terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

As delícias ou perigos da I.A. ?

 
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Tenho que fazer este preâmbulo, pois já ouvi vezes demais mulheres, que por acaso são mães, afirmarem-se indiferentes a questões que à partida são "apenas" políticas, ou ambientais, ou sociais. E se na minha óptica qualquer cidadão deveria acompanhar estas questões, nós, as mães, muito mais interessadas deveríamos estar. Não basta educar, cuidar muito bem dos nossos filhos, proporcionar-lhes estudos e comodidades. O nosso papel não se circunscreve à esfera familiar, no que lhes diz respeito. Trata-se do futuro! E nós vamos cá deixar a nossa descendência.

Ouvi, inserido no Festival da Antena2, uma palestra sobre Inteligência Artificial, com os próprios "pais da I.A. em Portugal", e diz o professor Paulo Novais (com um curriculum extenso e desnecessário de reproduzir aqui), para não termos medo que os robots nos tirem os empregos, que isso não vai acontecer, e que aliás muitos desses trabalhos em nada dignificam a humanidade. A paixão com que fala da I.A. faz-me lembrar os jovens apaixonados pela primeira vez, não há defeito que se aponte. Os robots fazem isto, os robots são capazes daquilo, até já ganham aos campeões de xadrez! E quantas maravilhas mais estão no horizonte!

Se não o tivesse ouvido referir a eficiência de robots como PT's ou advogados, até poderia acreditar que robots-pedreiros, pescadores, mineiros, e até prostitutas, felizmente substituiriam  os homens. Mas não, as referências são todas intelectuais, e a subtracção das profissões nestas áreas, não só me parecem não encaixar na causa da indignidade, como podem ser desempenhados por humanos com facilidade e gosto.
Diz ainda que a redução do emprego dará mais tempo aos homens para actividades criativas, e eu pergunto: estamos todos talhados para as ter? Ou há muitos dentre nós, que por incapacidade, não se importam, e até encontram conforto, no desempenho das actividades repetitivas?

Seja como for, os empregos são desempenhados, sobretudo, para que o homem ganhe dinheiro, e sem empregos, para além da inutilidade que muitos sentirão, há-de faltar-lhes o sustento. Cenário para que surja uma crise sem precedentes na raça humana.

Se eu já tinha muitas reservas relativamente à I.A., depois de ouvir estes palestrantes fiquei mais inquieta ainda. São intelectuais inebriados pelas possibilidades infinitas que esta área lhes traz, e quiçá, ambicionando serem os primeiros a fazer algo com a I.A. que os inscreva na História. Se realmente o fazem pelo bem da humanidade? Fiquei com sérias dúvidas.