Foi tema no recente teste de Cidadania, a roupa descartada pelos E.U. e Europa que acaba no deserto chileno, a ser queimado numa fogueira permanente, que produz fumo negro interminável.
A facilidade com que as pessoas, sobretudo as gerações mais jovens, adquirem roupa tornou-se um problema global. São baratas, e estão ao dispor de todos, fisicamente a um clique, vindo mesmo do outro lado do mundo, como da China, sem qualquer dificuldade; por outro lado, a moda acelerou o passo, mudando as tendências sucessivamente, e as redes sociais promovem essa mudança constante, tornando o mecanismo da moda imparável.
Se por um lado a imprensa martela no tema das alterações climáticas, também contribui para este consumismo exacerbado, afinal as marcas de roupa, as grandes cadeias, são as suas patrocinadoras, o que constitui um contra-senso, denunciam o problema, mas também contribuem para ele. Por vezes, fico espantada com aquelas "notícias" que me surgem no feed, de revistas online, a promover uma peça de roupa, como se fosse notícia, do tipo "O vestido que todas querem usar este verão", indicando a marca do mesmo. Mais não é do que publicidade mascarada.
Para que a roupa seja muito acessível é produzida em países onde os direitos dos trabalhadores não existem ou são muito diminutos, o que torna o produto anti-ético. E que os materiais usados sejam de fraca qualidade, recaindo na escolha do poliéster, que ao ser queimado, lá no deserto chileno, forma aquelas nuvens negras e tóxicas, nada amigas do ambiente.
A propósito, o número de pessoas com alergias cutâneas tem crescido imenso, e embora se fale também que poderá dever-se à qualidade do ar, ninguém parece sobressaltar-se com o uso de materiais nas roupas artificiais, sendo que a matéria-prima a ser indicada deveria ser a natural, algodão, linho e lã, biológicos, preferencialmente.
Não é correcto que o lixo dos ricos seja "vendido" aos mais pobres, aliás, considero isto escandaloso. De qualquer forma, a atmosfera não tem fronteiras, o que torna a expressão "what goes around comes around", nada literal.
A mudança no mundo, começa em nós, que cada um faça a sua parte, de forma consciente e empática, menos teoria e mais prática.