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Para os primeiros, é um problema resolvido; por exemplo, para pais que trabalham depois do actual horário lectivo. Deixam de necessitar de recorrer ao A.T.L., e com isso, menos um encargo no orçamento familiar. Ou então, as crianças passam a ficar resguardadas, em vez de deambularem pelas ruas entregues a elas mesmas.
Além disso, quem não quer, não fica! O horário não é obrigatório.
Para outros, como os professores e profissionais educativos, é um problema que surge, com a possibilidade de horários incompatíveis com as suas próprias famílias. Receosos de verem os seus horários mais fragmentados, entre escolas, e localidades diferentes.
Preocupados por anteverem alunos cada vez mais irrequietos e saturados da escola.
Muito se supõe, porém, o facto é que Portugal ocupa já o 2º lugar de mais horas na escola.
O famoso psiquiatra Augusto Cury afirmou: " Nunca tivemos uma geração tão triste, tão depressiva.", atribuindo a responsabilidade aos pais, Escola e excesso de estímulos. Haverá quem lhe rebata o discurso, e se negue a ver nele uma realidade preocupante?
Podemos filosofar, todavia é certo que tudo se conjuga a favor do mercado de trabalho. Mercê da crise, as relações laborais tornam-se cada vez mais insanas; reféns do medo ao desemprego e precariedade, os trabalhadores aceitam a disponibilidade absoluta, enquanto a remuneração vai em caminho inverso. Cada vez mais frequentemente, acumulam trabalhos. Indisponíveis para eles mesmos, e suas famílias. Para os seus filhos.
A nossa realidade promove a alienação de pais e filhos. Uns dependentes do trabalho, outros enclausurados em escolas e dependentes de consolas. O Estado, como um "bom patriarca", assim o institui.
Para fechar o ciclo, atam-se as pontas soltas; a escola fica aberta até às 19:30. Mas... alguém perguntou às crianças o que elas querem? O que elas precisam? O que elas sentem?