Presente da Letícia em 2015 |
Quando os meus filhos me traziam destes presentes, muitos felizes eles, apenas porque sabiam que me estavam a oferecer um presente, e lhes diziam que a mãe iria ficar também muito feliz, eu perguntava-lhes o que é que eles tinham feito, exactamente naquele trabalho; se fosse uma bolinha pintada, um recorte colado, uma impressão do seu dedo, era isso que eu elogiava. Confesso que não guardei nenhum destes "trabalhos", foram todos descartados para o lixo ou reciclagem, como descartada é a vontade das crianças fazerem os presentes para as mães. Porém, tenho guardados todos os presentes que os meus filhos que fizeram e ofereceram, pastas e pastas de pequenos tesouros imperfeitos, que para mim têm grande valor. E agora, quando lhos mostro, eles revêem-se emocionados, dos bebés e pequenas crianças que foram. São recordações genuínas, manifestações da essência das crianças, e não aproveitar este potencial, negando-lhes a possibilidade de revelarem a sua criatividade, é como podar-lhes cruelmente a imaginação, é dizer-lhes: o que tu fazes sozinho não presta, é feio. E infelizmente, creio mesmo que há casos em que estas palavras são ditas com inequívoca clareza.
Os meus filhos tiveram sempre em casa à disposição, todo o material necessário para as artes plásticas, e portanto, foram sempre estimulados e motivados para exercerem de pequenos artistas. A Escola não os submeteu, contudo, na maioria dos casos não é assim e eu lastimo profundamente que seja desta forma.
Deixem as crianças dar asas à imaginação, que seja "feio", imperfeito, incompreensível, esse é o caminho do progresso, os degraus para obras dignas de admiração, ou não, não interessa, o que de facto é importante é que as crianças se revelem, se mostrem verdadeiramente e venham elas próprias a conhecer as suas capacidades.
Simples, pessoal e totalmente amoroso. Como eu gosto. |