segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Uma casa, ou um lar?


Há uns anos atrás eu costumava comprar revistas de decoração. Agora vejo blogues. Algumas casas são realmente inspiradoras, porém uma parte delas parecem-me frias demais, sabe? Desabitadas, com tudo impecavelmente arrumado, como se fossem apenas de exposição.

Conheço casas assim, normalmente são decorações modernas, com objectos de design ou não, onde está tudo perfeitamente arrumado, com poucos objectos à vista e sobretudo sem objectos pessoais.
Não gosto dessas casas. Não me sinto bem lá. Ainda que possuam aquecimento não há como quebrar a frieza da atmosfera.

A essas habitações eu chamo…”casas”. Depois há outra categoria, à qual a minha pertence: lar. Como se caracteriza um lar?
Um lar é imperfeito, pode ter objectos que não combinam muito entre eles, no entanto estão perfeitamente encaixados ali, porque representam a memória de alguém, uma herança, um passeio, um presente muito especial.
Um lar é desarrumado. Um pouco. Porque os seus habitantes vão deixando vestígios aqui e ali, um livro, um casaco, um brinquedo.
No lar não há aromatizadores químicos a lavanda, há cheiro a bolo que é comido mal sai do forno, ainda quente.Há aromas únicos.
No lar há móveis com arranhões, com pancadas, a cheirar a cera.
No lar há criações próprias, exibições de arte e imaginação privadas.

No lar todos os amigos e familiares são bem-vindos, cabe sempre mais alguém à mesa, há sempre uma cama extra. Há um entra e sai constante porque aí todos se sentem… no lar.

Um lar é um refúgio, onde nos aconchegamos, nas horas de alegria e também de tristeza. Quem vive num lar já sai de casa com uma forte couraça, pronto a aceitar qualquer desafio da vida. Tem tudo a ver!

Eu vivo num lar, e você?

Tenha uma óptima semana!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Mesa posta para seis

Ao almoço, num dia da semana?! Mas esta família é constituída por quatro…Bem, frequentemente a mesa é posta para cinco ou seis.
- Ah, reparem, quatro pequenos pratos e quatro copos coloridos!

Tudo começou logo após o início do ano escolar; a Letícia começou por dizer que gostava de convidar a A., para almoçar, porque esta lhe tinha dito que gostaria muito e que “estava farta da cantina” (os meus pequenos vêm almoçar a casa todos os dias, apesar da escola ter cantina).
Ok, foi só falar com a mãe da menina em questão, informar na cantina que ela não almoçaria nesse dia e avisar no portão que a menina sairia comigo, à hora de almoço.

E tudo isto se repetiu para a B., para a M., para D., E., L., Z., L., P. e J. . E se voltou a repetir. Outra vez e outra.

E porque faço eu isto?! Porque se aquele intervalo de hora e meia  fora da escola, faz um bem enorme aos meus filhos, também faz às outras crianças. Porque os meus filhos pedem. Porque os amiguinhos também querem. Porque o tempo de brincar, de socialização, dentro da escola acaba por ser curto, e neste intervalo eles estreitam ainda mais os laços de amizade. Porque posso. Porque quero. E porque gosto de ver uma mesa cheia.

Por diversas vezes algumas mães confessaram-me o constrangimento de não retribuírem a gentileza, porque trabalham fora, porque não podem, mas eu assegurei-lhes sempre que faço por gosto e não entro nessas matemáticas (a sério!).

Não há muito, uma amigdalite arrumou comigo, fiquei demolho alguns dias. Nem os meus pequenos poderia ir buscar à escola, para almoçarem em casa. E sem que eu pedisse o que fosse, duas mães mobilizaram-se para ficarem com os meus pequenos; à hora de almoço.

E eu pude ver como tudo se encaixa na perfeição. Alguém duvida?! Um luxo!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Brincadeira de Carnaval: A sua cara na Idade da Pedra!

Claro que como eu não festejo o Carnaval, não me disfarço, nem sequer assisto na tv aos desfiles de Carnaval, estou totalmente fora dessa brincadeira. Por conseguinte, a foto que escolhi para o up-load desse "divertimento" nem sequer foi a minha!

O feliz contemplado foi esta beldade:
 
Achei que o efeito seria surpreendente, infelizmente não deu para descarregar o "depois", queria mostrar-vos como o Brad era uma brasa na Idade da Pedra! Portanto, se tiverem curiosidade, é só copiar a foto e perguntar a  Charles Darwin! Ou então, utilizem a vossa. Brincadeira de crianças...

Divirtam-se ;)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

"A priceless granny square little blanket"


Não tem preço mesmo, não existe dinheiro que pague o tempo que gastei a fazer e desfazer esta mantinha, para a minha filhota. É daquelas coisas que só se faz por amor!

É que eu, há muito, muito tempo, aprendi crochêt, tricot, a bordar e essas cositas más, que nos fazem prendadas, mas depressa enfiei o conhecimento na gaveta, por achar tudo isso muito chato. E piroso.
Mas o tempo faz mudar as modas e agora já não acho nada disso e felizmente que a gaveta é o meu cérebro, porque foi só abrir e tirar de lá de dentro todo aquele conhecimento e pôr-me a crochetar (essa palavra não existe, pois não?! Não interessa, porque devia…) e tadaaaaammm….

Eis que a obra nasce (embora o parto tenha sido longo, houve até quem me comparasse a Penélope, não foi D.Hazel?) e agora enfeita a cama da Letícia. É só puxá-la, quando está deitada na cama a ler um livro, para ficar quentinha, envolvida num arco-íris fofo. 

Óh, que coisa mais linda! Nada me enternece mais do que entrar no quarto da minha filhinha, e descobri-la , a ler um livro de quadradinhos. Enrolada na mantinha “Made by Mãe…e muito mais”.

E a minha pequena também contribuiu, orgulhosamente, para o término na manta; arrematou com a tesoura as pontas de lã. Não pude negar-lhe esse prazer, ainda que isso me tenha custado mais uns tantos quadrados, porque na euforia, ela acabou por, digamos, provocar alguns danos na obra. (Conselho: se aceitar ajuda dos seus pequenos prepare-se para essas eventualidades. Se não for capaz de ver a sua obra  danificada, mais vale não aceitar ajuda!).

Já me disseram que num hipermercado essas mantinhas estavam à venda, em saldo, por 5€.
Feitas à máquina, pois.
Na China, claro.
Em acrílico, óbvio!
Montes delas iguaizinhas.

Pois bem, esta é feita à mão, em Portugal, com lã e é única. Enfim, pequenos prazeres sem preço.

Tenha uma óptima semana!

P.S. Porque está o título do texto em inglês? Ignoro como se traduz (não literalmente!) o nome deste tipo de mantinha…any sugestion?!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

-Mãe, porque é que dar arrotos é feio?




Foi esta a pergunta súbita e inesperada que o meu filho me fez recentemente; bem, nem tanto inesperada, pois o assunto está na ordem dos dias. Ele anda com a mania irritante e constrangedora de dar arrotos, consegue “fabricá-los” com uma sonoridade nojenta que me tira do sério! As vezes que já lhe dissemos que dar arrotos é feio e mesmo a fingir: É FEIO, não se contam. Nada adianta… até passam alguns dias e eu penso que a fase acabou, mas qual quê!

Então a questão despoletou uma necessidade de reflectir sobre as sonoridades produzidas pelo nosso corpo, que são obrigatoriamente silenciadas. Não vale a pena referenciá-los, pois não?!
O certo é que esses “ruídos”  são censurados, desde a nossa infância:
-Não dês arrotos que é feio!
-Mastiga em silêncio!
-Não dês puns! (Pronto: disse!)

Como eu expliquei ao meu filho:
-Se os barulhos incomodam muita gente, os odores incomodam muito mais!

Mas...e agora, aqueles tais ruídos, inodoros e incolores, como um simples burburinho na barriga, provocado por fome (ou outra coisa que também não vale a pena referir, pois não?), causa-nos constrangimento sem fim, se estivermos, por exemplo, num local público silencioso. E porquê? Pergunto eu, se é um ruído natural e involuntário? Quem teria sido a personalidade que ditou a sentença de intolerabilidade contra tais ruídos? Uma mulher certamente, quase que aposto, pois vejo através do meu filho e amigos, como para eles a produção artificial desses ruídos é fascinante e fascinadora. Já percebi que competem entre eles quem consegue alcançar a perfeição. E também já percebi que para as meninas isso é nojento, no máximo, algumas -as mais atrevidas, que não resistem aos out-laws - (tão tipicamente feminino!), soltam uns risinhos. Mas não imitam!

Canudo…como temos evoluído, desde as cavernas! Mas os homens restam basicamente os mesmos.

Tenha uma óptima semana!