quarta-feira, 29 de junho de 2022

Cecchina, a 1ªa mulher a compor uma ópera

Caccini: Sacred and Secular Songs

Francesca Caccini nasceu em Florença em 1587, e teve uma educação humanista, Latim, Grego, línguas modernas e matemática, e desde cedo iniciou a sua formação musical, com o pai. Tornou-se compositora, cantora, alaudista, poetisa e professora de música italiana do início da era barroca. Ela também era conhecida pelo apelido de "La Cecchina", provavelmente um diminutivo de "Francesca". O Seu único trabalho de palco sobrevivente, La liberazione di Ruggiero, é amplamente considerado. Foi a primeira mulher a compor uma ópera. 

In Wikipédia

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Dica de leitura - Os Peixes Também Sabem Cantar

 

Via


Foi dica de leitura, e o primeiro livro que li sobre a Islândia, de um autor islandês que, inclusivamente, ganhou o Nobel da Literatura em 1955. Os nomes são difíceis de pronunciar, mas como gosto muito de línguas, diverti-me bastante a pronunciá-los em voz alta, tentando alcançar o sotaque islandês. Portanto, foi mais um bónus. 

Através da história de Álfgrímur, um jovem adoptado por um casal de velhotes incomum, que o cria desde bebé, e cuja infância simples pressagia um futuro vulgar, acompanhamos também a história do país e da capital, Reikjavick, no princípio do século XX. Por essa altura, a sociedade está em profunda mudança, de minúscula cidade piscatória medieval, em direcção à modernidade, quando mecaniza, finalmente, a indústria da pesca. 
Em paralelo, a vida de Álfgrímur prossegue, desenvolvendo-se em pequenos episódios entrelaçados com uma sucessão de personagens sui generis, dos quais se destaca o, internacionalmente famoso, cantor islandês Gardar Hólm, que terá impacto decisivo no futuro do protagonista. 

O que mais me impressionou nesta história, de real, foi o valor do conhecimento, e da sua cultura, que os islandeses possuíam apesar da pobreza, e dureza da vida. E de como tão rapidamente o país passou de uma nação pobre, a rica e moderna. Isto diz muito da mentalidade deste povo. 
Relativamente à história, a riqueza de todos os personagens é fascinante, reside neles uma doçura inesperada, considerando as suas vidas duras e rigorosas; e o enredo, apesar de linearmente simples, é afinal intrincado, e insuspeito, proporcionando ao leitor uma surpresa a cada esquina. 
É por tudo isto uma leitura que recomendo muito.

Título: Os Peixes Também sabem Cantar
Autor: Halldór Laxness
Editora: Cavalo de Ferro
Nr de págs: 308

quarta-feira, 22 de junho de 2022

Música para descontrair

Silvius Leopold Weiss Lute Sonatas, Robert Barto

Gosto muito da música barroca, que também pode ser muito relaxante, como estas sonatas do polaco Silvius Leopold Weiss. 

Segundo a wikipédia "Weiss foi um dos mais importantes e prolíficos compositores de música para alaúde da história, e um dos mais conhecidos e tecnicamente mais talentosos alaúdistas da sua época. Foi professor de Philip Hyacinth, 4º Príncipe Lobkowicz, e da segunda esposa do príncipe, Anna Wilhelmina Althan.

Mais tarde na vida, Weiss tornou-se amigo de Wilhelm Friedemann Bach e conheceu J.S. Bach através dele. Bach e Weiss teriam competido na improvisação..." , caso para dizer "Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és"!

A mim descontraí-me, mas ocorreu-me que talvez seja enervante para outras pessoas, tal como outras músicas me dão cabo dos nervos a mim! Não é interessante? É tudo uma questão de frequências, com as quais estamos alinhados ou não. 

segunda-feira, 20 de junho de 2022

A primeira dália



Não sei exactamente quando me encantei por estas flores, mas acho que me lembro da página, de um jardineiro inglês galardoado, num daqueles programas sobre jardinagem, que se faz no Reino Unido, onde o amor pelo jardim justifica concursos deste género. Em criança lembro-me de ver dálias um pouco por todos os jardins, mas entretanto, foram desaparecendo, e surgindo outras flores, a moda também dita tendências na floricultura. Mas está claro que não quero saber disso. 

Supostamente, as dálias deveriam florir em Julho e Agosto, e eu estava preparada para essa longa espera, quando plantei os tubérculos, em Fevereiro. Mas, surpresa das surpresas, quando as Hortênsias dos vizinhos já estão floridas há semanas, e as nossas ainda a crescer, as dálias começaram a florir! A natureza tem destas coisas, é imprevisível, ou talvez melhor, tem vontade própria.

Ao ver o primeiro botão a crescer, e a desabrochar, segui-o diariamente, é aliás, a primeira coisa que faço ao acordar, mesmo antes de tomar o pequeno-almoço, vou ao jardim ver as novidades, porque durante a noite acontecem coisas. Ó sim, e nem sempre boas. 

Vou puxar agora dos galões e dizer que se não fosse o meu desvelo, esta flor nunca chegaria a existir; tenho lido comentários, na pág. do Insta que sigo, de muitas jardineiras a lamentarem a perda total das dálias. Mas eu, cuidei das dálias como de crianças, por assim dizer, alimentei, aconcheguei, protegi, guiei, falei com elas e animei-as. Assim que brotaram da terra coloquei-lhes, durante a noite, as campânulas improvisadas de garrafas de refrigerantes; quando ficaram grandes demais, plantei entre as dálias, as chamadas plantas defensivas, sálvia, caril, lavanda, etc. ,cujos odores repelentes, supostamente, controlam as pragas. Mas quando nada pareceu resultar, fui todas as noites (mesmo com chuva!) inspeccionar as dálias com a lanterna, à procura de lesmas e caracóis, que pelos vistos as adoram e devoram sem piedade, e, sem exagero, recolhi centenas! 

Por fim, adubei-as, e orientei-as com estacas, porque de facto o peso das flores fazem com que tombem. 

Portanto, estas dálias são resultado da vontade de nascer, de se realizarem, com o cuidado que lhes foi prestado. E valeu tudo. 

Todas as manhãs as observo encantada, e lhes conto os botões, plantei 9 tubérculos, e há, para já, 24 flores em progresso. Confesso que me custa muito cortá-las, mas espero ter suficientes para pôr em jarras no centro da mesa, é também outra forma de as admirar, e desfrutar da beleza do jardim. 

Para quem não possui jardim, as dálias também se podem cultivar em vasos. Fica o desafio! 

sexta-feira, 17 de junho de 2022

Rice Kheer - Vegetariano

 


Das coisas que mais me exaspera nas receitas dos blogues é o scroll interminável até chegar propriamente à receita! Tanta conversa, a sério... e fotos de não sei quantos ângulos... não tenho paciência, sinceramente, só quero a receita. Por isso aqui a introdução às receitas é sempre breve, da minha queixa não podem vocês comungar, relativamente ao Mãe... e muito mais.

Esta receita indiana foi-me sugerida por 2 clientes indianos, quando comentei que sou vegetariana, e adoro a cozinha deles. Devo dizer que alterei profundamente a receita, veganizei-a, como convém, e ficou deliciosa. Para os apreciadores de arroz doce, uma outra versão mais exótica. 


Rice Kheer

Ingredientes:

1/4 de chávena de arroz basmati ( usei integral, já cozido)

4 chávenas de leite ( usei vegetal de aveia)

1 colher de sopa de óleo de côco

1 semente de cardamomo

1 colher de sopa de sultanas

alguns fios de açafrão

1/3 de chávena de açúcar

Amêndoas laminadas


Como fazer:

Colocar o óleo de côco numa caçarola, deixar derreter, juntar o leite, deixar ferver; esmagar no almofariz o cardamomo, o açafrão, reservar. Juntar o arroz, deixar cozer, mexendo de vez em quando, acrescentar o açúcar, as amêndoas e sultanas, o cardamomo e açafrão, continuar a deixar cozer, cerca de 5 minutos, até obter a cremosidade a gosto. 

Verter para uma taça, decorar com mais amêndoa laminada, e eu não resisti e inventei de pôr canela em pó. 

Fragante e delicioso! 

Para a receita original, ver aqui.  

quarta-feira, 15 de junho de 2022

"Felicidade eterna"

 A aula de yoga termina com o relaxamento, em que a instrutora nos conduz numa espécie de meditação, consiste em visualizar, por exemplo, um pôr de sol, uma praia deserta, um bando de pássaros a voar, etc. , mas de repente, ela passou para algo totalmente abstracto, com "a felicidade eterna", e eu empanquei ali. Já não ouvi mais nada, pois fiquei a pensar como seria isso, qual seria a sensação. 

Sigam-me na muito breve e profunda reflexão. Em alguns segundos realizei que a felicidade eterna só se poderia sentir junto à fonte, ou a Deus, o princípio e o fim, como quiserem chamar, porém, para regressar aí (ao principio), devemos estar já num estado compatível com ele, caso contrário, permaneceremos a onde somos compatíveis. Portanto, experimentamos o mundo da fisicalidade, aprendemos, evoluímos, ou não, ou estagnamos, ou evoluímos intercalado com estagnados, durante muito tempo, muitas vidas, até que finalmente estamos prontos, chegamos ao fim, e nos reunimos com a origem. Seremos uno. E aí sentiremos, por fim, a felicidade eterna. 

Ufa...finalmente em casa! Deve ser algo similar, mais, ainda muito, muito mais, a uma lua de mel, ou férias muito desejadas, num destino paradisíaco e sonhado. 

Contudo, continuarmos nesse estado de felicidade eterna não nos aborrecerá, ao fim de algum tempo? Não nos dará vontade de regressar aos desafios da vida material? 

Se me perguntassem agora, eu diria que estou pronta para me reunir com a Fonte ( não já-já...! No fim esta vida, mais adiante.), que já não aguento mais a realidade deste mundo, mas também percepciono que viver em felicidade eterna, eternamente, deve ser bastante monótono, e por isso talvez a vida das almas seja assim, voltamos à fonte, descansamos, cansamos da mansidão, regressamos ao desafio, cansamos das dificuldades, voltamos à fonte, e andamos nisto eternamente. 

Que vos parece? 


segunda-feira, 13 de junho de 2022

Sinais

Chet Baker - I get along without you very well

Quando entro na sala da Letícia e a encontro a trabalhar, tendo isto como música de fundo, fico super orgulhosa, talvez até ( atrevo-me porque sei que não me lerá, agora!)mais do que quando ela tira altas notas. 
Acho que ver os meus filhos a ler determinados livros, e a ouvir certas músicas, é das coisas que mais feliz me faz, e me confirma que não me tenho saído nada mal na educação deles. 

quinta-feira, 9 de junho de 2022

Moda de particulares para consumidores únicos

 

Marca francesa, T.shirt made in Portugal

As redes sociais podem ser viciantes e terem ainda outros defeitos graves (como censura, publicidade excessiva, e abuso dos dados privados dos usuários, etc), mas também têm o seu lado positivo: divulgação de informação que o mainstream oculta, por exemplo, e uma série de outras coisas como serem plataformas de lançamento, de negócios, para o cidadão comum. O YouTube já o era, porém, para uma  geração mais jovem, dirigida ao entretenimento, mas vejo agora como o Instagram, por exemplo, oferece uma série de negócios de pessoas mais maduras, que tendo começado como influenciadores de moda, ganharam seguidores suficientes, para lançarem linhas de roupa, cujos seguidores mostraram vontade de adquirir. É aliás, uma forma muito esperta de analisar o mercado. 

São pessoas que desenham pequenas colecção, tendo em conta a forma como elas serão confeccionadas, e onde, porque têm preocupações ambientais e vontade de participar em modelos de indústria e comércio mais justos. Portanto, preferem confecções nacionais ou europeias, e materiais reciclados e, ou, de origem não-animal. 

Obviamente, não sendo produzidos em quantidades massivas, nem em países onde os direitos dos trabalhadores são inexistentes, os preços do produto final são mais elevados. Contudo, também nisto há uma afirmação ecológica a ter em conta, em vez de comprar 2 ou 3 casacos por estação, compra-se apenas um; mas esse será de tal forma especial que se habilita a ser guardado e preservado durante muitos anos. Quicá, até a passar para a próxima geração, como está a acontecer cá em casa. 

Esse é o caminho da sustentabilidade, menos compras, mais qualidade. Além de que, vestir uma peça que mais ninguém possui, tem um certo encanto intemporal, e define um estilo muito pessoal. São investimentos que valem a pena. 

Deixo alguns exemplos: 

Respira Amor - Portugal

Living Tide Swimwear  - Portugal

Daphne Moureu - França  ( parte produzido em Portugal) 

Stoned & Wasted - U.K. 

SarahKJP - E.U.



segunda-feira, 6 de junho de 2022

Juventude roubada

Como é que um jovem entrado na casa dos vinte, incontestavelmente bonito, obviamente inteligente e empenhado, provado pelo curso e universidade que faz e frequenta, pode ter problemas de auto-estima? Para mim, trata-se um caso de boicote interno, ou seja, os seus pais destruíram-no. 

Bem sei que quando nascemos não somos uma folha em branco, que os progenitores desenham e pintam a seu bel-prazer, aliás, como mãe de dois, aprendi com a experiência que os filhos já trazem uma carga mais ou menos forte de personalidade que os distingue. Porém, também reconheço na educação parental um papel impactante, na construção da pessoa que cresce e se desenvolve, debaixo do nosso telhado. 

Já há muitos anos tinha constatado que grande parte dos pais educava erradamente os filhos, não os respeitando enquanto pessoas possuidoras de personalidades diferentes das suas, que deveriam ser ouvidas e consultadas ( embora a decisão final deva caber aos pais, por diversos motivos, mas claramente explicadas aos filhos), e fosse por imposição ditatorial, fosse por laxismo, ou abdicação do poder parental, ora os filhos eram excessivamente orientados, ora eram excessivamente livres. Encontrar o equilíbrio entre um caminho e o outro foi sempre um objectivo para mim, e pese embora a dificuldade e canseira dessa linha-guia, penso que me orientei razoavelmente. 

Em resumo, na educação de uma criança temos de considerar que nos "é dado" um filho que não é uma folha em branco, e temos de o educar segundo os valores em que acreditamos, conciliando já com a sua personalidade, por uma questão de respeito para com ele, pela sua natureza, a sua alma. 

Eu não vejo isto de todo. E se já antes não o via, agora, "mais-ou-menos-pós-pandemia" vejo a situação muito mais agravada; estes pais puseram na prole o ónus da saúde familiar, tendo os filhos de conciliar vida privada, estudantil e família. Com isso estão a impedi-los de viver; não saem com os amigos, não vão à Queima, não vão a concertos, a festas de aniversário, continuam ainda com a máscara, mantêm ainda distância física, acabaram-se portanto os beijinhos nos cantos dos bares e discotecas, e ainda menos se proporcionam os namoros. 

De tudo o que a juventude tem de bom, divertido e novo abdicam, para não "matar o avô", ou levar o vírus para casa. Já basta o risco que correm nas salas de aula! 

Como não querem que os filhos estejam tristes, deprimidos, infelizes?! Curiosamente, são estes que mais têm estado doentes, e isso até já é muito notado, e comentado entre colegas. Pelo menos isso. 

Li algures, e há uns tempos, que vai acontecer algo inédito na história da humanidade, que esta geração vai morrer antes dos seus pais, e perante todo o quadro actual começo a crer que é muito possível. E a responsabilidade será dos próprios pais. 

É lamentável ver aqueles que deveriam zelar pelo bem-estar e felicidade dos filhos, estarem a fazer exactamente o oposto. E muito triste ver o resultado de tudo isso.