Estes dias, a minha filha comentava comigo que não entendia a "panca" que as raparigas têm com o rabo. Esta conversa sobre o corpo já a temos tido mais vezes, porém desta vez foi ela quem me relatou o que via, exprimindo uma visão crítica.
- As raparigas põem-se no balneário a comparar rabos, quem tem o rabo maior, mãe! Dizia-me perplexa. E antes mesmo de eu fazer a pergunta, respondeu - Miúdas do 5º ano, mãe! Miúdas!
Confesso que isto não esperava, e dessa vez fui eu quem se escandalizou. Acho que abri a boca alguns segundos, sem pronunciar nada. Mas na minha cabeça já amaldiçoava todos os programas, filmes, séries e reality shows que promovem a sexualidade de forma descarada e obscena.
Há séries, actualmente a passar na t.v. , que não sendo sinalizadas para adultos, e pelo argumento dirigidas a famílias e adolescentes, exibem cenas de sexo explicitas com jovens, realmente jovens.
Está em curso uma formatação sexual da sociedade, que por contaminação, atinge faixas etárias cada vez mais jovens, e não há quem ponha cobro nisto.
A parada vai subindo, e as gerações mais novas vão aderindo, convencidas que o corpo que se desenvolveu antecipadamente, lhes dá razão para isso.
As aulas de Educação Sexual na Escola, já incluídas no Programa há anos, parecem não alcançar o objectivo pretendido, que penso eu, seja informar e alertar. Francamente, tenho muitas dúvidas sobre a competência de quem as lecciona, não estando para isso formados; e se já tinha suspeitas sobre o conteúdo pessoal que seria passado aos alunos, fiquei mais alerta depois do " meninos, fazer sexo e comer, são as melhores coisas do mundo!", que uma certa professora pronunciou.
Tirar selfies de nudez ou em pose de revista masculina, e enviar para o namorado, deixou de ser novidade, parece que agora é a roleta sexual que está on. E a seguir, o que lhe vai suceder? O que se pretende é uma sociedade sexualmente liberalizada, sem tabus, sem críticas, e acima da questão etária, o que me preocupa sobremaneira.
No fim de contas, resulta sempre nisto: exploração do corpo feminino. A mulher é um produto que vende. E apenas uma educação consciente, que alerte para o valor, e exploração da mulher, mudará mentalidades e porá cobro a este abuso. E quem fará esta viragem senão as próprias mulheres? Mães, irmãs, tias, primas, amigas, madrinhas, avós. Urge, não esperemos por mais, nem por mais ninguém.