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Em apenas um mês consegui ler esta tetralogia, e à medida que ia lendo o último, a pena antecipada em terminá-lo invadia-me. Portanto, a vontade de ler compulsivamente, sentida no primeiro livro, manteve-se até ao fim e não consegui refrear a leitura, nem com a ideia de a poupar, prolongando assim este prazer.
A escrita de Elena Ferrante agarra o leitor desde o primeiro parágrafo ao último, os acontecimentos sucedem de forma caótica e porém, perfeitamente engrenados. E nós só queremos ler mais, mais alguma coisa que nos elucide e possa dar-nos informação para escolher facções.
O estranho é que Lenú, sendo a narradora, não consegue manipular a história de forma a tornar-se personagem preferida, a sua sinceridade mantém-na cativa, tanto quanto a voz omissa de Lila a protege daquilo que nós apenas adivinhamos.
O terceiro volume passa-se nos anos 70, com uma Itália agitada politicamente que serve de pano de fundo às personagens já conhecidas. Encontramos Elena a viver uma vida de sonho, colheu os frutos do seu lavor e conseguiu escapar ao bairro napolitano; parece que tudo lhe sorri, marido intelectual de boas famílias, livro publicado com sucesso, retrato de família completo, com as duas filhinhas (um tanto inesperadas), perfeitamente estabelecida na sua rotina burguesa. Por seu lado, Lila leva agora uma vida de dificuldades e sobressaltos, que Lenú propositadamente ignora, e que vem apenas a conhecer a pedido de Enzo. A vida das duas volta a entrelaçar-se e novamente Lila como que renasce das cinzas, provocando em Lenú as habituais comparações e espoletando os velhos ressentimentos; a competição recomeça, como sempre que estão juntas. E constantemente, o destino desata nós e faz laços como que brincando com os pobres humanos, entregues a uma sorte da qual não conseguem escapar. Querendo ou não. E os acontecimentos surpreendem-nos e fazem-nos recear sempre o pior, até porque o que é bom, nunca dura.
Título – História de quem vai e de quem fica
Autora – Elena Ferrante
Editora – Relógio D’Água Editores
Páginas – 325