segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Namoro violento


(Imagem aqui)

Hoje acordei novamente, de madrugada, com um casal de namorados a discutir na rua; o mesmo par de ontem, mas desta vez a discussão foi ainda mais violenta. Acho que no final da rua eles pegaram-se à porrada, como eu já temia pelo tom dos insultos. Foi uma cena muito rápida e eles desapareceram logo de seguida.
Fiquei a pensar nos últimos dados de violência doméstica, que surpreendentemente já começa durante o namoro. Os números estão a aumentar aí também. O que leva alguém que discute, insulta, agride, a ficar junto?!

Recordo que no meu primeiro emprego, conversava com duas colegas sobre a violência doméstica e eu afirmava categoricamente que jamais deixaria que tal acontecesse comigo, quando o meu chefe entrou. Ele estava quase a reformar-se, falava muito pouco e era reservado nos temas. Por isso foi ainda mais surpreendente quando ele se intrometeu na conversa e disse:
-Você não compreende, Fernanda, ainda é muito nova! Tenho uma sobrinha, inteligente, independente financeiramente que vive um casamento infernal; tem tudo a ver com sexo! E continuou a remexer nos papéis. Eu calei-me, estupefacta com a revelação e crente de que realmente ainda era muito inexperiente para compreender certos dramas.

Muitos anos passaram desde aí, já não sou aquela jovem “muito nova” e continuo sem compreender porque mulheres aceitam ser humilhadas e agredidas. Agora, realmente não acredito que seja devido ao sexo, aliás acho essa explicação absolutamente yang. As mulheres pensam, analisam, escrutinam muito, já sabemos, para os homens é sempre muito mais simples, por isso eu tenho um rol de explicações para justificar a violência doméstica, sem saber exactamente qual a certa. Mas…sexo?! Não acredito mesmo! Tenho para mim que a explicação está na família de origem; no tipo de casamento dos pais, no tipo de educação, no amor que se recebe. Quem vem de uma família feliz, com auto-estima elevada, vai querer reproduzir o modelo. O pior é quando acontece o contrário, fica muito difícil cortar ciclos, é mais fácil perpetuá-los.
E você, tem alguma teoria?

Boa semana a quem passa...