sábado, 29 de dezembro de 2007

Balanço, balancinho, balancete


Não sei conciliar esta sensação de bênção pela vida que tenho com a impressão de caos que recebo do exterior. Não direi que o meu “navio” navegou somente e sempre em águas tranquilas este ano, mas as tempestades que apanhou foram ultrapassadas com fé e esperança; tempestades essas que assumem proporções reduzidíssimas quando comparadas com os problemas dos outros. Tempestades que se transformam, apenas, em ondas um pouquinho mais agitadas quando me lembro dos problemas reais de mais de meio mundo! Sim, tenho graças a dar, porém, sinto uma sensação de “quase-pânico” quando recordo que o desemprego exorbita, que a pobreza continua a apoderar-se de mais pessoas, que a criminalidade está a aumentar, que o sistema de Saúde em Portugal continua a piorar, que a Justiça já antes cega está inerte, que os agentes policiais estão de mãos atadas, que os políticos estão a anos-luz de saber como vivem e sobrevivem os portugueses e que se estão borrifando para isso.
Entro em pânico quando vejo atentados terroristas um pouco (?) por todo o mundo, imensos países em guerra declarada, milhares de pessoas a morrer de fome, milhares de deslocados, outros milhares a viverem da caridade internacional, pessoas que vivem num estado de pobreza absoluta, pessoas perseguidas e assassinadas por pensarem diferente, os extremistas islâmicos que causam dor e morte e parecem estar em todo o lado. Como acreditar numa humanidade que pega numa ideia de amor e a transforma em sofrimento e morte?
Se eu olhar para o meu umbigo vou celebrar o Ano novo com música e dança, se levantar o meu olhar vou celebrar com oração. Que difícil é conciliar o interior com o exterior!

domingo, 23 de dezembro de 2007

NATAL!


Só pelo facto de o ser, o mundo parece outro:
Auroreal e mágico.
O homem necessita cada vez mais destas datas sagradas,
Para se ver transfigurado nas ruas
Por onde habitualmente caminha rasteiro.
São dias em que estamos em graça,
Contentes de corpo e lavados de alma,
Ricos de todos os dons que podem advir
De uma comunhão íntima e simultânea
Com as forças benéficas da terra e do céu.
Dons capazes de fazer nascer num estábulo,
Miraculosamente,
Sem pai carnal,
Um Deus de amor e perdão.

Miguel Torga

A todos os que visitam "Mãe e muito mais" votos de um Feliz Natal!
Fiquem com Deus.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Um conto de Natal


Este conto foi utilizado como texto numa prova de Português do 5º ano; fiquei fascinada com a história e quero muito partilhá-la. Que nos inspire sentimentos generosos e que o nosso egoísmo possa dar lugar ao altruísmo, celebrando assim o nascimento de Jesus.
Informei-me da sua origem; se desejar pode visitar o site onde encontrei o conto.

Um conto de Natal
A história é simples, mas comovedora. Tudo começou porque Mike odiava o Natal. Claro que não odiava o verdadeiro sentido do Natal, mas seus aspectos comerciais.

Os gastos excessivos, a corrida frenética na última hora para comprar presentes para alguém da parentela de que se havia esquecido.

Sabendo como ele se sentia, um certo ano a esposa decidiu deixar de lado as tradicionais camisetas, casacos, gravatas e coisas do gênero. Procurou algo especial só para Mike.

A inspiração veio de uma forma um tanto incomum. O filho Kevin, que tinha 12 anos na época, fazia parte da equipe de luta livre da sua escola.

Pouco antes do Natal, houve um campeonato especial contra uma equipe patrocinada por uma associação da parte mais pobre da cidade.

Esses jovens usavam tênis tão velhos que a impressão que passavam é de que a única coisa que os segurava eram os cadarços. Contrastavam de forma gritante com os outros jovens, vestidos com impecáveis uniformes azuis e dourados e tênis especiais novinhos em folha.

Quando o jogo acabou, a equipe da escola de Kevin tinha arrasado com eles.

Foi então que Mike balançou a cabeça, triste, e falou: “queria que pelo menos um deles tivesse ganhado. Eles têm muito potencial, mas uma derrota dessas pode acabar com o ânimo deles.”

Mike adorava crianças. Todas as crianças. E as conhecia bem, pois tinha sido técnico de times mirins de futebol, basquete e vôlei.

Foi aí que a esposa teve a idéia. Naquela tarde, foi a uma loja de artigos esportivos e comprou capacetes de proteção e tênis especiais e enviou, sem se identificar, para a associação que patrocinava aquela equipe.

Na véspera de Natal, deu ao marido um envelope com um bilhete dentro, contando o que tinha feito e que esse era o seu presente para ele.

O mais belo sorriso iluminou o seu rosto naquele Natal. No ano seguinte, ela comprou ingressos para um jogo de futebol para um grupo de jovens com problemas mentais.

No outro, enviou um cheque para dois irmãos que tinham perdido a casa em um incêndio na semana anterior ao Natal.

O envelope passou a ser o ponto alto do Natal daquela família. Os filhos deixavam de lado seus brinquedos e ficavam esperando o pai pegar o envelope e revelar o que tinha dentro.

As crianças foram crescendo. Os brinquedos foram sendo substituídos por presentes mais práticos, mas o envelope nunca perdeu o seu encanto.

Até que no ano passado, Mike morreu. Chegou a época do Natal e a esposa estava se sentindo muito só. Triste. Quase sem esperanças.

Mas, na véspera do Natal, ela preparou o envelope como sempre.

Para sua surpresa, na manhã seguinte, havia mais três envelopes junto dele. Cada um dos filhos, sem um saber do outro, havia colocado um envelope para o pai.

* * *
Escrito por alexdeoxossi em dezembro 5, 2006

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Postais de Boas Festas


É sabido de todos que a celebração do Natal tem sofrido imensas alterações, sendo que uma delas é o eminente desaparecimento do envio de postais de "Boas Festas". Reflexo de uma sociedade apressada, muitos optam pelo telefone, ou reflexo de uma sociedade cada vez mais tecnológica, muitos outros escolhem os postais electrónicos. Eu utilizo um e outro, admito; porém, continuo a enviar postais de Natal pelo Correio, porque penso que são os mais bonitos de receber. Nada substitui o excitante gesto de abrir um envelope; depois, podem colocar-se pela casa, contribuindo para a decoração natalícia. Podem ser lidos e relidos; mostrados aos familiares; admirados vezes sem conta.

Já há alguns anos que eu faço os meus próprios postais. Todos os anos altero o design; mudando os materiais utilizados, a temática( no ano passado a imagem central era uma foto dos meus filhos junto ao pinheiro)e o formato. Este ano fiz com cartolina de várias cores, fita de seda e auto-colantes.

As crianças também ajudaram, fazendo algumas imagens que eu adaptei. Deste modo, familiares e amigos recebem postais personalizados, únicos, feitos a pensar neles. É só mais um gesto para contrariar a tendência de comprar tudo feito e de viver o Natal antecipadamente.
A Anita também postou sobre os cartões de Boas Festas, contando a sua origem, que achei muito interessante.Se quiser saber mais é aqui.

Bom fim semana!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Direitos humanos - Uma vida digna


A Declaração Universal dos Direitos do Homem da Organização das Nações Unidas afirma: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."
Marco Aurélio diz em “Meditações” : ”…nascemos para colaborar na mesma obra, como os pés, as mãos, as pálpebras, os dentes superiores e inferiores. É contra a natureza a hostilidade recíproca”. Porém, por razões várias, o homem desrespeita o homem, atropela, mutila, mata.

Por cupidez a Texaco-Chevron envenenou impunemente a natureza e as pessoas na região do Lago Agrio no Equador. Desde os anos 60 a explorar os campos petrolíferos equatorianos, e não aplicando as normas de segurança dos países ocidentais, a Texaco-Chevron é a responsável pelas doenças intestinais e respiratórias, abortos espontâneos e crianças mal-formadas, por famílias inteiras disseminadas devido a cancro. Duas tribos índias, os Tetetes e os Sansahuaris foram varridos da face da terra. A Texaco-Chevron não respeitou os direitos humanos.
Finalmente, as vitimas uniram-se e reclamam justiça, exigindo que a Texaco-Chevron assuma responsabilidades; porém, a multinacional pressiona e manipula para que a justiça equatoriana interceda a seu favor. A Amnistia Internacional preocupa-se com Guadalupe de Heredia, porta-voz da equipa jurídica, e seus familiares, objecto de uma campanha de intimidação e agressões violentas.
O 1º direito do Homem é direito à vida; a uma vida digna.
Então, eu pergunto:
- Quem luta pelo direito das pessoas do Lago Agrio?
- Quem luta pelo direito deles à vida?
- Onde está o direito deles a uma vida digna, se no final nem podem reclamar, exigir justiça?!
O que fazer, então? Denunciar e Lutar! Por nós e pelos outros! E boicote; no mínimo boicote a Texaco-chevron!

Post integrado na blogagem colectiva, sobre os Direitos Humanos, promovido por Sam. Clique para conhecer os participantes.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O Natal stressa-me!

Ai que saudades da minha meninice, quando sonhava com o Natal sem pensar na máquina que o fazia funcionar! Não pensava na lista de presentes, nem o que oferecer e a quem, não pensava em dinheiro, nem nas questiúnculas dos adultos, não me inquietava sobre onde passaria o Natal, nem como! O Natal simplesmente acontecia e não havia nada nem ninguém que o impedisse; e todos recebiam presentes e nada ensombrava o dia! Era o meu dia preferido do ano, antes mesmo do meu aniversário.

Mais tarde cresci e comecei a compreender a outra dinâmica do Natal; a magia da infância desaparecera mas continuava bem patente o cariz de festa familiar do Advento. Ainda assim era muito bom!
No ano passado compreendi, finalmente, como o Natal se tornara uma festa materialista, antecedido por um frenesim consumista, que atinge o cume com comezainas e enfartamentos. Pela 1ª vez senti, realmente, necessidade de celebrar o Natal de forma diferente; abolir o materialismo, recolher-me em reflexão sobre o que significa o Natal, e viver o nascimento de Jesus como o meu renascimento interior.

Por conta de complicações de adultos, o meu presépio estará repleto de figuras indiferentes, que não me dizem nada (já nem festa familiar, é!), e na manjedoura teremos novamente o materialismo, bafejado pelo consumismo e gula.
Quando penso neste presépio, sinto que as minhas emoções pelo Natal estão a ser aniquiladas; este Natal angustia-me!
Enfim, resta-me sempre o ano que vem…

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

1º Aniversário do blog


Faz hoje 1 ano que comecei este blog. Antes pensava que era necessário ser exibicionista para escrever um blog ou então voyeur para lê-lo! E como eu não me achava nem uma coisa nem outra, hesitei bastante. Finalmente, pus de lado os meus pudores, porque queria dar uma ideia diferente da maternidade, dizer que uma mãe a tempo inteiro pode ser feliz, e de como ainda assim continua a ser muito mais do que progenitora; porque queria reflectir “em voz alta”,ou seja, na escrita, e receber feed-back. E é isso que este blog tem sido para mim, local de reflexão, de troca de opiniões, de riso, por vezes de tristeza, e de espanto. Durante este ano os meus horizontes alargaram-se, conheci gente interessante, que dos comentários passaram para os emails e daí para o Messenger. Pessoas que me ajudam a crescer, de quem já me sinto amiga e por quem me inquieto. Então, o meu presente é esse, ter conhecido pessoas que me visitam, falam comigo, partilham experiências, e fazem deste blog ponto de encontro. Porque eu nunca quis um monólogo, mas sim um dialogo a múltiplas vozes!
Por isso, obrigada amigos, por fazerem esta caminhada comigo, até aqui, hoje!

Bom fim semana!

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

A segunda infância


Certa vez, tentava consertar uma peça partida no wc de serviço, quando o meu filho, que teria uns 3 anos na altura, se aproximou e perguntou:
-Quem partiu isso, mãe?
Ao que eu respondi muito irritada, referindo-me ao trolha:
-Foi um burro, Duarte!
O interesse dele redobrou:
- Foi? Com um coice? E como é que ele entrou aqui? Deixas-te a porta de casa aberta?

A minha irritação desapareceu subitamente de tal forma achei divertida e inesperada a pergunta dele. Um adulto saberia que eu só podia estar a referir-me a alguém mas uma criança acreditou que realmente um burro tivesse entrado ali!

É comum referirmo-nos à 3ª idade como a 2ª infância, no entanto sem nunca ter reflectido realmente sobre isso, pensei que a expressão fizesse alusão à dependência dos idosos, às “patetices” que muitas vezes fazem e dizem por esquecimento. É com alguma vergonha que o confesso, mas era assim que pensava. Até há poucos dias quando vi um programa sobre burlas feitas a idosos. Fiquei perplexa com a singeleza das manigâncias, eu juraria que nunca, jamais, alguém cairia no conto do vigário com histórias tão mal contadas! No entanto, aqueles idosos caíram. E de repente compreendi; a 2ª infância refere-se à ingenuidade, à abertura aos outros, à entrega sem maldade, próprias da criança. Por alguma razão no fim da nossa vida, voltamos a ser como éramos em crianças. Lembrei-me dos idosos da Keila, de como choraram de decepção durante dias por uma alegria frustrada. Então, compreendi-os verdadeiramente.

Vivemos num mundo que se enternece muito facilmente com imagens de bebés e crianças, que se mostram e passeiam orgulhosamente, enquanto escondemos os idosos e nos envergonhamos deles. Quem nunca reparou na empatia entre crianças e idosos? Afinal, não é tudo infância?!E eles sabem. Mas, nós não!

Bom fim semana!

sábado, 17 de novembro de 2007

Revistas cor-de-rosa


Nunca leio revistas cor-de-rosa, nunca, nunquinha! Ok, excepto quando vou à cabeleireira. Ou ao dentista. Enquanto espero, se esqueci de levar o meu livro, para passar o tempo dou uma olhada às revistas sobre os famosos. Nem é necessário ler os artigos, apenas com os cabeçalhos e fotografias fico a saber quem nasceu, casou, se separou e voltou a casar. Mas uma coisa eu tenho constatado, essas revistas cada vez dedicam mais páginas a pessoas que não são actores, nem cantores, nem músicos, nem figuras do jet-set; são pessoas comuns que aparecerem no Big Brother, ou num reality show qualquer. Estrelas instantaneamente produzidas que não se fazem rogar para abrirem portas das suas casas e enfim, das suas vidas. Não sei se as revistas se cansaram das "peculiaridades" das estrelas, tipo pedir verdadeiras fortunas por exclusivos, ou se o público se sente mais fascinado por aquele tipo de estrelas com quem mais facilmente se identifica. Ou se simplesmente o público está insaciável da vida alheia e quer sempre mais e mais.
Longe vai o tempo em que as verdadeiras estrelas mantinham segredo da vida privada e essa aura de mistério construía um mito e um muro que público e jornalistas respeitavam. Hoje com as novas tecnologias, as estrelas são fotografadas a fazer compras, desgrenhadas, sem maquilhagem e tudo isso contribui para desmistificação do estatuto de estrela. Então se é assim mesmo, é válido para qualquer um. Qualquer um pode ser estrela, e todos teremos direito aos nossos 5 minutos de fama! Os reality shows provam isso, mas provam também que estamos cada vez mais curiosos, sem noção do que é certo ou errado, sem noção de privacidade, sem noção de limites. É ou não é?
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A Georgia vai fazer o lançamento do seu livro, amanhã, terça-feira e está a convidar todos a passar por lá; vá lá dar uma força;)!

Boa semana!

domingo, 11 de novembro de 2007

O amor é grátis!


Conversando com uma pessoa que trabalha numa instituição(de cariz religioso) que alberga crianças e adolescentes,oriundos de famílias problemáticas, ela disse-me que realmente alimento e tecto são providenciados, porém afecto não recebem de todo! Explicou-me que de montes de funcionários que lá trabalham considera apenas 3 capacitados para o exercício deste trabalho. Os restantes mostram-se frios, indiferentes e por vezes até cruéis.
Eu sei que estes empregos não são bem remunerados e quando as pessoas se sentem injustiçadas, produzem menos; no entanto, aqui não se trata de produzir menos 3 camisas por dia! Neste caso a matéria-prima é humana e os efeitos são irreversíveis.

Estes dias, tivemos cá em casa um marceneiro a restaurar as madeiras; é um profissional excepcional, capaz, perfeccionista e consciencioso. Tocava a madeira com um carinho, como se de um ser vivo se tratasse e a madeira nas mãos dele parecia transformar-se com uma facilidade extrema.Sabe porquê? Porque ele adora o seu trabalho, é vocacionado.
Pensei naquelas crianças, que recebem menos afecto do que estas madeiras, e que por isso não se vão transformar facilmente; vão ficar para sempre ásperas, mal-formadas porque ninguém investiu no potencial delas.
Que ganha o trabalhador insatisfeito, ao mostrar-se contrariado e de mau-humor, sobretudo, para quem não pode ser responsabilizado por isso? Que ganha no final do dia? Que ganha no final do mês?

Há algum tempo o meu filho perguntou-me:
-Mãe, e se o amor se gasta? Achas que vais ter sempre amor para me dar?
Ao que eu respondi:
-Claro que vou, filho! Sabes porquê? Porque o amor é grátis e sabes o melhor de tudo? É inesgotável!
A resposta pareceu tranquilizá-lo; mas é isso mesmo que eu acho, o amor é grátis, então porque ser tão parcimonioso com ele? Vamos esbanjá-lo!

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Paz no coração


Dizemos todos: queremos paz! Reclamamos contra o Bush por ter invadido o Iraque, reclamamos contra Putin por matar tchetchenos, reclamamos agora contra a ditadura militar em Burma, sempre em nome da paz,o que está certo, mas será que realmente queremos paz?
Enquanto injuriamos os que invadem países, que começam guerras, que patrocinam guerrilhas, esquecemos que nós próprios estamos em guerra; com o vizinho, com o colega de trabalho, com o amigo, com o pai e com a filha! Como podemos exigir paz quando a paz não está connosco?

Aquele que encontrou a porta da garagem bloqueada, por um carro, e resolveu ir a pé para o trabalho, porque ainda tinha tempo e não era assim tão longe, queria paz!

Aquele que resolveu fechar os olhos aos 20 cms de terreno que a autarquia lhe tirou para construir um estacionamento, porque achou que ainda assim tinha terreno suficiente para construir uma casa, queria paz!

Aquela que acreditou nas desculpas da amiga e se reconciliou com ela sem pensamentos de desconfiança, queria paz!

Na impossibilidade de “obrigar” os governos a instaurar a paz, vamos começar por nós? Procurar limpar o nosso coração da desconfiança, do ressentimento, da vingança, e substituir esses sentimentos pela tolerância, solidariedade e amizade? Talvez quando conseguirmos isso, tenhamos paz de espírito, paz na nossa casa, na nossa rua, no nosso país, no mundo! Porque afinal, todos queremos paz.

Platão deixou-nos esta frase:" A paz do coração é o paraíso dos homens", porque ele sabia que a paz vem de dentro para fora.

Post integrante da blogagem colectiva, proposta por Lino Resende; clique no link para conhecer participantes e seus textos.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Halloween


Como defensora da cultura e tradições portuguesas não vejo com bons olhos a publicidade que se faz à volta de festas importadas de outras culturas,neste caso a anglo-saxónica, com o Halloween ou "dia das bruxas". Nas escolas, os professores de Inglês promovem celebrações da data, as discotecas publicitam as festas, as lojas de brinquedos já vendem fantasias apropriadas e as lojas de decoração já ostentam nas montras caras de abóbora em cerâmica, bruxas suspensas e outros objectos decorativos.
Parece-me que a celebração do Halloween está a divulgar-se e a popularizar-se nas gerações mais jovens o que, ambiguamente, me incomoda e suscita curiosidade. Portanto, fui informar-me sobre o Halloween.

Descoberta surpreendente número 1: Inicialmente era um festival do calendário celta da Irlanda, o festival de Samhain, celebrado entre 30 de outubro e 2 de novembro e marcava o fim do verão (samhain significa literalmente "fim do verão" na língua celta). O fim do verão era considerado como ano novo para os celtas, sendo uma data sagrada.

Descoberta surpreendente número dois: Na idade média todos aqueles que comemoravam a data(ou suspeitos de comemorar…), considerada obviamente pagã, foram julgados por bruxaria e condenados à fogueira pela Inquisição. Daí a data ser conhecida como "dia das bruxas".

Descoberta surpreendente número três: Actualmente, além das práticas de pedir doces, pessoas há que celebram à moda celta, como os praticantes do druidismo ou da wicca, considerada a bruxaria moderna.

Vendo bem,apesar da festa ter fugido ao sentido inicial, uma celebração que marca o fim do verão, que remonta aos anos 600 a.c. e que sobreviveu à perseguição do Santo Ofício, merece ser comemorada!

Acho que este ano, também eu, vou acender uma vela, na noite de 31 de Outubro, numa das janelas da casa, num ritual que homenageia os meus ancestrais!

Feliz Halloween...para aqueles que querem comemorar.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Oportunidades


Eles construíram a casa pensando unicamente na estética; uma casa linda, uma arquitectura diferente onde a luz natural entra por todo o lado. Esqueceram que tinham um casal de gémeos de 1 ano, que já gatinhavam e em breve caminhariam sozinhos. E se em qualquer casa os perigos espreitam às crianças e os pais se preocupam em bloquear fechaduras e gavetas, proteger esquinas, colocar grades nas escadas, etc. nesta casa o perigo não espreita, está lá, exposto, por todo o lado! A família inteira previne o casal, mas eles resistem. Por vaidade, porque uma rede plástica no passadiço destrói a beleza daquela ponte suspensa. Por orgulho, porque concordar com a família é o mesmo que dizer que estão errados. Por soberba, porque se cederem estão a permitir à família que interfira na vida deles.

Nós só passamos lá um fim-de-semana e eu apanhei um susto enorme ao ver o Duarte a subir as grades do passadiço, a cabeça dele debruçada para fora e o corpo a reclinar-se para o vão. Tudo porque queria sentar-se na cama de rede. Fiquei a tremer, o casal viu mas não ficou a tremer…

Há alguns anos atrás um familiar, que precisava tomar uma decisão, pediu-me um conselho e eu dei. Todos concordavam comigo, não porque eu fosse extraordinariamente sensata, mas porque simplesmente era por demais evidente. Ela ouviu, disse que eu tinha razão e na hora fez tudo ao contrário, fez o que queria. Esse acto representou um atraso na vida dela de 6 anos, andou à deriva, sofreu, arrependeu-se e voltou ao ponto de partida. Quando ela quis, quando ela compreendeu. Eu também compreendi que ninguém muda ninguém. Ela teve sorte, porque apesar de tudo, teve oportunidade de voltar atrás e refazer o percurso. Mas, e quando não há oportunidade de voltar atrás? Quando os passadiços têm grades em degrau e duas crianças curiosas deambulam pela casa?

Alguém me disse estes dias que todos temos oportunidades, só temos que saber aproveitá-las.

Bom fim de semana!

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Quem é responsável?

Quando eu já penso que li tudo ou ouvi tudo sobre formas de repressão da mulher tomo conhecimento de mais alguma! Não pensei que ainda restassem segredos sobre o assunto, afinal há. No Camarão existe um costume que se transmite secretamente: na puberdade os seios das meninas são”repassados”, com a ajuda de uma espátula ou pedra aquecida, até que desapareçam! Uma em cada 4 raparigas será vítima desta prática bárbara que lhes pretende retardar a sexualidade. A explosão das gravidezes precoces incita as mães e avós a utilizar este processo. Ao invés de as educar informando-as sobre a sexualidade e dizer-lhes que nenhum homem tem o direito de lhes tocar, mutilam-nas. Contra os homens não é tomada alguma medida, pois é aceite que eles apenas desempenham o papel deles. É mesmo muito comum que na Primária o professor repare na menina mais precoce, comece a cercá-la, e mesmo que ela recuse( é inútil ), ele acaba por conseguir abusar dela e quando engravida é expulsa da escola!
Felizmente, um grupo de mulheres começa a combater este costume, e a divulgar nas escolas as informações necessárias para que as raparigas se protejam. Algumas destas mulheres, elas próprias vítima desta prática, acusam:” É o nosso próprio estatuto de mulher que as nossas mães pisam”.

É lamentável a quantidade de práticas inventadas pelo mundo afora que visam mutilar e destruir a mulher, sobretudo na entrada da idade adulta. Contrariamente, para os homens os rituais de passagem para a vida adulta visam aumentar-lhes a auto-estima, a confiança, enfim, a promoção do seu próprio género!
Mas afinal, quem “inventa” as práticas bárbaras que mutilam e humilham a mulher?!

(post inspirado por Marie Claire, edição francesa de Setembro2007)

domingo, 7 de outubro de 2007

O génio da garrafa


(imagem aqui)
A minha mãe contou-me que a filha de uma vizinha dela abandonou o marido; cansou-se das agressões constantes e fugiu de casa. Deixou as duas filhas pré-adolescentes, deixou todos os seus bens e desapareceu para parte incerta. Embora não consiga compreender como se deixam filhos para trás, compreendo o desespero desta mulher. O marido diz que a mulher foi passar umas férias a França, a casa do irmão. Claro que o machista covarde não conseguiria aguentar a vergonha de afirmar que foi abandonado. Certamente nem para ele consegue colocar a situação nessas palavras. A família dela sabe onde ela está mas guarda segredo. A família dele desculpa-o, afinal ele é bom rapaz, só quando bebe é que perde o controle…a culpa é da bebida!

Já ouvi muitas vezes atribuir responsabilidades ao álcool, como se de dentro da garrafa saí-se uma entidade independente que absorvida torna o bebedor numa marioneta dos seus caprichos; uns ficam palhaços e fazem rir, outros ficam violentos e fazem chorar! Ora façam-me o favor!

Que pena as pessoas não terem consciência de que são as únicas responsáveis pelos seus actos, de que de facto são marionetas, mas dos seus vícios!
Que lamentável desperdício de tempo. Ora façam-me o favor!

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Precisa de dinheiro? Pegue! Tome! Vá lá, pegue!


Vivemos num época de tentação; as ofertas são imensas, irresistíveis e estão ao alcance de todos. Pelo menos, é essa a mensagem que muitos pretendem enviar. Até no telemóvel recebo mensagens oferecendo dinheiro; antes das férias, para poder ir de férias, depois das férias, porque se gastou demais; antes do Natal porque se despende quantias exorbitantes, depois do Natal porque se está falido!

Adquirir casa, móveis, jóias, roupa,carro, viagens, etc tornou-se algo tão banal, que as pessoas repetem inúmeras vezes durante a vida, sem sequer questionar o porquê desta motivação. No tempo dos meus avós, quando eles compravam uma mobília era para toda a vida. Comprar casa então nem se fala, pretendia-se que ficasse para os descendentes. As roupas passavam de irmão para irmão. Hoje as pessoas passam por diversas casas durante a sua existência, mudam de móveis de todas as vezes, adquirem carro sempre que o novo modelo sai, a roupa muda de ano para ano. Constato que a maioria das pessoas que vivem neste sistema, não tem possibilidades económicas para tal, no entanto entraram nesta roda-viva e vivem no engano graças aos empréstimos que os bancos, instituições bancárias, empresas, lojas, etc. lhes concedem. Na verdade, hoje as pessoas são praticamente assediadas por estas entidades, através da intensa publicidade, cartas, mails e telefonemas. É comum para muita gente gerir créditos com novos créditos, um cartão paga outro e assim sucessivamente até que o descontrole seja total.

O triste é que as pessoas nem se apercebem que vivem escravizadas pelo dinheiro, pela sociedade de consumo, pelos créditos. Antes a vida espartana dos nossos antepassados, a simplicidade dos tostões contados, a troca de bens e serviços, o simples fluir do tempo; isso sim era liberdade.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Amor é….


A Anita designou-me, há bastante tempo atrás, para falar de “amor”. Eu poderia ter escolhido um poema, a letra de uma canção ou até uma escultura ou pintura que exprimisse esse sentimento que tem inspirado artistas ao longo dos tempos, porém preferi dizer algo meu.
Enquanto eu era criança o meu primeiro amor foi o dos meus pais, das minhas irmãs e minha família mais próxima. Enquanto eu crescia e fazia amigas conheci outro tipo de amor, porque a amizade também é amor. Mais tarde, o amor que eu senti pelo meu namorado, que se tornou meu marido, mas que antes tinha sido o meu melhor amigo, foi uma outra qualidade de amor. O Amor, com letra maiúscula, o mais forte, o mais poderoso de todos. Recordo-me bem de ter ouvido uma colega de trabalho afirmar que o amor da vida dela era a filha; não fiz qualquer observação, porém aquela revelação deixou-me perplexa. Eu estava prestes a casar e não imaginava, como sendo o marido ou a mulher, o único amor que escolhemos na vida, pudesse ser relegado para plano secundário em detrimento dos filhos.
Entretanto os filhos chegaram para mim; primeiro o Duarte, que me fez sentir uma espécie de amor diferente de todas, que dobrou a minha personalidade, me ensinou a paciência, a tolerância, o altruísmo. Depois a Letícia, e eu inquietei-me por achar ser impossível amar tanto outro filho, como ao primeiro. A Letícia nasceu e com ela surgiu um amor igualmente avassalador. Compreendi que não importava quantos filhos tivesse, o amor chegaria sempre para todos eles: forte e avassalador.
Há vários tipos de amor, todavia uma única característica os une e os agrupa num só: a abnegação. Amar sem esperar nada em troca, amar por amar, preocupar-se, ajudar, estar presente, dar colo, animar, enxugar as lágrimas, ouvir e vibrar com a felicidade do outro. Sem esperar nada em troca. Este é o amor que Jesus teve por nós, foi este amor que Ele nos ensinou. Mas como é difícil praticá-lo….

Boa semana!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Sem noção!


- Só em livros para o meu filho, vou gastar mais de 250€! Dizia ela, indignada, enquanto batia a porta do seu jipe Mercedes.

Realmente, o início do ano lectivo comporta despesas exorbitantes na aquisição dos manuais; não é aceitável que se atinjam somas que desequilibram o orçamento familiar de tantas famílias, sendo que o vencimento mínimo no nosso país é de apenas 400€ e que a atribuição de bolsas nem sempre é justa. Muitas famílias fazem, de facto, um esforço económico enorme, agravado pelo número de filhos estudantes, mas esses não conduzem Mercedes nem compram ténis de 150€ aos filhos e muito menos telemóveis que custam o ordenado mínimo! Por isso fico perplexa com a falta de noção de algumas pessoas, como ousam reclamar?! Não vêm e nem sequer imaginam a verdadeira dificuldade que muitas famílias enfrentam nesta hora!

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Economia de subsistência


Quando viemos viver para esta casa, antiga casa dos meus sogros, desagradava-me um pouco tudo e muito em particular a figueira. Esta árvore ocupa a parte central do nosso pequeno jardim e eu via os seus braços nus, no Inverno, como tentáculos tentando abarcar tudo, se possível a casa e os habitantes! E no Verão, irritava-me os seus constantes “bombardeamentos” que sujavam os passeios do jardim e minavam a gramínea, tornando o jardim um sítio a evitar. Numa discussão viva em que eu só apresentava argumentos para abater a figueira esqueci-me da sombra que ela nos providencia, da privacidade que nos proporciona, pois é uma autêntica cortina verde que nos protege do exterior e dos abundantes frutos que nos dá, só porque eu não gosto deles. Com o tempo comecei a ver a perspectiva da figueira, que aliás já estava naquele sítio antes mesmo da casa! Com a idade a figueira parece produzir cada vez mais; começamos a oferecer os seus frutos aos vizinhos e comecei a fazer doce de figo, para oferecer aos amigos e familiares.
E com surpresa constatamos que os vizinhos retribuíram com o que tinham: ovos caseiros, abóbora, cebolas, tomates, maracujás, etc. Vejo esta troca entre vizinhos como um acto de boa vizinhança, uma teia de gentilezas e amizade, que beneficia todos.
Não é curioso como tudo na vida tem duas perspectivas e só depende de nós escolher a positiva?!

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Primeira vez



Chegou o 1º dia da escola; o Duarte no 1º ano e a Letícia no infantário. O Duarte portou-se assim e a irmã de outra maneira, diferentes um do outro como quase sempre. Algumas mães já me tinham dito que se sentem motoristas dos filhos e hoje pela 1ª vez também me senti assim: levar o Duarte a uma escola, levar a Letícia a outra, buscar a Letícia às 17h, voltar a sair da casa ás 18:10 para ir buscar o Duarte (acho que vou desistir da garagem e deixar o carro na rua!).
Pela primeira vez sozinha em casa, não me senti sozinha, ainda tinha as crianças na minha cabeça, as vozes deles ressoavam pela casa e o meu pensamento intranquilo estava com eles. O telemóvel sempre junto a mim, não fosse tocar a sirene e eu ter que sair de urgência, para resgatar as minhas crias...
Os primeiros dias de adaptação são importantes, para eles e para mim, porém estou confiante, porque afinal, no fim do dia o Duarte regressou encantado com a escola e a Letícia...bem, a minha filhota está radiante!
E para completar, estou muito feliz com as professoras dos meus filhos, a minha intuição a respeito delas deu-me uma confiança enorme e tenho constatado, por pequenas coisas que são competentes, sem esquecer a componente afectiva, que ao fim e ao cabo é o mais importante para mim. Daí vem o resto.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Confronto de ideias. Outra vez!

Imagem de Jim Gordon
Sexta-feira fui à reunião de pais no Infantário da Letícia; na entrada preenchi um formulário onde indicava a hora de entrada da minha filha, que seria 13:30 e hora de saída: 17:30 e segui para a sala de reunião. O que aí ouvi foi muito semelhante ao que foi dito no ano anterior, quando assisti a esta mesma reunião para o Duarte. Á saída, uma funcionária chama-me e diz que eu me tinha esquecido de indicar o horário da manhã. Respondo que a Letícia só iria frequentar o horário da tarde, que coincidia com o do irmão e além disso as actividades da tarde eram mais adequadas para ela. A funcionária olhou-me com cara de espanto.
- E já disse isso à directora? Perguntou com descontentamento.
- O meu marido já falou com ela. Respondi eu.
- E a directora concordou? Perguntou ela com um ar absolutamente incrédulo.
- Penso que está tudo bem. Respondi eu calmamente, omitindo o quanto esta protestara.
- Ah, então, já não digo nada! Respondeu ela, com ar de quem ia a correr confirmar as minhas palavras.
Saí calmante mas interiormente perturbada com estas atitudes tão rígidas e egoístas. Com o Duarte aconteceu o mesmo, no ano passado; a diferença foi que ele só frequentava de manhã. O Infantário não é obrigatório, portanto porque há-de a minha filha cumprir o horário completo? Porque todas as outras crianças o fazem? Não há-de uma mãe saber o que é melhor para os seus filhos? Parece-me que as funcionárias do Infantário encaram as minhas opções de horário como um ataque pessoal! Realmente é pessoal, as nossas opções enquanto país, a minha relação com os meus filhos, sendo eu quem melhor os conhece e sabe do que necessitam. O Duarte precisava de disciplina, de pegar no lápis, de desenhar e colorir, portanto foi de manhã, quando essas actividades eram privilegiadas. A Letícia é a artista da família, as actividades da manhã são dispensáveis, enquanto de tarde poderá frequentar música, teatro, francês e ginástica, tudo à medida dela!

Lamento imenso, profissionais da educação, mas os meus filhos só fazem horário completo no ensino obrigatório!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

"Ao longo dos tempos"


A vida é uma longa estrada, que eu não calcorreei antes, estrada muito estranha com troço de alcatrão onde posso e devo acelerar e troço de terra batida, onde sou obrigada a abrandar e contornar buracos. Mas que estrada essa, com paisagens que nunca me deixam indiferente, onde encontro companheiros de viagem que me ensinam o bem e o mal ou me deixam indiferente, com quem eu troco lições. Percorrer esta estrada é surpreendente e a vida ensinou-me ao longo dos tempos que é surpreendente; podemos planear ir numa determinada direcção e a vida levar-nos noutro rumo. Posso trabalhar para atingir um certo objectivo e pelo percurso desviar-me de tal modo que chego aonde nunca imaginei. Nada na vida é garantido, nem coisas, nem pessoas, nem sentimentos; de quem se espera apoio recebe-se, muitas vezes, as costas e de quem não se espera nada, estendem-nos a mão. Um amor que se julga eterno pode terminar sem aviso e um encontro que não prometia pode ser uma bela história de amor. A casa que nos abriga e que julgamos ser o nosso refúgio para o resto da vida, pode ruir num abrir e fechar de olhos e podemos, inesperadamente, encontrar a "nossa casa" no outro lado do mundo. Nada na vida é garantido, excepto a surpresa!

Post sugerido pela Beth, subordinado “Ao longo dos tempos”, quem desejar pegar no tema, esteja à vontade...

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Férias com filhos? Sim!


E neste ponto, ela pergunta-me:
- Mas Fernanda, e as crianças? Como se comportam elas com tantos museus, palácios, catedrais, igrejas, ruínas?
- Muito bem – respondo eu – desde que intercalemos com programas para elas, tais como parques infantis, gelados, refrescos, etc. Em cada visita a um palácio ou museu eu vou contando histórias que falam do local, das pessoas que aí viveram, ou seja, contar a História, como uma história de fadas e cavaleiros. E sempre que possível fazer um programa para elas, como a ida à Legoland, por exemplo.
- Mas – torna ela – deve ser muito cansativo fisicamente para as crianças, não é?!
- Com certeza que este tipo de férias é cansativo, no entanto, as crianças andam sempre nos carrinhos e neles fazem sestas diárias quando após o almoço, visitamos museus, que são locais tranquilos e muitas vezes sombrios. Á noite também dormimos bem cedo, para acordarmos frescos pela manhã e deixamos as crianças preguiçar na cama, enquanto vêm alguns desenhos animados.
- Ah, eu acho que as crianças preferem sempre ficar num só local, fazer férias na praia, por exemplo; não andar por aí como saltimbancos! Insiste ela.
-Talvez; acontece que ficar na praia seria extremamente cansativo para mim e para o pai; aquela pasmaceira deixa-nos exaustos. Ficar ao sol dia após dia não é para nós. Precisamos de férias motivadoras, de aventuras, de outros horizontes e isso também é benéfico para as crianças.
Ela não desarma:
- Mas, Fernanda, fazer tantos quilómetros de carro, não é violento demais para eles?
- Sempre que possível iniciamos as viagens num horário em que as crianças estejam predispostas a dormir, como por exemplo depois do almoço e durante a viagem fazemos pausas, para que eles possam correr e brincar. No entanto, há uma série de actividades que as crianças podem fazer dentro do carro, jogos, pintura, ver filmes ou ouvir as histórias que eu lhes conto. A viagem assim é divertida!
- E vocês nunca pensaram em deixar as crianças com algum familiar, enquanto viajam? Ataca ela.
- Essa possibilidade até seria viável, no entanto, nós acreditamos que as viagens também são importantes para toda a família; estamos a plantar uma sementinha que vai dar-lhes o gosto pela cultura, pela arte, pelas viagens, por outros modos de estar na vida. Por outro lado, nós vemos que os filhos adolescentes de familiares e amigos se recusam ir de férias com os pais; ainda que estes lhes acenem com viagens a Barcelona ou Londres, eles não querem! Iriam mais depressa 2 semanas para o campismo na Maia, com os amigos! Portanto, nós queremos desfrutar da presença dos nossos filhos e enquanto eles querem, nós também queremos!
Ela não desiste:
- Mas até para vocês, enquanto casal, seria benéfico, não achas?
- A vida de casal não toma fôlego apenas nas férias, e se tem que ser em viagens porque não num fim-de-semana?! Eu digo de que sou mãe de boca-cheia; um tipo de mãe desses não partiria de férias 15 dias ou 3 semanas sem os filhos, pois não? Então, férias com filhos, sim!

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Et vive la France! ( parte III)



Regressamos à nossa base francesa, a casa do meu primo em Lyon; daí visitamos Genebra, na Suíça, cidade que me deixou algo indiferente. Não vimos monumentos grandiosos como em Viena, nem belos como em Salzburg, nem sequer a natureza nos impressionou como na Alemanha. Estacionamos logo em frente ao relojoeiro Frank Muller, entrando directamente na rua das casas de alta-costura, lojas fechadas, com segurança no interior, que só abre a porta quando a cliente toca a campainha, depois de lhe lançar um olhar perscrutador. De quando em quando surgia um banco; alguns privados, daqueles que não estão abertos ao comum dos mortais. Nessa rua vi algumas mulheres árabes, com motorista à porta das lojas. Só elas, tapadas por lenços até aos olhos, com gabardinas ou vestidos largos e compridos, levavam os sacos com os logótipos da Louis Vitton, Lanvin, etc. Na hora pensei: não posso permitir-me entrar numa loja destas para fazer compras, mas ainda assim prefiro a liberdade de vestir um top!
Uma rua acima encontrei todas as lojas que conheço, frequento e onde posso comprar, mas não entrei! No estrangeiro não perco tempo em lojas que também existem em Portugal, porém entrei numa perfumaria para comprar um perfume que procurava há algum tempo. A Suiça é um país curioso, moderno e auto-suficiente,( neste momento fazem uma forte campanha publicitária de incentivo ao agricultor) fornecendo ao mundo uma panóplia de produtos, desde fármacos,chocolates, etc aos famosos relógios. Recusam a entrada na Comunidade Europeia, enquanto ao mesmo tempo lhe piscam um olho, como quem diz: não queremos entrar, mas podemos sempre ser amigos!

De seguida, visitamos Annecy,em França, uma linda cidade antiga, com um lago enorme ( 1km de largura x 14 de comprimento)quase encostado à montanha. O coração da cidade é uma bonita zona de canais por onde o Thiou flui desde o lago. É famosa a imagem do Palais d’Isle, do sec.XII, no meio do rio e posso confirmar que a sua fama é justificada. Em Annecy comemos um gelado delicioso, mistura de gelado de frutas com frutos vermelhos, numa enorme taça, confeccionado por um maître glacier! É preciso que se diga que os franceses têm este hábito de se anunciarem como maître: maître bolanger, maître parfumeur, maître couturier…, mas que dá um certo ar, dá!

Noutro dia fomos a Chamonix, conhecida como capital mundial do alpinismo e do esqui. A paisagem é fantástica, Chamonix uma cidade linda, com as suas casas de madeira típicas, rodeada de montanhas, e o Mont Blanc em frente, permanentemente branco, com temperaturas negativas, enquanto nós cá em baixo estávamos expostos a um calor de 30º! É notória a diversidade de nacionalidades dos turistas; muitos vêm aqui para escalar, todos os anos morrem entre 50 a 60 alpinistas, ao tentar escalar o Mont Blanc, o monte mais alto da Europa, com os seus 4807 metros. Dois dias depois de lá termos ido, vimos na televisão que mais 2 alpinistas tinham morrido. Muitos outros, como nós, vêm para apreciar esta paisagem cheia de contrastes, para nos curvarmos perante o poder e beleza da natureza.

Entretanto, estava na altura de regressar a casa.

Bom fim-semana a todos!

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

"Ein kleiner moka, bitte!" (parte II)



Apesar de Munich ser uma cidade que merece ser revisitada ficamos na Alemanha 3 dias apenas pelos nossos amigos alemães, que já não encontrávamos há 11 anos! Eles vivem em Baden-Wurttemberg, na alta e fresca montanha, numa casa feita de tijolo e madeira, decorada a flores multicolores; um cenário de postal alemão! O que visitar aí? Não me interesso por carros, porém a minha amiga assegurou-me que o museu da Mercedes-Benz, em Sttutgart, seria interessante; certíssimo. Para além da obra arquitectónica que é, o museu está extremamente bem concebido, conciliando o desenvolvimento da marca com os acontecimentos no Mundo. Não foram esquecidos os episódios de colaboração da Mercedes com o regime Nazi, na 2ª Guerra Mundial. Gosto da atitude vertical dos alemães, aceitam a responsabilidade do que fizeram nessa época negra da História, e nessa linha ensinam nas escolas o que aconteceu na década de 40 e fazem visitas de estudo aos campos de concentração. Em contrapartida na Áustria, a história do país apresenta uma lacuna, dos anos 40 aos 60, e negam a sua participação na Guerra, pois segundo os manuais escolares, nunca aconteceu!
Também visitamos Esslingen, uma pequena e pitoresca cidade, onde cada casa é um monumento de beleza e antiguidade. Na rua passamos por um jovem, levando na mão uma espécie de cajado, vestido com um traje que nos pareceu tradicional, porém inusitado naquele local e momento. A minha amiga explicou-nos que daquela forma o jovem se identificava como carpinteiro que procura emprego. Assim vai percorrendo o país e o mundo, apenas em troca de tecto e alimentação. Uma tradição que remonta a tempos imemoriais.
O Duarte tinha descoberto num hotel, uma brochura da Legoland; nós nem sabíamos que esse parque existia mas claro que ficou desde logo combinado que iríamos passar aí um dia. A minha amiga também tencionava propor este programa, pois o parque fica a 25 minutos de sua casa. Um parque de diversões, estilo Disney, construído apenas com legos, muito divertido, sim, mesmo para nós adultos! Não consigo imaginar o trabalho que foi montar os animais do safari, em tamanho natural, as miniaturas das cidades vizinhas da Alemanha, etc! Impressionante para nós adultos, paradisíaco para as crianças. Nesse dia a nossa amiga, levou o sobrinho de 3 anos e os meus filhotes rapidamente fizeram amizade com ele. O Luka a falar alemão, os meus a falar português e ainda assim entendiam-se, brincavam e riam juntos!

Essa barreira da linguagem sentia-a há 11 anos atrás, quando fomos pela 1ª vez à Alemanha; apesar de falarmos inglês com os nossos amigos, senti-me frustrada por não falar alemão. Os meus 2 anos de estudo da língua serviram-me mal. Contudo, desta vez, mesmo em Viena, fiz questão de tentar comunicar-me em alemão, sempre que possível. A primeira frase, porque diariamente necessária, foi: “- Ein kleiner moka, bitte”, ou seja: - um café pequeno, por favor. As crianças também me imitavam e o “bom dia” e “obrigado” tornaram-se habituais. Acho simpático falar algumas palavras do país que visito.

A estadia na Alemanha foi curta mas fantástica; rever os nossos amigos, encontrar adolescentes as filhas que conhecêramos crianças de 5 e 2 anos, levar agora os nossos… Hummm, que bem faz ao coração. Prometemos que desta vez o nosso encontro não demoraria tanto a acontecer. A visita deles ficou prometida. Despedimo-nos e partimos novamente para França. ( Cont.)

Vamos passar alguns dias à praia, entretanto, bom-fim-semana a todos!

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Á grande e à austríaca! (parte I )



Finalmente cheguei e tenho internet, iupiiii!
O tempo passa depressa, 3 semanas passam depressa, demais se forem 3 semanas de férias! Intensos 22 dias, divididos entre França, Áustria e Alemanha, para conhecer e rever novos lugares, encontrar amigos de longa data e visitar parentes.

Lyon é a 2ª maior cidade de França, com monumentos considerados, património da humanidade,pela Unesco; tem sempre algo para ver. Desta vez, fomos ao Musée des Beaux Arts, que nos impressionou particularmente pela abundância e proficuidade do seu espólio egípcio e romano. Que excelente ideia, esta a dos museus, que nos permite ver objectos vulgares e outros mais raros, de outros tempos e de outras civilizações, sem termos que nos deslocar aos seus países de origem! Claro que isto coloca outra questão : - que direito temos, de manter e chamar nossos a estes objectos? O governo egípcio está, desta há algum tempo, em negociações com alguns países para que estes devolvam importantes artefactos que ilustram a história do Egipto. Nada mais justo! Neste museu pude ver quadros de grandes mestres como Degas, Monet, Manet, Picasso e muitos outros nomes, mais conhecidos ou menos, porém a minha preferência, sem desvirtuar os talentosos italianos, vai para os holandeses e destes havia em abundância. As salas são espaçosas e com amplos sofás, que nos permitem descansar e contemplar as obras mais confortavelmente. Pena que não seja regra!
Ainda em Lyon visitamos as ruínas da cidade romana, Lugdunum de nome, com os seus dois anfiteatros, um ao lado do outro, um descoberto outro mais pequeno e coberto, provavelmente para representações de Inverno. Singular! Ainda hoje se apresentam aí espectáculos. O seu museu é bastante grande, rico e interessante. Subitamente, a Letícia levantou-se do carrinho e pôs-se a dançar em cima de um painel de pequenos ladrilhos, uma réplica do original incompleto. Eu fotografava-a e os guias do museu e poucos visitantes sorriam, admirados com o inesperado espectáculo.
Lindz, a primeira cidade austríaca que visitamos, não nos impressionou como esperávamos, em compensação Viena deslumbrou-nos completamente! Em Viena, tudo é enorme, grandioso, imponente, edifícios, palácios, museus, estatuas, chafarizes, etc, tudo é ENORME! Como o meu marido comentou, seria mais pertinente dizer: à grande e à austríaca!
Viena tem uma oferta ilimitada, para todos os gostos e idades; os nossos dias foram bem preenchidos e organizados, a fim de aproveitarmos o máximo. Muito convenientemente o nosso apartamento localizava-se no “MuseumsQuartier” e dai visitamos o Leopold Museum (não gostei!), o Kunst historiches museum (que adorei!), o Hofburg- palácio imperial - cujo museu da Sissi é claustrofóbico e labiríntico, porém a visita aos apartamentos dela e seu marido, Francisco José, foi fantástica, uma demonstração quase real da vida na corte! Ainda a colecção de porcelanas e prata da família imperial, algo verdadeiramente impressionante, tanto em abundância como em qualidade, um verdadeiro tesouro, o maior que eu alguma vez vira! Sem dúvida que os Habsburgos, que aí viveram durante 10 séculos, sabiam tratar-se regiamente. Difícil de descrever, só mesmo vendo. O Staatsopernmuseum, ou seja a ópera, uma das poucas no mundo a possuir o seu próprio grupo de cantores. O preço dos bilhetes vai de 5 a 255€, no entanto quem compra o bilhete 1 hora antes do espectáculo, pode adquiri-lo por 2€, motivo pelo qual, ninguém deixa de ir á ópera, e esta se encontra constantemente lotada. A casa onde Amadeus Mozart viveu desapontou-me um pouco por se apresentar tão despojada, contudo a Letícia deliciou-se com uma pequena cena da “Flauta mágica”, que viu repetidas vezes e não deixou da falar no “Papagueno” durante as horas seguintes! Impressionou-me o comércio desenfreado que se faz à custa da efígie de Mozart; irónico que aquele ser genial, que morre aos 35 anos, na pobreza absoluta, atirado para uma fossa comum, dê a ganhar milhões a quem nada tem de genial!
Em contrapartida a casa de Sigmund Freud emocionou-me imenso! Não pelos objectos expostos, fotos ou móveis, somente porque de alguma forma senti que a energia do pai da psicanálise, ainda estava ali! Sei, loucura minha, chamem o psicólogo…
Belvedere (superior) encantou-me pela sua beleza e colecção fantástica de quadros, dos quais "O Beijo” de Klimt. Nunca fui admiradora deste pintor, acho-o mais comerciante do que artista, pois tendo descoberto a fórmula que lhe rendia dinheiro não evoluiu mais. Todavia, ver o original d'"O Beijo” é fabuloso, afinal a cor predominante não é amarelo, mas sim ouro! O Belvedere (de baixo) é minúsculo e não valeu o bilhete. Para o fim, ficou Schonbrunn, o palácio de verão da família imperial, grandioso, impressionante, quase asfixiante de tão bonito! Não menciono outros como a catedral, a Rathaus ou o parlamento, etc, mas também por lá passamos, tudo na mesma linha de grandiosidade.

Os vienenses têm a fama de ser fascinados pela morte, dizem mesmo que ela deve ser vienense! Talvez esta fixação se deva aos inúmeros exemplos famosos: os arquitectos da ópera morrem mesmo antes da sua inauguração, afectados pelas críticas do imperador, ao trabalho deles; Sissi morre assassinada; Maria Antonieta, filha da imperatriz Maria Teresa, morre decapitada pelos revolucionários franceses; Mozart sucumbe aos 35 anos; Romy Schneider suicida-se após a morte acidental do filho, etc….

A meio da semana fizemos um intervalo de Viena e fomos passar o dia a Bratislava, situada apenas a 60 kms. A capital da Eslováquia poderia ser encantadora se estivesse restaurada; os comunistas desfearam a cidade ao construir prédios incrivelmente feios, colados a prédios centenários; ignoraram a manutenção do antigo, porque representava uma história que desprezam. Pois é, a herança comunista é pesada…

Salzburg é uma cidade linda, nada semelhante a Viena, mas muito semelhante às cidades da Baviera. Ruas estreitas, casas antigas, anúncios feitos em ferro forjado, com formas de pessoas e animais, delicadamente pintados, pendurados às entradas das lojas. Esta cidade é visitada por cerca de 8 milhões de pessoas todos os anos, mas eu ia jurar que esses 8 milhões estavam lá todos, no dia 30 de Julho! O Rotard tinha avisado, mas ainda assim, senti um baque ao encontrar-me subitamente envolvida por aquela multidão. Finalmente, em Salzburg encontrei um prato de parede, tipicamente austríaco, pintado, à mão, para a minha colecção da sala de jantar! Até aí todos eram “made in Germany”.
Deixamos Viena em direcção à Alemanha. (Cont.)

Agradeço a todos que me visitaram na minha ausência, e deixaram os seus comentários. Retribuirei a visita a cada um. Uma boa semana a todos!

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Saudades

Pois é, uma ausência forçada de 2 semanas do mundo blogueiro! Uma avaria na internet impediu-me de postar e ler os posts dos blogs amigos e senti muita falta disso. No início pesou-me mais não poder postar, confesso, porém várias vezes me perguntei sobre o que vocês estariam a postar e com o passar dos dias fiquei com uma saudade imensa dos amigos que partilham comigo pensamentos, acontecimentos, emoções, desejos, tristezas...
Contudo, ainda não é hoje que vou fazer as minhas visitas, ler e comentar; estou com falta de tempo e a postar no computador de um amiga, apenas para dizer um olá.

Entretanto,no próximo dia 18 vamos de férias; estaremos por aqui:Lyon,França
e também aqui: Viena, Aústria
e por aqui:
Munich, Alemanha

Depois de 3 semanas de férias, terei certamente novidades para contar e também muitas mais saudades!
Entretanto, meus amigos, fica aqui o meu abraço. Um abraço cheio de saudades!

terça-feira, 3 de julho de 2007

Procissão de S.Pedro




Domingo, 1 de Julho, assistimos como todos os anos à procissão de S.Pedro; não sendo esta uma terra de pescadores, não é claro o porquê da escolha de S.Pedro como padroeiro da paróquia. Talvez pelo simples motivo de todos os homens serem candidatos à pescaria de Jesus. Afinal, foi assim que Ele encorajou Pedro a segui-lo, dizendo que o tornaria "pescador de homens". Contudo, vejo ao longo dos anos a diminuição de pessoas que assistem e seguem a procissão. Interpreto este abandono como uma prova de que o Homem cada vez mais se afasta de Deus.

A procissão dá a volta à Vila e passa em frente a minha casa. É pretexto de reunião da família, que assiste à passagem da procissão da varanda. Eu também coloco uma colcha de damasco, herança da minha avó paterna, na varanda, como aliás fazem todas as famílias da rua. A minha tia disse-me que acha isso uma hipocrisia, uma vez que eu não sou católica. Eu respondi que de qualquer modo sou cristã e colocar a colcha à passagem da procissão é um sinal de respeito para com a religião e também uma forma de manter a tradição. E eu gosto de tradições!
E você? Gosta de tradições?

Boa semana a todos!

sexta-feira, 29 de junho de 2007

5 Livros

A Anita convidou-me para falar de livros; então, escolhi 5 que me marcaram, de épocas diferentes, cada um de forma única mas que eu recordo até hoje.

1º “ O meu pé de laranja lima” de José Mauro de Vasconcelos. A sensibilidade deste autor cativou-me de tal forma que li outros livros dele, no entanto este livro tocou-me de forma única. Chorei baba e ranho pelo Zezé, motivo pelo qual uma das minhas irmãs me gozou imenso! O que ela se ria quando me via a fungar, agarrada ao livro! Um ou dois anos mais tarde ela começou a ler “ O meu pé de laranja lima” e tive oportunidade de me vingar, mas não o fiz, porque simplesmente compreendi ser impossível ler esta história sem comoção.

2º “Principezinho” de Antoine de Saint-Exupéry; li este já a entrar na idade adulta e ainda bem, porque esta história não é tão simples como se diz. É um daqueles livros que eu pego, abro numa página qualquer e fico com uma frase para o dia.
3º “Canção de Tróia”, na minha opinião a obra-prima de Collen McCullough. Uma versão açucarada da "Ilíada" de Homero, contudo imperdível para quem gosta de mitologia grega.

4º “O matrimónio perfeito” de Samael Waun Weor; o livro que revolucionou a minha vida! Que me despertou para uma verdade profunda, me reconciliou com Deus, me aproximou de Jesus, que me relembrou tudo o que eu tinha esquecido.

5º "Meditações” de Marco Aurélio; este livro foi-me indicado pela Ana Paula, do Mapa do Tesouro. É um daqueles livros que não pode ser lido de uma só vez, pois é tão profundo, tão sábio que lê-lo de seguida pode provocar uma indigestão mental! Deve ser saboreado lentamente, com pausas para reflexão e assimilação. Outro livro que fica para sempre.

Indico para dar continuidade a esta brincadeira literária: Alê , Bel,Beth, Geórgia e Rosa. Quem sabe não encontraremos nestas sugestões leitura para as férias?

Bom fim semana a todos!

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Sem rótulo!


Certa vez, li algumas linhas da entrevista que uma blogueira de sucesso deu a uma revista; ela dizia que o segredo estava em fazer com que os leitores se identificassem.
Então, eu pensei, se eu fosse obesa poderia escrever a minha luta com a balança, falar de dietas, de como sucumbira comendo um bolo de chocolate sozinha, de uma só vez; aí eu teria comentários solidários de outras mulheres com o mesmo problema, que trocariam ideias comigo. Mas sou magra, sempre fui e posso comer todas as calorias que quiser que a balança não mexe!

Se eu fosse fumadora poderia falar da minha luta contra o vício e contar os métodos experimentados, desde o autocolante de nicotina à hipnose, e de como roera as unhas até ao sabugo, nos poucos dias que conseguira não tocar no cigarro. Mas não sou fumadora, nunca fui.

Se eu fosse poetisa poderia escrever lindos poemas sobre o meu estado de espírito e entregá-los à interpretação dos meus inteligentes e sensíveis leitores. Porém, a minha veia poética não vai tão longe.

Se eu fosse polémica poderia fazer afirmações bombásticas, tipo: “A responsabilidade da actual situação em África é da própria mentalidade africana”. Os politicamente-correctos comentariam indignados, pois todos sabem que os responsáveis são os colonizadores! Contudo, eu sou discreta e sobretudo bem-educada e as polémicas podem facilmente descambar para o insulto e agressão!

Se eu fosse solteira poderia falar da falta de homens decentes, inteligentes, bonitos, bem-humorados e ricos! Da minha vontade frustrada em ter uma relação feliz que me levasse ao altar! Mas sou casada; e acredito que o meu casamento será para toda a vida.

Se eu quisesse engravidar e não conseguisse, poderia falar dos tratamentos de fertilidade, de fertilizações in vitro, do insucesso e das depressões que isso me causava. Outras mulheres na mesma situação,comentariam, dando-me força, indicando-me especialistas e remédios fantásticos. Contudo, eu tenho 2 filhos maravilhosos, graças a Deus!

Se eu tivesse muitos conhecimentos religiosos poderia postar textos profundos, inspiradores de mudanças de comportamento, que fizessem reflectir os meus leitores. Mas o que sei, dá apenas para mim, não sinto que possua conhecimentos suficientes para partilhar.

Se eu fosse uma cozinheira excepcional poderia tirar fotos de pratos deliciosos, mas quem quer o blog de uma dona de casa, quando há tantos “chefs” a postar “nouvelle cuisinne”?

Realmente, acho que nunca terei milhares de leitores, até porque nem sequer estou linkada nas listas de ouro das estrelas da blogosfera; o preço a pagar não vale o sacrifício de comentar e ser ignorada.
Escrevo o que me apetece, sobre coisas importantes como o ambiente e pequenas como as andorinhas; escrevo o que me dá na real gana. Não tenho a pretensão de mudar ninguém, não acredito que alguém lendo um post meu, tenha radicalmente mudado a sua perspectiva de vida. Porque sobretudo, o meu blog faz-me pensar a mim.
Por tudo isto, concluo que sou difícil de ser etiquetada! E como é bom não ser rotulada, colocada na prateleira dos tais ou dos cujos. Não receber prémio de fazer pensar, de fazer rir, de amar ou de ter tomates! Não julgo quem gosta de receber os selos, nem quem gosta de atribui-los, eu simplesmente não vejo utilidade nisso. Metade da blogosfera a dar prémios, outra metade a receber, no entanto raros foram os casos em que eu concordei com a atribuição! Já encontrei um blog de culinária com o selo dos tomates! Uma atribuição literal. Penso que as pessoas se sentem constrangidas; - Tenho que nomear 5 blogs que me fazem pensar, mas só com 3 isso acontece! Nomeio esses 3? Como explicar isso aos outros?! Então, vai de pim-pam-pum!
Espero não servir de pretexto á Luma! Ela já avisou que iria criar o prémio carqueja, para os blogueiros amargos, o que me fez rir muito! Mas se porventura isso acontecer, já aviso: Não recebo, até porque eu sou mesmo é agridoce!

Boa semana a todos!

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Fame! I want to live forever…


Todos os domingos eu assistia religiosamente à série “Fame”; estivesse a fazer o que fosse, eu parava para ver o novo episódio. Domingo sem “Fame” era para esquecer! Eu gostava de ver aqueles jovens talentosos, na labuta diária da Escola, sonhando em conseguir papéis notáveis, que lhes trouxessem fama. No entanto, eu não me revia neles. Nunca sonhei com fama; eu sou discreta, sempre fui e as luzes da ribalta nunca me fascinaram, por isso prefiro os bastidores. Ser perseguida por fotógrafos, por fãs a pedir autógrafos, ganhar rios de dinheiro sem grande esforço, ter tratamento VIP em todo o lugar, deve soar maravilhosamente para muitos, no entanto o outro lado da moeda também existe: ser objecto de falsas notícias nas revistas cor-de-rosa, ter uma vida profissional tão preenchida onde já não cabe vida particular, não saber se o namorado está realmente apaixonada ou se é para aparecer, enfim… .Gerir tantas situações e emoções deve ser esmagador.

Como a fama nunca me fascinou os famosos ainda menos; sempre consegui separar muito bem as águas, compreender que os famosos são iguais a todos os outros, mal-educados, grosseiros, arrogantes, prepotentes, vaidosos e tudo isso em tamanho XXL, porque estes podem! Têm gente para aturar os caprichos e servir de capacho. Claro, há aqueles que conseguem manter os pés em terra firme, vigilantes sobre si mesmos e sobre os outros, mas esses, acredito, devem ser um grupo realmente pequeno. Poucos conseguem utilizar a fama para, em paralelo, desenvolver um trabalho em prol de causas justas. O “Ego” é demasiado grande para fazer seja o que for que enfoque outra coisa que não eles próprios.

Falando em fama, penso primeiro em cantores, actores, desportistas, estrelas do Big Brother, etc, mas na verdade estes são apenas fogos-fátuos, luzes que se acendem e pagam, pode durar uma vida ou apenas alguns anos, no entanto da fama destes não reza a História.
Na História permanecem nomes de quem descobriu a cura para uma doença, de quem fez o 1º transplante ao coração, de quem inventou uma máquina importante para a Humanidade, de quem escreveu algo maravilhosamente intemporal, de quem pintou um quadro extraordinário, etc. Contudo, estas pessoas não aparecem em festas, não saem nas revistas, não são protagonistas de escândalos, por conseguinte os seus nomes caem no esquecimento. Marie Curie, Christian Barnard, Thomas Edison, Padre António Vieira, Michelangelo, etc não estão na ponta da língua do povo. A memória é fraca! Sendo assim, serão eles realmente famosos?

Há alguns anos atrás eu dizia que não gostaria de ser famosa, apenas ter o dinheiro que normalmente a fama também traz. Actualmente já não penso assim; não sendo rica nem famosa tenho o suficiente para ser feliz.
É, sou uma chata-nojenta!

Post integrante da blogagem colectiva, promovida pela Micha, subordinado ao tema "Fama".

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Portuguese is cool!


Estes dias fui corrigida pelo meu filho; eu disse “Aladino” e ele chamou-me à atenção, dizendo que era Alladin. Expliquei-lhe que os dois nomes estavam correctos, o primeiro em Português, o segundo em Inglês, no entanto, como o Português é a nossa língua, devemos dizer Aladino. Isto levou-me a reflectir sobre a facilidade com que as palavras de outras línguas entram no Português. Compreendo que quando uma palavra não existe na nossa língua, porque se refere a um objecto, uma ideia, uma técnica, etc, que não existem na nossa realidade, nos apropriemos da original. Contudo, não me agrada que se faça uso dos estrangeirismos se temos palavras na nossa língua, ou se as podemos traduzir. Por vezes digo uma palavra ou expressão em Francês ou Inglês, mas é sempre por brincadeira. Também não pretendo que se leve tão longe a defesa do Português, como os espanhóis que chegam a traduzir Spice Girls por "Chicas piri-piri"!Contudo, se temos palavras porque não as utilizamos? O António perguntava num comentário porque não criamos uma palavra para linkar; até podíamos! Que tal: ligar? A linguagem informática é o exemplo perfeito da assimilação de estrangeirismos, prova de que quem faz a língua é o povo, não os gramáticos e linguistas. Se fossem estes, naturalmente poderiam ir buscar novas palavras ao Latim, raiz da nossa língua.O que estaria correcto!
Entretanto, li no blog da Karina que a Língua Portuguesa vai sofrer alterações, em 2008, que a visam unificar; fiquei muito surpresa, não ouvi nada, nem li nada sobre o assunto, mas acho bastante ingénuo pensar que o Português não vai desenvolver-se de forma diferente nos diversos países. Foi isso que aconteceu até agora, pois o Português compreende vários dialectos e subfalares, além de dois padrões reconhecidos internacionalmente: português brasileiro e português europeu.

Por vezes, reclamo contra Portugal, há muitas coisas aqui que me desagradam e por vezes desabafo:- Mas porque é que eu nasci neste país?! No entanto, em contrapartida, gosto muito de outras e a minha língua é uma delas. Irrita-me que maltratem o Português, que o negligenciam, como se a sua antiguidade não tivesse valor, como se estivesse fora de moda!

A língua portuguesa é a 5ª língua materna mais falada no mundo e a terceira língua mais falada no mundo ocidental, sendo a língua oficial de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. É ainda falada na antiga Índia Portuguesa: Goa, Damão, Diu e Dadra e Nagar Haveli, além de ser uma das línguas oficiais da União Europeia e do Mercosul, sendo actualmente a única língua do mundo ocidental falada por mais de cem milhões de pessoas com mais de uma ortografia oficial. Conferir aqui.

Penso que são razões suficientes para dizer: Portuguese is cool!