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Há uns anos, quando surgiram as famosas lojas dos chineses, muitas pessoas começaram a comprar aí roupa e calçado, dizendo que os baixos preços compensavam a baixa-qualidade; que não importava que a roupa se degradasse após algumas lavagens: deita-se fora, e compra-se outra. Também se variava!
Algum tempo depois, notícias sobre alergias que estas roupas causavam, e más experiências vividas na pele, literalmente, derrotaram esta tendência.
Porém, as grandes cadeias de vestuário também oferecem roupa muita barata ( que, a propósito, também se degrada rapidamente); aliada a uma moda sempre muito actual, com uma grande rotação por estação, oferecendo pelo meio promoções fora de época. Enfim, um pacote irresistível! Que nem sequer foi beliscado pela notícia de um grupo de blogguers de moda, que após visitarem fábricas de roupa em países asiáticos, voltaram indignados com as condições de trabalho que viram. A noticia correu mundo, tornou-se viral, mas depressa caiu no esquecimento.
As montras são apelativas, os preços igualmente, e as pessoas têm que se vestir, não é?
Contudo, as marcas sabem que os consumidores estão cada vez mais atentos ao ambiente e impacto que as indústrias têm nele. Escolher uma via que tenha isso em conta é marketing ético, e publicidade é publicidade!
Foi pioneira em 2013, a H&M, ao colocar contentores nas lojas para recolher roupa que os clientes já não usam. Isto deu qualquer coisa como 22 mil toneladas. Seguiu-se a Zara, nas principais cidades espanholas.
A ideia é voltar a vestir a roupa (em lojas de segunda mão), transformar noutros produtos, e transformar em fibras têxteis para produção de novas peças de roupa.
Quando 95% da roupa deitada ao lixo pode ser reciclada ou reaproveitada, este projecto torna-se gigantesco e com impacto ambiental digno de nota.
O conceito das lojas ecoeficientes estende-se à baixa do consumo da água e electricidade, às emissões de dióxido de carbono ( na produção e transporte), às lixeiras e aterros ( destino final). As cadeias multinacionais pretendem implementar este conceito em todas as lojas por todo o mundo. É um investimento de milhões, que sem dúvida trará também às empresas dividendos, seja em forma de economia, seja pela publicidade.
Posto isto, não deveríamos nós, consumidores, fazer o mesmo? Reduzir no consumo, fazer escolhas mais criteriosas, tendo em conta a produção dos materiais, preferir o Made in Portugal, pagar mais para guardar as boas peças mais tempo. Sentir que as corporações aliviam a nossa consciência, é resultado da publicidade; eles fazem a parte deles, nós fazemos a nossa.
Via
The huffingtonpost
Revista Ponto Verde , Janeiro-Fevereiro-Março 2017