R . - Diz que neste momento os pais estão mais próximos dos filhos do que nunca, mas há um marcado défice de autoridade. Por outro lado, às vezes a autoridade é exercida de modo totalmente arbitrário. Para nós, educar é ainda humilhar?
Daniel Sampaio - Sim. O problema é que essa autoridade clássica, que é mais autoritarismo que autoridade, não funciona com os jovens de hoje, que têm muita noção dos seus direitos. Portanto, é preciso criar outro tipo de autoridade. Se um pai acompanhar um filho desde pequeno, esta autoridade será natural e reconhecida. Agora, se for um pai castrador, o filho adolescente vai dizer não a tudo. O que geralmente acontece é que temos dois extremos: ou pais que foram muito permissivos na infância (...) , ou pais muito autoritários, que criaram conflitos terríveis com os filhos. E portanto, não se desenvolveu naturalmente uma autoridade baseada na relação.
Infelizmente é mesmo assim que eu vejo a educação das crianças; os adultos servem-se do seu estatuto para impor o que querem, sem terem em conta o que a criança diz, pensa, sente e quer. Não pretendo com isto afirmar que os pais/educadores devam acatar o que elas querem, dizem, pensam e sentem, porque a nós cabe a responsabilidade da decisão, mas sim reclamar a validação do que as crianças pretendem; o reconhecimento do que sentem, o interesse em inclui-las nas conversas. Sem isto, as nossas decisões são apenas unilaterais, e vistas como autoritárias, por eles. O pior é que há pais que ainda fazem gala de o reafirmar, sintetizando autoritarismo com humilhação, com a célebre chave de ouro: "porque sim, eu é que mando!".
Nunca me aconteceu, após ter explicado porque faríamos, ou fariam, algo de que não concordavam sem compreenderem porque o fazíamos. Podiam até continuar contrariados, no entanto já tinham entendido que tinha mesmo que ser assim. Ficavam, e ficam, aborrecidos com o acto em si, mas não comigo. Havendo respeito, coerência, e reconhecimento, o resultado no relacionamento entre pais e filhos é efectivamente notável.
Daniel Sampaio - Sim. O problema é que essa autoridade clássica, que é mais autoritarismo que autoridade, não funciona com os jovens de hoje, que têm muita noção dos seus direitos. Portanto, é preciso criar outro tipo de autoridade. Se um pai acompanhar um filho desde pequeno, esta autoridade será natural e reconhecida. Agora, se for um pai castrador, o filho adolescente vai dizer não a tudo. O que geralmente acontece é que temos dois extremos: ou pais que foram muito permissivos na infância (...) , ou pais muito autoritários, que criaram conflitos terríveis com os filhos. E portanto, não se desenvolveu naturalmente uma autoridade baseada na relação.
In Revista Activa Set.2016
Infelizmente é mesmo assim que eu vejo a educação das crianças; os adultos servem-se do seu estatuto para impor o que querem, sem terem em conta o que a criança diz, pensa, sente e quer. Não pretendo com isto afirmar que os pais/educadores devam acatar o que elas querem, dizem, pensam e sentem, porque a nós cabe a responsabilidade da decisão, mas sim reclamar a validação do que as crianças pretendem; o reconhecimento do que sentem, o interesse em inclui-las nas conversas. Sem isto, as nossas decisões são apenas unilaterais, e vistas como autoritárias, por eles. O pior é que há pais que ainda fazem gala de o reafirmar, sintetizando autoritarismo com humilhação, com a célebre chave de ouro: "porque sim, eu é que mando!".
Nunca me aconteceu, após ter explicado porque faríamos, ou fariam, algo de que não concordavam sem compreenderem porque o fazíamos. Podiam até continuar contrariados, no entanto já tinham entendido que tinha mesmo que ser assim. Ficavam, e ficam, aborrecidos com o acto em si, mas não comigo. Havendo respeito, coerência, e reconhecimento, o resultado no relacionamento entre pais e filhos é efectivamente notável.