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Há pessoas que passam a vida à procura de defeitos. Viagens que correm mal, porque as pessoas são todas antipáticas naquele país. Comida que não presta. Livros que estão repletos de gralhas. Roupa cara que traz defeitos. Pessoas que não são perfeitas. E depois acham-se extraordinariamente perspicazes, dizem coisas do género: - Ah, eu tenho um olho clínico! Essas coisas saltam-me à vista.
E a vida vai correndo assim, numa lamentação permanente das coisas que não estão bem, ou não correm bem, como se fosse algo inquestionável e não se pudesse esperar outra coisa. Por vezes, em conversa com esse tipo de pessoas, respondo que a minha experiência foi muito diferente; e dou exemplos para ilustrar a minha opinião. Nem assim se mostram, não direi convencidas mas pelo menos divididas, de tal forma estão convictas do seu juízo.
Não posso afirmar que as suas experiências não sejam verdadeiras. Porém, tenho cá para mim que elas se focam apenas no que está mal, e minimizam o que corre bem, reduzindo experiências sistematicamente a más experiências. E como têm altos padrões de exigência, que dificilmente corresponderão à realidade, esbarram constantemente em desilusões. Porque a verdade essencial é esta: a perfeição não existe. A perfeição total e absoluta é divina, e mesmo assim, apenas para quem acredita.
Nós somos repletos de imperfeições. Então, porque esperar ( exigir!) a perfeição dos outros? Das coisas? De tudo?
Mesmo nas coisas realmente más que nos acontecem, há sempre um lado bom. Sucede que, frequentemente, o sofrimento não nos permite entende-lo, sobretudo no momento. À posteriori é mais fácil encontrar algo de positivo naquela experiência e compreender a situação no seu todo. O que também nem sempre acontece, porque a maioria das pessoas não se demora muito a reflectir sobre as situações. Preferem antes criticar. E assim, as situações repetem-se, e há sempre algo a censurar.
Estes dias vi um vídeo de alguém, que a propósito dos votos de feliz ano novo, dizia que antes se deveria desejar um novo eu; efectivamente, esperar mudanças na vida simplesmente porque o ano mudou é um voto de confiança no nada. Para que a vida mude em 2019, somos nós que temos de mudar, nós é que somos o agente da mudança.
Talvez achem que me contento porque as minhas expectativas são mais baixas. Não importa realmente, isso ou outra coisa qualquer, no fim de contas o que eu quero é ser feliz. E não queremos todos?