quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Férias com filhos? Sim!


E neste ponto, ela pergunta-me:
- Mas Fernanda, e as crianças? Como se comportam elas com tantos museus, palácios, catedrais, igrejas, ruínas?
- Muito bem – respondo eu – desde que intercalemos com programas para elas, tais como parques infantis, gelados, refrescos, etc. Em cada visita a um palácio ou museu eu vou contando histórias que falam do local, das pessoas que aí viveram, ou seja, contar a História, como uma história de fadas e cavaleiros. E sempre que possível fazer um programa para elas, como a ida à Legoland, por exemplo.
- Mas – torna ela – deve ser muito cansativo fisicamente para as crianças, não é?!
- Com certeza que este tipo de férias é cansativo, no entanto, as crianças andam sempre nos carrinhos e neles fazem sestas diárias quando após o almoço, visitamos museus, que são locais tranquilos e muitas vezes sombrios. Á noite também dormimos bem cedo, para acordarmos frescos pela manhã e deixamos as crianças preguiçar na cama, enquanto vêm alguns desenhos animados.
- Ah, eu acho que as crianças preferem sempre ficar num só local, fazer férias na praia, por exemplo; não andar por aí como saltimbancos! Insiste ela.
-Talvez; acontece que ficar na praia seria extremamente cansativo para mim e para o pai; aquela pasmaceira deixa-nos exaustos. Ficar ao sol dia após dia não é para nós. Precisamos de férias motivadoras, de aventuras, de outros horizontes e isso também é benéfico para as crianças.
Ela não desarma:
- Mas, Fernanda, fazer tantos quilómetros de carro, não é violento demais para eles?
- Sempre que possível iniciamos as viagens num horário em que as crianças estejam predispostas a dormir, como por exemplo depois do almoço e durante a viagem fazemos pausas, para que eles possam correr e brincar. No entanto, há uma série de actividades que as crianças podem fazer dentro do carro, jogos, pintura, ver filmes ou ouvir as histórias que eu lhes conto. A viagem assim é divertida!
- E vocês nunca pensaram em deixar as crianças com algum familiar, enquanto viajam? Ataca ela.
- Essa possibilidade até seria viável, no entanto, nós acreditamos que as viagens também são importantes para toda a família; estamos a plantar uma sementinha que vai dar-lhes o gosto pela cultura, pela arte, pelas viagens, por outros modos de estar na vida. Por outro lado, nós vemos que os filhos adolescentes de familiares e amigos se recusam ir de férias com os pais; ainda que estes lhes acenem com viagens a Barcelona ou Londres, eles não querem! Iriam mais depressa 2 semanas para o campismo na Maia, com os amigos! Portanto, nós queremos desfrutar da presença dos nossos filhos e enquanto eles querem, nós também queremos!
Ela não desiste:
- Mas até para vocês, enquanto casal, seria benéfico, não achas?
- A vida de casal não toma fôlego apenas nas férias, e se tem que ser em viagens porque não num fim-de-semana?! Eu digo de que sou mãe de boca-cheia; um tipo de mãe desses não partiria de férias 15 dias ou 3 semanas sem os filhos, pois não? Então, férias com filhos, sim!

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Et vive la France! ( parte III)



Regressamos à nossa base francesa, a casa do meu primo em Lyon; daí visitamos Genebra, na Suíça, cidade que me deixou algo indiferente. Não vimos monumentos grandiosos como em Viena, nem belos como em Salzburg, nem sequer a natureza nos impressionou como na Alemanha. Estacionamos logo em frente ao relojoeiro Frank Muller, entrando directamente na rua das casas de alta-costura, lojas fechadas, com segurança no interior, que só abre a porta quando a cliente toca a campainha, depois de lhe lançar um olhar perscrutador. De quando em quando surgia um banco; alguns privados, daqueles que não estão abertos ao comum dos mortais. Nessa rua vi algumas mulheres árabes, com motorista à porta das lojas. Só elas, tapadas por lenços até aos olhos, com gabardinas ou vestidos largos e compridos, levavam os sacos com os logótipos da Louis Vitton, Lanvin, etc. Na hora pensei: não posso permitir-me entrar numa loja destas para fazer compras, mas ainda assim prefiro a liberdade de vestir um top!
Uma rua acima encontrei todas as lojas que conheço, frequento e onde posso comprar, mas não entrei! No estrangeiro não perco tempo em lojas que também existem em Portugal, porém entrei numa perfumaria para comprar um perfume que procurava há algum tempo. A Suiça é um país curioso, moderno e auto-suficiente,( neste momento fazem uma forte campanha publicitária de incentivo ao agricultor) fornecendo ao mundo uma panóplia de produtos, desde fármacos,chocolates, etc aos famosos relógios. Recusam a entrada na Comunidade Europeia, enquanto ao mesmo tempo lhe piscam um olho, como quem diz: não queremos entrar, mas podemos sempre ser amigos!

De seguida, visitamos Annecy,em França, uma linda cidade antiga, com um lago enorme ( 1km de largura x 14 de comprimento)quase encostado à montanha. O coração da cidade é uma bonita zona de canais por onde o Thiou flui desde o lago. É famosa a imagem do Palais d’Isle, do sec.XII, no meio do rio e posso confirmar que a sua fama é justificada. Em Annecy comemos um gelado delicioso, mistura de gelado de frutas com frutos vermelhos, numa enorme taça, confeccionado por um maître glacier! É preciso que se diga que os franceses têm este hábito de se anunciarem como maître: maître bolanger, maître parfumeur, maître couturier…, mas que dá um certo ar, dá!

Noutro dia fomos a Chamonix, conhecida como capital mundial do alpinismo e do esqui. A paisagem é fantástica, Chamonix uma cidade linda, com as suas casas de madeira típicas, rodeada de montanhas, e o Mont Blanc em frente, permanentemente branco, com temperaturas negativas, enquanto nós cá em baixo estávamos expostos a um calor de 30º! É notória a diversidade de nacionalidades dos turistas; muitos vêm aqui para escalar, todos os anos morrem entre 50 a 60 alpinistas, ao tentar escalar o Mont Blanc, o monte mais alto da Europa, com os seus 4807 metros. Dois dias depois de lá termos ido, vimos na televisão que mais 2 alpinistas tinham morrido. Muitos outros, como nós, vêm para apreciar esta paisagem cheia de contrastes, para nos curvarmos perante o poder e beleza da natureza.

Entretanto, estava na altura de regressar a casa.

Bom fim-semana a todos!

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

"Ein kleiner moka, bitte!" (parte II)



Apesar de Munich ser uma cidade que merece ser revisitada ficamos na Alemanha 3 dias apenas pelos nossos amigos alemães, que já não encontrávamos há 11 anos! Eles vivem em Baden-Wurttemberg, na alta e fresca montanha, numa casa feita de tijolo e madeira, decorada a flores multicolores; um cenário de postal alemão! O que visitar aí? Não me interesso por carros, porém a minha amiga assegurou-me que o museu da Mercedes-Benz, em Sttutgart, seria interessante; certíssimo. Para além da obra arquitectónica que é, o museu está extremamente bem concebido, conciliando o desenvolvimento da marca com os acontecimentos no Mundo. Não foram esquecidos os episódios de colaboração da Mercedes com o regime Nazi, na 2ª Guerra Mundial. Gosto da atitude vertical dos alemães, aceitam a responsabilidade do que fizeram nessa época negra da História, e nessa linha ensinam nas escolas o que aconteceu na década de 40 e fazem visitas de estudo aos campos de concentração. Em contrapartida na Áustria, a história do país apresenta uma lacuna, dos anos 40 aos 60, e negam a sua participação na Guerra, pois segundo os manuais escolares, nunca aconteceu!
Também visitamos Esslingen, uma pequena e pitoresca cidade, onde cada casa é um monumento de beleza e antiguidade. Na rua passamos por um jovem, levando na mão uma espécie de cajado, vestido com um traje que nos pareceu tradicional, porém inusitado naquele local e momento. A minha amiga explicou-nos que daquela forma o jovem se identificava como carpinteiro que procura emprego. Assim vai percorrendo o país e o mundo, apenas em troca de tecto e alimentação. Uma tradição que remonta a tempos imemoriais.
O Duarte tinha descoberto num hotel, uma brochura da Legoland; nós nem sabíamos que esse parque existia mas claro que ficou desde logo combinado que iríamos passar aí um dia. A minha amiga também tencionava propor este programa, pois o parque fica a 25 minutos de sua casa. Um parque de diversões, estilo Disney, construído apenas com legos, muito divertido, sim, mesmo para nós adultos! Não consigo imaginar o trabalho que foi montar os animais do safari, em tamanho natural, as miniaturas das cidades vizinhas da Alemanha, etc! Impressionante para nós adultos, paradisíaco para as crianças. Nesse dia a nossa amiga, levou o sobrinho de 3 anos e os meus filhotes rapidamente fizeram amizade com ele. O Luka a falar alemão, os meus a falar português e ainda assim entendiam-se, brincavam e riam juntos!

Essa barreira da linguagem sentia-a há 11 anos atrás, quando fomos pela 1ª vez à Alemanha; apesar de falarmos inglês com os nossos amigos, senti-me frustrada por não falar alemão. Os meus 2 anos de estudo da língua serviram-me mal. Contudo, desta vez, mesmo em Viena, fiz questão de tentar comunicar-me em alemão, sempre que possível. A primeira frase, porque diariamente necessária, foi: “- Ein kleiner moka, bitte”, ou seja: - um café pequeno, por favor. As crianças também me imitavam e o “bom dia” e “obrigado” tornaram-se habituais. Acho simpático falar algumas palavras do país que visito.

A estadia na Alemanha foi curta mas fantástica; rever os nossos amigos, encontrar adolescentes as filhas que conhecêramos crianças de 5 e 2 anos, levar agora os nossos… Hummm, que bem faz ao coração. Prometemos que desta vez o nosso encontro não demoraria tanto a acontecer. A visita deles ficou prometida. Despedimo-nos e partimos novamente para França. ( Cont.)

Vamos passar alguns dias à praia, entretanto, bom-fim-semana a todos!

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Á grande e à austríaca! (parte I )



Finalmente cheguei e tenho internet, iupiiii!
O tempo passa depressa, 3 semanas passam depressa, demais se forem 3 semanas de férias! Intensos 22 dias, divididos entre França, Áustria e Alemanha, para conhecer e rever novos lugares, encontrar amigos de longa data e visitar parentes.

Lyon é a 2ª maior cidade de França, com monumentos considerados, património da humanidade,pela Unesco; tem sempre algo para ver. Desta vez, fomos ao Musée des Beaux Arts, que nos impressionou particularmente pela abundância e proficuidade do seu espólio egípcio e romano. Que excelente ideia, esta a dos museus, que nos permite ver objectos vulgares e outros mais raros, de outros tempos e de outras civilizações, sem termos que nos deslocar aos seus países de origem! Claro que isto coloca outra questão : - que direito temos, de manter e chamar nossos a estes objectos? O governo egípcio está, desta há algum tempo, em negociações com alguns países para que estes devolvam importantes artefactos que ilustram a história do Egipto. Nada mais justo! Neste museu pude ver quadros de grandes mestres como Degas, Monet, Manet, Picasso e muitos outros nomes, mais conhecidos ou menos, porém a minha preferência, sem desvirtuar os talentosos italianos, vai para os holandeses e destes havia em abundância. As salas são espaçosas e com amplos sofás, que nos permitem descansar e contemplar as obras mais confortavelmente. Pena que não seja regra!
Ainda em Lyon visitamos as ruínas da cidade romana, Lugdunum de nome, com os seus dois anfiteatros, um ao lado do outro, um descoberto outro mais pequeno e coberto, provavelmente para representações de Inverno. Singular! Ainda hoje se apresentam aí espectáculos. O seu museu é bastante grande, rico e interessante. Subitamente, a Letícia levantou-se do carrinho e pôs-se a dançar em cima de um painel de pequenos ladrilhos, uma réplica do original incompleto. Eu fotografava-a e os guias do museu e poucos visitantes sorriam, admirados com o inesperado espectáculo.
Lindz, a primeira cidade austríaca que visitamos, não nos impressionou como esperávamos, em compensação Viena deslumbrou-nos completamente! Em Viena, tudo é enorme, grandioso, imponente, edifícios, palácios, museus, estatuas, chafarizes, etc, tudo é ENORME! Como o meu marido comentou, seria mais pertinente dizer: à grande e à austríaca!
Viena tem uma oferta ilimitada, para todos os gostos e idades; os nossos dias foram bem preenchidos e organizados, a fim de aproveitarmos o máximo. Muito convenientemente o nosso apartamento localizava-se no “MuseumsQuartier” e dai visitamos o Leopold Museum (não gostei!), o Kunst historiches museum (que adorei!), o Hofburg- palácio imperial - cujo museu da Sissi é claustrofóbico e labiríntico, porém a visita aos apartamentos dela e seu marido, Francisco José, foi fantástica, uma demonstração quase real da vida na corte! Ainda a colecção de porcelanas e prata da família imperial, algo verdadeiramente impressionante, tanto em abundância como em qualidade, um verdadeiro tesouro, o maior que eu alguma vez vira! Sem dúvida que os Habsburgos, que aí viveram durante 10 séculos, sabiam tratar-se regiamente. Difícil de descrever, só mesmo vendo. O Staatsopernmuseum, ou seja a ópera, uma das poucas no mundo a possuir o seu próprio grupo de cantores. O preço dos bilhetes vai de 5 a 255€, no entanto quem compra o bilhete 1 hora antes do espectáculo, pode adquiri-lo por 2€, motivo pelo qual, ninguém deixa de ir á ópera, e esta se encontra constantemente lotada. A casa onde Amadeus Mozart viveu desapontou-me um pouco por se apresentar tão despojada, contudo a Letícia deliciou-se com uma pequena cena da “Flauta mágica”, que viu repetidas vezes e não deixou da falar no “Papagueno” durante as horas seguintes! Impressionou-me o comércio desenfreado que se faz à custa da efígie de Mozart; irónico que aquele ser genial, que morre aos 35 anos, na pobreza absoluta, atirado para uma fossa comum, dê a ganhar milhões a quem nada tem de genial!
Em contrapartida a casa de Sigmund Freud emocionou-me imenso! Não pelos objectos expostos, fotos ou móveis, somente porque de alguma forma senti que a energia do pai da psicanálise, ainda estava ali! Sei, loucura minha, chamem o psicólogo…
Belvedere (superior) encantou-me pela sua beleza e colecção fantástica de quadros, dos quais "O Beijo” de Klimt. Nunca fui admiradora deste pintor, acho-o mais comerciante do que artista, pois tendo descoberto a fórmula que lhe rendia dinheiro não evoluiu mais. Todavia, ver o original d'"O Beijo” é fabuloso, afinal a cor predominante não é amarelo, mas sim ouro! O Belvedere (de baixo) é minúsculo e não valeu o bilhete. Para o fim, ficou Schonbrunn, o palácio de verão da família imperial, grandioso, impressionante, quase asfixiante de tão bonito! Não menciono outros como a catedral, a Rathaus ou o parlamento, etc, mas também por lá passamos, tudo na mesma linha de grandiosidade.

Os vienenses têm a fama de ser fascinados pela morte, dizem mesmo que ela deve ser vienense! Talvez esta fixação se deva aos inúmeros exemplos famosos: os arquitectos da ópera morrem mesmo antes da sua inauguração, afectados pelas críticas do imperador, ao trabalho deles; Sissi morre assassinada; Maria Antonieta, filha da imperatriz Maria Teresa, morre decapitada pelos revolucionários franceses; Mozart sucumbe aos 35 anos; Romy Schneider suicida-se após a morte acidental do filho, etc….

A meio da semana fizemos um intervalo de Viena e fomos passar o dia a Bratislava, situada apenas a 60 kms. A capital da Eslováquia poderia ser encantadora se estivesse restaurada; os comunistas desfearam a cidade ao construir prédios incrivelmente feios, colados a prédios centenários; ignoraram a manutenção do antigo, porque representava uma história que desprezam. Pois é, a herança comunista é pesada…

Salzburg é uma cidade linda, nada semelhante a Viena, mas muito semelhante às cidades da Baviera. Ruas estreitas, casas antigas, anúncios feitos em ferro forjado, com formas de pessoas e animais, delicadamente pintados, pendurados às entradas das lojas. Esta cidade é visitada por cerca de 8 milhões de pessoas todos os anos, mas eu ia jurar que esses 8 milhões estavam lá todos, no dia 30 de Julho! O Rotard tinha avisado, mas ainda assim, senti um baque ao encontrar-me subitamente envolvida por aquela multidão. Finalmente, em Salzburg encontrei um prato de parede, tipicamente austríaco, pintado, à mão, para a minha colecção da sala de jantar! Até aí todos eram “made in Germany”.
Deixamos Viena em direcção à Alemanha. (Cont.)

Agradeço a todos que me visitaram na minha ausência, e deixaram os seus comentários. Retribuirei a visita a cada um. Uma boa semana a todos!