segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Obrigada pela inspiração


No Natal da 2007 recebi uma máquina de fazer pão e apesar de ter sido um presente sugerido por mim, demorei 3 meses até me decidir usá-la. Por essa altura a minha vontade de passar tempo na cozinha tinha desaparecido a ponto de confeccionar somente os pratos mais rápidos que conhecia. Em simultâneo evaporou-se também a minha vontade de fazer compras e só a ideia de entrar num supermercado já me irritava.
Então, providencialmente descobri os blogues de culinária e recuperei o gosto pela cozinha; passei a fazer o nosso próprio pão, a testar pratos variados, a sentir vontade de procurar e comprar especiarias. Redescobri o gosto pela culinária, voltei a sentir prazer em oferecer menus diversificados e invulgares. Os meus jantares e festas ganharam muito, e consequentemente eu também... muitos elogios.

Com esta primeira descoberta entrei também nos blogues de decoração e jardim que me inspiraram e ajudaram na resolução de pequenos problemas, como por exemplo que tipo de planta colocar na minha entrada sombria e fria… as fantásticas suculentas, quase minhas desconhecidas. Ou na decoração de Natal, que fiz com as crianças, a coroa de folhas secas, apanhadas num passeio de Novembro, o arranjo dos desejos, inspirada nos blogues escandinavos, etc.
Os blogues de trabalhos manuais também adquiriram uma importância de realce na minha vida; neles busquei ideias para várias ocasiões, como Halloween e Natal, que pus em prática com os meus filhos, levando inclusive algumas destas actividades para a escola deles.
Os links estão todos aí ao lado, porém gostaria de destacar os que me foram mais mais preciosos:
Elvira bistrot
Rainhas do Lar
de(coeur)ação
Casa da Claridade
Cheiro de mato
Mias Landliv
The crafty crow
Este pessoal dos blogues temáticos é bastante hermético, não estão propriamente interessados em estabelecer contacto com blogueiros de outros “âmbitos”, porém se procura inspiração nestas áreas, vale a pena a visita.
Enfim, para expressar a minha gratidão dedico o meu último post aos talentosos autores destes blogues, que considero de extremo bom gosto. Mal posso esperar pelas novidades de 2009…

Um Feliz Ano Novo a todos que passam por aqui! Tchin, tchin!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Seja feliz, viva mais

Postais vintage aqui

É o seguinte: está provado que as pessoas felizes vivem mais 10 anos. Não me pergunte quem fez o estudo e em que consistiu, apanhei a notícia a meio no Telejornal e só deu para compreender …o principal! Ouvi ainda uma entrevistada dizer que a chave está em valorizar o que se tem. Concordo totalmente!
Ainda que vivamos com ambições frustradas, com sonhos impossíveis, temos sempre alguém ou algo que são fundamentais em nossas vidas. Devíamos começar por agradecer isso e pensar em mudar aquilo que nos causa tristeza, desconforto ou mesmo dor.

A maioria das pessoas vive o Natal unicamente no seu aspecto exterior: compras, decoração, presentes, ementas. Porém, o Natal deveria ser época de reflexão, um período introspectivo em que nos deveríamos debruçar sobre nós mesmos, nossos pensamentos e nossos actos, que se resumem na vida que temos. Nesta observação interior deveríamos encontrar respostas para o que pretendemos mudar em nós, se o objectivo é ser feliz.

Então, neste Natal, vamos deixar que Jesus nasça em nossos corações, vamos amar e ser amados, ser solidários, olhar em nossa volta, ficar atentos. E deixar que Jesus permaneça connosco todo o ano, não apenas neste dia. Vamos ser felizes e viver mais!

Desejo a todos um Feliz Natal, com Paz e Amor.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Regras de ouro de uma ebayeur

Depois das crianças nascerem deixei de ter tempo de fazer compras nas lojas. Mas era preciso e no eBay encontrei uma alternativa que me fidelizou até hoje. As vantagens são várias:
- Aberto 24h por dia, 7 dias na semana.
- Não saio de casa.
- Entregas ao domicílio.
- Uma quantidade e variedade absolutamente incrível do que quer que seja!
Frequentemente compro presentes para enviar a amigos que vivem no estrangeiro, o que também é imensamente prático, pois nem sequer tenho que me deslocar ao Correio. Também já vendi, pois a partir do momento em que você se regista fica habilitado a comprar e vender. Recentemente comprei umas botas castanhas numa sapataria e logo de seguida vi outras ainda mais bonitas noutra sapataria. Comprei. Cheguei a casa a pus as primeiras á venda no eBay-UK. Como era uma marca muito conhecida foram vendidas facilmente sem que eu perdesse dinheiro. Não que eu seja uma expert no Ebay, sou uma compradora com bastante experiência (nem vou dizer o número de votos que tenho, nem sequer a cor, acredite que é de peso, rssss…) mas porque várias pessoas me perguntam, frequentemente, como funciona o eBay, vou partilhar aqui algumas das minhas regras de ouro.

1º Fazer a inscrição, obviamente.
2ºTenha em consideração os votos do vendedor. Por exemplo eu não compro a vendedores com menos de 10 votos e menos de 98% de votos positivos.
3º Construir uma reputação; quando licita algum artigo deve ter a certeza que o quer adquirir e tem modo de o pagar, para que a transação tenha exito, e você receba voto positivo.
4º Leia atentamente os anúncios, pergunte ao vendedor se tiver dúvidas, para que o momento na recepção do artigo não se decepcione.
5º Imponha um limite à sua licitação. Já vi compradores a ultrapassarem valores superiores ao “compre já”, no calor do momento.
6ºFaça pagamentos com o Paypal, que é uma espécie de banco cibernético, o maior da net, altamente seguro. Você só terá de fornecer os seus dados uma única vez, na altura da inscrição. Tudo o que necessita ter é um endereço de email e um cartão de crédito. Como comprador não pagará qualquer taxa, isso fica ao encargo do vendedor. Penso que actualmente 100% dos vendedores aceitam este pagamento.
7º Vote sempre; a sua opinião ajuda a validar a qualidade e competência dos vendedores. Para seu benefício.

Agora no Natal eu aconselharia a privilegiar as lojas da sua localidade de residência, porém pode sempre dar uma vista de olhos no eBay. Boas compras!

Tenha uma óptima semana!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Com H maiúsculo


“Ora o que aprendemos na escola? A repetir o que diz o professor para ter a média. Hoje, a nossa cultura do diploma empurra-nos a fundirmo-nos com o discurso ambiente. E isto reproduz-se em seguida nas empresas. Estar de acordo evita o stress. Mas isso implica ser “o papagaio” (…). Se pelo contrário, você mostrar o seu desacordo, com o seu chefe e os seus colegas, haverá um certo mal-estar. Você será criticado. Terá direito a mímicas exasperadas quando tomar a palavra. Vocês já não irão almoçar juntos. E depois, pouco a pouco, você sentir-se-á excluído do grupo. “

Boris Cyrulnik, psiquiatra e escritor, in entrevista à Marie Claire, edição francesa, Novembro 2008

Mesmo um leão rodeado por carneiros terá dificuldade em manter a sua rota e contrariar a direcção da maioria. Mesmo uma águia cercada por papagaios terá dificuldade em abrir caminho nos céus e voar num rumo contrário. Quanto mais alto for o voo, mais solitário será.

Dedico, com admiração e orgulho, este post ao meu marido, pela coragem ao seguir a sua consciência e coerência ao actuar em conformidade.
Um Homem com H!

sábado, 29 de novembro de 2008

Fernanda vai às compras


À mercearia. Aposto que já nem se lembra como é, se é que alguma vez soube. Quando eu era criança havia uma mesmo pertinho da minha casa. Os meus pais tinham lá conta aberta e pagavam no final do mês. Havia de tudo e muitos artigos eram vendidos avulso, o que facilitava a quem pretendia pequenas quantidades, por não precisar de mais, ou para pagar menos. Levávamos saco para trazer as compras. Ali todos os clientes eram tratados pelo nome e os nossos gostos eram conhecidos. Os clientes estavam de um lado do balcão e o Sr. G. do outro. Ele fazia a conta num canto de papel grosseiro, a lápis, que trazia sempre preso na orelha. Naquela época eu achava os supermercados o máximo, quando íamos à cidade. Com mais variedade, mais sofisticados com os seus carrinhos e máquinas registadoras.

Actualmente voltei a fazer compras numa das raras mercearias que sobrevivem a muito custo. Levo o meu saco de pano e várias sacas plásticas para a fruta e vegetais, que reutilizo. Ali o tempo parou; a balança funciona a pesos, a conta é feita manualmente, num papel pardo. Os clientes ainda são tratados pelo nome e as suas preferências conhecidas. As crianças recebem um rebuçado de presente e perguntam-lhes como vai a escola. Ainda encontro ali produtos caseiros, como enchidos, broa de milho e ovos. E por vezes, há fruta e legumes biológicos – vou sussurrar: não calibrados! Imperfeitos; tal como a natureza os fez e sobretudo sabem ao que são. Verdadeiras delícias de sabor autêntico, que me fazem recordar a infância. Por isso vou lá. Apesar de não fazerem promoções, nem darem talões e muito menos aceitarem cartões de crédito. Dá para entender, que ir à mercearia também é bom para o ambiente? Um pouquinho, espero.

Tenha um bom fim de semana!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Recebi uma carta, perdida no tempo.


Veio de Novembro de 1959 e estava na caixa da colecção de selos do meu pai. Ao mexer na caixa pela primeira vez encontrei-a, solitária entre selos. Não era dirigida a mim, mas como foi escrita ao meu pai e ele já cá não está, li-a sem pedir autorização. Ao desdobra-la caiu a cópia da resposta que o meu pai escrevera e lembrei-me de como ele era impecavelmente organizado.
Li as cartas várias vezes, pois algumas letras eram difíceis de decifrar e na cópia do meu pai, dactilografada, a tinta começava a desaparecer. Também porque aquelas informações eram peças de um puzzle que eu julgava ter feito há muitos anos e portanto algo não encaixava.

Não batia certo porque o puzzle que fiz há anos atrás foi construído com suposições e informações exteriores. Estas eram as peças verdadeiras e originais, que vinham mostrar-me um cenário novo e inesperado. Antes destas cartas, eu, sentindo-me Senhora da Verdade, tive uma discussão monumental com alguém que eu julguei mal, em defesa do meu pai. Só me posso desculpar com a raiva, revolta e dor, que a morte do meu pai me causara dias antes. Espero que essa pessoa tenha sido perspicaz e benevolente o suficiente para comigo, para ter compreendido a minha injustiça. Porque agora também é tarde, para nós.

Com a carta dobrada nas mãos, pensei em como nunca somos conhecedores totais das histórias alheias e por conseguinte, corremos um enorme risco ao imiscuir-nos, mesmo com a melhor das intenções. Pior ainda se ninguém nos pediu que o fizéssemos.
Por vezes tenho uma dúvida, uma pergunta que gostaria de fazer ao meu pai. Questões muito particulares, que só ele me poderia responder. Acontece muito frequentemente, como acontecia em vida. E fico sempre com pena. Desta vez, sem perguntar, obtive uma resposta. Irónico, não é? Que uma carta venha através do tempo estilhaçar uma verdade. Ou uma mentira.

Tenha uma óptima semana!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

“Não somos o nosso passado.” Não?!

(Imagem aqui)
Alguém me disse que não somos o nosso passado; queria ela dizer que não devemos julgar as pessoas pelo que fizeram no passado, pois as pessoas podem redimir-se. Mas eu não concordo. Acontece que somos sempre julgados pelo nosso passado e frequentemente até por um passado mais longínquo.

Não me recordo de quantas vezes sorrisos e portas se abriram para mim por ser filha do meu pai. A dignidade daquele homem precedia-me e intercedia por mim. Podia até acontecer que eu não fosse digna disso, mas o meu passado(o meu pai) falava por mim. Agora imaginemos o contrário, eu sendo a mesma pessoa e filha de um homem sem carácter. As portas com certeza fechar-se-iam ainda antes de eu dar provas da minha pessoa. Não seria justo, pois não? Ninguém deveria ser julgado pela sua família.

Eu penso que nós também somos o nosso passado; não por aquilo que os nossos antepassados fizeram, mas por aquilo de que somos responsáveis em nossa vida. É o balanço do negativo e positivo que faz a nossa história. Somos aquilo que somos no presente, graças ao nosso passado. Se houve regeneração, para mim, tem ainda mais valor. Não acredito no ADN, acredito na consciência, na inteligência e força de vontade.

Tenha uma óptima semana!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Quero um Natal feito de energia


No último Natal atingi o auge da minha tolerância a uma celebração materialista, desprovida de todos os seus verdadeiros significados. Mesmo sentindo antecipadamente uma frustração crescente aderi àquilo que os outros preparavam, esperavam de mim e incluí-me.
Logo após o Natal decidi que os outros seriam diferentes. Não quero voltar ao frenesim das compras; não quero uma lista de 30 presentes, a crescer exponencialmente com casamentos e nascimentos. Não quero ver rostos debruçados nas marcas dos presentes e a contabilizar o seu valor. Não quero que a celebração do advento gire em torno do momento em que se recebem presentes. Não quero uma troca comercial; porque é isso mesmo, não é? Se não queremos que seja, não nos faltam alternativas:
Nos Samaritanos, por exemplo. Ou no Oneheartchannel, que reúne uma centena de associações internacionais.

Este ano celebraremos o Natal cá em casa. Na festa que eu desejo, a decoração vai ser feita por mim e pelas crianças. Ontem começamos com os postais de Natal, como já é tradição. As crianças receberão presentes, com certeza, porém o verdadeiro momento de dádiva deverá ser na oração conjunta de agradecimento.
Eu quero um Natal com mais amor no coração e menos comida na mesa. Eu quero menos papel de embrulho pelo chão e mais energia positiva no ar. Eu quero um Natal em que o nascimento do Salvador seja festejado naquele dia e que se faça recordar no resto do ano.

Identifica-se com as minhas frustrações? Deseja realmente fazer algo diferente, como por exemplo, fazer os próprios presentes, ou a decoração, saiba que há solução; visite os blogues de decoração que tenho linkados. Vai descobrir pequenas maravilhas de simplicidade e beleza. Que fazem toda a diferença!
Comece desde já a preparar um Natal especial:).

Tenha uma óptima semana!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Chá e scones


Os dias têm estado frios e chuvosos, convidativos ao chá das cinco, ao qual os scones não podem faltar. Fiz estes dias e desta vez fui a tempo de fotografar, antes que os scones fossem devorados pelas crianças, que os adoram!
Estava a pensar neste texto e ocorreu-me que depois do controverso Halloween este post até poderia parecer provocatório; scones (Made in England) estão a perceber?! Mas eis que se fez luz e o chá surgiu-me como elemento conciliatório. Ah, pois, porque talvez vocês não saibam mas quem levou o hábito do chá para a corte Inglesa foi uma princesa portuguesa!
Catarina de Bragança era filha de D. Luísa de Gusmão e do futuro rei D. João IV (1604-1656), o rei da Restauração. Casou com Carlos II de Inglaterra em 1662. “A rainha Catarina terá ensinado a preparar o chá e a bebê-lo acompanhado de bolos. E passou a ser preparado em bules de porcelana. Pensa-se que a princesa portuguesa, ou alguma dama da sua comitiva, terá levado para a corte inglesa a receita do doce de laranja, preparado na zona de Vila Viçosa, onde este fruto abunda. A verdade é que o termo «marmalade» é a palavra portuguesa «marmelada», que é confeccionada com marmelo, fruto que não era conhecido em Inglaterra. A «marmalade» inglesa é doce de laranja. Ainda hoje, nas camadas populares de certas regiões da Grã-bretanha se diz «tchá», como em Liverpool.”(Fonte aqui)

Bem, vocês estão a imaginar o que na corte inglesa, tão cheia de si própria, terão dito a respeito desta “moda”?
Estrangeirice? Tradição alheia? Cultura importada? O certo é que o hábito foi instituído e vejam só: nós contribuímos com o chá, os ingleses com os scones, e não é que o resultado foi um sucesso?!

Hazel, a receita dos scones (garantidamente fofos) é esta:
9 Colheres de sopa de farinha (com fermento)
2 C.S. de açúcar
2 C.S. manteiga derretida
Meia chávena de leite
2 Ovos
1 Pitada de sal
Misturar tudo muito bem, verter em formas untadas e enfarinhadas. Vão ao forno pré-aquecido, durante uns 15 minutos (conforme o forno, logo que estejam altos e com cor). Servir com manteiga, compota e claro, chá quentinho.
E obrigada pela tua paciência:)!

Tenha uma óptima semana!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Halloween


(Imagem aqui)
No ano passado, fiquei curiosa com a súbita adesão aos festejos dos Dia das bruxas e fui pesquisar. Fiz descobertas extremamente interessantes sobre a origem e significado, se porventura quiser saber mais, clique aqui.
Inicialmente a minha posição, como defensora da língua e cultura portuguesas, era de rejeição, porém actualmente compreendo que a interculturalidade é um facto inevitável da globalização.

Este ano, confesso que me juntei aos adeptos do Halloween; durante 3 tardes participei de um projecto, conjuntamente com a professora do meu filho sobre o dia das bruxas. Na falta da professora de Inglês voluntariei-me para instruir e animar trabalhos na sala de aula. Devo dizer que foi um sucesso, pois as crianças acham montes de piadas a todos os símbolos do Halloween.
A adesão ao Halloween não deve causar surpresa. É festejado tanto por miúdos como por graúdos; os primeiros porque se fantasiam e batem portas pedindo doces os segundos porque se envolvem na decoração relativa ao tema (as famílias têm caixas com a decoração, guardadas na garagem, ao lado das caixas da decoração de Natal). Os blogues norte-americanos que me inspiraram comprovam-no!

Logo à noite, 31 de Outubro, vou acender uma vela, numa das janelas da casa, num ritual que homenageia os meus ancestrais. Adoro velas, adoro luz…que mal pode advir de tal tradição? Desde que preservemos e pratiquemos as nossas tradições com empenho e entusiasmo, novas tradições podem ser introduzidas na nossa cultura sem prejuízo nem ofensa, antes pelo contrário, enriquecendo e renovando as nossas tradições.

Feliz Halloween...para aqueles que querem comemorar.

Texto participante da Blogagem colectiva, subordinada ao tema "Importando folclore", promovido pelo Ronaldo. Clique aqui para participar.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

"Provavelmente Deus não existe.


Portanto, não se preocupe e desfrute a vida”.

Este é o mote da campanha promovida pela British Humanist Association (BHA), idealizada por Ariane Sherine, com apoio académico de Richard Dawkins. Provavelmente você, como eu, nunca ouviu falar destes nomes, porém de certeza que agora vão ficar famosos.
Vão circular cartazes, literalmente, em autocarros por Londres, graças ao apoio financeiro de particulares e empresas, que de pronto acorreram nesta boa causa. Provavelmente estes benfeitores ignoram a existência de Instituições como a Unicef, o Banco contra a Fome, e outras que tais. Enfim, compreendo, são causas menores, vacinas, fome, pobreza…
No entanto, de certeza que se preocupam com a influência nociva de Deus, que impede a Humanidade de se descontrair e ser feliz. Provavelmente eles nunca tomaram Prozac, nem qualquer outra substância anti-depressiva, porque são felizes.
Os líderes religiosos ingleses responderam positivamente a esta iniciativa. Provavelmente esta postura foi a
pública - politicamente correcta - porque de certeza que em privado devem ter dito alguns x%p=&t9(#=x#z*!
Não acredito que a ausência de Deus venha trazer mais felicidade à Terra e muito provavelmente a inexistência de Deus deixará as pessoas mais infelizes.
Pois bem, eu afirmo: provavelmente Deus existe. Eu acredito que Ele existe. Nunca tomei nenhum medicamento anti-depressivo, tenho desfrutado a vida e sou feliz.
De certeza que toda esta imbecilidade é só o começo do fim! Sim, porque acredite, ainda vai chegar o dia em que aqueles que acreditam em Deus serão descriminados.
Provavelmente alguns pensarão que estou certa, e com certeza muitos vão dizer que estou a exagerar. Por favor, tome o seu lugar.

Boa semana e sobretudo: desfrute a vida!

(Imagem e notícia aqui)

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Receita de fazer render o tempo

Preciso urgentemente; você tem? Também serve a “receita de esticar o dia”, ou "de fazer o tempo passar mais devagar”. Tem? Então por favor passe-ma! Não me diga que não existe, eu acredito que sim. E aquela apresentadora de tv (como é mesmo o nome dela?!) também acredita; ela diz que a família é a sua prioridade (logo é com ela que passa mais tempo!), e ainda apresenta um programa diariamente, faz anúncios publicitários, participa em filmes como actriz e mais: escreve livros! A família também é a minha prioridade, mas já não dá para mais nada. Então tem de haver uma receita; deve ser uma fórmula secreta, muito bem guardada, mas acho que está na hora de quebrar o sigilo. “O segredo dos Templários” já foi desvendado, “O segredo” também, então esta é a hora das revelações. E eu quero saber; eu preciso saber.

Não tem? Não sabe? Então por favor qualquer coisa, uma dica, uma sugestão, que faça o meu dia render mais umas 2 horas (já ficava satisfeita), ou mesmo 1 hora, ou meia. Mas por favor, não mexa com o meu sono; 8 horas por noite são fundamentais ao meu funcionamento pleno!

Tenha um bom fim de semana!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Brinquedos politicamente correctos

Não suporto discursos politicamente correctos; acho-os uma forma descarada de evitar dizer o que sentimos e pensamos. E não o dizemos por hipocrisia, cobardia ou por estarmos comprometidos. Não estar filiada em partidos, instituições, organizações e outras que tais dá-me liberdade de dizer o que quero. Excepto quando não quero magoar a pessoa, embora isso também aconteça (é que às vezes sou impulsiva).
Um discurso que me irrita sobremaneira, que se ouve muito na época Natalícia, vindo de Instituições de solidariedade é: “ Não dê brinquedos estragados, com mau aspecto, nem partidos! Não dê brinquedos que não servem para os seus filhos”.

Os meus filhos são crianças que não estragam brinquedos; quando eu faço uma ronda nos brinquedos para dar raramente encontro algum que esteja inutilizado. Selecciono aqueles que as crianças já não usam, ou desadequados à idade, e coloco numa caixa, durante algum tempo antes de os dar. Acontece que por vezes eles perguntam-me por algum que eu ”retirei de circulação” e nesse caso volto a tirá-lo da caixa. O Duarte que nem sequer é grande simpatizante de carros e motos cismou com uma, que já nem tinha guiador e por duas vezes a retirei da caixa, para ele voltar a brincar com ela. Agora eu pergunto: - Uma mota sem guiador serve para o meu filho, mas não serve para dar a outro menino? O jogo de damas a que substituímos pedras por peças do “4 em Linha” não serve para mais ninguém?!
Em resumo, estes brinquedos e jogos vão para o lixo e para dar compramos outros?!
Pois na caixa que tenho ali há brinquedos praticamente novos, usados e alguns danificados; acho que vou deixar ao critério de quem os receber. Na verdade, acho que muitas vezes os adultos politicamente correctos se esquecem do que é de facto importante para as crianças. Não é nem a perfeição, nem o novo, nem a marca, mas sim a imaginação. E aquele brinquedo pode levar a criança a dimensões onde “politicamente correcto” nem sequer existe. Mesmo sem guiador!
Eu acho. E você?

Tenha uma óptima semana!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Acróstico

(Imagem aqui)
Quisera eu ter o talento do Paulo e este desafio não teria chegado a tanto. Mas ai de mim, que mesmo sem talento não consegui resistir ao desafio lançado pela querida Hazel. Passei vários dias (como se não tivesse mais que fazer!) a pensar num acróstico para o meu nome. O resultado deu neste…primor! Apreciem, oh gentes!

Feliz, sou sim, acredite!
Eu celebro a vida a cada dia,
Reinando na família com alegria,
Namorando o marido eternamente,
Amando muito o Duarte e Letícia,
Naturalmente. E mais digo,
Deus é meu eterno guia,
Andarei com Ele noite e dia!

É suposto nomear alguém para dar continuidade a esta tarefa, porém não vou fazê-lo. Inscrições de voluntários aceitam-se aqui! Confesso que estou muito curiosa em ver como se sairiam alguns dos meus amigos da blogosfera, tal como a Dora, o Jens, a Joice, a Evellyn e a Lara. Não é malvadez pura, juro, (eles são profissionais da palavra), é só curiosidade.
Não, não estou a nomear, são apenas uns nomes que me ocorreram, hehehehh...
Mas se fizerem os acrósticos, avisem-me;) !

Boa semana!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Surpresa e Alles tomate!


Cá em casa celebramos 4 aniversários no espaço de 3 semanas; o meu aniversário, o da Letícia, o de casamento e o último no dia 3, aniversário do meu marido. Uma autêntica maratona de festas de que só o Duarte escapa, deixando-nos recuperar o fôlego até Abril. Se dependesse de nós não seria assim, mas vamos fazer o quê?!

O meu marido não queria festa mas eu não poderia deixar passar a entrada dos “40” por isso planeei-lhe uma festa surpresa. Um pouco inspirada nas festas alemãs, em que os convidados levam algo para a refeição, convidei a família, sugeri e coordenei o menu. O bolo de aniversário e o jantar (rolo de carne e massa fresca e frango árabe com cuscuz) foi feito por mim. Decorei a sala, pus a mesa com flores e o melhor faqueiro (aquele de cabo de osso que não vai à máquina, rssss…), pus música (UB 40, nada ao acaso!), acendi as velas e abri a porta aos convidados, que entraram sorrateiros pé ante pé, numa excitação infantil. Quando chamei o meu marido para jantar e ele abriu a porta da sala, a surpresa estampou-se-lhe no rosto. Um coro gritou: Surpresa! Parabéns!
Foi uma celebração muito boa; o meu marido adorou. Eu tinha a certeza disso. Não poderia deixar de ser assim, inesquecível certamente. Confesso que por vezes eu me lembrava daquela história que a minha tia me contou. A festa surpresa que uma conhecida fizera ao marido e como ele detestara e fizera questão de o demonstrar, saindo porta fora! Já imaginou ?!

Dias antes, recebemos uma encomenda da Geórgia; dentro da caixa, um saco de gomas, um jogo e uma carta. Fazia referência ao aniversário do meu marido e ao nosso de aniversário, o que já nos surpreendeu porque há montes de tempo eu lhe falara destas datas. Mas ela não esqueceu. Naquela mesma tarde jogamos todos no terraço o “Alles tomate”, passando um momento, em família, muito divertido. O meu marido (que não tem nada a ver com a blogosfera!) comentava intrigado como podemos sentirmo-nos tão próximos de pessoas que nunca vimos sequer, a ponto de lembrar aniversários e enviar presentes. A ponto de apreciar imenso esses gestos. A blogosfera tem destas coisas, amizades que se vão desenvolvendo, como dizia a Grace, no último comentário, a quatro mãos (sim, porque no pc é a quatro, nas cartas manuscritas é que é a duas, rssss….).
Obrigada, Geo, certamente vamos lembrar-nos muitas vezes de vocês neste Inverno!

Tenha uma esplêndida semana ;) !

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Amizade - Uma folha em branco

Este fim-de-semana recebemos um amigo querido; na realidade conhecemo-nos nas férias de 2007, ele alugou-nos o apartamento em Viena. A empatia foi recíproca e imediata e apesar de na altura não termos tido oportunidade de conversar tanto como gostaríamos ficou desde logo decidido que nos reveríamos este ano. Depois dele ter partido fiquei a pensar como me é fácil conversar com ele. Poderia ser intrigante; pertencemos a gerações diferentes, temos nacionalidades diferentes, temos um passado completamente diferente, falamos línguas diferentes e nem sequer pertencemos ao mesmo sexo! Temos opiniões diferentes sobre assuntos importantes como religião e ainda assim conseguimos exprimir com sinceridade, sem receio de julgamento o que pensamos e sentimos sobre determinados assuntos. Todos os assuntos. Com certeza falamos um com o outro a um nível que não o fazemos com a maior parte dos membros das nossas famílias. Porquê? Fiquei a cogitar….

Talvez porque a amizade se faz numa folha em branco. Uma folha que vai sendo escrita a duas mãos ao logo dos tempos. Num papel que se dobra e se guarda no envelope aberto, porque a qualquer altura a folha sai e volta a ser escrita.

So, dear M. , if you read this some day, be sure we already miss you!

Tenha uma optima semana!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Apresento-vos... Little Readers!

Pensando bem não me lembro do carro que os meus professores do liceu tinham, nem que tipo de roupas vestiam, nunca foi o tipo de coisa que me impressionasse. Porém, lembro-me muito bem da 1ª vez que entrei no escritório do professor de Matemática para explicações em grupo. Em nenhuma aula consegui abstrair-me das prateleiras repletas de livros, do chão até ao tecto. Livros na horizontal, livros na vertical, onde houvesse um pequeno espaço, estava um livro. Como lhe invejei aquela biblioteca!

Os livros fazem parte da minha vida; desde criança que o meu pai me incentivou a ler, primeiro comprando-me livros e depois inscrevendo-me na Biblioteca. A uma certa altura o meu pai dizia, num tom misto de queixa e orgulho, que eu não lia, devorava! Portanto, não seria de estranhar que eu também incutisse este hábito nos meus filhos. Eram ainda bebés de berço e já eu lhes lia histórias. Tiveram livros de plástico, de páginas de cartão plastificado (à prova de saliva!) e hoje têm livros de papel comum. Aprenderam a respeitar o livro propriamente dito, não o estragando nem permitindo que outros os estraguem. Também os inscrevi na Biblioteca muito cedo, o Duarte com 4 anos e a Letícia com 3. A Biblioteca é um espaço que frequentam assiduamente e onde se sentem completamente à vontade. Pode ser onde vivemos e também onde fazemos férias; a língua é irrelevante.

Tenho o hábito de lhes ler uma história antes de dormirem, história essa que eles escolheram na Biblioteca com o meu auxílio. O último livro que lemos é um clássico da literatura infantil: “ O feiticeiro de Oz” de L. Frank Baum. O meu pai viu o filme no cinema (a preto e branco) e eu vi-o na televisão já a cores, porém nunca tinha lido o livro. Esta leitura é extremamente interessante, para miúdos e graúdos. De tal forma que o lemos duas vezes e o Duarte pediu o dvd como presente para o Natal.

Gostaria de ler sobre a história? Clique em Little Readers, um blogue que nasceu com a finalidade de promover a literatura infantil, partindo do ponto de vista das próprias crianças ou dos pais (quando as crianças ainda não sabem escrever). A Sam, do A vida Como a vida quer, teve a ideia e deu-lhe forma. Entrando no blogue poderá saber como aconteceu e como participar, seja como colaborador, seja como leitor. Em Little Readers poderá encontrar dicas e partilhá-las também. Afinal todos pretendemos, por imensos motivos, que os nossos pequenos se transformem, um dia, em grandes leitores.

Tenha uma óptima semana, com boas leituras!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Mamma mia! Arrebatador!!


Eu sou leitora de comentários; cedo compreendi que na blogosfera blogues interessantes são geralmente frequentados por pessoas interessantes. O rastreio faz-se na leitura dos comentários.Por conseguinte, recentemente li no Saia Justa alguns comentários de pessoas que confessavam ter lido o blogue da Geo durante meses até conseguirem comentar. Porquê? Por timidez. Achei isto surpreendente, nunca me tinha ocorrido tal. Porém, depois de reflectir sobre o assunto pensei que nada mais natural. Eu estou na blogosfera tal como estou na vida real. Assim acontece com os outros; então porque não seria a timidez um obstáculo aqui, se é também um obstáculo lá fora?!
Não sou o tipo de blogueira que expõe a vida privada e familiar. Resguardo a minha intimidade e família porque eu sou reservada naturalmente. Embora muitas pessoas confundam a minha reserva com “snobismo”, quando aprendem a conhecer-me verificam que não é assim. Por conseguinte, também aqui sou reservada. Não consigo colocar um bolo no meu aniversário e convidar os amigos para celebrarem comigo. Não consigo fotografar a minha casa e colocar as imagens aqui. Não consigo partilhar muitos momentos do meu dia-a-dia. Sou naturalmente reservada. Porém, não digo: sou assim e pronto! Isso sim, seria muitíssimo sobranceiro. Sou assim, mas gosto de me forçar a situações e atitudes que não assumo naturalmente. Digamos que são desafios; por isso, hoje vou contar algo que fiz ontem, no dia do meu aniversário.
Antes de termos filhos, eu e o meu marido íamos ao cinema todas as semanas; actualmente (como muitos pais), nem dvd’s conseguimos ver todas as semanas! Porém eu adoro cinema e não há nada que substituía a visualização de um filme na sala do cinema. Então, ontem fomos ao cinema, ver, com muitas reservas do meu marido, o musical “Mamma mia”. Logo na primeira música pensei para mim que não iria conseguir manter os meus pés quietos; passados alguns minutos o ritmo já tinha tomado conta das pernas. Olhei para os lados, todas as pernas da fila abanavam ao som da música. Homens e mulheres. Os rostos vidrados na tela, alheios a tudo. Um levantou-se e começou a dançar ali mesmo, outros se seguiram, reproduzindo o musical ali na sala do cinema! Pára, pára tudo! Ok, pronto, esta última frase é mentira. Ninguém se levantou para dançar, mas bem podiam, porque apetecia mesmo! Eu tive uma vontade louca de dançar, mas contentei-me a observar os actores. É um filme arrebatador, de um alto astral incrível, com uma Meryl Streep no seu melhor! A minha tia viu e quer ver novamente, a minha prima adolescente e as amigas (que nem conheciam os ABBA!) adoraram, o meu marido rendeu-se. A mim arrebatou-me; achei os meus olhos pequenos demais para abarcar tudo o que passava na tela. Se ainda não viu, não perca, mesmo!Um conselho, não saia até que o ecrã fique negro, porque tem um imperdível bónus final!

Acha que foi fácil? Não foi. Venci a minha reserva, vença agora você a sua ;) !

Uma óptima semana!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Que tal um abraço?

A minha filha só começou a dar beijinhos aos 3 anos. Se me perguntar porquê não lhe sei dizer ao certo; o que posso responder é que a explicação não está nesta vida. Não existem crianças tão beijadas como as minhas, aliás eu costumo dizer que ou eles vão resultar em totais beijoqueiros ou vão ganhar alergia a beijos, rssssss….( e a culpa vai ser sempre minha!).

No entanto a Letícia demonstrava afecto; como? Com abraços. Desde sempre os seus bracinhos minúsculos dão abraços; quando ela encontra alguém que gosta vai a correr para abraçar. Algumas pessoas insistem pelo beijo, que ela dá, mas o que mais naturalmente lhe sai é o abraço.

Há dias, a minha tia recebeu um abraço dela e comentou, como pessoa sábia que é, que o abraço é muito mais importante do que o beijo; que este é apenas um encostar superficial ao rosto do outro, que os lábios já nem fazem o trejeito de beijo, que já não sai nenhum som. E realmente o beijo já não se dá, diz-se: Beijo! Mesmo tendo ali a pessoa ao lado.
O meu marido comentou comigo recentemente sobre os “abraços”, que amigos e colegas lhe mandam, como despedida, nos emails; ele dizia que na realidade eles nunca se tinham abraçado. É mais fácil dizer do que fazer, não é?!

Cá em casa damos muitos abraços; às vezes damos abraços quádruplos, às vezes triplos, às vezes duplos. Se alguém está a dar um abraço, quem está ao lado quer imediatamente entrar e o abraço vai crescendo.

Abraço é a troca de energia positiva que recarrega as baterias, apaga mágoas e estampa sorrisos no rosto. Porque no abraço nós não recebemos apenas, também damos.

Porque eu sei de algumas amigas da blogosfera que se sentem, por várias razões, muito tristes, queria começar esta semana deixando o MEU ABRAÇO! E queria pedir uma coisinha de nada, a quem me lê:

- Dê um abraço à 1ª pessoa que você ama, quando a encontrar! Não interessa quem é: pais, marido, filhos, amigos….Simplesmente abraçe!


Tenha uma óptima semana!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Um prédio labiríntico


É um prédio gigantesco, com número indeterminado de casas. Num sinal de boa-vontade cada casa deixa a porta aberta para que os visitantes, moradores do prédio ou não, entrem e se instalem. Há flores e guloseimas em sinal de boas-vindas, e ainda que muitas vezes o anfitrião esteja ausente pode haver mesmo assim comunicação. Depois o visitante sai, deixando a porta aberta, como a encontrou, e entra noutra casa, e noutra e noutra, percorrendo um corredor infindável e labiríntico.
Os moradores do prédio também saem, também fazem visitas; frequentemente retribuem as visitas, embora alguns apreciem apenas receber. Ficam em casa, decoram-na, acendem incenso e deixam petiscos.
Por vezes, os moradores do prédio cansam-se de aí viver; muitas vezes mal-interpretados e sentindo-se incompreendidos nos seus propósitos os moradores fecham a porta. Atiram a chave ao mar. Outras vezes, abrem-na apenas a convidados. Ou mudam de prédio. Alguns voltam para visitar os amigos, outros não voltam nunca mais. No prédio cada um faz as suas regras, o condomínio exige apenas RESPEITO pelo outro.
É um prédio muito especial, pois quem abre tão francamente a porta só pode ser especial. Há, contudo, aqueles moradores que mesmo mantendo suas portas abertas mostram somente, ou muitas vezes o que ainda não têm; móveis e electrodomésticos cujas prestações não foram pagas. Aquilo que não é seu. Mas entretanto, as suas casas são cativantes.

Eu também tenho casa aí; deixo a porta aberta, música ligada, revistas e livros de temas variados na mesa. Gosto de receber visitas e retribui-las sempre. Como regra não repito visitas a quem me ignorou na 1ª visita a sua casa; nunca fui boa a ser ignorada. Gosto da comunicação gerada nestas visitas. Porém impus-me um tempo para elas; quem aqui vive sabe como é fácil perdermo-nos neste prédio! Por vezes é necessário fazer uma limpeza à casa; fiz recentemente, retirei moradas da minha agenda e acrescentei outras. A vida é feita de mudanças, não é?

É assim que eu vejo a blogosfera; um imenso corredor intrincado levando a um interminável número de blogues, onde entramos e descobrimos sempre novidades. Quer gostemos ou não.

E você, como descreveria a sua casa neste prédio?

Tenha uma óptima semana!

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Extra, extra!


Sai hoje (04/09) o meu questionário sobre o livro " A criança que não queria falar ", de Torey Hayden, no blogue: O que elas estão lendo!?
Convido os meus leitores ( agora senti-me presunçosa,rssss...) a passarem por lá; quem sabe não encontram uma dica interessante de leitura?

Bom fim semana!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Presentes, presentes e presentes!

(Getty Images)
Nada como os dias de verão para fazer piqueniques, churrascos e festas, tipo …casamentos. Nós já passamos essa fase, familiares e amigos da nossa geração estão casados e arrumados, estamos agora na fase dos baptizados e primeira-comunhões. A sério, vamos falar de presentes. Sei, é um assunto delicado mas não me tem saído da cabeça nestas últimas duas semanas. Pensar na roupa que vou levar é um detalhe que resolvo facilmente, agora que presente vamos oferecer, já é outra história.
Presente de casamento é muito fácil (benditas listas!), de baptizado já dá que pensar um pouco; depende do sexo da criança, se for menina é muito mais fácil, uns brincos ou um fio em ouro, algo que ela vai apreciar mais tarde. De primeira-comunhão podemos sempre perguntar directamente algumas sugestões à pessoinha em questão.
Por fim, resta-nos sempre o “envelope”, a alternativa mais despersonalizada e desprovida de originalidade possível. O último recurso, do qual por vezes não conseguimos escapar. Contudo, também aí também se coloca a dúvida: How much?!

Recentemente tivemos um baptizado e comentando com outra convidada (familiar) sobre o presente a oferecer, o meu marido ficou perplexo. Estávamos em igualdade de circunstâncias: dois casais com duas crianças cada, com o mesmo grau de parentesco dos nossos anfitriões. Simplesmente nós tínhamos pensado colocar no envelope a mais 50% do que os nossos congéneres. Ao exprimir espanto mediante esta discrepância, o meu marido argumentou com o local onde o almoço se realizaria, o restaurante de um hotel 4estrelas. A resposta recebida foi sucinta: Ah, isso já não é connosco.

Quando conhecemos o local das festas já fazemos uma estimativa do preço e na hora do presente temos isso em consideração; contudo, há quem ache o local irrelevante, que isso é da responsabilidade de quem faz a festa. Será que é?!

O local da festa, para nós, conta, além de outros critérios, como por exemplo a intimidade com a pessoa; sei lá…ilumine-me com a sua opinião.

Tenha uma óptima semana!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

C’est trés JOLIE!

Certo dia os meus sobrinhos viam “Mr &Mrs Smith”, e apenas por curiosidade fiquei alguns minutos a ver o filme com eles. Perguntei-me porquê o Brad Pitt tinha feito aquele filme; era o tipo foleiro da Angelina Jolie, cujo desempenho aliás eu nunca tinha visto até ao fim em qualquer filme, mas não do Mr Pitt!
Parece que foi nesse filme que os dois se apaixonaram; e porque coincidências não existem, antes faz tudo parte de um “grande plano”, talvez “Mr & Mrs Smith” tenha tido o objectivo de juntar essa dupla. O facto é que os dois actores se têm empenhado em grandes causas humanitárias, levando muitas vezes a esperança onde já não resta mais nada.
Há dias li uma entrevista da Angelina Jolie à “Marie Claire” que me surpreendeu bastante pela positiva; quando a entrevistadora lhe perguntou se compreendia a frustração que “nós, pessoas normais” sentíamos por apenas podermos dar dinheiro às ONG’s para fazer avançar as coisas, esta foi a resposta:
- …não se trata apenas de ter montes de dinheiro, nem de viajar para arranjar as coisas. Já é muito educar as crianças o melhor que se pode, tentar ser uma boa mãe, uma amiga atenta…ser uma pessoa de bem no quotidiano. É já muito e talvez ainda mais difícil porque ninguém repara nestas coisas. Alguns enviam 5$ por mês a crianças de países estrangeiros e ninguém os felicita. No entanto, isto representa uma soma importante para eles. Estas pessoas têm muito mais mérito do que eu. “
Brilhante, não é? Eu acho.

É verdade que muitas pessoas se lamentam por não poderem ajudar aqueles que estão longe, no entanto quando lhes batem à porta pedindo auxílio, nada fazem. Seria necessário que a pessoa se apresentasse esquelética, com o ventre proeminente ao mendigar pão. Há sempre quem ajudar perto de nós, basta acreditar e ficar atento.

O título da entrevista é “Dar faz-me feliz” e embora eu concorde 100% com esta afirmação constato que regra geral as pessoas só se sentem felizes quando recebem. Ninguém pode ser feliz dependendo somente de receber. Um belo dia isso acaba. “Quem nada dá, nada recebe”, é aquela velha história da bola azul do Einstein, sabe?

O curioso de tudo isso é que também na vida da actriz os papéis que ela passou a desempenhar melhoraram imenso; será que ela começou a ser mais criteriosa nas escolhas dos guiões ou “subitamente” personagens interessantes e profundas lhe começaram o ser oferecidas?!
Hummm…muito interessante e enigmática esta relação "dar-receber", não é?

Tenha uma boa semana!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Namoro violento


(Imagem aqui)

Hoje acordei novamente, de madrugada, com um casal de namorados a discutir na rua; o mesmo par de ontem, mas desta vez a discussão foi ainda mais violenta. Acho que no final da rua eles pegaram-se à porrada, como eu já temia pelo tom dos insultos. Foi uma cena muito rápida e eles desapareceram logo de seguida.
Fiquei a pensar nos últimos dados de violência doméstica, que surpreendentemente já começa durante o namoro. Os números estão a aumentar aí também. O que leva alguém que discute, insulta, agride, a ficar junto?!

Recordo que no meu primeiro emprego, conversava com duas colegas sobre a violência doméstica e eu afirmava categoricamente que jamais deixaria que tal acontecesse comigo, quando o meu chefe entrou. Ele estava quase a reformar-se, falava muito pouco e era reservado nos temas. Por isso foi ainda mais surpreendente quando ele se intrometeu na conversa e disse:
-Você não compreende, Fernanda, ainda é muito nova! Tenho uma sobrinha, inteligente, independente financeiramente que vive um casamento infernal; tem tudo a ver com sexo! E continuou a remexer nos papéis. Eu calei-me, estupefacta com a revelação e crente de que realmente ainda era muito inexperiente para compreender certos dramas.

Muitos anos passaram desde aí, já não sou aquela jovem “muito nova” e continuo sem compreender porque mulheres aceitam ser humilhadas e agredidas. Agora, realmente não acredito que seja devido ao sexo, aliás acho essa explicação absolutamente yang. As mulheres pensam, analisam, escrutinam muito, já sabemos, para os homens é sempre muito mais simples, por isso eu tenho um rol de explicações para justificar a violência doméstica, sem saber exactamente qual a certa. Mas…sexo?! Não acredito mesmo! Tenho para mim que a explicação está na família de origem; no tipo de casamento dos pais, no tipo de educação, no amor que se recebe. Quem vem de uma família feliz, com auto-estima elevada, vai querer reproduzir o modelo. O pior é quando acontece o contrário, fica muito difícil cortar ciclos, é mais fácil perpetuá-los.
E você, tem alguma teoria?

Boa semana a quem passa...

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Viajando na brisa marítima


Eu já disse que não gosto de férias de praia, não já? Pois é, não gosto mesmo, ficar deitada na areia dia após dia, enxergando um mar de gente ou o próprio mar, dá-me uma canseira que só me faz desejar voltar ao trabalho! Porém, férias para as crianças tem que ter praia, e as minhas crianças não são excepção. Portanto, lá fomos, contra ventos e marés, ou seja, apesar dos raios ultravioletas altíssimos e água do mar poluída, para ficar na praia umas 3 horas diárias (para evitar os ditos raios!), isso na melhor das hipóteses, porque praia no Norte traz direito a Nortada (vento frio, brrrr…) e água gelada. Claro que isto sou a eu, porque tenho má vontade, pois as crianças acham que todos os dias estão óptimos para a praia (apesar da neblina!) e nunca, jamais querem sair da água, apesar dos lábios roxos e pele arrepiada!

De qualquer maneira, eu sou aquela que nunca faz apenas uma coisa de cada vez; imagine, se eu consigo, simultaneamente, falar ao telefone, fazer as camas, regar plantas e responder a emails, ficar na areia completamente parada é pedir demais! Valem-me os meus companheiros fiéis, que me levam para outros sítios, bastante diferentes ou não, contando-me histórias insólitas ou banais, e embora o meu corpo esteja na praia, a minha mente vagueia por outras paragens. Sim, são os meus queridos livros!
E de uma assentada, consegui ler “ Sapatos de Rebuçado” de Joanne Harris, uma espécie de parte II do ”Chocolate”, e embora tenha gostado não elegeria como o melhor livro que li da autora (esse seria “Cinco quartos de laranja). Contudo, queria destacar duas frases que me fizeram remoer:
“Mostrem-me uma mãe e mostro-vos uma mentirosa” – à partida senti-me injustiçada, pois sou sempre muitíssimo honesta com as crianças, prefiro que eles chorem a enganá-los, mas em questões de morte e segurança, sou mais maleável, não hesitando em proferir promessas que não tenho a certeza de poder cumprir, ou mesmo irreais, tipo: não permitirei que nada te mal de aconteça! Ou – Não, eu não vou morrer! Bem, parece que esta mãe também diz algumas mentiras….
Outra: “ uma mulher depois de ser mãe, vive no medo”: Bingo novamente! Depois da maternidade a minha convivência com o medo é diária; medo que caiam e se magoem, medo de que alguém os maltrate, medo disto de daquilo. Quando não estão comigo tenho medo, porque não sei o que está a acontecer com eles. Quando estão comigo, só não tenho medo quando estão tranquilamente a dormir. E ainda assim, vou lá certificar-me que respiram normalmente. Pronto, confessei!

De seguida, o “Gazeteando”, da queridíssima amiga blogueira Maria Luíza Ramos, que teve a gentileza de me enviar a compilação das crónicas, escritas ao longo de 30 anos para o jornal de Alegrete, sua terra natal. A Maria Luíza evoca com nostalgia momentos felizes, de pessoas queridas que já partiram, de um tempo em que os valores como educação e respeito eram regra, não excepção, como hoje. Através destas crónicas aprendi imenso sobre a cultura e sociedade brasileiras e sobre a própria Maria Luíza, uma pessoa com preocupações políticas, sociais, ambientais, enfim, uma pessoa com uma faceta humanista excepcional. Para além de tudo isto, ela escreve muitíssimo bem, com uma perspicácia e sentido de humor que me prendem verdadeiramente. Portanto, se ainda não conhece o simplesmente Maria, vá lá fazer uma visita, que vale a pena.

Parece que “Daisy Miller” , de Henry James é a obra mais conhecida do autor, porém não foi por isso que a escolhi, simplesmente estava à mão. A história de uma jovem, coerente e pura, que não alinhou nas convenções da época e claro, pagou um preço alto por isso.

Não tencionava ler “A rapariga que roubava livros”, de Markus Zusak, (o meu velho preconceito contra livros do Top de vendas!) contudo na biblioteca não havia novidades, excepto este. Gostei da história, mas não gostei da escrita; eu explico, gostei de ler sobre alemães que não se identificaram com o regime nazi, que de alguma forma lhe fizeram oposição, para variar. Não gostei das promessas constantes do narrador, em contar mais adiante sobre um assunto e outro. Aconteceu vezes demais para me lembrar se realmente esses pontos foram esclarecidos. Achei irritante. Não pensei que a Morte fosse tão tagarela e divagativa…acho que sempre pensei na Morte mais silenciosa e assertiva.

Bom, e estas leituras fizeram-me recordar que estou em falta com a Geo (- perdão, amiga!) mas desta vez, vai! Ou melhor, foi! Já preenchi o inquérito e enviei, sobre “A menina que não queria falar” de Torey Hayden, outra leitura de praia. Se quiser saber a minha opinião sobre o livro (que ainda não está lá, mas estará...) passe pelo “Elas estão lendo”, um espaço dedicado à leitura, onde poderá encontrar dicas óptimas e até trocar ideias.

Tenha uma boa semana!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Férias

(Imagem aqui)
O direito a férias é constitucionalmente consagrado; deve possibilitar a recuperação física e psíquica do trabalhador e assegurar-lhe disponibilidade pessoal, de integração na vida familiar e participação social e cultural. Mas nem sempre foi assim, aliás o direito a férias é bastante recente. Outrora, apenas as famílias privilegiadas se permitiam a mudança de residência no verão, na procura de zonas mais frescas, na montanha e campo. Entretanto, os ares e iodo do mar começaram a atrair veraneantes para a praia e pele levemente bronzeada substituiu a tez pálida, uma mudança do arquétipo de beleza, que permanece até hoje.

Nas últimas décadas os governos divulgaram uma litania de direitos que muitas vezes não passam do papel, causando deste modo um rol de frustrações e sentimentos pessimistas de revolta e indignação. Na realidade, não somos todos iguais, nem temos todos os mesmos direitos, o Planeta simplesmente não comportaria tal coisa, mas podemos sempre fazer algo para remediar a situação. Uma questão de atitude, creio.

Praia?
Apesar do aumento de doenças de pele, nomeadamente do cancro, provocado pela prolongada exposição solar, a praia continua a ser o grande destino de férias dos portugueses; nas agências de viagem predominam quase exclusivamente os destinos de praia. Algo bastante incompreensível para mim; viajar 9 e 12 horas de avião para entrar num resort onde portugueses se acotovelam, onde só se ouve falar português, cujo programa é passar da piscina do hotel para a praia do hotel, e vice-versa, durante 1 ou 2 semanas, parece-me absurdo. Nós vivemos numa península, temos praia por quase todo o lado, e ainda temos as fluviais. Além disso, em Portugal o Sol brilha, em média, 1600 horas por ano no Norte e até 3300 horas por dia no Sul (segundo dados do Instituto de Meteorologia), fornecendo-nos a dose solar necessária ao nosso bem-estar. Portanto, mais praia para quê?! Porém, ok, cada um é livre de escolher o que prefere.

Quando as pessoas contraem empréstimos para partir de férias:
Como diz o ditado, "Quando não há dinheiro não há vícios", porém os Bancos vêem dizer algo em contrário: gaste agora e pague depois. A vida é feita de prioridades e estas mudaram; ter férias é um direito que as pessoas querem exercer, seja como for. Como as pessoas também têm direito a casa, a transporte próprio, a uma série de comodidades e por vezes a outra série de futilidades, os empréstimos acumulam-se, levando cada vez mais famílias à rotura financeira. Como a crise económica é generalizada, aqui vão algumas sugestões.

O que fazer com um pequeno orçamento:
Frequentemente as pessoas não conhecem muito bem os locais onde vivem; então, aproveite para visitar monumentos, palácios, castelos, fazer um piquenique num parque ou jardim, passar uns dias no campismo, ir à piscina, assistir a um concerto de música clássica, passar um dia num parque de desportos radicais, e se tiver filhos peça-lhes sugestões; vai ficar surpreso com ideias tão simples que os fazem felizes. Porque sobretudo, férias é tempo em família.

Ideia inovadora:
As possibilidades multiplicam-se, para além de hotel, aparthotel, turismo de habitação, aluguer de casa, (nós utilizamos o Homeliday e aconselhamos vivamente) surgiu recentemente a troca de casa. Imagine a amplitude de oferta, aliás, basta entrar aqui para ver como é. Suponho que deve ser uma experiência fascinante, para quem gostar de entrar no espírito verdadeiro do local que visita.

Posto isto… boas férias, nós partimos amanhã, e um Feliz Verão!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Escrava


Mende Nazer era uma menina de 12 anos, vivia uma infância feliz com a sua família, numa aldeia nas montanhas nuba, no Sudão. Uma noite, enquanto todos dormiam, os mujahidin cantando: Allahu Akhbar! (Deus é grande) atacaram a aldeia, lançando fogo às cabanas, assassinando os adultos de forma selvática e raptando as crianças maiores. Mende estava nesse grupo e foi levada pelos mujahidin par Cartum, onde foi vendida como um animal. A sua proprietária despojou-a de todos os direitos, inclusive do nome e de orar, maltratou-a de todas as formas, até a levar ao internamento hospitalar. Passados 7 anos de escravatura, quando a sua “dona” acreditava Mende incapaz de algum acto voluntário, enviou-a para Londres, emprestada à sua irmã como se fosse um electrodoméstico. Contudo, aí Mende reuniu coragem e conseguiu fugir para a liberdade, com a ajuda do jornalista Damien Lewis.

Em 1994 eu estava muito feliz, era livre, independente e estava apaixonada; passei parte do ano a planear o meu casamento, pois casei a 4 de Outubro. Então, como agora, eu não sabia que aldeias eram atacadas, pessoas assassinadas e crianças raptadas para serem vendidas como escravas. Para serem tratadas como animais, bestas de trabalho, sem direito sequer a uma alimentação adequada!

As pessoas que compraram Mende, têm carro, electrodomésticos, parabólica e viajam para a Europa. São os privilegiados do Sudão. Adoptaram a forma de estar ocidental, a comodidade dos tempos modernos, mas infelizmente não os valores. Encomendam uma escrava, como se encomenda um carro no Stand, e talvez até esperem menos para a receber! Chamam criadas às escravas fora do círculo familiar e social, mas junto dos amigos e parentes não há quem os recrimine! Ousam até trazer as “criadas” para países onde sabem que a escravatura foi abolida há séculos.

Hoje Mende Nazer estuda para ser enfermeira e participa activamente em manifestações internacionais contra a escravatura. Não é ficção, Mende não é uma personagem de um livro; Ela é real, tanto como eu e você!

Tenha uma boa semana!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Vida de saltimbanco


Tenho dificuldade em imaginar as diversas dificuldades, e os seus graus, da vida itinerante; viajar de forma imprevista, sem saber muito bem onde ficar, ter de seguir viagem quando o cansaço pede para parar. Problemas de água, de electricidade…de Internet? Uma família inteira ter de conviver em espaços exíguos, falta de privacidade, de arrumação. Uma família completa a depender da facturação incerta. E a escolaridade das crianças, como é feita?! Logo eu que me preocupo imenso com a qualidade das escolas e professores….E no entanto, eu vi as crianças, várias, em idade escolar, sentadas de forma ordeira, observando sem surpresa nem exclamações imprevistas.

Na plateia pouquíssimas pessoas conhecidas, maioritariamente espectadores vindos das aldeias vizinhas; este circo não é para eles. Eles vão aos circos ricos das cidades, Braga ou Porto. Circos que param aqui são pobres e raros, cada vez mais raros, porque a vida nómada está a ficar cada vez mais difícil. As pessoas exigem qualidade, bons profissionais, boas roupas, animais exóticos…caso contrário ignoram-nos. Eu também já fui uma snob do circo. Porém, as crianças não se importam com nada disso. Elas riram-se das piadas simplíssimas do palhaço, admiraram-se com o mágico, assombraram-se com os equilibristas e exultaram com o Noddy (porque desta vez era uma criança pequena, não um adulto num fato almofadado do Noddy!).

De facto, não era o “Cirque du soleil”, era de muito longe mais modesto, mas ainda assim profissional; a apresentadora era também amestradora de cabras (- das montanhas da Grécia), o ilusionista era também malabarista, a partner do malabarista vendia pipocas no intervalo, a equilibrista vendia brinquedos nas bancadas, o homem da bilheteira era também o técnico de som. Cada um ofereceu o que tinha de melhor, com esmero, com simpatia.

Eles lutam, à maneira deles, contra a corrente. Por isso merecem ser prestigiados, por mim e por qualquer pessoa que goste de cultura. Porque circo é cultura. Cultura popular, mas cultura.
Pense nisso; prestigie o circo com a sua presença, antes que ele desapareça para sempre!

Tenha uma óptima semana!

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Ter e ser

( Imagem aqui)

Quando eu era estudante e não tinha dinheiro para comprar calças Levi’s, comprava “Queens”; nunca ouviu falar, pois não? Mas garanto que eram umas “Queens” originais!

Tivemos este fim-de-semana a festa popular do S.Pedro, e senti-me atónita com quantidade crescente de vendedores de contrafacções. Roupa, malas, sapatos, perfumes, óculos, relógios, das marcas do momento; Tous, Burberry, Prada, Gucci, D&G, Nike, Puma, é só dizer o que procura que há!

Porque pagar 300€ por uma mala se a pode ter por 20€?!
Para além da vulgaridade de ser mais uma, ou um, o comprador está a contribuir para um negócio ilegal que envolve milhões e cai directamente no bolso de uns quantos que não pagam impostos, que exploram os empregados, e na maior parte das vezes nem sequer têm as fábricas legalizadas.

Não que eu pretenda defender as marcas, coitadinhas, que mesmo assim ganham milhões, biliões ou ziliões de euros, porém, a César o que é de César; eles pagam a designers, pagam impostos, pagam patentes, logo têm o direito de ver as suas criações protegidas.

O pior de tudo é que a contrafacção se vai estendendo a todas as áreas; a medicamentos, por exemplo, que estão a ser comercializados na Ásia e em África, causando a morte a muitos inocentes. Também vão chegar cá, acredite!

Enquanto houver quem compre, haverá quem venda e quem compra cópias só o faz porque entrou naquela paranóia confusa do ser/ter. Nós somos o que somos, não o que temos.

Uma óptima semana, para si!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Baú de memórias


(Getty Images)

Recordo-me que quando criança qualquer coisa me interessava para guardar: um frasco de perfume vazio, uma lata de bolachas, um porta-moedas que uma tia já não queria, um lenço velho, etc, etc. Via beleza e utilidade em tudo e acho que por isso encaro esse espírito colector na minha filha com muita brandura.

Creio que actualmente não guardo muitas coisas; se numa estação não vesti uma peça de roupa uma vez sequer, desfaço-me dessa roupa. O que não utilizo tento passar a quem possa ser útil; faço assim com as roupas e brinquedos das crianças. No final do Inverno faço uma arrumação geral e no final do Verão outra, o que resulta na supressão de variados itens.

Porém, algumas coisas passam pelo meu exame ano após ano sem que eu consiga libertar-me delas; as cartas que o meu pai me escreveu, quando eu estudava fora de casa. Umas 50 cartas de amor, que o meu marido me escreveu quando éramos namorados. As flores secas de ramos que o meu marido me ofereceu. Os testes de gravidez dos meus filhos. As fotos de uma galeria de personagens que eu nem conheci, mas que são a minha história e mais uma coisa ou outra, que fazem o conteúdo do meu baú de recordações.

Existem momentos na minha vida que tento gravar até ao mais ínfimo pormenor, porque o que eu gostaria mesmo era ser capaz de guardar momentos e sentimentos. Não no meu cérebro, que um dia desaparecerá com o resto do corpo, mas na minha alma, para me acompanhar pelos tempos e vidas futuras.

Diga-me, e o seu baú de memórias, como está?

Tenha uma óptima semana!

terça-feira, 17 de junho de 2008

Escolas que são asas


(Imagem aqui)
Há algum tempo uma mãe confessava-me suspeitar que a filha fosse hiper-activa; tudo porque a educadora lhe tinha dito várias vezes que a filha estava constantemente irrequieta e não queria ficar na sala. Tentei tranquilizá-la, porque de certa forma vivemos uma experiencia semelhante no ano passado, com o Duarte. No caso dele era o desinteresse pelas actividades do Infantário, e entretanto, no 1º ano da escola revelou-se um excelente aluno.

Há escolas assim, onde os alunos são um grupo e o principal objectivo é mantê-los quietos e calados. Onde não se admitem comportamentos diferenciados e todos devem executar as mesmas actividades com igual empenho. Onde as educadoras ensinam o menos possível, justificando como contraproducente ao 1ºano escolar. Onde infantário ou escola é um depósito de crianças, cujo único alimento é físico. São as escolas-gaiolas.

Há 2 semanas atrás fui convidada pela professora do meu filho a desenvolver uma actividade na sala; escolhi uma fábula que tinha escrito para o Duarte, quando ele tinha 4 anos, e ele ilustrou a história. Passei para power-point e fui à turma contar “O Tigre e o Jaguar”, enquanto o Duarte projectava as ilustrações. As crianças adoraram, o meu filho ficou muito orgulhoso da nossa parceria, e eu achei a experiencia muitíssimo interessante.

Na 2ªfeira, quando fui levar a minha filha ao Infantário, a educadora estava a fazer uma primeira abordagem a Camões; quando, de tarde, a Letícia chegou a casa contou-me a vida do poeta correctamente, com imenso entusiasmo.

Os meus filhos estão em escolas onde a participação e o contributo individual são importantes; onde a individualidade de cada um é valorizada e incentivada. Onde a diferença é uma mais-valia e o grupo uma soma inter-activa, de onde cada um sai mais enriquecido. São escolas que são asas.

Se em família ensinamos os nossos filhos a voar, vamos querer que a escola seja um prolongamento dessa aprendizagem, não que lhes cortem as asas por falta de espaço, de respeito, de liberdade.

Se quer que o seu filho voe, voe com ele; participe nas actividades escolares, inove, leve à escola as suas ideias.
Li um post no Como a vida quer, que vem de acordo ao meu pensamento e a este post, inclusive tirei de lá a denominação escola-gaiola/ escolas que são asas. Como eu, a Sam achou o texto perfeito! Passe por lá, pois vale mesmo a pena!
Para terminar, copiei o texto e vou envia-lo às professoras dos meus filhos, como homenagem e agradecimento.
Elas merecem, pois sabem voar e ensinam a voar!

Uma óptima semana com altos voos!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Pssss...

(Getty Images)

Gosto da solidão. Gosto do silêncio, nunca absoluto, que me proporciona a solidão. Em silêncio ouvimos ruídos que normalmente não são perceptíveis; um relógio a trabalhar, o motor de uma máquina, o chilreio de pássaros. Mesmo no meio da natureza o silêncio nunca é absoluto; o murmurar das folhas ao sabor do vento, o piar de alguma ave, um fio de água que corre...Se mais não for, o zumbido nos ouvidos que o silêncio provoca, para lembrar que nunca é absoluto.

Depois das crianças nascerem o silêncio rareou e senti falta. Quando foram para a escola senti os primeiros momentos de silêncio como uma capa de ferro. Observava o baloiço desabitado no jardim e achava o silêncio inquietante. Gradualmente recomecei a desfrutar do silêncio.

O silêncio deixa-me leve, solta-me os pensamentos, mergulha-me noutras esferas. Tudo porque na solidão da casa vazia, sei que as ausências são momentâneas. O silêncio será quebrado. Por isso gosto tanto do silêncio!

Experimente; desligue a música, desligue a televisão. Fique 5 minutos em silêncio.
E então?

Uma óptima semana para si!