sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Receita Massa Com legumes


 Quando ao almoço só estou eu e a Letícia não há hesitação sobre a ementa, massa, mãe! É tão simples, rápido, e ela adora. 


Massa Com Legumes

Ingredientes:

120 gr de massa à escolha

Um quarto de cebola em tiras

Um dente de alho picado

Meia cenoura aos palitos

Meio pimento vermelho em tiras

Meia dúzia de cogumelos Paris laminados

Alguns floretes de brócolos

Uma pitada de caril

Como fazer:

Cozer a massa com sal. Numa sertã deitar um fio de azeite, juntar a cebola, o alho, e os legumes cortados e lavados; temperar com sal, pimenta e caril, deixar saltear alguns minutos, até amolecerem.

Retirar os legumes para uma travessa; acrescentar mais um pouco de azeite à sertã, juntar a massa, envolver bem, acrescentar os legumes, envolver tudo. Rectificar o sal e a pimenta, passar para a travessa e salpicar com sementes de sésamo. 

Quando estamos com mais apetite acompanho com rissóis ou burgers. Não era o caso desta vez, tínhamos sopa (que leva sempre feijão, passado com a varinha), e leite-creme, uma refeição supimpa!😄

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

O Filho Preferido

 Estávamos a conversar num grupo de mães sobre filhos preferidos, uma delas contou que a sobrinha queria forçar a mãe a assumir que o irmão era o filho preferido, "que aliás já toda a gente o sabia", e ela parecia estar bem com isso; e outra que ainda nenhum dos filhos lhe tinha colocado essa questão, e que nem saberia como responder. 

Relativamente à primeira situação não me senti nada convencida de que ela estaria "bem com isso", até me senti um pouco triste, por ela, pois a não ser que essa filha tenha tido um problema grave com a mãe, ou diversos confrontos ao longo da vida, por exemplo, muito dificilmente aceitará com tranquilidade que a mãe prefira o irmão, a ela. Ou seja, para mim, tem que existir uma razão para que a progenitora prefira um filho em detrimento dos outros. E uma razão realmente forte! 

Certamente que teremos mais afinidades com um filho do que com outro, mas não creio que isso o faça automaticamente preferido; também há casos em que um filho precisa mais de atenção, devido a problemas de saúde, de comportamento, etc. , o que não significa que a preocupação, ou acompanhamento mais próximo, o torne em filho preferido. São coisas diferentes, e que devem ser claramente explicadas, no seu contexto, aos filhos.  

Quanto à segunda questão, comentei com essa mãe, que quando os meus filhos ma fizeram lhes disse, simplesmente, que ele era o meu filho preferido, e ela a minha filha preferida, arrumando assim a situação a contento de ambos. Daí que ela acabou por partilhar a história de um amigo, que sempre se tinha sentido muito especial porque a mãe em criança lhe dissera que ele era o seu filho preferido, mas para guardar segredo, para não magoar os irmãos; anos mais tarde ele descobriu que a mãe tinha dito o mesmo aos outros irmãos! Parece, todavia, que não houve drama com a descoberta, ele já tinha desfrutado de uma infância feliz, julgando-se especial, e que isso lhe dera confiança. 

Pessoalmente, não seria uma opção que eu fizesse, faz-me muita confusão esta estratégia do segredo, e da eventual decepção que a descoberta poderia causar. Porém, para aquela família funcionou, a história até se tornou uma espécie de anedota. 

Entendo que a questão me tendo sido feita, pelos meus filhos, tem dois aspectos positivos, um sendo que tiveram frontalidade e à vontade para ma fazer; e dois, que o meu tratamento a um e outro deve ser bastante igual, para não dizer exactamente igual, de forma que não fosse vista alguma preferência, caso contrário, ter-me-iam confrontado com a suspeita, como no caso da história acima mencionada. 

Sinceramente, enquanto mãe, não vejo como se pode ter um filho preferido, e reparem que eu tenho dois muito diferentes em personalidade! Sendo que um deles tem muito mais em comum comigo. Mas o outro tem coisas que também nos são comuns, e outras que me trazem benefícios por serem diferentes!

Está-me aqui a ocorrer, que assim é mesmo fácil desunir a humanidade, se a falta de união já vem do interior da família. Mais outra historinha que já vem dos tempos bíblicos, com Caim e Abel. Já chega, não?! Não há filhos preferidos, podem ser diferentes, e até tratados diferentemente, mas são todos amados. Ou deveriam. 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Montmartre Sem Arte?


Na praça de Montmartre, onde param os pintores, encetamos conversa com um deles, cuja aparência veneranda fazia lembrar o Pai-Natal, e perante a minha desolada pergunta, que já antes eu tinha feito entre nós: -Onde estão os jovens?! Responde-me ele tout court: Os jovens não querem trabalhar! 
E sem papas na língua teceu uma dura crítica à juventude, insatisfeita tendo tudo, sem vontade de lutar por um mundo melhor, acomodada e amorfa. 

De facto, só havia ali na praça uma meia dúzia de pintores, e de idade avançada, o que estranhei muito, mas já antes, por todo o lado, notei que não se encontra a juventude francesa a trabalhar, nos cafés, nos supermercados, nas lojas, nos monumentos, nas obras na rua, são quase todos negros, asiáticos ou árabes. São esses os trabalhos menos bem pagos, que os franceses rejeitam, mas terá toda a juventude francesa cursos superiores para exercer profissões melhor remuneradas? Não creio. 

Porém, já nem artistas querem ser! E de todas as áreas que vi, foi em Montmartre que esta realidade mais me mortificou; estará a pintura daquele bairro condenada à extinção? Aquilo é histórico, por amor de Deus! Se a Arte morre é o fim da linha para a humanidade. 

Numa nota mais positiva, em seguimento da conversa com o pintor de Montmartre, diz-me a Letícia que não concordou nada com ele, que a juventude quer trabalhar, mas talvez não nos moldes de antes, talvez não lhes interesse estar numa praça a vender os quadros que pintam. 

É outra perspectiva, mas que o pitoresco do bairro perde a sua primeira qualidade com isto, é inegável, e não propriamente bom. 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Dica de Leitura: Apenas Miúdos


A minha filha tinha o livro na estante dela, e depois do último clássico apeteceu-me algo mais contemporâneo. É a biografia da compositora e cantora norte-americana Patti Smith, cuja juventude passou em Nova York, para onde se mudara, seguindo o sonho de vingar nas Artes. 

O início habitual, pobreza, fome, falta de abrigo, empregos precários e mal pagos, difícil pagar contas e sobreviver, intercalando com o desenho e a escrita, encontros com pessoas que se tornam importantes na sua história, alusão a outras que fazem parte da história da música, da fotografia, museologia, jornalismo, literatura, enfim, das Artes. As mortes emblemáticas de cantores, ainda jovens, devido ao consumo intenso de ácidos e outras drogas, tão em voga na época, alguns acontecimentos de impacto nacional, e até internacional. 

Para quem viveu a juventude na década de 60 e 70, certamente encontrará no livro referencias que lhe façam sentido, sobretudo o público norte-americano, daí até compreendo que seja um best-seller do New Yor Times, porém para mim, portuguesa, cuja juventude foi passada nos anos 80 e 90, quase nada me diz relativamente ao cenário musical e menos me diz, em termos de nostalgia. 

Patti Smith teve, evidentemente, uma vida interessante, e sendo poetisa esperava dela algo mais profundo e pessoal, não um desfilar de nomes de pessoas, sítios, datas e acontecimentos, como se transcritos de uma agenda. Falta-lhe emoção, é uma escrita muito seca. Já nem menciono momentos chave que foram minimizados (para não dizer suprimidos), e que não compreendo, porém sobre aquilo que escreveu, no seu aspecto mais humano, foi parca em sentimentos, ou em sinceridade, mas se foi este o caso, nem deveria ter-se aventurado nesta escrita. Por exemplo, não acredito que tenha sido tão estóica como pretende, perante a traição consecutiva do namorado, pior ainda com o mesmo sexo. Afinal, tratava-se do amor da vida dela, digo eu, porque ela não o assume, não tão claramente; somente nas poucas páginas finais transparece o amor que tinha a Richard, de uma forma quase avassaladora, porque antes foi extremamente contida.

No fim, tive curiosidade em saber porque a Letícia o tinha comprado, ela contou-me que tinha sido dica de uma YT sobre literatura que segue, e cujas dicas antes lhe tinham agradado. Porém, sentia-se como eu no final, esperava mais, a narrativa não a tinha convencido, faltava-lhe sentimento. 

É portanto um livro que aconselho com reservas, para os admiradores da Patti Smith, para os estudiosos da Música ou História dos anos 60 e 70, para os apreciadores de biografias, talvez.

Título: Apenas Miúdos

Autora: Patti Smith

Editora: Quetzal Editores

Nr de Págs: 344

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Férias de Inverno em Paris

 


Proponham-me destinos climáticos agradáveis no Inverno e não hesitarei, portanto quando Paris veio à baila tentei contrapor com outros destinos mais quentes, mas perante a maioria acabei por ceder. Um dos argumentos que mais pesou foi o facto da Letícia mal se recordar da capital francesa, tinha 10 anos, na época. Sendo que sobretudo estas férias estavam a ser feitas para ela.

Ainda não falei aqui de como o curso da Letícia é absurdamente exigente, nunca pensei que Arquitectura tivesse este grau insano de dedicação e trabalho, para mais ela é aquele tipo de aluno que se dedica naturalmente, e não consegue fazer as coisas mais-ou-menos, é sempre a procurar dar 100%, portanto, estava exausta neste final de semestre, e nem sequer teria férias! Para vos dar uma ideia, as supostas férias de Natal foram passadas a trabalhar, com a excepção do dia 25, em que não fez nada, em todos os outros dias trabalhou longas horas, dia 1 de Janeiro inclusive. Agora terminavam os exames e entregas de trabalhos e as aulas do segundo semestre começavam na segunda-feira, sem sequer uma semana de férias. A exaustão, física e mental, o sono acumulado, não se contentavam com um fim-de-semana a dormir, ela clamava por algo mais nutritivo intelectualmente, por assim dizer, então esta viagem, embora planeada uma semana antes, tornou-se a recompensa que a motivava, nas horas limite de cansaço, e foi realmente um alento para ela. Apesar de ter faltado às aulas 3 dias, o que para a Letícia não é obviamente fácil. 


Embora eu tenha visitado Paris algumas vezes há sempre algo novo a descobrir, para mim foi o Petit Palais, todavia não me importo nada de re-visitar museus de arte, como o D'orsay. Para a Letícia havia 3 destinos que fazia questão: Versailles, Louvre e Orangerie. 

Infelizmente, coincidiu o nosso fim-de-semana com o primeiro domingo de Fevereiro, pelo que nesse dia a entrada nos Museus é grátis, mas "comprada" antecipadamente, o que já podem prever acontece muito limitada e rapidamente, e portanto tivemos nisso algumas frustrações, como a entrada no Palácio de Versailles, que nos foi impossível, e ainda uma greve dos transportes que nos limitou o acesso a certos sítios, e manifestações idem. Portanto, Versailles ficou ainda para uma próxima visita, de qualquer forma Paris nunca está totalmente vista, como eu lhe disse. 


De resto, aquilo que é renomado e obrigatório e ainda o que nem tanto,foi visitado: Place des Vosges, Notre Dame, Les Invalides, Arco do Triunfo, o Panteão, Torre Eiffel, Centro Georges Pompidou, Museu do Louvre, Museu D'Orsay, Orangerie, Tuileries, Champs Elissés, basílica do Sacré Coeur, Montmartre, Galleries Lafayette Haussmann, galerias de arte, e... lojas de roupa vintage, indispensáveis à minha filha!
 


O que me surpreendeu nestes dias, e que me servirá de aviso para férias futuras: já não há diferença entre época baixa e época-alta, as pessoas viajam todo o ano! Sobretudo os jovens. Há uns anos atrás víamos nas filas para as bilheteiras, maioritariamente, pessoas de meia idade ou que estavam, claramente, no mercado de trabalho, agora vê-se sobretudo jovens, óbvio que também contribuiu o facto de que em França, os jovens até aos 26 anos, pertencendo à C.E. não paguem bilhetes, mas a realidade é que eles estão nas filas para entrar e contam, numa época em que ainda há restrições ao número de entradas, devido às políticas covid, como em Versailles. 
Por conseguinte, comprar os bilhetes antecipadamente online faz mais do que sentido, é absolutamente necessário. 

À laia de conclusão, embora o frio sendo pior lá, não foi impeditivo de nada, um bom casaco, leggings por baixo dos jeans, cachecóis, luvas, gorros e bom calçado, bastam. Felizmente só tivemos chuviscos algumas horas, numa tarde, a chuva teria sido, sim, uma grande contrariedade. 
A Letícia conseguiu descansar, mentalmente, e voltou inspirada por tudo o que viu, pintura e arquitectura sobretudo.
 
Passamos momentos muito agradáveis e felizes, fosse a comer um kouign, a ver o pôr-do-sol na Torre Eiffel, a descobrir uma pepita numa loja vintage, a admirar os Nenúfares de Monet, a observar a neblina sobre Paris na escadaria do Sacré Coeur, a conversar com o pintor Esteban em Montmartre, a saborear uma baguette à l'ancienne com compota Bonne Maman, a todo o tempo coisas boas aconteciam. E por fim, ao contrário do que se consta: os parisienses foram sempre muito simpáticos e prestáveis.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Mesa Posta

 


São cores que lembram mais a Primavera, e por acaso eu gosto que as mesas reflictam a estação, neste momento gosto delas invernosas. Pus a mesa em azul e branco, com um toque vermelho para receber um amigo, que não sendo monárquico é grande admirador de certos Reis, aliás, quase devoto daqueles que fizeram a história do nosso país. 

O pano do cesto do pão tem o bordado típico de Guimarães, feito por uma artesã certificada, outra referencia ao berço da nação, e presente de Natal, que adorei. E a tolha de linho em crochet e bordado da Lixa, habitualmente guardada, pareceu-me adequada à portugalidade da decoração. Louça da Vista Alegre e Costa Nova.  

O Jantar foi totalmente vegetariano, embora o nosso amigo não sendo, mas desta vez não estava o Duarte para o safar! Portanto, um creme de cenoura e batata doce, rolo Wellington de soja e lentilhas com nozes, arroz branco, batatatinhas no forno, salada verde, e de sobremesa maçãs assadas com molho de café e açúcar mascavado. Bebemos chá de dente-de-leão, porque agora no frio é algo quentinho que nos apetece, e ao nosso amigo também. 

Foi uma boa noite, conversa filosófica e poética até tarde. Sinto-me grata pela amizade verdadeira.