segunda-feira, 12 de março de 2007
Arrependimento
Há alguns dias atrás fui ao funeral de um velho amigo da família; velhinho de 93 anos que acompanhou a minha família por 3 gerações. Eu não o via há vários anos. Ele estava internado num Lar e todas as vezes que eu perguntava onde ficava o tal Lar, para o visitar, recebia a mesma resposta: -Para que queres lá ir ? Ele não reconhece ninguém, não vê, não ouve e não fala!
Eu desistia, porque no fundo era a resposta que me convinha.
Vou fazer uma confissão; eu fico angustiada só de pensar que tenho de visitar algum doente terminal ou ir a funerais. Tenho que fazer um esforço enorme para ultrapassar essa força dentro de mim que paralisa os meus passos. Porém, eu não fiz esse esforço para visitar este velho amigo. A resposta que recebia prendia os meus pés ao chão e aplacava a minha consciência. Até ao dia da sua morte. Então, pensei que deveria ter ido visitá-lo. Poderia até ser que ele não me reconhecesse, não me visse, nem me ouvisse, nem me respondesse, mas quem garante que ele não iria sentir a minha mão a acariciar a dele? O meu beijo na testa? De qualquer maneira, eu sentiria e compreendi então que há coisas que nós temos de fazer, porque nos fazem bem a nós. Fiz um derradeiro esforço e fui ao funeral. Assisti à missa e pedi a Deus que recebesse a alma daquele homem, no seu regaço. E que me desse forças para fazer o que deve ser feito.
Por coincidência, o Afonso postou um tema semelhante; recomendo a leitura. Para mim, esses "choques" são necessários, a fim de despertar a consciência, antes que seja tarde demais.