terça-feira, 18 de agosto de 2015

Férias de Pais

Depois de dois anos a pedir que o deixássemos ficar, que fossemos nós, sem pena, visitar outras paragens e conhecer monumentos e museus, se assim nos apraz, o Duarte ficou em casa. As primeiras férias sem pais, aos cuidados dos compreensivos tios-avós, tinham que ter corrido bem. Tão bem que lhe souberam a pouco;  acalenta agora o plano, instigando-nos também a acarinha-lo desde já, que no próximo Verão se repita o que excepcionalmente aconteceu.

Para estranheza de amigos e família, começamos cedo a viajar com os filhos. Apetrechados com tudo o que pensávamos ser necessário ao conforto deles, e por isso, sem grandes queixas; carrinhos de passeio nunca lhes faltaram, para que as suas perninhas tenras descansassem, e pudessem inclusive fazer algumas sestas, por locais  onde a penumbra protege a arte da luz danosa.

Instigamos-lhes o gosto pelo desconhecido, incutimos-lhes o prazer da observação de obras de arte mundialmente famosas, e despertamos-lhes o espírito para compreender as diferentes culturas. Porém, por muito que a família promova um gosto, um passatempo ou interesse, cada um tem a sua personalidade e esta, mais cedo ou mais tarde, há-de levar a melhor.
Aconteceu este Verão.
Preferiu passar alguns dias na tranquilidade da aldeia, junto com a família no Douro. O sobe e desce das vinhas, as brincadeiras com os primos mais novos, os banhos na praia fluvial, refresco para as altas temperaturas, pareceram-lhe as melhores férias do mundo.

Por sua vez, a Letícia viajou para Berlim connosco, com um entusiasmo contagiante, munida de informações sobre o que queria conhecer e visitar. Espontaneamente, preparou-se durante dias, semanas, vendo vídeos e lendo o Michelin, com um genuíno interesse que falta a muitos adultos. 

São assim os filhos, cada um à sua maneira; e por muito que pensemos que temos poder de "controle",  do que eles são e serão, do que decidimos ser melhor para eles, é pura ilusão. E quanto mais cedo aceitarmos este facto, melhor será para todos.