sábado, 31 de maio de 2008

"Dia mundial sem tabaco"

O meu pai começou a fumar com 12 anos; na época fumar dava um certo status e na embalagem não existia a famosa advertência "fumar faz mal à saúde". O meu pai fumava no trabalho, em casa e no carro, o que nos deixava agoniadas( a mim e às minhas irmãs), em todas as viagens. Sempre que pedíamos ao pai para deixar de fumar ele respondia que não conseguia, que o vício era mais forte do que ele.
Quando o meu pai se sentiu doente, tinha 67 anos e deixou de fumar de um momento para o outro. Depois daí não tolerava ficar perto de fumadores e não permitia que fumassem em casa. Mas foi tarde demais; aos 69 anos o meu pai estava em excelente forma física e mental. O único órgão do seu corpo que deixou de funcionar foram os pulmões, envenenados com nicotina, benzina, alcatrão e variadas substâncias cancerígenas.
O meu pai que gostava imenso de crianças não conheceu os netos e estes sentem falta dele, porque eu faço questão de amenizar a ausência do avô, transmitindo-lhes as minhas memórias.
A morte do meu pai foi o maior desgosto que sofri, é aquela dor que não quer calar, apesar do tempo. Sabe aquela opressão no peito que tira o ar? É assim que me sinto quando me lembro do meu pai. Ele poderia estar aqui hoje.

Não acredito que uma blogagem colectiva convença algum fumador deixar de fumar, nem tenho tal pretensão, mas se você fumador(a), está a ler as minhas palavras, saiba que a sua presença é importante para alguém. Então, cuide da sua saúde, trate bem o seu corpo. A vida é preciosa.

Tema subordinado à blogagem colectiva "Dia mundial sem tabaco", promovida por Nando Damásio.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

A magia das cores


Gosto imenso de decoração; a minha casa é uma construção dos anos 70 e vivemos aqui durante alguns anos antes de a renovarmos. Nesse hiato estudei minuciosamente o que poderia suprimir, mudar, melhorar e adorei fazê-lo. Transformar uma casa que detestei inicialmente, num lar onde actualmente me sinto melhor do que qualquer outro lugar foi um desafio e tanto! Reflecti imenso, deu trabalho e demorou, mas adorei cada etapa, e por isso afirmo que jamais recorreria a uma decoradora.
Porém, interesso-me bastante pelo tipo de energia que circula pela casa e quando soube que o feng shui ensina a criar ambientes harmoniosos as minhas antenas reagiram; confrontada com uma série de perigos(?), como por exemplo uma árvore em frente de casa (reduz as oportunidades), uma escada aberta (perda de dinheiro), etc, que não poderia mudar recorri a alternativas mais realizáveis, como por exemplo as cores das paredes. Penso que todos sabem da importância das cores e em como nos podem influenciar, por exemplo o lilás acalma o coração, a mente e os nervos, o laranja abre e estimula o apetite, o amarelo estimula a comunicação e actividades mentais, etc. Li recentemente numa revista que Michele Pfeiffer come sempre em prato azul, pois é uma cor que proporciona saciedade (humm, talvez seja por isso que sempre fui magra, a minha cor favorita é o azul :)).
O Feng shui também dá umas dicas razoáveis para obter prosperidade: colocar um bonito arranjo de flores ou uma fruteira na mesa da sala de jantar, nada de portas emperradas, ter o fogão bem limpo, ter a secretária onde habitualmente trabalha bem arrumada para que as energias criadoras circulem facilmente; abuse de plantas, mantenha as portas dos w.c’s fechadas, são ladrões de abundância, etc. No mínimo conselhos muito sensatos!

Vi algumas fotos de casas decoradas segundo o feng shui e sinceramente não gostei. Se uma decoradora não me iria convencer, claro que o espelho de talha dourada ao fundo das escadas ficaria no mesmo lugar mas umas plantas verdes na cozinha não colidem com as minhas convicções decorativas!

Porque estou a escrever sobre este assunto? Bem, porque os dias têm estado cinzentos, muito tristes mesmo, especialmente sendo Primavera, porém cá em casa o sol está radioso, talvez porque as paredes estão pintadas de amarelo!
Penso assim mesmo, a decoração da minha casa é ditada pelo nosso gosto pessoal e nosso estilo de vida. Afinal a nossa casa é o nosso espelho; ou não é?


Up date:
Para desfazer mal-entendidos, esta é a entrada de minha casa (a primeira foto, que achei belíssima, pertence a um link do post, não sei exatamente qual).

Tenha uma óptima semana, muito colorida, se possível!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

"Remexendo no lixo"

(Imagem Beggar)

“Se queres saber as novidades vai à cabeleireira”, é uma espécie de ditado antigo que continua a actual. Eu queria apenas arranjar o cabelo, porém saí do Salão com novidades inquietantes. A cabeleireira conversava com outra cliente que comentava ter visto uma família, com uma criança pequena, a remexer o lixo da Churrasqueira, procurando comida. Impulsivamente, levantei a cabeça da revista que folheava e perguntei incrédula:
-Aqui?! Ao que a cabeleireira respondeu que no jogging nocturno dela costumava encontrar pessoas à procura de comida no lixo da minha rua! Que têm aparência estrangeira. Fiquei perplexa.

Lá no Salão ela tinha um abaixo-assinado, que seria entregue na Assembleia da Republica, para pressionar o Governo a interferir no caso do motorista preso em Espanha. Parece que ele é desta zona e todos acreditam na sua inocência. Ele está acusado de tráfico de pessoas porque a polícia espanhola encontrou 2 marroquinos escondidos no camião, quando ele voltava de Marrocos. Isto acontece frequentemente; desesperados para sair de Marrocos escondem-se nos sítios mais incríveis dos camiões e camionetas.

A Europa não é o El-Dourado e Portugal muito menos, mas ainda assim pessoas desesperadas correm risco de vida para cá chegar. E se chegam, enfrentam novos problemas, pois a taxa de desemprego está altíssima! Os portugueses estão a emigrar para a Suiça, Luxemburgo, Mónaco e França, porque aqui todos os dias fecham fábricas. E não são apenas jovens, são pais de família e avós que emigram. Quando não há trabalho não há comida!

Sei de alguns casos de emigrantes empregados, que estão a ser tratados como escravos; recebem o vencimento no fim do mês, mas trabalham sem horário. Uma ex-enfermeira que é agora empregada doméstica das 8h às 23h e ainda trata do recém-nascido, para a patroa descansar, pois está habilitadíssima! Uma ex-directora de colégio que faz o trabalho doméstico e trata de 4 crianças, até às 21h. Estas mulheres deixaram família e filhos para trás, na procura de uma vida melhor. Não sabiam que em tempos de crise perdem direitos e dignidade.

Se conhece alguém que pretende emigrar avise-o, aconselhe-o a informar-se muito bem do que vai encontrar no destino. Realmente não posso julgar, e compreendo a vontade em procurar uma vida melhor, mas pode-se também encontrar o pior!

Tenha uma óptima semana!

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Chá de bonecas


De manhã aconteceu uma coisa que me aborreceu imenso; a ponto de perder a vontade de postar hoje. Tinha pensado escrever sobre outro tema, porém agora só me apetece falar sobre o "chá de bonecas” que organizei à minha filha. Como ela só tem primos queixa-se imenso por não ter amigas para brincar, então lembrei-me de lhe organizar um “chá de bonecas”, que era uma das minhas brincadeiras preferidas, quando criança. A Letícia adorou a ideia, e metemos mãos à obra. Fizemos as duas os convites ( vestidos em cartolina rosa, debruados a fita de seda e rendas, com o convite dentro do bolso) que ela levou para todas as meninas da sala dela, no Infantário. Só isso já alterou os ânimos por lá. No sábado fiz as compras dos refrigerantes, batatas fritas, salsichas cocktail, queijo e fiambre para as mini-sandes. Depois, entrei na cozinha para preparar aquelas coisas que todas as crianças gostam: gelatinas variadas, bolo de chocolate com calda de brigadeiro, coquinhos e muffins de baunilha.

No domingo de tarde as meninas começaram a chegar e cada uma ia sendo recebida pelas outras aos “ Viva a X!”, “Viva a Y!”, quase levadas em ombros para dentro! Cada menina trazia a sua boneca preferida, apresentavam-na e instalavam-na à mesa, para o chá. Entretanto, as donas das bonecas brincaram de tudo, baloiço, escorrega, bicicleta, trotinete, casinha, restaurante, supermercado, etc, sendo que trajar o vestido da Bela (Bela e o Monstro da Disney) foi a mais disputada das brincadeiras. A ponto de eu cronometrar o tempo de cada uma! As 9 meninas entenderam-se às mil maravilhas; depois do lanche brincaram mais um pouco e por voltas das 18h os pais começaram a chegar para levá-las. Todas pediram para ficar "mais um bocadinho, por favor!”.

Hoje fui levar a minha filha ao infantário e quando me baixei para lhe dar um beijo, umas mãozinhas agarraram o meu pescoço e deram-me um forte abraço. Virei o rosto e vi um sorriso iluminado. Rapidamente fiquei rodeada de meninas que me abraçavam e beijavam, para espanto das funcionárias.Com meiguice elas perguntavam-me quando poderiam vir cá para casa novamente. E eu tive que prometer que faríamos outro “chá de bonecas”.

Abraço é bom, mas abraço espontâneo de criança é o melhor de todos! Naquele momento as meninas retribuíram o meu trabalho com aquele abraço e, mais importante, no momento em que eu estava mesmo a precisar!

Claro que vamos ter outro “chá de bonecas”! Apesar da Internet, P.S.P. , Gameboy e Nintendo, as brincadeiras da minha infância continuam a encantar!

Tenha uma boa semana!

Nota: Se desejar imprimir os vestidos, e fazer o convite no verso, pode fazer download grátis no site  Sweetly Scrapped.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Voto de confiança


Sociabilidade é uma bandeira que os profissionais da educação acenam frequentemente, como sendo um dos grandes atractivos do Infantário; quando o meu filho foi pela primeira vez para o Infantário, a educadora insistiu comigo, diversas vezes, para que ele fosse todo o dia e não apenas a manhã. Dizia ela que o Duarte precisava de mais tempo para se sociabilizar. Eu e o meu marido não cedemos por diversas razões, mas o facto do Duarte não fazer amigos no Infantário inquietou-me um pouco. Por isso, pressionei, de certa forma, a amizade do meu filho com outro menino, filho de um casal amigo. Era notória a falta de empatia, mas ainda assim nós “promovemos” aquela amizade, na tentativa de provar que o nosso filho era uma criança sociável.
Conforme o tempo foi passando e nós fomos observando as duas crianças a brincar, compreendemos que a renitência do Duarte na aceitação daquele amigo era justificada; é uma criança com características que eu também não gostaria de ter num amigo.

Com isto eu aprendi que muitas vezes temos mesmo que dar um voto de confiança aos nossos filhos; eles podem não conseguir explicar o que sentem, podem até nem ter palavras convincentes, porém o que eles sentem pode ser muito mais verdadeiro do que o raciocínio mais lógico de um adulto. As crianças intuem, nós pensamos!

Ah, o meu filho está agora no 1º ano da escola e tem muitos, muitos amigos :)!

Tenha uma óptima semana!