sexta-feira, 30 de novembro de 2007

1º Aniversário do blog


Faz hoje 1 ano que comecei este blog. Antes pensava que era necessário ser exibicionista para escrever um blog ou então voyeur para lê-lo! E como eu não me achava nem uma coisa nem outra, hesitei bastante. Finalmente, pus de lado os meus pudores, porque queria dar uma ideia diferente da maternidade, dizer que uma mãe a tempo inteiro pode ser feliz, e de como ainda assim continua a ser muito mais do que progenitora; porque queria reflectir “em voz alta”,ou seja, na escrita, e receber feed-back. E é isso que este blog tem sido para mim, local de reflexão, de troca de opiniões, de riso, por vezes de tristeza, e de espanto. Durante este ano os meus horizontes alargaram-se, conheci gente interessante, que dos comentários passaram para os emails e daí para o Messenger. Pessoas que me ajudam a crescer, de quem já me sinto amiga e por quem me inquieto. Então, o meu presente é esse, ter conhecido pessoas que me visitam, falam comigo, partilham experiências, e fazem deste blog ponto de encontro. Porque eu nunca quis um monólogo, mas sim um dialogo a múltiplas vozes!
Por isso, obrigada amigos, por fazerem esta caminhada comigo, até aqui, hoje!

Bom fim semana!

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

A segunda infância


Certa vez, tentava consertar uma peça partida no wc de serviço, quando o meu filho, que teria uns 3 anos na altura, se aproximou e perguntou:
-Quem partiu isso, mãe?
Ao que eu respondi muito irritada, referindo-me ao trolha:
-Foi um burro, Duarte!
O interesse dele redobrou:
- Foi? Com um coice? E como é que ele entrou aqui? Deixas-te a porta de casa aberta?

A minha irritação desapareceu subitamente de tal forma achei divertida e inesperada a pergunta dele. Um adulto saberia que eu só podia estar a referir-me a alguém mas uma criança acreditou que realmente um burro tivesse entrado ali!

É comum referirmo-nos à 3ª idade como a 2ª infância, no entanto sem nunca ter reflectido realmente sobre isso, pensei que a expressão fizesse alusão à dependência dos idosos, às “patetices” que muitas vezes fazem e dizem por esquecimento. É com alguma vergonha que o confesso, mas era assim que pensava. Até há poucos dias quando vi um programa sobre burlas feitas a idosos. Fiquei perplexa com a singeleza das manigâncias, eu juraria que nunca, jamais, alguém cairia no conto do vigário com histórias tão mal contadas! No entanto, aqueles idosos caíram. E de repente compreendi; a 2ª infância refere-se à ingenuidade, à abertura aos outros, à entrega sem maldade, próprias da criança. Por alguma razão no fim da nossa vida, voltamos a ser como éramos em crianças. Lembrei-me dos idosos da Keila, de como choraram de decepção durante dias por uma alegria frustrada. Então, compreendi-os verdadeiramente.

Vivemos num mundo que se enternece muito facilmente com imagens de bebés e crianças, que se mostram e passeiam orgulhosamente, enquanto escondemos os idosos e nos envergonhamos deles. Quem nunca reparou na empatia entre crianças e idosos? Afinal, não é tudo infância?!E eles sabem. Mas, nós não!

Bom fim semana!

sábado, 17 de novembro de 2007

Revistas cor-de-rosa


Nunca leio revistas cor-de-rosa, nunca, nunquinha! Ok, excepto quando vou à cabeleireira. Ou ao dentista. Enquanto espero, se esqueci de levar o meu livro, para passar o tempo dou uma olhada às revistas sobre os famosos. Nem é necessário ler os artigos, apenas com os cabeçalhos e fotografias fico a saber quem nasceu, casou, se separou e voltou a casar. Mas uma coisa eu tenho constatado, essas revistas cada vez dedicam mais páginas a pessoas que não são actores, nem cantores, nem músicos, nem figuras do jet-set; são pessoas comuns que aparecerem no Big Brother, ou num reality show qualquer. Estrelas instantaneamente produzidas que não se fazem rogar para abrirem portas das suas casas e enfim, das suas vidas. Não sei se as revistas se cansaram das "peculiaridades" das estrelas, tipo pedir verdadeiras fortunas por exclusivos, ou se o público se sente mais fascinado por aquele tipo de estrelas com quem mais facilmente se identifica. Ou se simplesmente o público está insaciável da vida alheia e quer sempre mais e mais.
Longe vai o tempo em que as verdadeiras estrelas mantinham segredo da vida privada e essa aura de mistério construía um mito e um muro que público e jornalistas respeitavam. Hoje com as novas tecnologias, as estrelas são fotografadas a fazer compras, desgrenhadas, sem maquilhagem e tudo isso contribui para desmistificação do estatuto de estrela. Então se é assim mesmo, é válido para qualquer um. Qualquer um pode ser estrela, e todos teremos direito aos nossos 5 minutos de fama! Os reality shows provam isso, mas provam também que estamos cada vez mais curiosos, sem noção do que é certo ou errado, sem noção de privacidade, sem noção de limites. É ou não é?
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A Georgia vai fazer o lançamento do seu livro, amanhã, terça-feira e está a convidar todos a passar por lá; vá lá dar uma força;)!

Boa semana!

domingo, 11 de novembro de 2007

O amor é grátis!


Conversando com uma pessoa que trabalha numa instituição(de cariz religioso) que alberga crianças e adolescentes,oriundos de famílias problemáticas, ela disse-me que realmente alimento e tecto são providenciados, porém afecto não recebem de todo! Explicou-me que de montes de funcionários que lá trabalham considera apenas 3 capacitados para o exercício deste trabalho. Os restantes mostram-se frios, indiferentes e por vezes até cruéis.
Eu sei que estes empregos não são bem remunerados e quando as pessoas se sentem injustiçadas, produzem menos; no entanto, aqui não se trata de produzir menos 3 camisas por dia! Neste caso a matéria-prima é humana e os efeitos são irreversíveis.

Estes dias, tivemos cá em casa um marceneiro a restaurar as madeiras; é um profissional excepcional, capaz, perfeccionista e consciencioso. Tocava a madeira com um carinho, como se de um ser vivo se tratasse e a madeira nas mãos dele parecia transformar-se com uma facilidade extrema.Sabe porquê? Porque ele adora o seu trabalho, é vocacionado.
Pensei naquelas crianças, que recebem menos afecto do que estas madeiras, e que por isso não se vão transformar facilmente; vão ficar para sempre ásperas, mal-formadas porque ninguém investiu no potencial delas.
Que ganha o trabalhador insatisfeito, ao mostrar-se contrariado e de mau-humor, sobretudo, para quem não pode ser responsabilizado por isso? Que ganha no final do dia? Que ganha no final do mês?

Há algum tempo o meu filho perguntou-me:
-Mãe, e se o amor se gasta? Achas que vais ter sempre amor para me dar?
Ao que eu respondi:
-Claro que vou, filho! Sabes porquê? Porque o amor é grátis e sabes o melhor de tudo? É inesgotável!
A resposta pareceu tranquilizá-lo; mas é isso mesmo que eu acho, o amor é grátis, então porque ser tão parcimonioso com ele? Vamos esbanjá-lo!

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Paz no coração


Dizemos todos: queremos paz! Reclamamos contra o Bush por ter invadido o Iraque, reclamamos contra Putin por matar tchetchenos, reclamamos agora contra a ditadura militar em Burma, sempre em nome da paz,o que está certo, mas será que realmente queremos paz?
Enquanto injuriamos os que invadem países, que começam guerras, que patrocinam guerrilhas, esquecemos que nós próprios estamos em guerra; com o vizinho, com o colega de trabalho, com o amigo, com o pai e com a filha! Como podemos exigir paz quando a paz não está connosco?

Aquele que encontrou a porta da garagem bloqueada, por um carro, e resolveu ir a pé para o trabalho, porque ainda tinha tempo e não era assim tão longe, queria paz!

Aquele que resolveu fechar os olhos aos 20 cms de terreno que a autarquia lhe tirou para construir um estacionamento, porque achou que ainda assim tinha terreno suficiente para construir uma casa, queria paz!

Aquela que acreditou nas desculpas da amiga e se reconciliou com ela sem pensamentos de desconfiança, queria paz!

Na impossibilidade de “obrigar” os governos a instaurar a paz, vamos começar por nós? Procurar limpar o nosso coração da desconfiança, do ressentimento, da vingança, e substituir esses sentimentos pela tolerância, solidariedade e amizade? Talvez quando conseguirmos isso, tenhamos paz de espírito, paz na nossa casa, na nossa rua, no nosso país, no mundo! Porque afinal, todos queremos paz.

Platão deixou-nos esta frase:" A paz do coração é o paraíso dos homens", porque ele sabia que a paz vem de dentro para fora.

Post integrante da blogagem colectiva, proposta por Lino Resende; clique no link para conhecer participantes e seus textos.