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Fiódor Dostoiévski nasceu em 1821 em Moscovo, dentro de uma família nobre ortodoxa. Trabalhou como engenheiro, e em simultâneo traduzia livros, mas foi com a publicação de Gente Pobre, nos meados dos anos 40 que entrou para o circulo literário de Moscovo. Pertenceu a um grupo que discutia livros banidos, cuja consequência foi a pena de morte, comutada no último momento, mas teve que cumprir 4 anos de pena de prisão na Sibéria, mais 6 anos de serviço militar obrigatório no exílio.
Trabalhou nos anos seguintes como jornalista e escritor; produziu obra considerável, e tornou-se o mais lido e reputado autor russo, os seus livros mais famosos são "Crime e Castigo", "O Idiota" e os Irmãos Karamazov", que foram diversas vezes adaptados ao cinema e televisão.
A sua temática debruçava-se sobre a condição humana, retratando as suas personagens de forma sensível e dramática.
Relativamente a este, Serguei Aleksandrovitch recebe do seu tio e protector, o coronel Egor Iliitch Rosstaniov, uma inusitada carta a convocá-lo, com urgência, para casa, a fim de casar com a preceptora dos seus filhos. Conhecendo o carácter afável e generosos do tio, Serioja apressa-se a comparecer, para mais sabendo de antemão que na propriedade do tio algo de muito estranho se passa, já lhe tinham chegado rumores sobre um dos comensais, Fomá Opísskin, cujo comportamento tinha dado azo a muitas conversas e espantos.
A propriedade do tio, localizada na aldeia de Stepantchikovo, alberga uma série de parentela, a começar pela própria mãe do tio, viúva e primeira admiradora de Fomá, que sendo hóspedes eternos do coronel, e por ele tratados com estima e magnanimidade, lhe retribuem com atrevimento e cinismo, de forma generalizada, sobretudo por Fomá, considerado uma espécie de iluminado, à cabeça do grupelho.
Serioja tenciona inteirar-se do que se passa e pôr os pontos nos ii's, estabelecendo a ordem e respeito, pelo seu querido tio. Porém, desde o primeiro momento, e perante as sucessivas cenas tragico-cómicas, mostra-se apenas um mero espectador apalermado, indignado mas apenas interiormente.
Esta parte para mim, enquanto leitora, foi imensamente enervante, estava constantemente à espera que Serguei avançasse e virasse o jogo. Mas afinal era tão palerma como todos os outros, pensava eu frustrada.
A acção lá se foi desenrolando, de falta de respeito em falta de respeito, com os comportamentos mais disparatados e diálogos enviesados, suponho que fosse essa a parte cómica, mas nunca me fez rir, confesso. Enervava-me antes. Deve ser o humor de outra era, e a propósito do tempo, um tempo não muito distante, em que os senhores da nobreza ainda possuíam servos, os tais servos da gleba, brancos, na Europa! Nesse aspecto, uma narrativa muito instrutiva.
Por fim, o desenlace feliz, e não seria de esperar outra coisa, quando o género se define como comédia!
Obviamente que recomendo a leitura. Pode não fazer rir, mas é pedagógico, e mexe connosco.
Título: A Aldeia de Stepantchikovo e os seus habitantes
Autor: Fiódor Dostoiévski
Editora: Editorial presença
Nr de págs:212