quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Habitação para estudantes? Boa sorte!




Inicio de ano lectivo coincide com a divulgação das admissões à Universidade. Um momento de grande importância na vida de milhares de jovens, por se decidir não apenas o seu futuro profissional, mas também por coincidir com a saída de casa dos pais, um marco que frequentemente divide as águas. Portanto, é natural que o acontecimento seja emocionante e de grande alegria. Avançam pais e filhos, para a etapa de procurar quarto para alugar ou casa para dividir. Há muito que é assim, porém nos últimos anos esta tarefa vai sendo cada vez mais complicada. Os preços das casas para os locais que pretendem arrendar têm subido de forma proibitiva, e os quartos igualmente. Todos querem fazer o negócio das suas vidas, e alugar através de sites online é que dá dinheiro, e pouco trabalho! Sobe a oferta dos transitórios, desde a dos definitivos.

Fala-se muito de Lisboa e Porto, ouvi estes dias o presidente de uma associação de estudantes dizer que nos últimos quatro anos, um quarto tinha aumentado em média cerca de 100€. Contudo, muitas outras cidades, de onde não esperaríamos esta tendência, apresentam o mesmo problema. Disse-me uma amiga que em Braga, o mesmo apartamento alugado a 4 estudantes há três anos atrás por 350€, está agora para arrendar por 750€.
Sei também que o problema não se restringe a Portugal, uma jovem estudante de Música que vai este ano fazer o Mestrado em Frankfurt, encontrou um quarto por 400€, mas apenas por especial favor e durante dois meses, o tempo para procurar onde ficar definitivamente; o motivo? A proprietária pretende pô-lo no AirBnb, onde ganha mais e gasta menos. 

Esta loucura do Turismo, mas também dos estrangeiros endinheirados que estão a mudar-se para Portugal, desestabilizou completamente o mercado imobiliário. E isto é tremendamente importante, pois está a reflectir-se na vida dos portugueses de uma forma incontornável. 
Vão agora os Tripeiros sair da cidade, e viver para Penafiel, como sugeriram a uma senhora, que nasceu, vive e trabalha no Porto, para que o seu prédio possa ser vendido e transformado num Hostel?! Irão, agora os estudantes começar a concorrer a Universidades pelo critério da habitação? Nenhum dos meus filhos irá para Lisboa, é clarinho transparente. Mas está certa, uma coisa destas? 

Um secretário da Educação dizia esta semana que para o ano o governo vai proceder ao aumento de habitação própria para estudantes, em sequência da falta deste tipo de oferta. Típico, a Política faz-se de véspera, não há planeamentos atempados, projecções ou o que quer que o valha que funcione efectivamente. Há anos que a construção de Republicas deixou de ser prioridade, e se viesse tarde e em más horas já não seria mau de todo, alguém beneficiaria, mas ainda assim guardo muitas dúvidas quanto à concretização deste projecto. 
Neste momento pais e alunos estão por sua conta. E basicamente é isso, uma questão de fazer muitas contas.