Passamos uma vida a tentar encontrar as palavras
certas para descrever com justiça e exactidão, um local, um sentimento, uma situação, uma pessoa, sem
sucesso. E de repente, encontra-se aquilo perfeitamente grafado por outrem, como se ela o tivesse também vivido ou sentido.
É mais do que o domínio da palavra; é como se
por artes mágicas, aquela pessoa tivesse entrado na essência, daquilo que nos foi vedado.
Isto a propósito do vinho que o meu pai produzia, para
consumo particular, quando eu tento descrever como era bom, e como deixava o
palato encantado de quem o bebia pela primeira vez:
“O que mais aprecio são pequenas colheitas particulares,
vinhos muito puros, leves e modestos, sem nomes especiais; podem beber-se fácil
e inofensivamente em grande quantidade, e têm um sabor doce e agradável a campo
e a terra, a céu e a bosque. “
In O lobo das Estepes, Hermann Hess