" já me deixa empolgada, mas também um pouco angustiada, por ver como as gerações mais jovens estão a perder a capacidade de lidar com ela.
Preocupa-me que os jovens não sejam capazes de expressar as suas opiniões, sobretudo quando elas são, na maioria das vezes, contrárias àquilo que as gerações mais velhas pensam. Gostaria que tivessem condições de exercer esse direito, e serem ouvidos, mas frequentemente o argumento do " ainda és muito novo, não sabes", cala-os e refreia-os. Se é assim em família, a Escola segue a mesma linha, com a obrigatoriedade da memorização e até retaliação quando a expressão do pensamento crítico se manifesta, contrária ao que os professores pretendem. Como a mera interpretação de um poema, por exemplo. Sim, tão simples quanto isso.
A Dialéctica é um conceito que aprendem em Filosofia, mas apenas para mais uma vez o memorizar. Que fosse exercício transversal a todas as disciplinas seria o ideal. Que interiorizassem a prática para a trazerem ao mundo real, à vida quotidiana, seria um 20 merecido. Para os professores, claro.
Discutir pode não ser disputar a razão, obter o troféu da verdade absoluta, pode apenas ser uma troca de palavras e ideias entre duas ou mais pessoas, sem que isso ponha em causa a inteligência ou sensibilidade de quem a certo ponto poderá ceder. Ou não. O que se põe aqui em causa é a maturidade emocional das pessoas, que não se sintam agredidas, que não se sintam desrespeitadas, que não se sintam isoladas perante pontos de vista contrários; e que não retaliem com as mesmas armas.
Todos temos direito a ter opinião e a expressá-la, é um direito protegido por Lei. Falta aprender a estar na discussão com respeito pelo outro, e por aquilo que ele expressa. Sem pressão para convencer, e com consciência para aceitar. É bonito quando se discute assim, e certamente muito mais proveitoso para todos.