quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

A boa mãe

Em tudo aquilo que o dinheiro pode comprar, não falha, nem falhou nunca, apesar de outrora ter sido feito com grande dificuldade. O que lhe dá ainda mais valor, segundo ela. Nunca falhou para a escola privada, boas roupas, confortável e belíssima casa, férias de sonho e mesada generosa. Mais tarde, os estudos no estrangeiro, e o carro. E depois foi sempre assim, mesmo quando já não se esperaria tanto com mãe viva, foi o apartamento, em condomínio fechado, o pagamento de todas as contas e sustento em geral, quando o desemprego lhe bateu à porta. Porém, há na filha uma insatisfação impossível de colmatar, que a mãe confunde com ingratidão. Ainda não entendeu o mais simples e transparente para quem está de fora; que apesar de tudo o que tem dado ao longo da vida faltou a presença e afecto. E sem isso não há intimidade entre mãe e filha, para que desabafos e acusações sejam feitas, contas saldadas e talvez um recomeço sem mágoas seja possível. 
É tão difícil aprender, sobretudo quando a mágoa nos tolda a compreensão. 

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Filho convertido! 🎶


Aquilo que eu não consegui, convencer o meu filho fã de RAP, que a melhor música (não podendo ser Clássica!) é a dos anos 80, os jogos de p.c. fizeram-no.
Um crédito para os jogos! Por uma única vez. 
 

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Bastante mais do que passear pela natureza

Via MedioTejo.net

Por vezes sinto mesmo uma grande necessidade de passear pela natureza. Vontade de me embrenhar pela floresta, ouvir os pássaros, os ruídos próprios do silêncio e sentir o seu pulsar. O Inverno é a estação menos própria para estes passeios e por isso, neste momento, sinto-lhes a falta. 
Este contacto com a floresta, sobretudo com as árvores, revigora-me e acalma-me. E nem sequer sabia que afinal isto é uma modalidade japonesa, chamada "shinrin-youku", uma combinação de mindfulness e passar tempo na natureza, sendo por conseguinte mais do que apenas passear pela natureza. Há já um facilitador deste conceito em Portugal, que ajuda os participantes nesta caminhada pela floresta, de forma a usar os sentidos e se ligarem a ela.

Os benefícios são diversos e importantes:
- Reforço do sistema imunitário.
- Diminuição da tensão arterial.
- Redução do stress.
- Aumento da capacidade de concentração ( mesmo em crianças com TDAH)
- Recuperação acelerada de uma cirurgia ou doença.
- Maior nível de energia.
- Melhoria do sono.
- Intuição mais profunda e mais clara.
- Aumento da capacidade de comunicar.
- Aumento da força vital.
- Aumento da percepção da pertinência social: sentido de equipa
- Aumento geral do sentido de felicidade. *

Quando a grande parte da nossa vida é passada dentro de quatro paredes, acabamos por nos afastar de coisas essências, como da natureza e de nós mesmos. Adoraria ter uma experiência de "Shinrin-youku", mas entretanto, não sendo possível, contento-me alegremente em fazer passeios pela floresta. 

* Revista Saber Viver Nov. 2017#209

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Decoração do hall de entrada 2018




Assim como demorei a fazer a decoração de Natal 2017, a retirada foi proporcional, e assim  confirmada pelos meus filhos; temos que aproveitar mais uns dias, disseram eles. 
Uma semana depois do fim dos Reis. Aproveitei as molduras despidas e a guirlanda de leds brancos da decoração de Natal, e entrelacei-os de forma a sugerir um coração. À noite nota-se mais, dando uma atmosfera quase mágica. E o restante, dentro do espírito Hygge, materiais naturais, como as madeiras e fibras, velas e plantas, num cache-pot de terracota vidrada. 
A planta não foi escolhida ao acaso, é a Espada de S.Jorge, indicada pela Nasa como uma das 19 plantas que purificam o ar da casa. Nunca lhe tinha prestado atenção, mas agora que a tenho, adoro-a; é uma planta realmente belíssima!

Mudar a decoração do hall de entrada periodicamente é, de facto, uma coisa que gosto de fazer. É um exercício de imaginação que se revela surpreendente não apenas para os visitantes, mas também para quem habita a casa.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Os lideres inférteis da Europa

Recentemente, ouvi um homem  na casa dos 30 a afirmar em modo interrogativo, como poderia ter filhos, trabalhando com os horários que tem e ganhando o ordenado que ganha. Apesar de licenciado e culto, está empregado numa cadeia de restauração, pouco reconhecida pelos direitos laborais. As perspectivas de progressão são baixas, portanto. Eu poderia dizer-lhe que as razões para ter filhos são várias, mas nenhuma racional, como as que ele apresenta. Porém, as dele parecem-me conscientes o suficiente para serem escutadas sem refutação. 
A verdade é que vivemos num Continente onde a baixa natalidade é real e preocupante. Os alertas surgem de longe a longe, e alguns países combatem essa tendência, sempre em queda, com medidas incentivadoras, que aparentemente não surtem grande efeito. São pessoas que vivem já muito bem, porquanto medidas económicas não terão peso determinante. As pessoas querem tranquilidade, tempo sobretudo para elas, para fazerem as suas coisas. Querem liberdade. E os filhos constrangem esses planos a solo, ou em casal, já se sabe.

Que a Europa esteja em declínio populacional não é facto que comova ou questione a maioria dos europeus. Aliás, grande parte dos actuais líderes da Europa não têm filhos: Angela Merkel na Alemanha, Emmanuel Macron na França,  Leo Varadkar na Irlanda, Paolo Gentiloni na Itália, Mark Rutte na Holanda,  Xavier Bettel no Luxemburgo, Theresa May em Inglaterra*. Serão estes políticos reflexo da presente sociedade ou serão eles os timoneiros lançadores de tendência? Deveriam ser antes exemplo. 
A mim, preocupa-me sobretudo que a Europa esteja a ser governada por gente que não possui descendência. A maternidade/ paternidade dá-nos uma motivação extra para trabalharmos para um melhor futuro. O interesse sobre a qualidade de vida, em todos os níveis, passa a ter impacto directo sobre a nossa progenitura. Já não nos é indiferente que após a nossa passagem, o Mundo fique como calhar. Deixamos cá quem mais amamos e por isso passamos a amar mais esta casa colectiva.  
Gerir um pais, um Continente, o Mundo, sabendo que nele temos filhos dá-nos sem dúvida outra perspectiva. Impulsiona-nos a ser uma versão superior de nós próprios, a fazer o melhor no presente por saber que terá impacto no futuro. Quem acreditar que os lideres políticos não necessitam deste tipo de incentivo, e que farão o seu melhor apenas pelo sentido de missão, de servir o cidadão, que fique tranquilo. Não é o meu caso; receio que a infecundidade dos nossos políticos reflicta também uma esterilidade social, ambiental, económica, em suma, uma prática política de terra queimada. Visse eu uma cidadania consciente como costume habitual na nossa sociedade, poderia acreditar na existência de um contra-poder, contudo nada disso vejo. Apenas indiferença pelas coisas maiores e embevecimento pelas ninharias fúteis e passageiras. 
Haverá despertador capaz de acordar as pessoas deste transe profundo? Eu penso, sinceramente, que serão os nossos filhos este alarme.  

* Vide O Globo
   

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Bolo de Maçã Francês


No Inverno o bolo de maçã é um dos mais populares cá em casa, e como existem tantas receitas diferentes, vou testando umas e outras, descobrindo assim, de vez em quando, uma receita que nos conquista acima das anteriores. Foi o caso desta. É um bolo simplesmente delicioso!


Bolo de Maçã Francês*

Ingredientes: 
110 gr. de farinha
3/4 colher de chá de fermento químico (fermento em pó)
Uma pitada de sal
4 maçãs grandes, se possível de diferentes variedades ( usei Reineta, de que gosto particularmente, Golden e Esmolfe)
115 gr. de manteiga, derretida e arrefecida à temperatura ambiente
3 ovos M, à temperatura ambiente
150 gr. de açúcar
3 colheres de sopa de rum envelhecido
1/2 colher de chá de extracto de baunilha
Açúcar de confeiteiro

Como fazer:

Ligar o forno a 180ºC.

Numa tigela misture a farinha, o fermento e o sal.
Descasque as maçãs e divida-as em fatias e quadrados finos.
Noutra tigela bata os ovos até espumar, adicione o açúcar sob a forma de chuva e misture.
Adicione o rum, misture um pouco e depois o extracto de baunilha. Adicione metade da farinha e misture. Adicione metade da manteiga e misture novamente.
Adicione o resto da farinha e misture, adicione a manteiga restante e misture. Acrescente as maçãs e misture com uma espátula até que todos os bocados estejam bem envolvidos com a massa.
Coloque numa forma removível com a parte inferior forrada a papel manteiga e os lados bem untados. Com uma espátula alise a superfície. 
Cozer cerca de 50-60 minutos ou até o palito sair limpo.
Deixe arrefecer cerca de 5 minutos no molde e desenforme. Polvilhe com açúcar confeiteiro.


Na receita original, do Patty's Cake*, sugere acompanhar com uma bola de gelado de baunilha, ou yogurte grego; para nós vai mesmo assim e ainda morno, ou mesmo a sair do forno! O aroma é irresistível.