segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Á grande e à austríaca! (parte I )



Finalmente cheguei e tenho internet, iupiiii!
O tempo passa depressa, 3 semanas passam depressa, demais se forem 3 semanas de férias! Intensos 22 dias, divididos entre França, Áustria e Alemanha, para conhecer e rever novos lugares, encontrar amigos de longa data e visitar parentes.

Lyon é a 2ª maior cidade de França, com monumentos considerados, património da humanidade,pela Unesco; tem sempre algo para ver. Desta vez, fomos ao Musée des Beaux Arts, que nos impressionou particularmente pela abundância e proficuidade do seu espólio egípcio e romano. Que excelente ideia, esta a dos museus, que nos permite ver objectos vulgares e outros mais raros, de outros tempos e de outras civilizações, sem termos que nos deslocar aos seus países de origem! Claro que isto coloca outra questão : - que direito temos, de manter e chamar nossos a estes objectos? O governo egípcio está, desta há algum tempo, em negociações com alguns países para que estes devolvam importantes artefactos que ilustram a história do Egipto. Nada mais justo! Neste museu pude ver quadros de grandes mestres como Degas, Monet, Manet, Picasso e muitos outros nomes, mais conhecidos ou menos, porém a minha preferência, sem desvirtuar os talentosos italianos, vai para os holandeses e destes havia em abundância. As salas são espaçosas e com amplos sofás, que nos permitem descansar e contemplar as obras mais confortavelmente. Pena que não seja regra!
Ainda em Lyon visitamos as ruínas da cidade romana, Lugdunum de nome, com os seus dois anfiteatros, um ao lado do outro, um descoberto outro mais pequeno e coberto, provavelmente para representações de Inverno. Singular! Ainda hoje se apresentam aí espectáculos. O seu museu é bastante grande, rico e interessante. Subitamente, a Letícia levantou-se do carrinho e pôs-se a dançar em cima de um painel de pequenos ladrilhos, uma réplica do original incompleto. Eu fotografava-a e os guias do museu e poucos visitantes sorriam, admirados com o inesperado espectáculo.
Lindz, a primeira cidade austríaca que visitamos, não nos impressionou como esperávamos, em compensação Viena deslumbrou-nos completamente! Em Viena, tudo é enorme, grandioso, imponente, edifícios, palácios, museus, estatuas, chafarizes, etc, tudo é ENORME! Como o meu marido comentou, seria mais pertinente dizer: à grande e à austríaca!
Viena tem uma oferta ilimitada, para todos os gostos e idades; os nossos dias foram bem preenchidos e organizados, a fim de aproveitarmos o máximo. Muito convenientemente o nosso apartamento localizava-se no “MuseumsQuartier” e dai visitamos o Leopold Museum (não gostei!), o Kunst historiches museum (que adorei!), o Hofburg- palácio imperial - cujo museu da Sissi é claustrofóbico e labiríntico, porém a visita aos apartamentos dela e seu marido, Francisco José, foi fantástica, uma demonstração quase real da vida na corte! Ainda a colecção de porcelanas e prata da família imperial, algo verdadeiramente impressionante, tanto em abundância como em qualidade, um verdadeiro tesouro, o maior que eu alguma vez vira! Sem dúvida que os Habsburgos, que aí viveram durante 10 séculos, sabiam tratar-se regiamente. Difícil de descrever, só mesmo vendo. O Staatsopernmuseum, ou seja a ópera, uma das poucas no mundo a possuir o seu próprio grupo de cantores. O preço dos bilhetes vai de 5 a 255€, no entanto quem compra o bilhete 1 hora antes do espectáculo, pode adquiri-lo por 2€, motivo pelo qual, ninguém deixa de ir á ópera, e esta se encontra constantemente lotada. A casa onde Amadeus Mozart viveu desapontou-me um pouco por se apresentar tão despojada, contudo a Letícia deliciou-se com uma pequena cena da “Flauta mágica”, que viu repetidas vezes e não deixou da falar no “Papagueno” durante as horas seguintes! Impressionou-me o comércio desenfreado que se faz à custa da efígie de Mozart; irónico que aquele ser genial, que morre aos 35 anos, na pobreza absoluta, atirado para uma fossa comum, dê a ganhar milhões a quem nada tem de genial!
Em contrapartida a casa de Sigmund Freud emocionou-me imenso! Não pelos objectos expostos, fotos ou móveis, somente porque de alguma forma senti que a energia do pai da psicanálise, ainda estava ali! Sei, loucura minha, chamem o psicólogo…
Belvedere (superior) encantou-me pela sua beleza e colecção fantástica de quadros, dos quais "O Beijo” de Klimt. Nunca fui admiradora deste pintor, acho-o mais comerciante do que artista, pois tendo descoberto a fórmula que lhe rendia dinheiro não evoluiu mais. Todavia, ver o original d'"O Beijo” é fabuloso, afinal a cor predominante não é amarelo, mas sim ouro! O Belvedere (de baixo) é minúsculo e não valeu o bilhete. Para o fim, ficou Schonbrunn, o palácio de verão da família imperial, grandioso, impressionante, quase asfixiante de tão bonito! Não menciono outros como a catedral, a Rathaus ou o parlamento, etc, mas também por lá passamos, tudo na mesma linha de grandiosidade.

Os vienenses têm a fama de ser fascinados pela morte, dizem mesmo que ela deve ser vienense! Talvez esta fixação se deva aos inúmeros exemplos famosos: os arquitectos da ópera morrem mesmo antes da sua inauguração, afectados pelas críticas do imperador, ao trabalho deles; Sissi morre assassinada; Maria Antonieta, filha da imperatriz Maria Teresa, morre decapitada pelos revolucionários franceses; Mozart sucumbe aos 35 anos; Romy Schneider suicida-se após a morte acidental do filho, etc….

A meio da semana fizemos um intervalo de Viena e fomos passar o dia a Bratislava, situada apenas a 60 kms. A capital da Eslováquia poderia ser encantadora se estivesse restaurada; os comunistas desfearam a cidade ao construir prédios incrivelmente feios, colados a prédios centenários; ignoraram a manutenção do antigo, porque representava uma história que desprezam. Pois é, a herança comunista é pesada…

Salzburg é uma cidade linda, nada semelhante a Viena, mas muito semelhante às cidades da Baviera. Ruas estreitas, casas antigas, anúncios feitos em ferro forjado, com formas de pessoas e animais, delicadamente pintados, pendurados às entradas das lojas. Esta cidade é visitada por cerca de 8 milhões de pessoas todos os anos, mas eu ia jurar que esses 8 milhões estavam lá todos, no dia 30 de Julho! O Rotard tinha avisado, mas ainda assim, senti um baque ao encontrar-me subitamente envolvida por aquela multidão. Finalmente, em Salzburg encontrei um prato de parede, tipicamente austríaco, pintado, à mão, para a minha colecção da sala de jantar! Até aí todos eram “made in Germany”.
Deixamos Viena em direcção à Alemanha. (Cont.)

Agradeço a todos que me visitaram na minha ausência, e deixaram os seus comentários. Retribuirei a visita a cada um. Uma boa semana a todos!