segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Amizade - Uma folha em branco

Este fim-de-semana recebemos um amigo querido; na realidade conhecemo-nos nas férias de 2007, ele alugou-nos o apartamento em Viena. A empatia foi recíproca e imediata e apesar de na altura não termos tido oportunidade de conversar tanto como gostaríamos ficou desde logo decidido que nos reveríamos este ano. Depois dele ter partido fiquei a pensar como me é fácil conversar com ele. Poderia ser intrigante; pertencemos a gerações diferentes, temos nacionalidades diferentes, temos um passado completamente diferente, falamos línguas diferentes e nem sequer pertencemos ao mesmo sexo! Temos opiniões diferentes sobre assuntos importantes como religião e ainda assim conseguimos exprimir com sinceridade, sem receio de julgamento o que pensamos e sentimos sobre determinados assuntos. Todos os assuntos. Com certeza falamos um com o outro a um nível que não o fazemos com a maior parte dos membros das nossas famílias. Porquê? Fiquei a cogitar….

Talvez porque a amizade se faz numa folha em branco. Uma folha que vai sendo escrita a duas mãos ao logo dos tempos. Num papel que se dobra e se guarda no envelope aberto, porque a qualquer altura a folha sai e volta a ser escrita.

So, dear M. , if you read this some day, be sure we already miss you!

Tenha uma optima semana!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Apresento-vos... Little Readers!

Pensando bem não me lembro do carro que os meus professores do liceu tinham, nem que tipo de roupas vestiam, nunca foi o tipo de coisa que me impressionasse. Porém, lembro-me muito bem da 1ª vez que entrei no escritório do professor de Matemática para explicações em grupo. Em nenhuma aula consegui abstrair-me das prateleiras repletas de livros, do chão até ao tecto. Livros na horizontal, livros na vertical, onde houvesse um pequeno espaço, estava um livro. Como lhe invejei aquela biblioteca!

Os livros fazem parte da minha vida; desde criança que o meu pai me incentivou a ler, primeiro comprando-me livros e depois inscrevendo-me na Biblioteca. A uma certa altura o meu pai dizia, num tom misto de queixa e orgulho, que eu não lia, devorava! Portanto, não seria de estranhar que eu também incutisse este hábito nos meus filhos. Eram ainda bebés de berço e já eu lhes lia histórias. Tiveram livros de plástico, de páginas de cartão plastificado (à prova de saliva!) e hoje têm livros de papel comum. Aprenderam a respeitar o livro propriamente dito, não o estragando nem permitindo que outros os estraguem. Também os inscrevi na Biblioteca muito cedo, o Duarte com 4 anos e a Letícia com 3. A Biblioteca é um espaço que frequentam assiduamente e onde se sentem completamente à vontade. Pode ser onde vivemos e também onde fazemos férias; a língua é irrelevante.

Tenho o hábito de lhes ler uma história antes de dormirem, história essa que eles escolheram na Biblioteca com o meu auxílio. O último livro que lemos é um clássico da literatura infantil: “ O feiticeiro de Oz” de L. Frank Baum. O meu pai viu o filme no cinema (a preto e branco) e eu vi-o na televisão já a cores, porém nunca tinha lido o livro. Esta leitura é extremamente interessante, para miúdos e graúdos. De tal forma que o lemos duas vezes e o Duarte pediu o dvd como presente para o Natal.

Gostaria de ler sobre a história? Clique em Little Readers, um blogue que nasceu com a finalidade de promover a literatura infantil, partindo do ponto de vista das próprias crianças ou dos pais (quando as crianças ainda não sabem escrever). A Sam, do A vida Como a vida quer, teve a ideia e deu-lhe forma. Entrando no blogue poderá saber como aconteceu e como participar, seja como colaborador, seja como leitor. Em Little Readers poderá encontrar dicas e partilhá-las também. Afinal todos pretendemos, por imensos motivos, que os nossos pequenos se transformem, um dia, em grandes leitores.

Tenha uma óptima semana, com boas leituras!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Mamma mia! Arrebatador!!


Eu sou leitora de comentários; cedo compreendi que na blogosfera blogues interessantes são geralmente frequentados por pessoas interessantes. O rastreio faz-se na leitura dos comentários.Por conseguinte, recentemente li no Saia Justa alguns comentários de pessoas que confessavam ter lido o blogue da Geo durante meses até conseguirem comentar. Porquê? Por timidez. Achei isto surpreendente, nunca me tinha ocorrido tal. Porém, depois de reflectir sobre o assunto pensei que nada mais natural. Eu estou na blogosfera tal como estou na vida real. Assim acontece com os outros; então porque não seria a timidez um obstáculo aqui, se é também um obstáculo lá fora?!
Não sou o tipo de blogueira que expõe a vida privada e familiar. Resguardo a minha intimidade e família porque eu sou reservada naturalmente. Embora muitas pessoas confundam a minha reserva com “snobismo”, quando aprendem a conhecer-me verificam que não é assim. Por conseguinte, também aqui sou reservada. Não consigo colocar um bolo no meu aniversário e convidar os amigos para celebrarem comigo. Não consigo fotografar a minha casa e colocar as imagens aqui. Não consigo partilhar muitos momentos do meu dia-a-dia. Sou naturalmente reservada. Porém, não digo: sou assim e pronto! Isso sim, seria muitíssimo sobranceiro. Sou assim, mas gosto de me forçar a situações e atitudes que não assumo naturalmente. Digamos que são desafios; por isso, hoje vou contar algo que fiz ontem, no dia do meu aniversário.
Antes de termos filhos, eu e o meu marido íamos ao cinema todas as semanas; actualmente (como muitos pais), nem dvd’s conseguimos ver todas as semanas! Porém eu adoro cinema e não há nada que substituía a visualização de um filme na sala do cinema. Então, ontem fomos ao cinema, ver, com muitas reservas do meu marido, o musical “Mamma mia”. Logo na primeira música pensei para mim que não iria conseguir manter os meus pés quietos; passados alguns minutos o ritmo já tinha tomado conta das pernas. Olhei para os lados, todas as pernas da fila abanavam ao som da música. Homens e mulheres. Os rostos vidrados na tela, alheios a tudo. Um levantou-se e começou a dançar ali mesmo, outros se seguiram, reproduzindo o musical ali na sala do cinema! Pára, pára tudo! Ok, pronto, esta última frase é mentira. Ninguém se levantou para dançar, mas bem podiam, porque apetecia mesmo! Eu tive uma vontade louca de dançar, mas contentei-me a observar os actores. É um filme arrebatador, de um alto astral incrível, com uma Meryl Streep no seu melhor! A minha tia viu e quer ver novamente, a minha prima adolescente e as amigas (que nem conheciam os ABBA!) adoraram, o meu marido rendeu-se. A mim arrebatou-me; achei os meus olhos pequenos demais para abarcar tudo o que passava na tela. Se ainda não viu, não perca, mesmo!Um conselho, não saia até que o ecrã fique negro, porque tem um imperdível bónus final!

Acha que foi fácil? Não foi. Venci a minha reserva, vença agora você a sua ;) !

Uma óptima semana!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Que tal um abraço?

A minha filha só começou a dar beijinhos aos 3 anos. Se me perguntar porquê não lhe sei dizer ao certo; o que posso responder é que a explicação não está nesta vida. Não existem crianças tão beijadas como as minhas, aliás eu costumo dizer que ou eles vão resultar em totais beijoqueiros ou vão ganhar alergia a beijos, rssssss….( e a culpa vai ser sempre minha!).

No entanto a Letícia demonstrava afecto; como? Com abraços. Desde sempre os seus bracinhos minúsculos dão abraços; quando ela encontra alguém que gosta vai a correr para abraçar. Algumas pessoas insistem pelo beijo, que ela dá, mas o que mais naturalmente lhe sai é o abraço.

Há dias, a minha tia recebeu um abraço dela e comentou, como pessoa sábia que é, que o abraço é muito mais importante do que o beijo; que este é apenas um encostar superficial ao rosto do outro, que os lábios já nem fazem o trejeito de beijo, que já não sai nenhum som. E realmente o beijo já não se dá, diz-se: Beijo! Mesmo tendo ali a pessoa ao lado.
O meu marido comentou comigo recentemente sobre os “abraços”, que amigos e colegas lhe mandam, como despedida, nos emails; ele dizia que na realidade eles nunca se tinham abraçado. É mais fácil dizer do que fazer, não é?!

Cá em casa damos muitos abraços; às vezes damos abraços quádruplos, às vezes triplos, às vezes duplos. Se alguém está a dar um abraço, quem está ao lado quer imediatamente entrar e o abraço vai crescendo.

Abraço é a troca de energia positiva que recarrega as baterias, apaga mágoas e estampa sorrisos no rosto. Porque no abraço nós não recebemos apenas, também damos.

Porque eu sei de algumas amigas da blogosfera que se sentem, por várias razões, muito tristes, queria começar esta semana deixando o MEU ABRAÇO! E queria pedir uma coisinha de nada, a quem me lê:

- Dê um abraço à 1ª pessoa que você ama, quando a encontrar! Não interessa quem é: pais, marido, filhos, amigos….Simplesmente abraçe!


Tenha uma óptima semana!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Um prédio labiríntico


É um prédio gigantesco, com número indeterminado de casas. Num sinal de boa-vontade cada casa deixa a porta aberta para que os visitantes, moradores do prédio ou não, entrem e se instalem. Há flores e guloseimas em sinal de boas-vindas, e ainda que muitas vezes o anfitrião esteja ausente pode haver mesmo assim comunicação. Depois o visitante sai, deixando a porta aberta, como a encontrou, e entra noutra casa, e noutra e noutra, percorrendo um corredor infindável e labiríntico.
Os moradores do prédio também saem, também fazem visitas; frequentemente retribuem as visitas, embora alguns apreciem apenas receber. Ficam em casa, decoram-na, acendem incenso e deixam petiscos.
Por vezes, os moradores do prédio cansam-se de aí viver; muitas vezes mal-interpretados e sentindo-se incompreendidos nos seus propósitos os moradores fecham a porta. Atiram a chave ao mar. Outras vezes, abrem-na apenas a convidados. Ou mudam de prédio. Alguns voltam para visitar os amigos, outros não voltam nunca mais. No prédio cada um faz as suas regras, o condomínio exige apenas RESPEITO pelo outro.
É um prédio muito especial, pois quem abre tão francamente a porta só pode ser especial. Há, contudo, aqueles moradores que mesmo mantendo suas portas abertas mostram somente, ou muitas vezes o que ainda não têm; móveis e electrodomésticos cujas prestações não foram pagas. Aquilo que não é seu. Mas entretanto, as suas casas são cativantes.

Eu também tenho casa aí; deixo a porta aberta, música ligada, revistas e livros de temas variados na mesa. Gosto de receber visitas e retribui-las sempre. Como regra não repito visitas a quem me ignorou na 1ª visita a sua casa; nunca fui boa a ser ignorada. Gosto da comunicação gerada nestas visitas. Porém impus-me um tempo para elas; quem aqui vive sabe como é fácil perdermo-nos neste prédio! Por vezes é necessário fazer uma limpeza à casa; fiz recentemente, retirei moradas da minha agenda e acrescentei outras. A vida é feita de mudanças, não é?

É assim que eu vejo a blogosfera; um imenso corredor intrincado levando a um interminável número de blogues, onde entramos e descobrimos sempre novidades. Quer gostemos ou não.

E você, como descreveria a sua casa neste prédio?

Tenha uma óptima semana!

...................................................................

Extra, extra!


Sai hoje (04/09) o meu questionário sobre o livro " A criança que não queria falar ", de Torey Hayden, no blogue: O que elas estão lendo!?
Convido os meus leitores ( agora senti-me presunçosa,rssss...) a passarem por lá; quem sabe não encontram uma dica interessante de leitura?

Bom fim semana!